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28/07/2013

Campo Saúde Mental e Trabalho

Q
. Estuda as inter-relações entre o trabalho, os processos de
adoecimento psíquico e o impacto do trabalho na saúde mental
DA PSICOPATOLOGIA A dos indivíduos
PSICODINÂMICA DO TRABALHO
Christophe Dejours Diferentes abordagens que
Contribuição de várias
compreendem os
disciplinas: ciências

-IP
Professora: Miryam Cristina Mazieiro indivíduos, a sociedade, a
sociais, economia,
Vergueiro da Silva relação corpo-mente e o
medicina, psicologia,
trabalho como determi-
SAMPO – IPq / SESMT - HCFMUSP psicanálise, epidemiologia
nante de saúde mental - de
e ergonomia
formas diferentes

França – década de 20 França – década de 20


PO
O incremento do processo de industrialização impulsionou
os estudos sobre o trabalho e sua relação com os aspectos
Os aspectos humanos eram vistos a partir de
psicológicos do ser humano modelos derivados das ciências positivas para as
quais seria possível isolar variáveis que poderiam ser
Compreender os limites do sujeito para incrementar a produção medidas e controladas
Adequar o sujeito à produção como era feito com os maquinários

Pesquisas – porque fatigavam e como diminuir ou passíveis de intervenção


promover a recuperação dessa fadiga

Melhor método para realizar o trabalho/menor esforço Focavam os estudos no desgaste e nas condições
para a recuperação da força de trabalho
INTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO
M

Aspectos psicológicos “TAYLOR”


Conhecimentos oriundos da escola comportamental, não Ao propor a Organização Científica do Trabalho (OCT) buscou
havendo preocupação com os aspectos cognitivos e nem com eliminar a subjetividade do trabalho por meio do controle dos
as questões psíquicas. corpos dos trabalhadores cindidos de suas mentes
SA

Maneiras de produzir e organizar o trabalho


Porém ao observarmos a sua concepção de
organização ele reafirma a importância da
ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO
TRABALHO subjetividade:
“TAYLOR”
Numa organização hierarquizada, quanto mais se sobe na
estrutura da empresa, mais se abrem as possibilidades para a
Negligência com o ser humano = começa a acarretar distúrbios expressão do desejo de quem ocupa cargos de chefia, mais há
psíquicos necessidade de controle da subjetividade dos trabalhadores
para que seja cumprido o que foi traçado

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Psicopatologia do Trabalho Psicopatologia do Trabalho

Q
Inaugurada por psiquiatras sociais como Sivadon – que
Apoiada na crítica ao modelo taylorista de postulava que não era tanto a natureza do trabalho que o
produção, compreendia a automação no trabalho tornava patogênico, mas as particularidades do sujeito
como um mal social, um processo de confrontado com uma tarefa ou certa profissão
desumanização, que robotiza o sujeito, automatiza
Até a década de 70 a maioria dos estudos dessa temática
sua ação e destrói sua capacidade de pensar
reconhecia o trabalho como mais um fator desencadeante de
distúrbios mentais definidos pelas “estruturas de

-IP
personalidade’ preexistente no individuo

Essa escola buscava o nexo causal entre determinadas


organizações e condições de trabalho e o adoecimento
mental.

Psicopatologia do Trabalho Psicopatologia do Trabalho


PO
Paul Sivadon – conferência sobre “Psicopatologia do Outro autor expressivo foi Le Guillant – pesquisou
Trabalho” em 1951, publicada como artigo em 1952. várias categorias profissionais, ajudando a compreender
a relação entre transtorno mental e trabalho
Afirmava que se tratava simplesmente de examinar
atitudes anormais do psicopata diante do trabalho + as
influências do trabalho sobre as psicopatias = modalidades Foi importante pois, sem propor
patológicas sobre o plano mental de adaptação do homem
uma teoria sobre a sociogênese das
ao trabalho
doenças mentais, apreendeu o papel
Seu estudo centrava-se na ideia da desadaptação psíquica do meio ambiente na etiologia das
do homem ao trabalho e via o trabalho como organização mesmas
mental.
M

