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'OS. Rio DA PSICOPATOLOGIA À PSICODINÂMICA
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DO TRABALHO:
icado TRAJETÓRIAS DA ESCOLA FRANCESA
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Revista
PSYCHODYNAMIC:
de
lo de Psicologia THE FRENCH SCHOOL APPROACHES
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RESUMO

213, O presente artigo pretende traçar um breve panorama histórico sobre o surgimento e desenvolvimento
da psicodinâmica do trabalho como disciplina, visualizando sua proposta de compreensão dos fenôme-
nos de saúde relacionados com o trabalho e principais conceitos teóricos.

Palavras-chave: psicodinâmica do trabalho, sofrimento no trabalho, organização do trabalho, condições


de trabalho.

ABSTRACT
This article intends to present a brief historie panorama conceming the beginning and development of
work psychodynamic while a discipline. At the same time it treats the proposition of this field for the
comprehension of health reality related to work and the main theoretic concepts.

Key words: work psychodynamic; suffering at work; work organization; work conditions.

'Mestranda em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará. E-mail: adrianagurgel@ hotmail.com

Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 22 n.l, p.27-31, janJjun.2004 lil


Revista de Psicologia

1 INTRODUÇÃO Durante essa época, Paul Sivadon, psiqui-


atra francês, foi quem utilizou pela primeira vez
As relações do homem com o trabalho têm
o termo psicopatologia do trabalho, em um arti-
provocado diversas reflexões e teorias acerca do seu
go publicado em 1952, reconhecendo e relacio-
significado e de suas influências no modo de vida
nando certos tipos de trabalho como geradores
da sociedade. Na área de estudos da saúde men-
de conflitos e pressões insuportáveis que possi-
tal, as investigações iniciais voltaram-se para as
bilitariam a emergência da doença mental.
conseqüências que o trabalho poderia ocasionar
Sivadon iniciou seus estudos nos anos 1950, ten-
como resultante da criação de um novo campo de
do como base a organogênese, concepção que en-
estudo denominado psicopatologia do trabalho,
tendia a doença mental como derivada de
preocupada com o papel do trabalho na gênese das
alterações orgânicas. Foi um dos primeiros a ad-
doenças mentais.
mitir as relações entre trabalho e doença mental.
O interesse dos primeiros estudos sobre Precursor do movimento antimanicomial, defen-
psicopatologia do trabalho residia na investigação dia que a internação só deveria ser feita como
sobre as conseqüências que o trabalho poderia ter último recurso e por pouco tempo. Propôs que o
para a saúde psíquica do trabalhador e suas possi- doente mental tivesse como um dos recursos
bilidades de participação no surgimento e desen- terapêuticos o trabalho. As pesquisas realizadas
volvimento de doenças mentais. Christophe por Sivadon destacavam que as doenças mentais
Dejours (1994) propôs a alteração da terminologia poderiam ter sido ocasionadas por danos físicos,
de psicopatologia para psicodinâmica do trabalho, químicos e biológicos causados pelo trabalho.
incluindo não mais apenas o conteúdo patogênico (LIMA, 2002).
do trabalho em seus estudos, como também abrindo
Os estudos de Louis Le Guillant, contem-
espaço para pesquisas sobre o potencial de desenvol-
porâneo de Sivadon, colocaram em evidência as
vimento do trabalho e seu poder de estruturação e
síndromes relacionadas à saúde mental e os im-
de saúde.
pactos do trabalho no psiquismo humano, con-
Abordaremos a temática de saúde mental e siderando o papel do meio social no surgimento
trabalho à luz da proposta da psicodinâmica do tra- e desaparecimento dos distúrbios mentais, re-
balho, com um relato sobre o contexto da época em conhecendo a importância das transformações
que esta surgiu, as principais escolas precursoras, sóciohistóricas. Para este autor, a doença men-
até irmos ao encontro dos seus conceitos fundamen- tal no trabalho seria o reflexo de toda a história
tais elaborados por Dejours (1992,1994 e 1999) em de vida do indivíduo conjugada com as condi-
sua tentativa de compreensão das relações dinâ- ções de trabalho. Le Guillant foi o expoente de
micas entre homem e trabalho. uma corrente teórica denominada sociogênese,
na qual a doença mental era vista como uma
questão social. Tentou compreender as relações
2 ORIGENS E PRINCIPAIS PRECUR- entre o contexto do trabalho e os distúrbios men-
SORES DA PSICODINÂMICA DO tais. Estudou os efeitos psicopatológicos do tra-
TRABALHO balho em diversas categorias profissionais, como
telefonistas e empregadas domésticas. (LIMA,
Lima (1998) demarca o surgimento do cam- 2002).
po de saúde mental no trabalho como originário
Os acontecimentos de maio de 1968 na
na França, após a Segunda Guerra Mundial, como
França, período de turbulências, greves estudan-
uma vertente da chamada psiquiatria social, a fim
de atender as novas demandas surgidas no traba- tis, em que diversas categorias profissionais re-
lho. Desenvolveu-se no período do pós-guerra, ten- fletiam sobre a sociedade de consumo e a
do como bases históricas a modernização da alienação, aumentaram a demanda social por
indústria francesa e suas tentativas de otimização maiores estudos sobre o trabalho e suas conse-
da produção, a criação de políticas de prevenção qüências para a saúde.
na área da saúde e suas conseqüentes medidas de A partir da década de 1980, os estudos sobre
"higiene social" e a consolidação do trabalho como a interface entre homem, trabalho e saúde mental
um campo de estudo das disciplinas sociológicas, encontraram referência e forte impacto na obra do
psicológicas e médicas. médico psiquiatra francês Christophe Dejours tra!

