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PLANEJAMENTO NO BRASIL
Maria Cleidiane Cavalcante Freitas
cleidianecavalcante@hotmail.com
Aluna Pedagogia/ FECLESC/UECE
Introdução
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Modelo econômico de intervenção do Estado na economia (Maia Filho, 2004).
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Robert McNamara foi vice-presidente do Banco Mundial.
Essas modificações alteram, sobretudo, as políticas públicas, o que irá redefinir
o planejamento educacional, assim, a educação passa a ser nesse contexto um ponto
estratégico de adequação a nova ordem social, portanto, é necessário destacar a
participação de organismos internacionais que assumem a gerência da educação
mundial, tendo como alvo de ações os países periféricos.
A princípio a educação nos países pobres não era motivo de interesse do Banco
Mundial. No entanto, a partir da definição neoliberal da economia, nos anos 70, o
Banco a inclui como necessária para atingir determinados objetivos, passando a ser
concebida de forma mais racionalizada. Nesse sentido, a educação primária ou
fundamental ganha dimensão de uma “educação para todos”, suficiente para atingir
as metas de sustentabilidade dos países devedores. (MENDES SEGUNDO, 2006,
p.219)
Exige-se assim, um redirecionamento planetário para a recuperação do capital
em crise, e as respostas para esta foram, respaldados em BARONE (1998): a
redefinição do Estado; a ação de políticas neoliberais; a intensificação da ideologia
da globalização; a alta produção tecnológica e a modificação do modelo produtivo.
Tais modificações implicam um redirecionamento da educação mundial, exigindo-se
assim um trabalhador mais qualificado.
Faz-se necessário destacar que o processo de valorização da educação mostra-
se alicerçado nos pressupostos da economia no qual o ato de educar está voltado para
a competitividade, para o mercado de trabalho, deixando de lado alguns valores
como educar para cidadania, para participação política, para construir cultura etc.
Sendo que essa nova formação exigida faz parte da demanda do novo processo
produção, nos moldes do toyotismo.4
Uma parte significativa dos debates que se realizaram no decorrer desse
período, por meio de propostas de políticas educacionais provenientes do governo,
giram em torno dos pressupostos declarados pelos organismos internacionais, sendo
debatidas em encontros em defesa de uma educação para todos, dentre os vários
eventos destaca-se,
[...] a Conferência Mundial Sobre Educação para Todos realizada em Jomtien
Tailândia de 5 a 9 de março de 1990,que inaugurou um grande projeto de educação
em nível mundial para década que se iniciava .”(FRIGOTTO, CIAVATTA, 2003).
Que constitui-se como marco inicial para o Movimento de Educação para Todos.
Porém, esse debate em torno da educação tem início na década de 1980 com a
elaboração e aprovação do projeto principal para educação – PPE, elaborado
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Modelo produtivo japonês baseado na flexibilidade e por isso “a nova realidade produtiva passaria a
exigir um novo perfil profissional [...] ver: Maia Filho (2004)
mediante solicitação dos ministros da educação e do planejamento da economia dos
estados membros da ONU, reunidos no México em 1979. Este projeto foi aprovado
em 1981 na 21ª reunião da conferência geral da UNESCO, e tem vigência até o ano
1999.
Na década de 1990 começa uma etapa de desenvolvimento educacional na
região da America Latina e Caribe com a IV reunião do comitê intergovernamental
do projeto principal, em Quito (1991), como evidenciamos, vários eventos se
sucederam como a conferência de Nova Delhi (1993); as reuniões do projeto
principal de educação para a América Latina e Caribe, a exemplo de, entre outras as
conferências de Kingston, Jamaica (1996), o Fórum Mundial de Educação, em Dakar
(2000), e a declaração do milênio (2000), dentre outras, formam o ideário político
educacional perseguido por mais de 50 países.
Exige-se assim um redirecionamento da educação mundial, daí o intenso
movimento de reforma dos sistemas educacionais realizadas por várias nações do
globo, o que para Mészáros (2004),
[...] caso um determinado modo de reprodução da sociedade seja ele próprio tido
como garantido, como o necessário quadro de intercâmbio social, nesse caso apenas
são admitidos alguns ajustamentos menores em todos os domínios em nome da
reforma, incluindo o da educação [...].