Psicopatologia do Trabalho Le Guillant

Le Guillant conduziu uma célebre pesquisa sobre a “neurose


das telefonistas”. Síndrome Geral de Fadiga Nervosa, caracterizada por um
quadro polimórfico que incluía alterações de humor e de
SA

Objetivo: demonstrar que esse tipo de adoecimento não caráter, modificações do sono e manifestações somáticas
acometia especificamente as telefonistas, mas que os variáveis (angústia, palpitações, sensações de aperto torácico,
processos de fadiga estavam relacionados às condições de “bola no estômago”, etc.). O autor falava, ainda, da invasão
do espaço fora do trabalho por hábitos do trabalho que ele
concretas do trabalho. chamou de Síndrome Subjetiva Comum da Fadiga Nervosa.
Os pesquisadores substituíram as trabalhadoras por um Esta última síndrome caracterizava-se pela manutenção do
certo período, buscando vivenciar o sofrimento ao qual elas ritmo de trabalho durante as férias, manifestando-se pela
sensação de irritação, por uma grande dificuldade para ler em
estavam submetidas. casa e pela repetição incontrolável de expressões verbais do
Essa metodologia era uma inovação na época pois buscava as trabalho (Le Guillant, 1984: 382)
situações reais ao invés de reproduzi-las em laboratório.

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Década de 50 Psicopatologia do Trabalho

Q
Sinais inequívocos de sofrimento patogênico e mesmo de Surge no âmbito da psiquiatria, especialmente a psiquiatria
doenças mentais já se manifestavam em algumas profissões social e em um diálogo com a medicina do trabalho

Identificação de causas coletivas da


Daí o surgimento da psicopatologia situação de trabalho que levariam a
do trabalho quadros psicopatológicos

-IP
Focavam menos na natureza do trabalho e
Início: as perturbações individuais diante do trabalho buscava
mais nas particularidades do sujeito
estabelecer uma relação entre determinadas condições de
confrontado com certa tarefa ou profissão
organizar o trabalho e seu impacto nos trabalhadores

Psicopatologia do Trabalho Psicopatologia do Trabalho


PO
Buscava classificar as síndromes e doença mental • Influência nas diversas correntes do pensamento
relacionada ao trabalho adotando um modelo monocausal
PSICODINAMICA DO TRABALHO
ERGONOMIA
Relação meio CLINICA DA ATIVIDADE
Relação entre Consequente ambiente X ERGOLOGIA
determinadas afecções organização
características psicopatoló- trabalho
do trabalho gicas • Diferentes modos de: definir o sujeito, compreender as
relações entre trabalho e trabalhador, de estabelecer o nexo
causal, trabalho enquanto constituinte de saúde/ doença,
modalidades de ação
POSITIVISMO – CAUSA/EFEITO – VERDADE CIENTIFICA
M

A Psicopatologia do Trabalho Psicopatologia do Trabalho

Dejours – carga psíquica (início) Noção de carga cognitiva


(ergonomia)
SA

Excesso de informações
Necessidade de tomada de decisão Indissociabilidade entre atividades físicas e dimensões
Falta de controle sobre o próprio tempo e sobre o ritmo, cognitivas do trabalho – carga mental e carga física -
turno, jornada, divisão do trabalho – esvaziamento do
conteúdo, da tarefa, distância entre planejamento e estudos sobre fadiga no trabalho/
execução discordâncias entre medidas de carga física e mentais e
Distância entre o real e o prescrito, acúmulo de tarefas, sua relação com os processos de fadiga
fragmentação do trabalho, etc.

