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PROFESSORES NO
CONTEXTO DAS
REFORMAS
EDUCACIONAIS E DO
ESTADO'
Introdução
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das e o equivoco de que se revestiam. Cons- so de interface com o profissional em servi-
tatou-se que elas não só possuíam coerên- ço no sentido de tratar os aspectos teóricos
cia como constituíam um conjunto de em articulação com problemas concretos".
alterações extremamente amplas do cená- No que concerne à titulação exigida, cons-
rio educativo nacional. Dentre as medidas tata-se uma posição favorável à elevação do
referidas, destacaremos as que dizem res- patamar mínimo que habilita o profissional ao
peito diretamente à formação dos professo- exercício do magistério na Educação Bási-
res, o foco do presente trabalho. ca. O Artigo 62, combinado ao Artigo 87, da
Formação de professores no contexto LDB (Lei 9394/96) fornece os elementos que
das reformas educacionais permitem entender que para atuar nesse ní-
A instituição dos Parâmetros Curriculares vel de ensino a formação deverá ser obtida
Nacionais em 1995, a promulgação da nova "em nível superior, em curso de licenciatura,
Lei de Diretrizes e Bases (Lei n 2 9394/96) e de graduação plena", estando previsto, pelo
da Lei do FUNDEF (Lei 9424196) e de um Artigo 87, que ao fim da Década da Educa-
sem-número de decretos, resoluções, pare- ção, "somente serão admitidos professores
ceres e instruções normativas que surgem habilitados". Na verdade, estamos longe de
para regulamentar, no detalhe, dispositivos ver tais exigências serem cumpridas devido
gerais das leis mencionadas nos fornecem o às desigualdades regionais do país. No en-
quadro legal que baliza a formação de pro- tanto, vale observar a intenção do legislador
fessores no país. Eles estabelecem os prin- em ver elevada a titulação mínima exigida
cípios, as concepções, os conceitos, as para a atuação na Educação Básica, o que
diretrizes do currículo que embasam a for- de toda evidência, constitui um avanço. Por
mação de professores para a Educação Bá- outro lado, sabe-se que a implementação do
sica, bem como os espaços institucionais dispositivo legal foi feita sob um clima mar-
onde essa formação se deva fazer. cado por muita controvérsia. Nesse sentido,
Sem a pretensão de ser exaustivo, a a boa interpretação é obtida quando se com-
análise do balizamento legal será feita a bina o que diz a LDB com o que prevê a Lei
partir de quatro elementos: os fundamentos do FUNDEF (Lei 9424/96). O exame dos pa-
da formação, a titulação exigida, articulação rágrafos 2 2 e 32 do Artigo 22 da Lei 9424/96
entre formação e valorização do Magistério revela o cuidado havido para que professo-
e as perspectivas. res leigos tivessem assegurados o direito e
Formação
de professores Os fundamentos da formação encon- as condições de obtenção da habilitação mí-
no contexto
tram-se definidos no Titulo VI (Dos profissi- nima exigida ao exercício. Com esse fim, es-
das reformas
educacEonai 5 onais da educação) da LDB. As idéias que tabeleceu um prazo para a obtenção da
e do Estado habilitação necessária à atuação, bem como
sustentam a formação de professores para
a Educação Básica dão forma ao debate instituiu mecanismos de financiamento de
José Batista Neto educacional travado no período, e ainda em cursas que possibilitassem sua oferta. Acon-
voga, e correspondem aos princípios da "as- trovérsia na aplicação do que estabeleceu a
sociação entre teorias e práticas" e do "apro- LDB ficou por conta do fato de os professo-
veitamento da formação e experiências res não habilitados ao exercício, em sua vul-
anteriores". Críticas ao modelo dominante nerável posição, expostos aos interesses e
de formação de professores, diversas posi- aos desmandos do poder local, se viram sub-
ções firmadas no interior do debate educa- metidos a situações em que tiveram que cus-
cional davam relevo à dissociação entre tear, em parte ou totalmente, a despeito dos
teoria e prática nos processos de formação seus baixos salários, cursos de licenciatura,
inicial e continuada. A ANFOPE tem susten- por vezes, de qualidade duvidosa.
tado, como uma proposição de diretriz para Um outro dado que merece registro ad-
uma política nacional de formação, "proces- vém da criação de novos espaços instiluci-
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onais de formação do docente, representa- unidades específicas de ensino ou como
da pela instituição dos institutos superiores coordenação única de cursos ministrados
de educação e do curso normal superior. em diferentes unidades de uma mesma ins-
Como já foi lembrado, segundo a LDB, tituição de ensino superior.
