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ESTUDO DIRIGIDO – EDINEI – NP1 DIA 20/09/22

1 – Do que se trata a lei n. 13.935/19, quanto à atuação do psicólogo nas escolas?


RESP: A Lei n. 13.935/19, dispõe sobre a prestação de serviços de psicologia e de serviço social
nas redes públicas e de educação básica.
Segundo a citada lei, equipes multiprofissionais serão formadas por psicólogos e serviço social,
tendo essa equipe a função de desenvolver ações que contribuam para melhoria da qualidade do
processo de ensino e aprendizagem com a participação da comunidade escolar, que atuará mediando
relações sociais e institucionais.

2 – A que se refere o Plano Nacional de Educação? Quando e por que foi desenvolvido?
RESP: PNE foi aprovado com vigência de 10 anos, a partir de sua publicação, com vistas ao
cumprimento do artigo 214 da Constitiuição Federal, in verbis: “a União aplicará, anualmente,
nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no
mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida e proveniente de transferência, na
manutenção e desenvolvimento do ensino.”
O PNE definiu 10 diretrizes que devem guiar a educação brasileira de 2014 a 2024 e estabeleceu 20
metas a serem cumpridas durante sua vigência.
O primeiro PNE surgiu em 1962 com o objetivo de estabelecer metas decenais para a educação
brasileira.

3 – Barbosa (2012) destaca sobre a periodização da constituição histórica da psicologia


educacional escolar ao longo do tempo, desde a colonização brasileira. Identifique-as e
comente-as.
RESP: A periodização da constituição histórica da psicologia compreende as seguintes etapas:
3.1- COLONIZAÇÃO, SABERES PSICOLÓGICOS E EDUCAÇÃO – EDUCANDO
MENINOS RUDES ( 1500-1906) - inicia-se com a chegada dos portugueses no Brasil e a missão
Jesuíta. Os Jesuítas construíram, pela primeira vez em terras brasileiras, um sistema educativo para
catequização dos índios, foram criados colégios para ensinar a ler e a escrever. Na época o propósito
da educação era o comportamento, de modo a moldar e domar as crianças, com a utilização de
prêmios e de castigos para educar “educação dos meninos rudes”. A domesticação por meio de
castigos e de prêmios é uma das marcas dessa fase.

3.2- PSICOLOGIA EM OUTROS CAMPOS DE CONHECIMENTO (1906-1930) – Nessa


fase, a psicologia educacional (que ainda não tinha esse nome) é inserida em currículos das escolas
normais. É um momento que surge a exigência da cientificação da educação, e uma das ciências que
dá respaldo à educação é a pedagogia (ciência psicológica).
Surgem novas contribuições de pesquisas que eram aplicadas no exterior, especialmente ligadas à
psicologia infantil, à psicologia aplicada e o que se denominava pedagogia científica ou psicologia
pedagógica.
Grandes transformações ocorreram nessa fase: a Psicologia escolar e educacional estavam nascendo
com as publicações de Thorndike. Além disso, principiam contribuições de vários pesquisadores,
em diferentes países, que passam a publicar temas relacionando psicologia e educação.
Nesse período, crescem os estudos sobre aprendizagem, desenvolvimento, processos cognitivos e
testes psicológicos (psicometria), assim como sobre as relações entre os conhecimentos
psicológicos e seu papel no processo de ensino.
3.3 – DESENVOLVIMENTISMO – A ESCOLA NOVA E OS PSICOLOGISTAS NA
EDUCAÇÃO (1930 A 1962) - Essa fase foi extremamente proveitosa para a psicologia educacional
e escolar. O termo desenvolvimentismo marca o crescimento econômico e industrial, acrescido ao
crescimento da psicologia em vários campos teóricos e práticos.
Será a primeira vez que temos a psicologia efetiva em termos práticos no interior de organizações
como hospitais, organizações industriais e, especialmente, escolas.
Anos 30 inicia atribulado com educadores se auto denominando pioneiros da EDUCAÇÃO NOVA
e solicitavam ao poder público uma renovação do campo educativo. Nessa época o Brasil tinha um
alto nível de analfabetismo com pouco acesso à escola, isso inspirou o clamor por mudanças.
Algumas transformações: a) reformas educacionais para atingir maior parte da população, porém
de forma populista, pois o povo não participava das decisões; b) foi criado o Ministério da
Educação; c) ensino se organizou nos moldes em que é conhecido hoje em dia, primário, secundário
e superior; d) Estatuto das Universidades, abrindo possibilidade para a criação de universidades; e)
criada Universidade de São Paulo; f) elaborada a constituição de 1937, que regulamentou as escolas
técnicas, SENAI, SENAC e o ensino vocacional; g) Organizou-se o ensino secundário, com a
Reforma Capanema, dividindo-o em ciclos, primeiro, o ginasial e, segundo, o clássico ou científico.
É o momento da separação das crianças ditas normais, daquelas com problemas de aprendizagem,
também camadas de anormais, deficientes, crianças-problema. Foi com enfoque nessas crianças
com dificuldades de aprendizagem que se deu o início do desenvolvimento da psicologia
educacional no Brasil. A educação especial também foi um campo fértil em cujas bases se assentou
a psicologia educacional.