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siqui- (1992, 1994, 1999), que preferiu a denominação aliada à história de vida do sujeito e a sua
·a vez psicodinâmica do trabalho à psicopatologia do tra- estruturação psíquica, que irão se constituir os
1 arti- balho, ampliou, assim, o estudo das doenças men- elementos facilitadores ou não da saúde do tra-
lacio- tais para as estratégias de defesa contra o adoecer, balhador. A Organização do Trabalho é a variável
:i ores incluindo a normalidade na relação dinâmica entre fundamental da psicodinâmica do trabalho, por
)0SSi- o homem, o trabalho e sua subjetividade. Dejours ser a dimensão em que as regras para a divisão
ntal. procurou ir além dos estudos que anteriormente do trabalho serão estabelecidas, exercendo influ-
, ten- eram voltados para identificar doenças mentais es- ência no funcionamento psíquico e gerando
e en- pecíficas relacionadas à profissão ou situação de tra- vivências de prazer ou de sofrimento. A possibi-
a de balho. A psicodinâmica do trabalho preocupa-se com lidade do prazer emergir nas relações profissio-
a ad- as origens e as transformações do sofrimento vincu- nais deve-se ao fato de que o trabalho não é visto
ntal. lado à organização do trabalho, não considerando só como lugar de sofrimento, podendo também
~fen­ mais o trabalho como causador de doenças mentais, vir a proporcionar prazer, transformação e
omo podendo, no máximo desencadeá-las, reconhecen- criatividade, de acordo com o equilíbrio contido
ueo do o poder estru-turante que o trabalho pode ter entre as exigências psíquicas de satisfação de de-
rsos tanto na saúde física como mental. sejos inconscientes e as da Organização do Traba-
idas lho. Assim, a busca pelo prazer e a fuga do
ttais desprazer constituem um desejo permanente
!COS,
3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA para o trabalhador. (DEJOURS, 1994).
lho. A psicodinâmica do trabalho apóia-se em con-
PSICODINÂMICA DO TRABALHO
ceitos do referencial psicanalítico, revelando forte in-
em- Os conceitos fundamentais da psicodi- fluência destes em sua teoria. Essa base epistemológica
a as nâmica do trabalho apóiam-se em variáveis de- tem sido polêmica, uma vez que o próprio Dejours
im- nominadas Condições de Trabalho e a Organização (1994) reconhece que a Psicanálise não fez referên-
on- do Trabalho. A primeira pode prejudicar, mais es- cias ao trabalho e suas conseqüência patológicas. A
nto pecificamente, a saúde do corpo do trabalhador e Psicanálise seria então provocada a considerar os
re- tem relação com as condições do ambiente em que fenômenos do mundo do trabalho e seus impactos
5es se desenvolve o trabalho: tarefas repetitivas, má sobre a dinâmica intrapsíquica e a subjetividade.
condição do ambiente físico, riscos de acidentes, Alguns conceitos fundamentais da psicodinâmica
dentre outros. Já a segunda atua mais diretamen- do trabalho apóiam-se claramente nos escritos de
i- te em nível do funcionamento psíquico, portanto Freud.
k:le está mais relacionada às condições subjetivas tais
Segundo Freud (1974), a atividade psíquica
se, como: as relações de hierarquia e poder, o conteú-
do homem caminha em duas direções: busca pelo
na do da tarefa, as competências exigidas para o car-
prazer e ausência de sofrimento e desprazer. O pra-
leS go e as questões de responsabilidade. (DEJOURS,
zer estaria relacionado à satisfação de necessida-
[l- 1994).
des, tendo em vista as restrições impostas pela
a- Sobre as Condições de Trabalho, somos leva- sociedade. O sofrimento é caracterizado por sensa-
\0 dos a acreditar que o seu efeito sobre o sofrimen- ções não agradáveis provenientes da não satisfa-
~I to do trabalhador foi bastante atenuado devido ção de necessidades. Para tentar eliminar o
à mecanização e à robotização, que teriam "sua- desprazer, o ego utilizaria métodos oriundos do
ta vizado" e minimizado o impacto das obrigações mundo exterior, estando assim o sofrimento asso-
l- mecânicas. O sofrimento com o trabalho não diz ciado com as relações que o sujeito estabelece com
,_ respeito somente ao corpo, pois o mesmo tam- a realidade. O autor reconhece que o ser humano
a bém existe na esfera subjetiva, representada mais atingiu, através da ciência e da tecno-logia, um alto
if comumente pela angústia que o sujeito sente por nível técnico de civilização, mas que isto não trou-
,_ não se considerar apto a satisfazer as imposições xe a "tão sonhada felicidade", uma vez que a pró-
da Organização do Trabalho, como ritmo, forma- pria civilização para ser construída remete a uma
ção, aprendizagem, grau de instrução, diplomas, renúncia e a uma não satisfação de desejos incons-
experiência, rapidez na aquisição de conhecimen- cientes poderosos, vivendo o homem, assim, um
tos, adaptação à cultura da empresa, dentre ou- antagonismo entre as exigências do desejo e as res-
tras. É no âmbito da Organização do Trabalho, trições da sociedade.