a formação desse docente far-se-á em cur- Estabeleceu ainda que, em qualquer das
so de licenciatura plena a ser ministrado por alternativas mencionadas, os Institutos Su-
universidade e por institutos superiores de periores de Educação deverão contar com
educação. uma instância de direção, formalmente cons-
Isto quer dizer que as licenciaturas man- tituída, a qual será responsável por coorde-
tidas fora das universidades e centros uni- nar a formulação, execução e avaliação do
versitários devem ser incorporadas a projeto institucional próprio, de formação de
institutos superiores de educação. Nas uni- professores.
versidades, ficam a seu critério organizar ou Desse modo, orienta o Parecer CNE-CP
não institutos superiores de educação, em n9 115/99,
seu interior. "os Institutos Superiores de Educação,
Há na lei, por conseguinte, a preocupa- como todo estabelecimento de ensino
ção em introduzir um novo espaço de for- conforme o disposto nos Art. 12 e 13 da
mação - o instituto superior de educação LOS, terão projeto pedagógico instituci-
(ISE) - e um novo curso - o curso normal onal próprio, de formação de professo-
superior (CNS) - que passam a ser objetos res, que articule os projetos pedagógicos
de desdobramento e orientação. de cursos integrando as diferentes áre-
Melhor diria, a legislação introduziu como as de fundamentos e de conteúdos cur-
riculares da educação básica,
desdobramento dois modelos: um para as considerando as características da soci-
instituições universitárias e outro para as IES edade da comunicação e da informação,
não-universitárias. Tal diferenciação torna- visando assegurara organicidade e es-
se mais evidente quando se observa a exigên- pecificidade do processo de preparação
cia do SE e do CNS nas ES não-universitáas. profissional." (grifo nosso)
A Resolução CNE-CP n 9 1, de 30 de se- Em dezembro de 1999, o Decreto 3.276/
tembro de 1999, dispôs sobre os Institutos 99 restringiu exclusivamente ao Curso Nor-
Superiores de Educação (ISE), considera- mal Superior a formação de professores em
dos os Artigos. 62 e 63 da Lei 9.394/96 e o nível superior para atuação multidisciplinar
Formação
Art. 92, § 2, alíneas "c" e "h" da Lei 4.0241 (Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino de proíessores
61, com a redação dada pela Lei 9.131195. Fundamental). A intensa discussão propici- no contexto
das reformas
O Parecer CNE-CP n 9 115, de 10 de ada pela edição do referido Decreto resul- educacionais
agosto de 1999, que estabeleceu as Diretri- tou na mudança de redação do § 22 de seu e do Estado
zes Gerais para o ISE, já havia advertido artigo l, na forma do Decreto 3.554, de 71
que a criação de um Instituto Superior de 8/2000. José Batista Neto
Educação podia dar início ou modificaria as ",4it 1-0. O § 29 do art. 32 do Decreto n2
oportunidades de formação docente já ofe- 3.276, de 06 de dezembro de 1999, pas-
recidas por uma instituição de ensino supe- sa vigorar com a seguinte redação:...
rior1 por isso as suas características de
§ 29A formação em nível superior de pro-
atuação podiam ser diferenciadas tanto no fessores para a atuação multidisciplinar,
que concerne à sua inserção institucional, destinada ao magistério na educação in-
quanto no que se refere à abrangência da fantil e nos anos iniciais do ensino fun-
formação promovida. damental far-se-á, preferencialmente,
Assim, a Resolução CNE-CP n 2 01199 em cursos normais superiores."
estabeleceu que os Institutos Superiores de Conforme o Parecer CES n2 133/2001,
Educação poderão ser organizados como a alteração no teor do Decreto 3.276199 "sus-
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citou questionamentos quanto aos cursos Foi o conselheiro Jacques Velloso quem
que poderão preparar professores para atu- se debruçou sobre essa questão. A declara-
ação na Educação Infantil e nos anos inici- ção de voto dada no Parecer CES ng 970,
ais do Ensino Fundamental". Para dirimir tal traz o posicionamento do conselheiro. UQ
dúvida, e em relação apenas à formação Parecer CP 115199 e o projeto de Resolução
para o magistério da Educação Infantil e dos a ele incorporado não discutiam as finalida-
Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o CNE des dos cursos de Pedagogia. Quanto a es-
manifestou-se, através desse mesmo Pare- tes cursos estabelecia-se, tão somente, que
cer n 133/2001, definindo: quando ministrados por instituições não uni-
"A oferta de cursos destinados à forma- versitárias, suas licenciaturas (habilitações
ção de professores de nível superior para em El ou A IEF) deveriam ser incorporadas a
atuar na Educação Infantil e nos Anos Institutos Superiores de Educação, a serem
iniciais do Ensino Fundamental obede- estabelecidos em tempo hábil, isto é, dentro
cerá aos seguintes critérios: de quatro anos, conforme oArt. 13 do projeto
a)quando se tratar de universidades e de de Resolução.