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Psicopatologia do Trabalho Sobrecarga

Q
Noção de carga = mensuração Teoria do Estresse

• Causa e efeito
Carga mental – pressupõe ambiguidade pois compreende a • Explicações organicistas
carga cognitiva e a carga psíquica e posteriormente o que
Dejours denomina “sofrimento mental”
advindas da fisiologia e bioquímica

-IP
Utiliza bastante a noção de sobrecarga, indicando que o • Foco no adoecimento e não na saúde
sujeito está trabalhando acima de suas possibilidades - há • Fatores objetivos/mensuráveis – escalas
indicadores de fadiga, esgotamento, de fazer bem e com
qualidade o seu trabalho • Fatores de proteção

Psicopatologia do trabalho Dejours


PO
Impactos da organização do trabalho sobre a saúde mental
sob nova perspectiva:

• noção de subjetividade – psicanálise como modelo teórico


para compreender como os indivíduos se comportam e
reagem a situações de constrangimento que estariam na
origem do sofrimento patogênico
• Apesar de considerar os conceitos de carga cognitiva e
carga mental, passa a investigar fenômenos psíquicos
mesmo que não se concretizassem em doença mental ou
sintomatologia psiquiátrica
M

Dejours – organização do trabalho

Maneira escolhida pelos gestores da produção para dividir


homens e mulheres num determinado processo de produção “Contrariamente ao que se poderia
imaginar, a exploração do sofrimento
(definição das tarefas, sequência das etapas, tempo alocado, pela organização do trabalho não cria
SA

possibilidade de comunicação, exigências de qualidade/ doenças mentais específicas. Não


produtividade, modalidades de controle e avaliação) existem psicoses do trabalho, nem
neuroses do trabalho. Até os maiores
e mais ferrenhos críticos da
nosologia psiquiátrica não
Liberdade dos sujeitos para conseguiram provar a existência de
organizarem suas atividades no uma patologia mental decorrente do
trabalho”
âmbito individual e coletivo
Dejours, 1987 “A loucura do trabalho
- estudo de Psicopatologia do
Trabalho” (p. 122)

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Dejours Questionamentos

Q
• Como os indivíduos reagem ao
sofrimento e continuam a
• Diante das condições patogênicas trabalhar?
de trabalho, sujeitos nem sempre • Porque reagiam de formas tão
singulares?
desenvolviam doenças mentais • Porque achavam “naturais”
formas que ameaçavam a saúde
mental?
• Indivíduos trabalhadores mesmo • Que mecanismos defensivos
nestas condições (de sofrimento) eram construídos individual e

-IP
coletivamente para se manterem
tendiam a estar em melhores condi- saudáveis?
ções psíquicas que aqueles que não • Aparente normalidade: como as
pessoas não sofriam de doenças
trabalhavam mentais?

Da Psicopatologia à Psicodinâmica do A Psicodinâmica do Trabalho


Trabalho
PO
Trabalhadores desenvolvem um conjunto de estratégias
• Dejours se questiona se essa normalidade poderia defensivas – individuais e coletivas para se protegerem dos
não ser apenas aparente, mas fruto de uma dialética constrangimentos psíquicos impostos pelo trabalho
entre o sofrimento e prazer no trabalho
• Sugere uma perspectiva mais rica e mais condizente
com o conhecimento já acumulado – propõe então a
mudança da denominação de sua teoria para
“Psicodinâmica do Trabalho”
• Negação ou proteção diante do risco
• Normalidade: dinâmica entre o sofrimento não patogênico,
as defesas psíquicas, as possibilidades de realização e os
processos de identificação com o trabalho
M

Normalidade Sofrimento e prazer

• não implica ausência de sofrimento


• conceito de “normalidade sofredora”: resultado Sofrimento Doença Mental
SA

alcançado na dura luta contra a desestabilização (pois os indivíduos conseguem se proteger e se defender)
psíquica provocada pelas pressões do trabalho

Doença = sofrimento insuportável quando o trabalho exigido


não permite aos sujeitos – individual e coletivo, criarem
condições para que o sofrimento seja subvertido em prazer

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Sofrimento e prazer

Q
A enfermidade surge quando os trabalhadores
utilizaram suas possibilidades intelectuais e
psicoafetivas para lidarem com as imposições da
organização e percebem que nada podem fazer para
se adaptarem ou transformarem o trabalho

