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Resumo
O artigo busca inserir-se no debate educacional acerca das políticas públicas para Educação
Básica. Objetiva analisar as influências que as orientações oriundas dos organismos
internacionais exercem na elaboração das políticas públicas para a Educação Básica e quais são
os principais desafios apresentados para a implementação das mesmas no Brasil. Destacam-se
os princípios e diretrizes que vêm balizando as principais reformas para Educação Básica
resultantes das conferências e fóruns mundiais de Educação para Todos examinando
especificamente a Conferencia Mundial de Educação para Todos de Jomtien (1990), o Fórum
Mundial de Educação para Todos de Dakar (2000) e o Fórum Mundial de Educação para
Todos de Incehon (2015). Para proceder-se à análise documental, tomou-se a abordagem
qualitativa e a pesquisa do tipo documental. Realizou-se o mapeamento das principais
políticas públicas no Brasil que foram impulsionadas pelas orientações oriundas dos
organismos internacionais. Ao analisar as principais reformas na Educação Básica foi possível
visualizar alguns reflexos do empenho em investir na Educação Básica, entretanto, o que se
torna um grande desafio para implementar as orientações em todos os países signatários é
capacidade de cada em aplicar as determinações. Conclui-se que os desafios seguem
pertinentes quanto a implementação das propostas delineadas pelos organismos internacionais
no Brasil, especialmente, no que se refere em assegurar a todos o acesso a educação, em
especial as crianças e jovens que vivam em situações de vulnerabilidade social. Ademais,
reconhecem-se os desafios para universalizar a Educação Básica, uma vez que não depende
de estar garantida na legislação educacional e preciso ampliar substancialmente a capacidade
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Doutoranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa
Maria (PPGE/UFSM). Professora de Ensino Básico Técnico Tecnológico na Unidade de Educação Ipê Amarelo
- UFSM. E-mail: jucemaraantunes@gmail.com.
2
Mestranda em Educação da Universidade Federal de Santa Maria, na Linha de Pesquisa 02: Práticas Escolares
e Políticas Públicas. Professora de Educação Infantil, em uma Escola privada do município de Santa Maria. E-
mail: pathyzwetsch@gmail.com.
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Professora Associada II da Universidade Federal de Santa Maria no Departamento de Administração Escolar,
Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação, do Centro de Educação da UFSM, na Linha de
Pesquisa 02: Práticas Escolares e Políticas Públicas. Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Políticas
Públicas e Gestão Educacional, que abarca os cursos de Especialização em Gestão Educacional e Mestrado
Profissional. E-mail: rcsarturi@gmail.com.
ISSN 2176-1396
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Introdução
Observa-se que algumas organizações exercem mais domínio nas recomendações para
a educação, entre elas o Banco Mundial (BM) mencionadas anteriormente, além delas a
Organização das Nações Unidas (ONU). Entretanto, necessita-se ressaltar o caráter
homogênio das orientações das organizações internacionais em especifico para os países em
desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
Tais orientações iniciaram a partir dos anos 90, com a Conferência Mundial de
Educação para Todos (EPT), realizada em 1990, em Jontiem e é considerada um marco das
políticas educacionais em 1990, teve como objetivo primordial a revitalização do
compromisso mundial de educar todos os cidadãos do planeta.
A Conferência, contou com a presença de representantes de cento e cinquenta e cinco
governos de diferentes países, teve como patrocinadores e financiadores quatro organismos
internacionais: a Organização das Ações Unidas para a Educação (UNESCO); o Fundo das
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Nações Unidas para a Infância (UNICEF); o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD); e o Banco Mundial (BM).
Segundo Torres (2001), a Conferência não foi só uma tentativa de garantir a Educação
Básica para a população mundial, mas uma tentativa de renovar a visão e o alcance da mesma.
Assim, a Educação para Todos serviu de marco para o delineamento e a execução de políticas
educativas durante a década de 90, no mundo inteiro, principalmente em Educação Básica.
É importante destacarmos que a Conferência chamou a atenção mundial para a
importância e a prioridade da educação, em especial a EB.
As reuniões preparatórias e os debates realizados na própria Conferência, entre os dias
5 e 9 de março de 1990, deram origem à “Declaração Mundial sobre Educação para Todos:
Satisfação das necessidades básicas de aprendizagem” e ao “Plano de Ação para Satisfazer as
Necessidades Básicas de Aprendizagem”.