centros universitários, os cursos pode- Permanecia assim em aberto qual era a
rão ser oferecidos preferencia/mente finalidade dos cursos de Pedagogia nas
como Curso Normal Superior ou como universidades. Mas é fácil identificá-la.
curso com outra denominação, desde Os cursos de Pedagogia são menciona-
que observadas as respectivas diretrizes dos noArt. 64 da LDB. Sua finalidade, quan-
curriculares;
do oferecidos em universidades, pode ser
b) as instituições não-universitárias te- entendida no conjunto dos dispositivos da
rão que criar Institutos Superiores de Lei, ora analisados, e à luz do Parecer CP
Educação, caso pretendam formar pro- 115/99. Dispõe oArt. 64:
fessores em nível superior para Educa-
ção Infantil e Anos Iniciais do Ensino A formação de profissionais de educação
Fundamental, e esta formação deverá para administração, planejamento, super-
ser oferecida em Curso Normal Superi- visão e orientação educacional para a
or, obedecendo, ao disposto na Resolu- educação básica, será feita em cursos de
ção CNE/CP 1/99." graduação em Pedagogia ou em nível de
pôs-graduação, a critério da instituição de
Em 08 de maio de 2001, o Parecer CP n ensino, garantida, nesta formação, a base
Formação
009 dispôs sobre as Diretrizes Curriculares comum nacional.
de professores Nacionais para a Formação de Professores Note-se que o sujeito da sentença do
no contexto
das reformas da Educação Básica, em nível superior, cur- caput do artigo é a formação dos profissio-
educacionais so de licenciatura, de graduação plena. nais nele referida, a ser efetuada em cur-
e do Estado
A legislação, como se vê até agora, é pré- sos de Pedagogia. Como se vê, o Art. 64
diga em dispositivos de vários graus que re- não determina que os cursos de Pedago-
José Batista Neto gulamentam a formação de docentes para a gia formem somente profissionais para a
educação básica, com ênfase nos cursos que Administração, o Planejamento, a Inspe-
formam os professores para atuação multi- ção, a Supervisão e a Orientação Educaci-
disciplinar. Vale lembrar, no entanto, que até onal voltados para a educação básica.
a presente data, não foram aprovadas as di- Logo, a formação destes profissionais é
retrizes nacionais curriculares do curso de uma, e apenas uma das tarefas dos cur-
Pedagogia, o que tem causado um clima de sos de Pedagogia ministrados em univer-
questionamentos, dúvidas e incertezas quan- sidades."(grifo do autor)
to às suas finalidades e natureza. Ademais, Velioso prossegue discutindo as finali-
quanto à formação de docentes para as ma- dades do curso de Pedagogia, sem perder
térias pedagógicas do ensino médio, a legis- de vista os pontos de intersecção com o
lação ainda permanece omissa. Curso Normal Superior.
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"Na discussão sobre as finalidades do limites temporais pretendidos pela LDB. Isso
curso de Pedagogia e dos cursos normais coloca duas necessidades: manter cursos
superiores, o caput do Art. 63 e seu inciso 1 de formação de professores em nível médio
são especialmente relevantes para os pro- e, em conseqüência, dotar o sistema de for-
pósitos do presente Parecer: mação com cursos de licenciatura que ha-
Art. 63. Os institutos superiores de edu- bilitem docentes para atuar nesses cursos.
cação manterão: Tradicionalmente, a formação em nível su-
- cursos formadores de profissionais perior de professores para atuação em cur-
para a educação básica, inclusive o cur- sos de nível médio, modalidade Normal tem
so normal superior, destinado à forma- sido feita pelo curso de Pedagogia. Ora,
ção de docentes para a educação infantil considerando inexistir na legislação educa-
e para as primeiras séries do ensino fun- cional proibição expressa a que essa oferta
damental. prossiga através do curso de Pedagogia,
Compete então aos Institutos Superiores seria incoerente não autorizar novos cursos
de Educação - ISEs manter diversos cursos que pretendam formar esse profissional.
