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Sueli Helena de Camargo Palmen
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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Nacional nº 9394/1996 (LDB), que por sua vez reconfigura a estrutura da Educação
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Básica no Brasil.
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João é estudante de Pedagogia e está estagiando aos finais de semana em uma
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escola pública. Durante as rodas de conversa que acontecem aos finais de semana,
João resolveu fazer um projeto visando estimular os alunos do ensino médio a
pensarem em seu futuro profissional.
Não seria uma forma de mostrar que o ensino público “é fraco”? – disse Maria,
uma aluna que está no segundo ano do ensino médio.
Vocês sabiam que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado pelo
Ministério da Educação em 1998, inicialmente com o objetivo de avaliar o
desempenho dos estudantes ao final da educação básica? E que no decorrer de
seu funcionamento, passou a ser caminho para o ingresso no ensino superior?
Além disso, sabiam que existem outros programas que permitem acessar o ensino
superior destinados a quem tem uma situação econômica mais restrita?
Assim, falou do seu exemplo e de sua vivência como estagiário num programa que
financia sua faculdade.
Mediante essa conversa, João pôde perceber que muitos alunos se empolgaram,
pois não conheciam essas possibilidades e isso animou a roda de conversa. Os
alunos ficaram ansiosos para ouvir os demais convidados que também relatarão
sua caminhada e seus desafios.
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Quais perguntas podemos fazer aos convidados? Quais orientações podemos dar a
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João para deixar a roda de conversa ainda mais interessante?
CONCEITO-CHAVE
Olá! Estamos iniciando a terceira seção da Unidade 1 – Políticas Públicas, e neste
momento conversaremos sobre as Reformas Educacionais dos anos 1990,
focalizando a influência dos Organismos Internacionais nos rumos das Políticas no
Brasil e de sua legislação.
Mas você, futuro educador, já ouviu falar nos Organismos Internacionais que
influenciaram as Reformas Educacionais no Brasil nos anos 1990? Já ouviu falar em
Banco Mundial, UNESCO e UNICEF, por exemplo? Vamos conhecer mais sobre cada
um desses deles e saber mais sobre seu histórico, papel e foco de ação, assim
como sua relação com as reformas educacionais no Brasil.
O Banco Mundial foi criado em 1944 e exerceu nos seus primeiros anos um papel
de reconstrutor dos países atingidos pela guerra. Em meados da década de 1950
até o início dos anos de 1970, com as crescentes tensões da Guerra Fria, teve como
missão a incorporação dos países do Terceiro Mundo, por meio da criação de
programas de assistência econômica e de empréstimos crescentes voltados às
políticas de industrialização.
Como pontua Vieira (2001), após a Segunda Guerra Mundial tornou-se crescente o
intervencionismo estatal no campo econômico e social, em países muito, pouco, ou
nada industrializados.
Cabe destacar que, para o Banco Mundial, a educação é oferecida como prestação
de serviço (público ou privado) e não como um direito de todos à transmissão,
construção e troca de saberes, culturas e valores.
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Através do documento Priorities and Strategies for Education (Prioridades e
Estratégias para a Educação), publicado em 1995, o Banco Mundial apresentou as
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diretrizes para a educação básica dos países em desenvolvimento, recomendando
a implantação de algumas orientações como:
O UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) foi criado no dia 11 de
dezembro de 1946. Seus primeiros programas forneceram assistência emergencial
a milhões de crianças no período pós-guerra na Europa, no Oriente Médio e na
China.
O princípio básico do UNICEF é a promoção do bem-estar da criança e do
adolescente a partir de suas necessidades, sem discriminação de raça, credo,
nacionalidade, condição social ou opinião política (VIEIRA; ALBUQUERQUE, 2001).
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A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)
foi fundada em 16 de novembro de 1945 e serve como uma agência do
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conhecimento que visa disseminar e compartilhar informação e conhecimento,
colaborando com os países membros na construção de suas capacidades humanas
e institucionais em diversos campos. A UNESCO busca promover a cooperação
internacional entre seus 193 países nas áreas de educação, ciências, cultura e
comunicação.
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serviços, incentivando a privatização sob o discurso de uma administração
pública eficiente e em busca da redução de gastos, focando na descentralização
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e nos processos de privatização de empresas e serviços públicos. Estamos falando
num modelo de Estado Neoliberal!