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Ver: Educação e políticas públicas: questões para o debate (Barone 1998)
Plano Real6, dentre outras características, presencia-se as formas de planejamento
participativo (PP) e ainda temos o gerenciamento da “Qualidade Total/GQT como
estratégia de refuncionalização dos serviços estatais, tendo como foco a eficiência e a
eficácia, na garantia do desenvolvimento econômico-social,” (ALBUQUERQUE,
2005, p.139), essas mudanças ocorrem a princípio na gestão de Fernando Collor de
Melo (1990-1992)7 e tem continuidade nos Governos de Fernando Henrique Cardoso
(1994-1998 e 1999-2002).
No quadro dessa redefinição global, pois o novo modelo produtivo exigirá um
profissional capaz de realizar diferentes funções, flexível e como coloca MAIA
FILHO e JIMENEZ (2004),
Esse modelo, denominado por nós de CHAVE (C de conhecimento, H de
habilidade, A de atitude, V de valores e E de existencial), é a base das atuais
reformas educacionais postas em vigor em muitos países, inclusive no Brasil [...].
É nesse momento que a educação toma uma dimensão de Educação para
Todos, e logo os países desenvolvidos, incorporados no Banco Mundial assume a
Gerência da educação mundial, que culminou com a realização da Conferência sobre
Educação para Todos, em Jomtien, Tailândia, evento no qual resultou em acordos
para que essas nações reformassem os seus sistemas educacionais em conformidade
com os ditames internacionais.
Os acordos estabelecidos estão registrados na “Declaração Mundial de
Educação para Todos”, documento composto de dez artigos, que constituíram a base
de orientação dos planos decenais de educação elaborados, no início da década de
1990. (ALBUQUERQUE, 2005, p.)
Em conformidade com a Declaração de Educação para Todos da referida
conferência, em 1993, fora editado o Plano Decenal de Educação para Todos
brasileiro, coordenado pelo MEC (Ministério da Educação), utiliza o termo educação
básica, procurando fazer um diagnóstico da educação para então traçar as suas metas,
identificando os obstáculos a serem enfrentados no Brasil, o que para SAVIANI
(1998), “ele quase não saiu do papel, limitando-se a orientar algumas ações na esfera
federal” e mais adiante, diz que o
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Plano de estabilidade econômica, que teve à frente o então Ministro da Economia, Fernando
Henrique Cardoso (1994).
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Esse período culmina com o impeachment de Collor de Mello, que é sucedido pelo vice-presidente
Itamar Franco (1992-1994)
Plano foi formulado mais em função do objetivo pragmático de atender a condições
internacionais de obtenção de financiamento para a educação, em especial aquele
ligado de algum modo ao Banco Mundial. (idem)
Em 1996, temos a promulgação da nova LDB, Lei nº 9.394, a 20 de Dezembro,
a qual estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, na qual estão dispostos
os princípios e a organização da educação nacional, como o direito a educação, a
colaboração entre os entes federativos, a distribuição em níveis e modalidades, as
formas de financiamento dentre outras determinações, trata da educação básica e
superior.
É valido ressaltar que muitas dessas determinações encontram-se na
Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990):
-A educação básica deve ser proporcionada a todas as crianças, jovens e adultos [...].
(ARTIGO 3)
-As autoridades responsáveis pela educação aos níveis nacional, estadual e
municipal têm a obrigação prioritária de proporcionar educação básica para todos.
Não se pode, todavia, esperar que elas supram a totalidade dos requisitos humanos,
financeiros e organizacionais necessários a esta tarefa. Novas e crescentes
articulações e alianças serão necessárias em todos os níveis [...]. (ARTIGO 7)
-Para que as necessidades básicas de aprendizagem para todos sejam satisfeitas
mediante ações de alcance muito mais amplo, será essencial mobilizar atuais e
novos recursos financeiros e humanos, públicos, privados ou voluntários [...].
(ARTIGO 9)
-A sociedade deve garantir também um sólido ambiente intelectual e científico à
educação básica, o que implica a melhoria do ensino superior e o desenvolvimento
da pesquisa científica. Deve ser possível estabelecer, em cada nível da educação, um
contato estreito com o conhecimento tecnológico e científico contemporâneo.