de formação de docentes para a educação Nesse sentido, é útil lembrar as conclu-
básica. Entre estes estão os cursos normais sões do douto conselheiro Jacques Velloso
superiores, dedicados a formar os que atua- em seu voto em separado dado ao Parecer
rão na educação infantil - El - e nos anos CES n 9 970/99:
iniciais do ensino fundamental - AIEF Por "Na boa hermenêutica, quando são in-
certo, fora de qualquer dúvida, destinam-se terpretadas as leis, tudo o que estas ve-
os cursos normais superiores à formação de dam em sua letra ou cm seu espírito é
profissionais para lecionar na Ele nos AIEF" proibido. De modo análogo, tudo o que
Uma questão daí emerge. A legislação estas não vedam em sua letra ou em seu
que trata do Curso Normal Superior se ocu- espírito é permitido. Se isso é verdade
para toda e qualquer Lei, tanto mais o é
pa da formação de profissionais em nível para a LDB, que tem em sua espinha
superior para o exercício da profissão - atu- dorsal a diretriz da flexibilidade e o con-
ação na El e no AIEF - e não trata da forma- vite à inovação, sempre resguardada a
ção de formadores - atuar nas disciplinas qualidade do ensino - esta pela via da
pedagógicas no normal médio -. Nesse sen- comedida supervisão do Estado sobre os
tido, em nenhum momento previu que o fatores iniciais da oferta do ensino e da
enfática avaliação dos resultados. Efeti- Formação
Curso Normal Superior deverá responder de professores
pela formação de docentes que atuarão em vamente, não cabe proibir aquilo que a no contexto
LDB permite, porque não veda." das reformas
nível médio. educacionais
Um outro ponto a considerar diz respei- A possibilidade da oferta não exime a exi- e do Estado
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e valorização do magistério. De que modo a II - elaborar e cumprir plano de traba-
discussão sobre a formação está relaciona- lho, segundo a proposta do estabeleci-
da à temática da valorização do magistério? mento de ensino;
Já se disse que o diploma é o passapor- III - zelar pela aprendizagem do aluno;
te para o ingresso no mercado de trabalho
IV - estabelecer estratégias de recupe-
e que a disputa pelos melhores postos de ração de alunos de menor rendimento;
trabalho é regulada pela exigência de um
nível de diploma mínimo e é definida, cada V— ministrar os dias letivos e horas-aula
vez mais, em favor dos que possuem níveis estabelecidos, além de participar inte-
gralmente dos períodos dedicados ao
de diplomação mais elevados, mas também
planejamento, à avaliação e ao desen-
pela qualificação para o exercício do posto volvimento profissional;
e pela experiência anterior.
Como já anunciei, anteriormente, no caso VI - colaborar com as atividades de arti-
do professor, essa questão está regulamenta- culação da escola com as famílias e a
comunidade.
da pela LDB. Aqui, quero abrir parênteses que
considero importantes na abordagem do tema Apesar da importância de todos os inci-
da valorização do magistério. Essa Lei teve o sos referidos, chamo atenção para os de
mérito de definir as atribuições do professor. números III, IV, V e VI. Os incisos III e IV
Pela primeira vez na história da educação do conferem ao professor a incumbência de
país, temos definido, em lei, o que compete cuidar pela aprendizagem do aluno, o que
ao professor, as atribuições que lhes são ine- põe em evidência a idéia de que esse é um
rentes. Essa questão pode parecer, à primeira profissional que se incumbe do ensino. O
vista, uma questão menor. Ela, porém, reves- inciso V nos confronta com a idéia de que o
te-se de grande importância, na medida em ensino demanda a participação do docente
que o esforço de se delimitar o que compete em atividades de planejamento e avaliação,
ao professor constitui um passo largo na dire- bem como a necessidade da implicação in-
ção da profissionalização dessa categoria. E, tegral com seu desenvolvimento profissio-
nos termos em que está organizado o mundo nal. Entenda-se por isso, a implicação com
social e o mundo do trabalho, a profissionali- sua formação continuada,
zação de uma atividade laboral é um instru- Quero agora sinalizar, mais diretamen-
mento de grande significação para a te, para o que vem a ser a valorização do
Formação valorização dessa mesma atividade. Nossa magistério. Sirvo-me, mais uma vez, da LDB,
de professores para delimitar o que este país definiu sobre
no contexto sociedade costuma valorizar as atividades que
das reformas se profissionalizaram. E a profissionalização a matéria. Isto é feito através do Art. 67, do
educacionais
e do Estado supõe a definição do que é aquela profissão, mesmo do Título VI, Dos Profissionais da
do que a distingue de outra, portanto, do que Educação, já referido, que estabelece:
faz um profissional. Isto é fundamental para Os sistemas de ensino promoverão a
José Batista Neto valorização dos profissionais da educa-
que se possa instituir o monopólio da ativida-
de por um grupo de pessoas que detenha os ção, assegurando-lhes, inclusive nos ter-
mos dos estatutos e dos planos de
meios para atuar nesse campo. carreira do magistério público:
Passo, então, sem mais delongas, ao
que diz a LDB sobre as incumbências do - ingresso exclusivamente por concur-
docente. Isto é feito pelo Art. 13, do Título so público de provas e títulos;
IV, Da Organização da Educação Nacional: II - aperfeiçoamento profissional conti-
Os docentes incumbir-se-ão de: nuado, inclusive com licenciamento pe-
riódico remunerado para esse fim;
- participar da elaboração da propos-
ta pedagógica do estabelecimento de III - piso salarial profissional;
ensino; IV - progressão funcional profissional
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baseada na titulação ou habilitação, e na fessores nesse início de milênio se não a
avaliação do desempenho; dispusermos nessa cadeia lógica.