-IP
Sofrimento Patogênico

Psicodinâmica do Trabalho Psicodinâmica do Trabalho


PO
Novo objeto de pesquisa - normalidade nas questões A economia psíquica repousa sobre um equilíbrio
organizacionais – nova perspectiva teórica e prática dinâmico entre forças geradas pela organização, de um
lado, e pela luta contínua dos trabalhadores pela
Psicopatologia – campo das doenças/ construção de sua saúde mental de outro.
preocupação com a análise, descoberta
e tratamento das doenças mentais
sentido dado por Freud: refere-se a hipótese segundo a qual
os processos psíquicos consistem na circulação e repartição de
Psicodinâmica – prazer e uma energia quantificável (energia pulsional), isto é, suscetível
desenvolvimento emocional e psicológi- de aumento, diminuição, equivalência.
co no trabalho
M

Psicodinâmica do Trabalho Conceitos da Psicanálise - Repressão

• Processos psíquicos – ótica psicanalítica, em que Freud – o ser humano lida com
as relações de trabalho e as consequências para desejos, motivações, ideias e
os indivíduos serão focalizadas não só do ponto
SA

representações proibidas; ao serem


de vista da dimensão consciente das relações socialmente interditados , os
interpessoais mas também de sua dimensão indivíduos são obrigados a reprimi-
inconsciente las; a repressão traz como
consequência uma luta contínua
contra a possibilidade de se ter
consciência de que se é portador de
tais desejos e a impossibilidade de
realizá-los

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Conceitos da Psicanálise – angústia Conceitos da Psicanálise - angústia

Q
A partir do conceito psicanalítico de angústia, Dejours discute a gênese
Essa angustia não elaborada adquirirá uma característica
do sofrimento preexistente ao trabalho. Busca analisar como ela se
origina no sujeito em suas relações primitivas com os PAIS: a criança é enigmática e será origem de uma angústia não satisfeita, de
inicialmente suscetível à angústia dos pais principalmente aquela com a um desejo de saber e compreender que, periodicamente, será
qual o progenitor tem dificuldade de lidar. reposto pelas situações conjunturais ; ao mesmo tempo, se
constituirá como uma zona de fragilidade psíquica do
sujeito, uma zona obscura
Ao vivenciar essa angustia passa a senti-la
como se fosse sua, pois não consegue ainda

-IP
distinguir o que é seu do que é do outro. Ao
tentar retomar essa questão quando já pode Um dos espaços privilegiados que esse indivíduo recolocará
distinguir o que é seu do que é do outro , há em cena essa angústia é o trabalho.
recusa dos pais, já que é algo da ordem do
sofrimento.

Conceitos da Psicanálise - angústia Conceito de identidade


PO
Nesse locus procurará indiretamente elaborar esse O trabalho é um elemento central na constituição da saúde,
sofrimento primitivo e a cada enigma que resolve sentirá da identidade e o principal ELO entre indivíduos e
que se fortalece psiquicamente; assim a zona de obscuridade sociedade
diminuirá um pouco

Compreender a importância do trabalho e seus efeitos sobre


Dejours chamará de a psique significa dar visibilidade aos aspectos subjetivos
RESSONÂNCIA SIMBÓLICA mobilizados no ato de trabalhar
essa complexa relação entre o
mundo psíquico e o mundo do
Trabalhar significa pensar, conviver, agir, construir-se a si
trabalho
próprio e confrontar-se perante o mundo
M

Identidade Trabalho e Saúde Trabalho e Saúde

O sofrimento engendrado pelo trabalho é • Em situações em que o trabalhador não pode contribuir com
inerente a esse processo de confronto sua experiência, seu saber fazer ou não consegue realizar o
SA

identitário e não será necessariamente trabalho de acordo com seus princípios e crenças, o
patológico indivíduo está impedido de transformar o sofrimento em
ações significativas que levem ao prazer.
Se o trabalhador tem condições de superá-lo
poderá ser fator de crescimento e • Ao contribuir com seu conhecimento e inteligência para o
desenvolvimento psíquico aprimoramento dos seus processos de trabalho, inaugura a
forma de transformar esse sofrimento em prazer.
Trabalho é central na busca por saúde