3.4 – A PSICOLOGIA EDUCACIONAL E A PSICOLOGIA DO ESCOLAR (1962 A 1981) –


deu continuidade ao desenvolvimento do período anterior, ao se criar os cursos de psicologia, as
múltiplas influências de formação e de atuação se fizeram permanentes. A psicologia educacional
continuou a classificar, orientar e tratar de crianças-problema, com interesse em se posicionar a
favor do escolar.
Nesse momento, inicia-se a produção de laudos de crianças em idade escolar para encaminhamento
às chamadas escolas especiais e depois às classes especiais.
A ditadura militar de alguma forma contribuiu para o surgimento com intensidade de algumas
práticas e saberes da construção da psicologia, muitos profissionais sofreram perseguições, cursos
foram fechados, etc.
Nos anos 70, emerge a influência das teorias behavioristas e a chamada tecnologia educacional –
ensino tecnicista. Além disso, mantém o interesse voltado para os estudos do escolar, sendo que
cresce a chamada teoria da carência cultural como explicação para o não aprender das crianças na
escola. Essa teoria passa a ser a principal explicação para o não aprender na escola, e principiam
programas educacionais de educação compensatória.

3.5 – O PERÍODO DA CRÍTICA (1981 A 1990) – A psicologia educacional tradicional tinha


como característica a concepção de que o papel do psicólogo era identificar aspectos das crianças
que pudessem explicar o seu suposto não aprender, de modo a ensiná-los de maneira eficiente.
Quando se muda o conceito de educação, de escola e de psicologia, o olhar quanto a essas questões
também muda e na proposta de mudança desse olhar da psicologia educacional e escolar surge o
PERÍODO DA CRÍTICA.
A crítica foi quanto a forma como os psicólogos atuavam, baseados em pressupostos como o da
teoria da carência cultural ou em explicações como déficit linguístico e problemas de aprendizagem
que, especialmente, se dirigiam a crianças pobres. As críticas à essa psicologia tradicional diziam
que a psicologia cumpriam um papel de psicologia do ajustamento, que tinha como prerrogativa o
cumprimento de uma função ideológica de manter os desviantes (em geral, identificado entre a
classe pobre) normalizados e ajustados.
A partir daí profissionais da psicologia educacional e escolar questionam o papel dessa área ou as
funções do psicólogo no contexto educacional e sua atuação.

3.6 – A PSICOLOGIA EDUCACIONAL E ESCOLAR E A RECONSTRUÇÃO (1990 A 2000)


– é a fase da ressignificação da psicologia educacional e escolar. Nessa fase há crescimento de
produções científicas relacionadas a vários temas da psicologia educacional e escolar.
Os termos PSICOLOGIA ESCOLAR ou PSICOLOGIA ESCOLAR CRÍTICA são os mais
comumente usados no período, com o intuito de diferenciação da PSICOLOGIA EDUCACIONAL
e ESCOLAR TRADICIONAL.
A visão individualista da psicologia educacional e escolar tradicional passa a ser substituída por
uma preocupação com os processos educativos de modo mais amplo e com as redes de relações
constituídas no interior da escola.
Marcos da época: criação ABRAPEE, inicia a organização dos psicólogos CONPE (congresso).
O foco individual e a idéia de trabalhar com problemas de aprendizagem, com famílias
desestruturadas e carência cultural cede lugar à concepção de fracasso escolar e, posteriormente, a
problemas no processo de escolarização e atuação junto a queixas escolares.
De modo geral, passa-se a compreender que o não aprender na escola não pode ser explicado por
questões individuais ou com problemas de ordem socioambiental. No novo olhar, há um
FRACASSO ESCOLAR produzido pela própria escola e pelo sistema educacional como um todo, e
contribuem para essa construção a visão que se tem das crianças pobres e de todo um conjunto de
condições macroestruturais envolvidas, como a formação docente e o pouco investimento em
políticas públicas de educação, entre outros.