V— período reservado a estudos, plane- A formação de professores é um capu-
jamento e avaliação, incluído na carga lo aberto, o que coloca como perspectiva a
horária de trabalho; necessidade do enfrentamento de uma sé-
VI - condições adequadas de trabalho. rie de desafios. Gostaríamos de nos referir,
muito brevemente, a alguns desafios que
Parágrafo único. A experiência docente temos a enfrentar. O dever de casa que este
é pré-requisito para o exercício profissi- país precisa cumprir com relação aos seus
onal de quaisquer outras funções de
magistério, nos termos das normas de professores, seus cidadãos e seu povo. Sem
cada sistema de ensino. a menor pretensão de exaurir esta análise
sobre a formação de professores, apresen-
Não se pode tratar do tema da valoriza-
tamos sete itens que constituem, a agenda
ção do magistério sem abordar a questão
do debate, pelos anos que virão, sobre a
da remuneração do trabalho. Esse tem sido,
formação, valorização e a profissionalização
ao longo do tempo, um ponto nevrálgico, o
docentes: política de financiamento da edu-
calcanhar de Aquiles para a categoria. O ma-
cação, piso nacional de salário, condições
gistério, apesar de ser uma atividade para
gerais de trabalho, política de formação ini-
cujo exercício exige titulação, continua sen-
cial e continuada, reforma curricular dos
do uma das que paga os mais baixos salári-
cursos de formação, fiscalização e controle
os. Nesse campo, ainda temos muito que
social do acesso ao magistério e código de
avançar.
ética.
Considerações finais A superação dos desafios referidos, de-
A formação de professores para a Edu- finitivamente, não é tarefa fácil. Ela não pode
cação Básica conheceu grandes mudanças ser obra de iluminados, por mais especia-
desde a década de 1990. Tais mudanças listas que sejam, nem da outorga de gover-
estão balizadas pela reforma do Estado e nos e das administrações dos sistemas de
por reformas educacionais, sendo delas ensino. Acreditamos que só com o diálogo,
parte integrante. Aludimos ao fato de que a participação democrática será possível
não se pode entender a formação de pro- avançar.
Forma ço
de professores
no contexto
das reformas
educacionais
e do Estado
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Notas
Formação
de professores
no contexto
das reformas
educacionais
e do Estado
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Referências Bibliográficas
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Médicas, 2000.
de 2001.
Anexo
Ano
1990
1993 Plano Decenal de Educação para Todos Formação
1995 Instituição dos Parâmetros Curriculares Nacionais de professores
1996 Edição da LDB (Lei n°9394) no contexto
das reformas
Promulgação da Lei do FIJNDEF (Lei n°9424)
educacionais
1997 Regulamentação do Instituto Superior de Educação (Resolução CNE n°01/97) e do Estado
1998 Exame Nacional de Cursos ('Provão")
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)
1998 Regulamentação da Educação á Distância José Batlsta Neto
1999 Regulamentação do Curso Normal Superior (Decreto n°3276)
2000 Plano Nacional da Educação
Programa Nacional do Livro Didático
2002 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação
Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena
2002 Instituição da duração e da carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação
plena, de formação de professores da Educação Básica em nível superior
2003 Sistema Nacional de Certificação e Formação Continuada de Professores
da Educação Básica
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