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História da Educação
UNIDADE 4
História da Educação Graduação | UNISUAM
A Política
Educacional nos
Últimos Anos
Objetivo do estudo
- Apresentar como as políticas educacionais dos tempos atuais estão
diretamente vinculadas às transformações sociais, políticas e econômicas as
quais o país vivenciou;
- Identificar que a crise do capital e as mudanças no mundo do trabalho em
função da reestruturação produtiva começam, de forma efetiva, a definir as
reformas na educação brasileira na última década;
- Analisar as reformas a que a educação vem sendo submetida nos últimos
anos, culminando com proposta de reforma da educação superior;
- Entender as políticas educacionais implantadas ao longo da década de
1990 no Brasil.
http://www.pnbe.org.br/wp-content/
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Apresentação
As políticas educacionais que hoje se apresentam
norteiam-se por princípios, diretrizes e pressupostos
que traduzem a opção de sociedade, de educação
e de ser humano adotadas pelo atual governo e
que giram em torno das determinações oriundas
de organismos internacionais que apontam a
necessidade de ajustar a educação às reformas
do Estado. Outra referência trata das mudanças
no paradigma produtivo, como forma de sair da
crise do capital. Isso implica colocar a educação
como um dos elementos importantes para que o
Estado cumpra, nessa ótica, o seu novo papel nos
ajustes estruturais e fiscais exigidos por aqueles
organismos.
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Unidade 04 A Política Educacional nos Últimos Anos
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uma forma de regulação social e de ajuste estrutural, enquanto um
mecanismo formal (Estado) e informal (sociedade civil) que estrutura o
conjunto de setores da vida social, política e econômica, nas dimensões
pública e privada e que, no caso específico do Brasil, apontam para
uma concepção produtivista e mercantilista, procurando desenvolver
habilidades e competências definidas pelo mercado, o que possibilitaria a
empregabilidade. (FRIGOTTO, 2001)
>
As reformas na educação que pontuaram
aprofundando o cenário nacional não poderiam fugir da
intencionalidade posta pelo novo padrão
tecnológico e as implicações dele decorrentes.
VÍDEO Po r t a n to , a s re fo r m a s q u e e s t ã o s e n d o
colocadas podem ser analisadas como formas
h t t p s : // w w w . y o u t u b e . c o m / de arranjos que facilitam um reordenamento
watch?v=KDlydJpnhv8 social e político a partir dos novos padrões de
produção.
T1 As Mudanças Educacionais
no Contexto Brasileiro na Década de 90
Políticas definidas para as décadas futuras, seu primeiro passo foi pressionar
os países dependentes quanto ao seu atraso com relação ao desempenho
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A re fo r m a d o E s t a d o b ra s i l e i ro n a d é c a d a d e 1 9 9 0 p o d e s e r
considerada um marco na inserção nacional da ideologia neoliberal 1
no país. As políticas neoliberais foram amplamente difundidas na América
Latina a partir da década de 1980. No Brasil, o neoliberalismo foi adotado
a partir do governo do presidente Fernando Collor de Mello, tendo como
marco de implementação os anos de 1990.
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> aprofundando
VÍDEO
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http://1.bp.blogspot.com/-jbxfiXShLFA/U71jWMDx1cI/
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Os Acordos Internacionais
MEC-Usaid e a Política
T2 Educacional Brasileira
saiba mais
?
setores da sociedade que, num anseio de
participação, após décadas de impossibilidade
de exercer esta prática, por cerceamento da
liberdade de manifestação decorrente dos
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/ mecanismos ditatoriais instaurados no Brasil
L9394.htm nos anos 1960 - 1980, experimentam uma
prática democrática.
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https://aprender.buzzero.com/buzzers/
nina21santos/44113/HotSiteImage.jpg
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Influenciada pela teoria do capital humano, a reforma que seria produzida a partir
da assinatura destes acordos internacionais vincularia a educação à produção,
em seu sentido estrito, isto é, a finalidade única do processo educacional seria
a formação de trabalhadores com melhor qualificação profissional.
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É óbvio que a assinatura de acordos deste gênero iria acarretar protestos dos
setores diretamente interessados na questão, notadamente os estudantes.
Depois de esgotadas quaisquer tentativas de diálogo com o governo, restou
somente às lideranças estudantis o caminho da radicalização do movimento,
com o início de uma série de protestos e manifestações de rua, em que a
denúncia destes acordos emergia como um dos seus principais componentes.
4 Romanelli, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil. Petrópolis, Vozes, 1987, p. 200.
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> aprofundando
com a necessidade de uma reforma universitária,
inclusive uma reformulação do sistema de admissão.
Mas também havia profundas divergências sobre o que
exatamente deveria ser modificado. O governo Castelo
Branco propusera reformas ambiciosas (para todos os
VÍDEO níveis de ensino) a serem planejadas e executadas pelo
Ministério da Educação (MEC) em conjunto com a USAID
(daí o rótulo MEC-USAID). O programa foi imediatamente
https://www.youtube.com/watch?v=VoTX8_ atacado pelos nacionalistas, especialmente os
pPrQE estudantes, que o denunciaram como “infiltração
imperialista na educação brasileira”.5
A reforma do ensino
T3 de 1º e 2º graus
A LDB nº 4.024/61 estruturou o ensino da seguinte maneira: tínhamos o ensino
primário com quatro anos de duração. Ao concluir o curso primário, o aluno
deveria – até 1967, no Estado de São Paulo – prestar exame de admissão para,
assim, ingressar no ensino médio, compreendido pelo curso ginasial de quatro
anos, e um prolongamento deste com o curso colegial de três ou quatro anos
de duração. O ensino médio (ginasial + colegial) era dividido pelos seguintes
ramos do ensino: de um lado, o ensino acadêmico, composto pelo curso
secundário, e de outro lado, o ensino técnico profissionalizante que, por sua
vez, estava subdivido pelos diferentes ramos: normal, industrial, comercial e
agrícola, considerados necessários para o desenvolvimento industrial brasileiro.