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O conflito, segundo a psicodinâmica do tra- como se relaciona com Organização do Trabalho


balho, poderá então estar situado no dese-quilíorio são frutos da história de vida pessoal e singular
entre as exigências da Organização do Trabalho e as de cada um. O sofrimento e o prazer no trabalho
necessidades psíquicas do trabalhador. De um são vivências subjetivas de cada trabalhador e se
lado, encontra-se o sujeito, portador de uma his- articularão em consonância com o encontro en-
tória singular e única, com suas necessidades de tre a história pessoal e os dados relativos à situa-
prazer e, de outro, a organização que busca a adap- ção de trabalho vivida na realidade atual.
tação do trabalhador a um determinado modelo (DEJOURS, 1994).
produtivo independente da vontade do sujeito. Para Mendes (1996), caso a Organização do
Trata-se do confronto entre uma subjetividade já Trabalho seja reflexo de fragmentação, tarefas
constituída que vai ser exposta à realidade da Or- repetitivas e pouco significativas, baseadas em
ganização do Trabalho, tendo como produto o sofri- controle e foco exclusivo na produtividade, não se
mento psíquico que, dependendo da forma de atentando às necessidades dos trabalhadores,
como for elaborado, poderá ou não causar impac- predominarão as vivências de sofrimento no trabalho
to sobre a saúde mental. que se expressarão através de sintomas como a
O sujeito irá articular as formas de como lidar angústia e a frustração.
com o sofrimento, de modo singular, em função de Diante do sofrimento e de acordo com a sin-
seu passado e de sua estrutura de personalidade. gularidade de cada um, o trabalhador usará recur-
Prazer e sofrimento são influenciados pela histó- sos próprios para combatê-lo, encaminhando-o a
ria de vida do sujeito, remetendo a sua infância, dois destinos: estratégias de defesa e sublimação.
suas relações parentais originadas no processo de As estratégias de defesa são procedimentos utiliza-
identificação da criança com a mãe e do medo da dos pelos trabalhadores em nível individual ou co-
perda do objeto amado. O modo como foi letivo, tendo como função modificar, suavizar a
vivenciada esta relação será reproduzido nas es- percepção da realidade que faz sofrer, mantendo o
colhas feitas no decorrer da vida do sujeito e, con- equilibrio psíquico. Não existem tipos de estratégi-
seqüentemente, em suas relações com o trabalho . as de defesa padronizados para todos os trabalha-
(MENDES, 1996). dores, cada categoria expressa seus modos de defesa
De acordo com o referencial psicanalítico, específicos, podendo variar até dentro da mesma
é na infância que o psiquismo humano é categoria profissional. Trata-se de um processo que
estruturado. Inspirada nas descobertas de Freud ocorre em nível mental, pois não modifica a reali-
sobre a infância, Melanie Klein (1991) desenvol- dade de fato. Podem levar a um processo de alie-
veu estudos com bebês e identificou que as rela- nação, uma vez que ocultam os verdadeiros
ções objetais têm profundas raízes infantis. A problemas da Organização do Trabalho, favorecen-
mãe, ou quem exerce a função materna, é o pri- do a ideologia dominante e prejudicando alternati-
meiro objeto que o bebê toma como parte de seu vas de mudança para as situações vividas. O
mundo interno e representará, para ele, o mun- conceito de sublimação tem sua origem na teoria
do externo. Se a relação mãe-bebê for boa, positi- de Freud sobre o desenvolvimento da sexualidade.
va, torna-se base para identificações prazerosas As pulsões parciais, cuja satisfação é originalmen-
futuras. O mundo interno passa a conter, predo- te de natureza sexual, encontram uma saída subs-
minantemente, objetos e sentimentos agradáveis, tituta em uma atividade socialmente valorizada.
estendendo estes sentimentos positivos para ou- Essas pulsões seriam redirecionadas ao trabalho,
tros objetos e revelando uma personalidade es- ocasionando uma saída pulsional frente ao sofri-
tável. Mas se a relação mãe-bebê for dominada mento. Em vez de utilizar apenas os recursos das
por frustração e dor, ocasionará sentimentos de estratégias defensivas, o trabalhador pode utilizar
perseguição e impulsos destrutivos tais como in- sua criatividade e ter como conseqüência a trans-
veja e ressentimento, refletindo na vida adulta. formação de sofrimento em prazer. Para que a si-
Assim, o modo de lidar com os infortúnios e suas tuação de trabalho ative a curiosidade do sujeito é
transformações em algo proveitoso ou em fixa- necessário que a tarefa tenha um sentido para ele
ção de elementos causadores de sofrimento será dentro de sua história pessoal. A criatividade au-
reflexo das escolhas objetais infantis. As diferen- mentaria a resistência contra a desestabilização
tes reações frente às situações de trabalho, o modo psíquica e somática. (MENDES, 1996).