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[...] formou-se a ideia hegemônica de que o Estado – sobretudo nos países periféricos – deveria focar sua
atuação nas relações exteriores e na regulação financeira, com base em critérios negociados diretamente com
os organismos internacionais. A reforma nas suas estruturas e aparato de funcionamento consolidou-se nos
anos 90, por meio de um processo de desregulamentação na economia, da privatização das empresas
produtivas estatais, da abertura de mercados, da reforma dos sistemas de previdência social, saúde e
educação, descentralizando-se seus serviços, sob a justificativa de otimizar seus recursos.
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Em termos educacionais, Heloani e Piolli (2010, p. 17) pontuam que:
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As reformas educacionais dos anos 1990 se inserem no contexto da reforma do Estado cujo paradigma foi o da
racionalidade empresarial. Novos métodos e conceitos oriundos do mercado são amplamente disseminados.
Um dos conceitos mais utilizados é o de gestão em substituição ao de administração.
Autores como Vieira (2001), Souza (2004), Dourado (2007) e Heloani e Piolli (2010)
destacam que o Neoliberalismo é criticado pelo desmonte das Políticas Públicas,
influenciando na desregulamentação da força de trabalho, no enfraquecimento
das forças sindicais, na diminuição dos direitos trabalhistas, enfim, interferindo no
padrão de vida da classe trabalhadora em todo o mundo. A Educação passa a ser
foco do Estado, pois compreende-se que sua ação é instrumento para o
crescimento econômico em redução da pobreza.
É dentro desse contexto histórico que a educação brasileira passou a ser objeto de
interesse do Estado através da implantação de reformas educacionais que
alteraram significativamente a estrutura e o funcionamento do sistema
educacional, seguindo as orientações do Banco Mundial.
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funcional é um problema significativo em todos os países industrializados ou em desenvolvimento; mais de um
terço dos adultos do mundo não têm acesso ao conhecimento impresso, às novas habilidades e tecnologias,
que poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se às mudanças sociais e
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culturais; e mais de 100 milhões de crianças e incontáveis adultos não conseguem concluir o ciclo básico, e
outros milhões, apesar de concluí-lo, não conseguem adquirir conhecimentos e habilidades essenciais.
— (UNESCO, 1990)
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Diante do exposto no texto de abertura da Declaração de Jomtien, o documento
elaborado na referida Conferência estabelece como compromisso satisfazer as
necessidades básicas de aprendizagem, a universalização do acesso à educação e a
promoção da equidade, a mudança no modelo de gestão da educação e a
definição de competências e responsabilidades das instâncias de governo em
relação à gestão e financiamento da Educação Básica (SOUZA, 2004). Conforme
sinaliza a autora,
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[...] a partir desse momento, as políticas do BM – Banco Mundial voltam-se, ostensivamente, para a “priorização
sistemática do ensino fundamental, em detrimento dos demais níveis de ensino, e de defesa da relativização do
dever do Estado com a educação, tendo por base o postulado de que a tarefa de assegurar a educação é de
todos os setores da sociedade.
— (SOUZA, 2004, p. 928)
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especialmente as necessidades do mundo do trabalho;
2. Universalizar, com equidade, as oportunidades de alcançar e manter níveis apropriados de aprendizagem e
desenvolvimento;
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3. Ampliar os meios e o alcance da educação básica;
4. Favorecer um ambiente adequado à aprendizagem;
5. Fortalecer os espaços institucionais de acordos, parcerias e compromisso;
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6. Incrementar os recursos financeiros para manutenção e para investimentos na qualidade da educação
básica, conferindo maior eficiência e equidade em sua distribuição e aplicação;
7. Estabelecer canais mais amplos e qualificados de cooperação e intercâmbio educacional e cultural de caráter
bilateral, multilateral e internacional.
Aqui devemos resgatar a hierarquia das leis e reafirmar que, no Brasil, a lei maior
está representada pela Constituição Federal de 1988.
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Art. 205 - “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
— (BRASIL, 1988)
Pela LDB temos as seguintes determinações quanto à Educação Nacional e sua
especificação em termos de fundamentos e princípios:
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Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
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humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais.