Pode-se fazer uma análise da importância dada à educação básica no referido
documento:
Mais de 100 milhões de crianças, das quais pelo menos 60 milhões são meninas, não
têm acesso ao ensino primário; mais de 960 milhões de adultos - dois terços dos
quais mulheres são analfabetos, e o analfabetismo funcional é um problema
significativo em todos os países industrializados ou em desenvolvimento; mais de
um terço dos adultos do mundo não têm acesso ao conhecimento impresso, às novas
habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a
perceber e a adaptar-se às mudanças sociais e culturais; e mais de 100 milhões de
crianças e incontáveis adultos não conseguem concluir o ciclo básico, e outros
milhões, apesar de concluí-lo, não conseguem adquirir conhecimentos e habilidades
essenciais (UNESCO, 1998).
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Tais dados apresentam um diagnóstico mundial, que para a UNESCO, entre os demais
organismos internacionais, representam um problema para os países em desenvolvimento.
Para inverter este quadro, compreendemos o Ensino Fundamental como pilar da Educação
Básica, o que justifica os esforços em investir nesse nível da educação. A partir de 1990, com
a Conferência Mundial de Educação para Todos, a elaboração de políticas voltadas para a
Educação Básica foi impulsionada. Pois, considera-se a educação como um elemento central
para o desenvolvimento nacional.
Após dez anos da realização da Conferência Mundial de Educação para Todos
realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, com o objetivo de avaliar os progressos
alcançados, a UNESCO promoveu esse processo. Assim, no ano de 2000, houve a
convocação do Fórum Mundial de Educação, Dakar, nos dias 26 e 28 de abril.
Mesmo passados dez anos da realização da Conferência Mundial de Educação para
Todos, ainda persistem, após o colapso da educação, com déficits na área como o grande
contingente de analfabetos absolutos e funcionais.
Com o intuito de amenizar tais problemas, foram definidos e aprovados seis objetivos
a serem alcançados até 2015 e para buscar atingi-los, os governos, agências, organizações,
grupos e associações representadas no Fórum de Educação comprometem-se a:
[...] 4.1 – em 2030 acesso e qualidade aos meninos e meninas à primeira infância e
pré escola. [...] 4.2 Em 2030, garantir que todos os meninos e meninas tenham
acesso e qualidade no desenvolvimento da primeira infância, bem como os cuidados
e educação pré-escolar para os que estão em idade para o ensino primário. (ONU,
2015)
No Brasil, uma das últimas reformas na EB é sancionada pela Lei nº 13.415 (BRASIL,
2017) que estabelece novas diretrizes e bases para o Ensino Médio (EM) determinando que os
conteúdos sejam divididos em duas partes, correspondente a 60% para disciplinas comuns a
todos, a serem definidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e 40% para que o
aluno aprofunde seus conhecimentos em uma área de interesse, entre as opções Linguagens,
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Figura 1- Principais acordos internacionais de 1990 a 2015 e as legislações que promoveram as reformas na EB.
Fonte: Elaborado pelas autoras a partir dos documentos de acordos internacionais e as legislações que
promoveram as reformas na EB.
Conforme recentes pesquisas, 81,7% das crianças de seis anos estão na escola, sendo
que 38,9% freqüentam a Educação Infantil, 13,6% as classes de alfabetização e
29,6% já estão no Ensino Fundamental (IBGE, Censo Demográfico 2000). Esse
dado reforça o propósito de ampliação do Ensino Fundamental para nove anos, uma
vez que permite aumentar o número de crianças incluídas no sistema educacional
(BRASIL, 2004, p. 17).
Considerações Finais
Ademais, reconhecem-se os desafios para universalizar a EB, uma vez que não
depende de estar garantida na legislação educacional e preciso ampliar substancialmente a
capacidade da nação e seus estados em efetivá-la e também garantir a melhoria da qualidade
do atendimento da EB.
REFERÊNCIAS
_______. Lei nº 11.114, de 16 de maio de 2005. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, 2005.
_______. Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos artigos 29, 30, 32 e
87 da Lei nº. 9394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental,
com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, 2006.
PNE e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
2014.
MARTINS, Gilberto de Andrade. Estudo de caso: Uma Estratégia de Pesquisa. São Paulo:
Atlas, 2006.
SHIROMA, Eneida Oto; MORAES, Maria Célia M. de; EVANGELISTA, Olinda. Política
Educacional. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
TORRES, Rosa Maria. Educação para Todos: a tarefa por fazer. Porto Alegre: ARTMED
Editora, 2001.
UNESCO. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades
básicas de aprendizagem Jomtien, 1990. UNESCO, 1998.
UNESCO. Educação para todos: o compromisso de Dakar. Texto adotado pelo Fórum
Mundial de Educação de Dakar – Senegal, 26 a 28 de abril de 2000. Brasília: UNESCO,
CONSED, Ação Educativa, 2001.