3.7 – A VIRADA DO SÉCULO: NOVOS RUMOS? - Fato é que a partir dos anos 90 a produção
intelectual e acadêmica da área da psicologia educacional e escolar aumentou consideravelmente.
Mudanças importantes: atualmente existem vários serviços públicos de psicologia educacional e
escolar ligados a iniciativa de prefeituras e também atuações nas escolas privadas por meios de
psicólogos consultores.
A psicologia educacional e escolar é uma das principais responsáveis pela construção da psicologia
com um todo no nosso país e, também, foi através dessa área que se pode, mesmo que a partir do
movimento de testes e da psicologia do ajustamento (nossa psicologia aplicada), fundamentar as
práticas iniciais em serviços de psicologia.
Novos rumos ainda está cedo para concluir, porém as mudanças na psicologia educacional da
tradicional para a atual abriu possibilidades de a psicologia educacional e escolar oferecer
ferramentas, instrumentos que possam ajudar nos processos educativos em contextos educacionais
diversos.

4 – Comente sobre o papel da psicologia escolar e educacional na escola.


RESP: Depois das transformações da Psicologia Educacional e escolar, pós fase crítica, há um
papel fundamental de se preocupar com os processos educativos de modo mais amplo e com as
redes de relações constituídas no interior da escola, incluindo um trabalho com as famílias
desestruturadas.
5- Qual a importância de políticas públicas para a educação? Há necessidade de incluir a
formação dos psicólogos nessas políticas públicas?
RESP: as políticas públicas são muito importantes para a educação, contudo há a necessidade de
terem estruturas de implementação com os necessários investimentos nas condições estruturais
imprescindíveis para sua real efetivação. Não pode acontecer de maneira intempestiva, sem
preparação prévia que garanta alterações dos aspectos estruturais das escolas, adaptações
curriculares e formação com as equipes pedagógicas de professores e psicólogos.
Há real necessidade de incluir os profissionais da psicologia nas políticas públicas, como feito pela
Lei n. 3.935/19.

6 – Souza (2010), trata em seu texto sobre patologização e medicalização sobre o compromisso
do profissional da psicologia com o processo de escolarização e aprendizagem. Comente sobre
as políticas públicas de medicalização e o papel do profissional de psicologia nesse processo.
RESP: A partir dos anos 2000, as políticas públicas na área da educação voltaram-se para aspectos
biológicos como sendo a base da causa dos problemas de aprendizagem. As crianças devem ser
diagnosticadas fora dos muros da escola, com o diagnóstico são medicadas e seguem a vida com
acompanhamento medicamentoso e psicológico. Ao psicólogo cabe analisar com cautela
considerando os aspectos sociais, culturais, familiares, testes psicológicos para entender a
dificuldade de aprendizagem do paciente e concluir se é um problema psicológico, até possível
transtorno ou se é um problema da própria escola dentro de seu complexo contexto.

7 – Explique os conceitos medicalização e patologização.


RESP: Com o advento do fortalecimento da genética, na neurologia e da neuropsicologia, os
aspectos biológicos voltaram a ser considerados como aqueles que estariam na base dos problemas
pedagócios referentes ao não aprendizado. A PATOLOGIZAÇÃO com o avanço das explicações
organicistas para a compreensão do não aprendizado encontrou outros motivos para a criança ou o
adolescente não aprender na escola, tais como: dislexia, disortografia, disgrafia, dislalia, transtorno
de déficit de atenção com ou sem hiperatividade. Esses diagnósticos também contam com a
neurologia, sendo assim, possibilitando a MEDICALIZAÇÃO das crianças e adolescentes que
recebam tais diagnósticos.
Para os organicistas que defendem essa patologização dos problemas de aprendizagem consideram
um direito da criança receber o diagnóstico da sua patologia, do porquê não consegue aprender na
escola e que cabe ao Estado brasileiro arcar com as despesas do diagnóstico, do tratamento e da
medicação.

8 – Qual a diferença entre educação bancária e educação libertadora, segundo Paulo Freire?
RESP: educação bancária é a educação dissertadora, tendo como principal característica a
sonoridade, pois nesse tipo de educação o educador despeja conhecimento perante o educando,
somente com sua narração, conduzindo os alunos à memorização mecânica do conteúdo narrado.
Quanto mais o professor expõe o conteúdo, melhor ele é, e quanto mais o aluno absorve e decora,
melhor aluno o é. Na educação bancária o saber é uma doação dos que se julgam sábios aos que
julgam nada saber.
Na educação libertadora tem o conhecimento como processo de busca. Nessa o professor se
identifica com os alunos e orienta-lhes no sentido da humanização de ambos. O professor é
companheiro dos alunos e ambos participam do processo do conhecimento e do saber. A educação
libertadora proporciona diálogo, questionamentos e reflexões sem verdades absolutas e em
constante transformação entre professor e aluno.

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