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ODICôs
'OS. Rio DA PSICOPATOLOGIA À PSICODINÂMICA
ologia .
DO TRABALHO:
icado TRAJETÓRIAS DA ESCOLA FRANCESA
tras e FROM PSYCHOPATHOLOGY TO WORK
Revista
PSYCHODYNAMIC:
de
lo de Psicologia THE FRENCH SCHOOL APPROACHES
!agia:
ago. Adriana Maria Gurgel Gomes 1
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RESUMO
213, O presente artigo pretende traçar um breve panorama histórico sobre o surgimento e desenvolvimento
da psicodinâmica do trabalho como disciplina, visualizando sua proposta de compreensão dos fenôme-
nos de saúde relacionados com o trabalho e principais conceitos teóricos.
ABSTRACT
This article intends to present a brief historie panorama conceming the beginning and development of
work psychodynamic while a discipline. At the same time it treats the proposition of this field for the
comprehension of health reality related to work and the main theoretic concepts.
Key words: work psychodynamic; suffering at work; work organization; work conditions.
siqui- (1992, 1994, 1999), que preferiu a denominação aliada à história de vida do sujeito e a sua
·a vez psicodinâmica do trabalho à psicopatologia do tra- estruturação psíquica, que irão se constituir os
1 arti- balho, ampliou, assim, o estudo das doenças men- elementos facilitadores ou não da saúde do tra-
lacio- tais para as estratégias de defesa contra o adoecer, balhador. A Organização do Trabalho é a variável
:i ores incluindo a normalidade na relação dinâmica entre fundamental da psicodinâmica do trabalho, por
)0SSi- o homem, o trabalho e sua subjetividade. Dejours ser a dimensão em que as regras para a divisão
ntal. procurou ir além dos estudos que anteriormente do trabalho serão estabelecidas, exercendo influ-
, ten- eram voltados para identificar doenças mentais es- ência no funcionamento psíquico e gerando
e en- pecíficas relacionadas à profissão ou situação de tra- vivências de prazer ou de sofrimento. A possibi-
a de balho. A psicodinâmica do trabalho preocupa-se com lidade do prazer emergir nas relações profissio-
a ad- as origens e as transformações do sofrimento vincu- nais deve-se ao fato de que o trabalho não é visto
ntal. lado à organização do trabalho, não considerando só como lugar de sofrimento, podendo também
~fen mais o trabalho como causador de doenças mentais, vir a proporcionar prazer, transformação e
omo podendo, no máximo desencadeá-las, reconhecen- criatividade, de acordo com o equilíbrio contido
ueo do o poder estru-turante que o trabalho pode ter entre as exigências psíquicas de satisfação de de-
rsos tanto na saúde física como mental. sejos inconscientes e as da Organização do Traba-
idas lho. Assim, a busca pelo prazer e a fuga do
ttais desprazer constituem um desejo permanente
!COS,
3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA para o trabalhador. (DEJOURS, 1994).
lho. A psicodinâmica do trabalho apóia-se em con-
PSICODINÂMICA DO TRABALHO
ceitos do referencial psicanalítico, revelando forte in-
em- Os conceitos fundamentais da psicodi- fluência destes em sua teoria. Essa base epistemológica
a as nâmica do trabalho apóiam-se em variáveis de- tem sido polêmica, uma vez que o próprio Dejours
im- nominadas Condições de Trabalho e a Organização (1994) reconhece que a Psicanálise não fez referên-
on- do Trabalho. A primeira pode prejudicar, mais es- cias ao trabalho e suas conseqüência patológicas. A
nto pecificamente, a saúde do corpo do trabalhador e Psicanálise seria então provocada a considerar os
re- tem relação com as condições do ambiente em que fenômenos do mundo do trabalho e seus impactos
5es se desenvolve o trabalho: tarefas repetitivas, má sobre a dinâmica intrapsíquica e a subjetividade.
condição do ambiente físico, riscos de acidentes, Alguns conceitos fundamentais da psicodinâmica
dentre outros. Já a segunda atua mais diretamen- do trabalho apóiam-se claramente nos escritos de
i- te em nível do funcionamento psíquico, portanto Freud.
k:le está mais relacionada às condições subjetivas tais
Segundo Freud (1974), a atividade psíquica
se, como: as relações de hierarquia e poder, o conteú-
do homem caminha em duas direções: busca pelo
na do da tarefa, as competências exigidas para o car-
prazer e ausência de sofrimento e desprazer. O pra-
leS go e as questões de responsabilidade. (DEJOURS,
zer estaria relacionado à satisfação de necessida-
[l- 1994).
des, tendo em vista as restrições impostas pela
a- Sobre as Condições de Trabalho, somos leva- sociedade. O sofrimento é caracterizado por sensa-
\0 dos a acreditar que o seu efeito sobre o sofrimen- ções não agradáveis provenientes da não satisfa-
~I to do trabalhador foi bastante atenuado devido ção de necessidades. Para tentar eliminar o
à mecanização e à robotização, que teriam "sua- desprazer, o ego utilizaria métodos oriundos do
ta vizado" e minimizado o impacto das obrigações mundo exterior, estando assim o sofrimento asso-
l- mecânicas. O sofrimento com o trabalho não diz ciado com as relações que o sujeito estabelece com
,_ respeito somente ao corpo, pois o mesmo tam- a realidade. O autor reconhece que o ser humano
a bém existe na esfera subjetiva, representada mais atingiu, através da ciência e da tecno-logia, um alto
if comumente pela angústia que o sujeito sente por nível técnico de civilização, mas que isto não trou-
,_ não se considerar apto a satisfazer as imposições xe a "tão sonhada felicidade", uma vez que a pró-
da Organização do Trabalho, como ritmo, forma- pria civilização para ser construída remete a uma
ção, aprendizagem, grau de instrução, diplomas, renúncia e a uma não satisfação de desejos incons-
experiência, rapidez na aquisição de conhecimen- cientes poderosos, vivendo o homem, assim, um
tos, adaptação à cultura da empresa, dentre ou- antagonismo entre as exigências do desejo e as res-
tras. É no âmbito da Organização do Trabalho, trições da sociedade.