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alho 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ular Podemos concluir que o trabalho ocupa um DEJOURS, Christophe. A loucura do trabalho: estudo
alho
lugar significativo dentro da estabilização psíqui- de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez,
e se
ca do sujeito, devendo ser considerado um 1992.
en-
articulador entre saúde e equilíbrio psíquico e não _ _ _ . Psicodinâmicn do trabalho: contribuições
tua-
apenas como causador de sofrimento e palco da escola dejouriana a análise da relação prazer,
ual.
facilitador para o desenvolvimento de patologias. sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.
A proposta da psicodinâmica do trabalho é favore-
_ _ _ . A Banalização da injustiça social. Rio de
cer a transformação do sofrimento em criatividade
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1999.
e, conseqüentemente, em prazer, sendo esta uma
de suas maiores contribuições ao campo de estu- FREUD, Sigmund. O Mal-estar da civilização.
dos do trabalho e da saúde mental. Porém, para
Obras completas. v. 21. Rio de Janeiro: Imago, 1974.
que esta condição ocorra, é necessário um reco- KLEIN, Melanie. Inveja e gratidão. Rio de Janeiro:
nhecimento do homem como sujeito em suas re- Imago, 1991.
lações de trabalho, privilegiando o lugar de seu LIMA, A. Maria Elizabeth. Esboço de uma crítica à
desejo sobre as imposições de um trabalho orga- especulação no campo da saúde mental e trabalho. In:
nizado sob a égide da lógica do mercado e da pro- JACQUES, M. da Graça; CODO, W (Org.). Saúde men-
dução. Reconhecidamente, esta tarefa não é fácil, tal e trabalho: leituras. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 50-81.
porém possível, desde que se leve em conta o res- ___ . A Psicopatologia do trabalho: origens e
gate da palavra do trabalhador, gerando espaços desenvolvimento recentes na França. Psicologia,
de discussão sobre sua realidade de trabalho, dan- Ciência e Profissão. Brasília, v. 18, n.2, p.10-15, 1998.
do visibilidade a sua subjetividade e a modelos de MENDES, Ana Magnólia. Aspectos psico-dinâmi-
administração participativos, valorizando a ética cos da relação homem: trabalho: as contribuições
nas relações de trabalho e reconhecendo o papel de C. Dejours. Psicologia, Ciência e Profissão, Brasília,
ativo do trabalhador na transformação social. v.15, n.1, 2,3, p.34-38, 1996.

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