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Trabalho e Saúde Identidade Trabalho e Saúde

Q
Trabalhar significa: pensar, conviver, agir, construir-se a si Motivação e realização – retribuição
próprio e confrontar-se perante o mundo. simbólica e contribuição que trazem a
produção.
Reconhecimento favorece o processo de
Nesse sentido o trabalho jamais realização de si.
será NEUTRO: ou ele promoverá
o desenvolvimento da inteligência Fortalecimento da identificação do
e o prazer ou, ao contrário, levará trabalhador com o seu trabalho =

-IP
a impossibilidade de pensar e ao reconhecimento do esforço e contribuição
sofrimento patogênico individual e coletiva para a superação das
dificuldades encontradas no confronto com o
real.

Identidade Trabalho e Saúde Identidade Trabalho e Saúde


PO
O processo de construção identitária ocorre mediante o
Conceito de identidade – central: construção julgamento e reconhecimento das ação, sob 2 prismas: utilidade
intersubjetiva pois depende do olhar do outro e estética.
1. o individuo sente-se útil pertencente ao grupo e à
organização do trabalho quando reconhecido por esse
É essencial que a organização do trabalho e o julgamento. É feita principalmente pelos superiores
conteúdo das tarefas propiciem condições para a hierárquicos e clientes – eficiência e relevância.
realização de si, fruto de uma ressonância
2. Julgamento estético remete a beleza e originalidade da
simbólica entre atividade de trabalho e história solução e é formulado pelos pares que reconhecem no sujeito o
pessoal seu saber-fazer e sua contribuição para o coletivo do trabalho.
Originalidade = não ser igual a outro – único/singular.
M

Exemplo – sofrimento no trabalho Exemplo – sofrimento no trabalho


• TRABALHO COM RH • NÃO TEM HUMANIZAÇÃO
• DIFICULDADE DE MOBILIDADE (MUDANÇA DE SETOR) /COLOCAÇÃO DE QUE A MUDANÇA SÓ
• FALTAM EQUIPAMENTOS DE TRABALHO É POSSÍVEL PELA DEMISSÃO
• NÚMERO INSUFICIENTE DE FUNCIONÁRIOS • REGRAS RIGIDAS PARA O SETOR E MAIS FLEXIVEIS PARA OS DE FORA
FALTA DE SISTEMAS PARA CONTROLE RH GRANDE VOLUME DE TRABALHO GERANDO STRESS CONSTANTEMENTE
SA