(ARTIGO 8)
SAVIANI (1999) nos lembra que no artigo 14 “asseguram-se a gestão
democrática do ensino público na educação básica” e em seguida no artigo 15 “a
autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira das escolas públicas de
educação básica.”
Vale lembrar também que a elaboração do Plano Nacional de Educação já
estava disposto na LDB, em seu inciso I, artigo 9º e no parágrafo primeiro do artigo
87 das Disposições Transitórias, no qual prevê a elaboração do plano num prazo de
um ano após a data de publicação desta lei, em colaboração com os entes federativos,
visando a erradicação do analfabetismo, a universalização do ensino e a melhoria de
sua qualidade, a formação para o trabalho e desenvolvimento humanístico,
tecnológico e científico do país.
Em 1997, encaminhou-se a proposta inicial para a elaboração do PNE, o qual,
após um longo percurso histórico concretizou-se em lei, apenas em nove de Janeiro
de 2001, Lei nº 10.172, no qual se encontra as disposições para a educação no país,
contendo os diagnósticos, diretrizes, objetivos e metas, com vigência de 10 anos.
Quanto ao financiamento da educação, temos em 12 de Setembro de 1996, a
criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do ensino Fundamental e de
Valorização do Magistério (FUNDEF)8, através da Emenda Constitucional nº 14 e
regulamentada pela Lei nº 9.424 de 24 de Dezembro do mesmo ano, com a validade
de 10 anos, o qual estipula a participação da União, dos estados, Distrito Federal e
Municípios, estabelecendo o regime de colaboração entre os mesmos.
Porém, de acordo com Mendes Segundo (2003)
[...] O FUNDEF não se constitui numa política educação original do governo
brasileiro. Antes de tudo, trata-se de uma resposta às diretrizes impostas pelo Banco
mundial no que concerne aos ajustes econômicos definidos aos países periféricos.
A distribuição financeira é realizada através do cálculo custo aluno/ano, tendo
como mecanismos de geração de dados o número de matrículas através do Censo
Escolar, para então serem efetuados os repasses.
Chamamos a atenção para a forma de acompanhamento e controle social, do
fundo, a nosso ver dessa maneira remete-se ao planejamento participativo (PP), no
Art. 5° da lei, que estabelece a composição do Conselho de Acompanhamento e
Controle Social sobre os Fundos de Valorização e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e Valorização do Magistério, constituindo um mecanismo de
fiscalização social e democrático, nos moldes internacionais.
Considerações finais
Referências bibliográficas
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No governo Lula, temos a substituição do FUNDEF pelo FUNDEB (Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), pela Lei nº 11. 494 de
20 de Junho de 2007.
ALBUQUERQUE, M. Gláucia M. Teixeira. Planejamento educacional no Ceará (1995-
2002): a escola como ponto de partida. Tese de Doutorado em educação. Programa de Pós-
Graduação em Educação Brasileira da Faculdade de Educação da Universidade Federal do
Ceará. Fortaleza: Universidade de São Paulo, 2005.
BARONE, Rosa Elisa M. Educação e políticas públicas: questões para o debate. Trabalho
(apresentado no concurso para Professor Adjunto Teorias da Educação)-Centro de Ciências da
Educação, Departamento de Estudos Especializados em Educação. S.l: Universidade Federal
de Santa Catarina, 1998.
DELORS, Jacques (org). Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, 1998.
MÉZÁROS, István. A educação para além do capital. In: Fórum Mundial de Educação, 28,
2004, Porto Alegre-Brasil.
MAIA FILHO, Osterne Nonato; JIMENEZ, Suzana Vasconselos. Trabalho, educação e luta
de classes: A pesquisa em defesa da história. Fortaleza: Brasil Tropical, 2004.
MAIA FILHO, Ostene Nonato. O contexto histórico da atual reforma do ensino médio. Tese
(Doutorado educação) – programa de pós-graduação em educação. Fortaleza: Universidade
Federal do Ceará, 2004.
________________. Da nova LDB ao novo plano nacional de educação: por uma outra
política educacional. Campinas: Autores Associados, 1998.
VIEIRA, Sofia Lerche e ALBUQUERQUE, Maria Glaucia Menezes. Política e planejamento
educacional. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2001.