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Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
— (BRASIL, 1996)
“
I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de
ensino;
IV - Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - Valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com
ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;
VI - Gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - Garantia de padrão de qualidade;
VIII - Piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei
federal.
— (BRASIL, 1996)
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de desenvolver a capacidade de aprender e fortalecer os vínculos da família, da
solidariedade e da tolerância.
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Ensino Médio – objetiva o aprofundamento dos estudos e a preparação para o
mundo do trabalho.
Numa breve análise podemos perceber que a legislação educacional brasileira está
sintonizada com uma formação que privilegia o desenvolvimento econômico, como
determina a orientação do Banco Mundial para as Reformas implementadas nos
anos de 1990, para os países em desenvolvimento.
ASSIMILE
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2. Welfare State ou Estado de Bem-Estar Social: caracterizado, entre
outros aspectos, pela implementação da esfera pública por meio do
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incremento de políticas sociais, postulando a garantia de padrões
mínimos de vida visando a manter o estímulo ao desenvolvimento e a
consolidação das economias de mercado; nesse caso, trata-se, portanto,
do fortalecimento do papel do Estado, por intermédio da adoção de
uma feição intervencionista na economia.
REFLITA
EXEMPLIFICANDO
Segundo os Organismos Internacionais, a educação deve ser
compreendida como fator de redução de desigualdades e como
elemento de desenvolvimento social dentro do conceito democrático de
Estado.
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Atualmente, no Brasil, a partir das políticas neoliberais implementadas ao
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longo das últimas décadas, assentada sobre estruturas capitalistas, a escola
pública distancia-se cada vez mais de sua função e significado enquanto
instituição social, pois focaliza cada vez mais a formação para o mercado,
visando atender aos interesses econômicos e deixando em segundo plano a
formação para a emancipação humana.
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determinados em cada contexto histórico.
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Espera-se que você, futuro educador, compreenda o papel das Políticas Públicas
enquanto promotoras dos direitos sociais e analise criticamente o papel das
Políticas Educacionais no contexto atual. Esse é o nosso grande desafio!
Vamos enfrentá-lo?
Bom estudo!
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Considerando as informações apresentadas, é correto o que se afirmar em:
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a. I, II e IV apenas.
c. I, II e III apenas.
d. I e II apenas.
e. II e IV apenas.
Questão 2
A partir dos anos de 1990, a proposta do Banco Mundial para a educação no Brasil
passou a adotar novas condutas de ação no campo Educacional: parceria com o
setor privado e adoção do ideário pautado na eficácia, competência, qualidade e
equidade no setor educacional. Adotou-se a visão de Estado Neoliberal, que, por
sua vez, preconiza a individualização do comportamento, sobretudo no campo
profissional, o que é amplamente difundido pelas concepções do
empreendedorismo.
a. I, II e III.
b. II e III, apenas.
c. I e III, apenas.
d. I, apenas.
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e. III, apenas.
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Questão 3
Em 1990, na Tailândia, aconteceu a “Conferência de Jomtien”, evento patrocinado
pelo Banco Mundial, em parceria com a UNESCO, o UNICEF e o Programa das
Nações Unidas (PNUD) para o Desenvolvimento, tendo como foco países onde era
alta a taxa de analfabetismo. Dessa Conferência, originou-se um documento
intitulado “Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das
necessidades básicas de aprendizagem” (UNESCO, 1990).
b. F – V – V – V.
c. V – V – F – V.
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d. V – F – V – F.
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e. V – V – V – F.
REFERÊNCIAS
ARANHA, M. L. A. História da educação. São Paulo: Moderna, 1989.
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LIBÂNEO, J.C.; OLIVEIRA, J.F.; TOSCHI, M.S. Educação Escolar: políticas, estrutura e
organização. 7ª Ed. São Paulo: Cortez, 2009. p127-145.
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MARCÍLIO, M. L. História da escola em São Paulo e no Brasil. São Paulo:
Imprensa Oficial, 2005.
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SOUZA, P. N. P. LDB e Educação Superior: Estrutura e funcionamento. São Paulo:
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Thomson Pioneira, 1997.
UNESCO. Declaração mundial sobre educação para todos e plano de ação para
satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. Jomtien, Tailândia:
UNESCO, 1990.