• •
• ESPAÇO INADEQUADO • POR SER UM GRUPO UNIDO NÃO HÁ ESPAÇO PARA DISCORDÂNCIA
• FALTA DE INTEGRAÇÃO COM RH CENTRAL (DRH) • DESENTENDIMENTOS QUE SE TORNAM GRANDES ABISMOS
• FALTA DE COMPARTILHAMENTO DE INFORMAÇÕES COM OUTROS INSTITUTOS • NÃO SE ENFATIZAM PONTOS POSITIVOS DOS FUNCIONÁRIOS, APENAS OS NEGATIVOS
• POUCO INCENTIVO AO CRESCIMENTO PROFISSIONAL • ÊNFASE EXAGERADA NA CONSEQUENCIA DOS ERROS
• DESVALORIZAÇÃO DO PROFISSIONAL DO RH • TER LIMITES PARA ERROS
• FALTA DE AUTONOMIA PARA MOVIMENTAÇÃO DE PESSOAL • EXCESSO DE COBRANÇA-GERANDO DOENÇA
• FALTA DE TREINAMENTO • NOS ERROS GRAVES O GRUPO NÃO SE UNE HAVENDO PUNIÇÃO INDIVIDUAL
• BAIXO PODER DE DECISÃO • FORMAS INADEQUADAS DE CHAMAR A ATENÇÃO PELOS ERROS COMETIDOS
• FALTA DE APOIO DA ALTA DIREÇÃO • NÃO SABER SEPARAR O PESSOAL DO PROFISSIONAL-QUANTO A CHAMAR A ATENÇÃO
• ESPECIALIZADO PARA AUXILIAR NA TRATIVA COM O FUNCIONÁRIO • FALTA DE RECONHECIMENTO DO ESFORÇO EMPREENDIDO/ FALTA DE INCENTIVO
• FALTA SUPORTE TÉCNICO • CRÍTICAS ENFÁTICAS E POUCOS ELOGIOS (É OBRIGAÇÃO)
• NÃO HÁ PADRONIZAÇÃO DAS ROTINAS DE TRABALHO • CULPA PELA INSATISFAÇÃO DAS PESSOAS
• MUITA COBRANÇA • POUCA OPORTUNIDADE PARA NOVOS DESAFIOS
• NÃO TER DIREITO A RESPOSTA • TER QUE SER SEMPRE EXEMPLO PARA OUTROS FUNCIONÁRIO

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Trabalho prescrito X trabalho real Trabalho prescrito X trabalho real

Q
O sofrimento é inerente à condição humana, mas nem por isso deve ser A prescrição adquiriu um atestado de qualidade: de que a
banalizado ou naturalizado (DEJOURS, 1998). Ele está presente no engenharia elaborada numa folha de papel é impecável, e
momento criativo, quando o sujeito se depara com uma situação inédita que se há erro, este se deu por falha humana – e subentende-
ou não prevista que precisa ser resolvida. Além disso, o sofrimento se se que a falha humana nunca é daquele que planeja, mas
encontra na discrepância entre o trabalho prescrito e o trabalho real.
sempre daquele que executa
O trabalho prescrito corresponde ao que antecede a
. execução da tarefa. Um registro que satisfaz uma A prescrição do trabalho nunca contempla a totalidade da
necessidade de orientação, burocratização e
realidade com que se depara o trabalhador

-IP
fiscalização. É fonte de reconhecimento e de punição

A distância entre planejador e executor impede um espaço


Já o trabalho real é o próprio momento de execução.
para discussão do trabalho e o funcionário sugerir
Dejours chega a definir trabalho como tudo aquilo
que não está prescrito, porque não é o prescrito que modificações ou adaptações
realiza o trabalho, mas a ação real do trabalhador.

Trabalho prescrito X trabalho real Sublimação


PO
Apenas uma pequena parte do trabalho real é visível aos É no espaço entre esse prescrito e esse real que pode ocorrer ou
olhos da prescrição e da organização do trabalho. A maior não a sublimação e a construção da identidade no trabalho.
parte dele consiste em uma infinidade de comportamentos,
sentimentos, pensamentos e atitudes não reconhecidos
formalmente nem pela hierarquia, nem pelos consumidores, O conceito de sublimação tem sua origem na teoria de Freud
nem pelos pares, portanto, invisíveis sobre o desenvolvimento da sexualidade

Isso, no entanto, constrange o trabalhador por desrespeitar as A sublimação é o processo graças ao qual pulsões parciais –
regras, ao mesmo tempo em que se sente recompensado por cuja satisfação é, originalmente, de natureza sexual –
recorrer à sua criatividade, gerando todo um sentido pessoal encontram uma saída substitutiva em uma atividade
do trabalho socialmente valorizada – nesse caso, o trabalho.
M

PDT entendida como “clínica do trabalho” PDT entendida como “clínica do trabalho”

Ao focar o trabalhar a PDT evidencia aspectos menos visíveis


Conhecer os aspectos que envolvem a organização do e conhecidos das relações de trabalho: como a construção
trabalho e sua execução possibilita um excelente meio de identitária, as relações sofrimento e prazer que decorrem disso,
SA

detectar os problemas na operacionalização das tarefas e a construção de defesas individuais e coletivas, os riscos de
suas implicações psíquicas e a forma de superá-los. alienação e a construção da intersubjetividade.

Objetivo: dar visibilidade e refletir sobre o trabalhar


Significa pesquisar as relações entre os indivíduos e um
coletivo (grupo de pessoas que compartilham regras de
ofício ou experiências acerca das atividades realizadas)

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PDT entendida como “clínica do trabalho” Perspectivas de Ação em PDT

Q
Compreensão de que o trabalho é gerador de doenças e
No âmbito da AÇÃO – possibilita um espaço livre de sofrimento – ações que visem sua transformação devem ser
circulação da palavra (manifestação das expectativas, pensadas a partir de mudanças no próprio trabalho e nas
relações das pessoas que o executam – prevenção, tratamento,
reflexão sobre de como vivem subjetivamente as suas reabilitação, retorno ao trabalho
atividades cotidianas)
Escuta atenta para permitir a emergência dos sofrimentos, Adoção de uma perspectiva
das angústias, dos receios, dos medos, dos desafios, das MULTIPROFISSIONAL tanto no
engenhosidades diante das dificuldades e imprevistos planejamento quanto na execução

-IP
frequentes, dos prazeres da superação e resolução dos Desenvolvimento das equipes, a
problemas aparentemente insolúveis, obtenção do reconstrução do coletivo de
reconhecimento. trabalho e de processos de
cooperação.

Perspectivas de Ação em PDT Perspectivas de Ação em PDT


PO
Maior disponibilidade, comunicação, compreensão,
cooperação, e reconhecimento de eixos para o • Reconhecimento = autonomia para tomar as decisões para
estabelecimento de boas relações no trabalho entre os pares executar as tarefas sobre as quais é responsável =
e entre trabalhadores e chefias. reconhecimento social.
Criação de espaços de escuta e a criação de espaços • Retorno ao trabalho \reabilitação – intervir no trabalho e não
públicos de circulação da palavra que favoreçam a
apropriação pelos trabalhadores do seu próprio processo só no indivíduo que adoece (qualidade das relações que o
produtivo, tornando-os protagonistas de mudanças, trabalho propicia, escuta e reflexão sobre o próprio trabalho)
favorecendo o diálogo e atitudes de cooperação e – reapropriação do trabalho e modificação da relação dele
solidariedade. com a saúde.
Intervenções no local de trabalho que • Relação interpessoal – importante aspecto de motivação
recuperem o coletivo, devolvam ao para o retorno ao trabalho (equipe de reabilitação + chefias
trabalhador a sensação de +aceitação e apoio dos colegas +família)
reconhecimento pelo trabalho
M

Conjunto da obra de Christophe Dejours Bibliografia


1. UCHIDA, Seiji; LANCMAN, Selma; SZNELWAR, Laerte. Contribuições da psicodinâmica do trabalho para
1. Dejours C. Loucura do trabalho. São Paulo: Oboré; 1987. o desenvolvimento de ações transformadoras no processo laboral em Saúde Mental. In: Glina, D.M.R. e
2. Dejours C. Plaisir et souffrance dans le travail. Paris: Edition de l'AOCIP; 1998. Rocha, L.E. (orgs) Saúde Mental e Trabalho – da teoria a prática. São Paulo, Ed. Roca, 2010.
3. Daniellou F. L'action en psychodynamique du travail: interrogations d'un ergonome. Travailler 2001; 7:119-30.
2. LANCMAN, Selma; UCHIDA, Seiji. Trabalho e subjetividade: o olhar da psicodinâmica do trabalho. Cad.
4. Molinier P. Souffrance et théorie de l'action. Travailler 2001; 7:131-46.
psicol. soc. trab., São Paulo, 2013 Disponível em
5. Dejours C, Abdoucheli E. Itinerário teórico em psicopatologia do trabalho. In: Dejours C, Abdoucheli E, Jayet C, organizadores.
SA

Psicodinâmica do trabalho. São Paulo: Atlas; p. 119-45. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- acesso em 21/07/2013.


6. Dejours C. Travail, usure mentale. De la psychopathologie à la psychodynamique du travail. Paris: Bayard; 1993. 3. DEJOURS, C. A loucura do trabalho – estudo da psicopatologia do trabalho. São Paulo, Ed. Oboré, 1987.
7. Dejours C. Inteligência operária e organização do trabalho: a propósito do modelo japonês de produção. In: Hirata H, organizador. 4. DEJOURS, C.; ABDOUCHELI, E.; JAYET,C. Psicodinâmica do Trabalho – Contribuições da escola
Sobre o "modelo" japonês. São Paulo: Edusp; 1993. p. 281-309.
dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo, Ed. Atlas, 1994.
8. Dejours C. O fator humano. Rio de Janeiro: Editora da FGV; 1997.
9. De Bandt J, Dejours C, Dubar C. La France malade du travail. Paris: Bayard; 1995. 5. DEJOURS, C.; GERNET, I. Trabalho, subjetividade, confiança. In: SNELWAR, L. (org) Saúde dos
10. Dejours C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro: Editora da FGV; 1999. bancários. São Paulo, Publisher Brasil: Editora Gráfica Atitude, 2011.
11. Clot Y. Clinique du travail, clinique du réel. Le Journal des Psychologues 2001; 185:48-51. 6. Nassif, L.F. Origens e desenvolvimento da Psicopatologia do Trabalho na França (século XX): uma
12. Dejours C. Introduction: psychodynamique du travail. Revue Internationale de Psychosociologie 1996; 5:5-12. abordagem histórica. In: http://www.fafich.ufmg.br/memorandum/artigos08/nassif01.htm. Acesso em:
13. Hirata H. Nova divisão sexual do trabalho? Um olhar voltado para a empresa e a sociedade. São Paulo: Boitempo; 2002. 25/07/2013
14. Dejours C. Comment formuler une problématique de la santé en ergonomie et en médecine du travail? Le Travail Human 1995; 7. Mendes , A.M.B. Aspectos psicodinâmicos da relação homem-trabalho: as contribuições de C. Dejours. Rev.
58:1-16.
Psicologia ciência e profissão v.15 n.1-3 Brasília, 1995.
15. Dejours C. L'évaluation du travail à l'épréuve du réel. Critique des fondements de l'evaluation. Paris: INRA; 2003.
16. Dejours C. O corpo entre a biologia e a psicanálise. Porto Alegre: Artes Médicas; 1988. 8. Merlo, A.R.C. Psicodinâmica do trabalho. In: JACQUES, M.G. CODO, W. (Orgs.). Saúde mental &
17. Dejours C. Repressão e subversão em psicossomática. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor; 1991. trabalho: leituras. Petrópolis, Ed. Vozes, 2002. p. 130-142.
18. Dejours C. Le corps, d'abord. Paris: Payot & Rivages; 2001. 9. Dejours, C. Subjetividade, trabalho e ação. Ver. Produção, Vol.14 no 3 Set./Dez. 2004.
ATHAYDE, 2005
10. Lima, M.E.A. A psicopatologia do Trabalho. Rev. Psicol. cienc. prof. v.18 n.2, Brasília, 1998.

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Exercício: articulação teórico-prática

Q
1. Buscar na fala dos profissionais de enfermagem os OBRIGADA!!
conceitos trabalhados (pressupostos da PDT)
• Trabalho prescrito/trabalho real
• Sublimação
• Trabalho e saúde

-IP
2. Esboçar um plano de intervenção à partir da Miryam Cristina Mazieiro Vergueiro da Silva
proposta de ação da PDT, destacando pontos que E-mail: miryam.mazieiro@ch.fm.usp.br
podem ser abordados
Fone – (11) 2661 3844

PO
M
SA

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