A partir de então, o aluno que concluísse qualquer ramo do ensino médio
poderia ter acesso ao ensino superior mediante vestibular.
5 Skidmore, Thomas. Brasil: de Castelo a Tancredo. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1989, p. 154.
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As reformas que incidiram sobre o ensino médio nos anos 30 e 40, como
vimos, foram reformas que organizaram e sistematizaram o ensino secundário,
mas mantiveram a longa tradição deste ensino referente à formação geral
e desinteressada, com um currículo predominantemente humanista. A Lei
5.692/71 buscou quebrar essa hegemonia humanista estabelecendo a
obrigatoriedade de uma educação voltada para uma formação para o trabalho.
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O Ensino Médio foi configurado na LDB (Lei no 9394/96) como a última etapa
da educação básica. Esse fato novo se deu num momento em que a sociedade
contemporânea vive profundas alterações de ordem tecnológica e econômico-
financeira. O desenvolvimento científico e tecnológico das últimas décadas
não só transformou a vida social, como causou profundas alterações no
processo produtivo, que se intelectualizou, tecnologizou, e passa a exigir um
novo profissional, diferente do requerido pelos modelos taylorista e fordista
de divisão social do trabalho.
A sociedade contemporânea
aponta para a exigência de uma
educação diferenciada, uma vez que
a tecnologia está impregnada nas
diferentes esferas da vida social.
A ideia do Ensino Médio como parte da educação básica está em consonância
com esse novo contexto educacional, uma vez que, segundo a LDB,
objetiva consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos na educação
fundamental, desenvolver a compreensão e o domínio dos fundamentos
científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna, e não apenas
preparar para o vestibular.
https://vivergeografia.files.wordpress.com/2014/11/ead.jpg
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Outro ponto que vale destacar é que a divisão da proposta curricular em duas
partes, base nacional comum e parte diversificada, também não é algo novo,
pois já esteve presente nas leis de 1960 e 1970. Na atual reforma, todavia, a
parte diversificada não tem a intenção de terminalidade profissional. Continua
a centralização na formação acadêmica/propedêutica, uma das históricas
exigências da classe média.
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Unidade 04 A Política Educacional nos Últimos Anos
É justamente a aprendizagem
permanente dos agentes escolares
no planejamento curricular,
construído coletivamente, que
pode melhorar a ação educativa de
cada escola de educação média.
Vale destacar a dificuldade que as escolas poderão ter com a falta de material
didático que contemple as exigências da sociedade tecnológica, bem como
a proposta de ensino a ela conveniente. Os atuais materiais didáticos, tais
como livros didáticos com conteúdos selecionados pelas editoras e apostilas,
foram concebidos, em geral, para modelarem o ensino a um formato curricular
homogêneo, vinculado a um paradigma curricular que se liga à racionalidade
técnica, do tipo preparação para concursos vestibulares.
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A reforma universitária
A Reforma Universitária de 1968, dada a sua repercussão para a educação e para
a sociedade brasileira até os dias de hoje, é reconhecida como fato histórico da
mais alta relevância. Sempre um tópico lembrado nos mais diferentes fóruns,
menos para ressaltar suas virtudes e muito mais para imputar-lhe as mazelas
pelas quais tem passado a universidade e a educação ao longo dos quarenta
anos após a sanção da Lei 5.540/1968 no regime ditatorial (1964-1985).
6 Vale ressaltar que acordos MEC-USAID já vinham sendo celebrados pelos governos
dos estados e pelo governo federal muito antes do golpe de 1964, com parte da “Aliança
para o progresso”, que era uma política de contenção do avanço das forças socializantes
no contexto da Guerra Fria. (GERMANO, 2000, p. 125).
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tempo anterior"
7 Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, integrado por intelectuais favoráveis à restau-
ração da ordem.
8 “Essa comissão, constituída nos termos de um convênio entre o MEC e a USAID, se com-
punha de cinco americanos e dois brasileiros” (FREITAG, 1980, p. 83)
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10 “A Comissão Meira Matos teve assim uma dupla função: a) atuar como interventora nos
focos de agitação estudantil e b) estudar a crise em si, para propor medidas de reforma.
Sob este aspecto, o relatório que apresentou nada mais fez do que reforçar as propostas
surgidas com os Acordos MEC-USAID...” (ROMANELLI, 2000, p. 197)
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T4 A globalização e a educação
em tempos de políticas neoliberais
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http://www.contee.org.br/desnacionalizacao/fabrica_de_diplomas.jpg
Uma das estratégias neoliberais consiste em transferir a educação da esfera
da política para a esfera do mercado, transformando a educação como um
direito, em educação como propriedade. Nessa ótica, as estratégias de
reformas educacionais empreendidas nesta década no Brasil se baseiam
em um conceito específico de qualidade, uma nova retórica conservadora
na esfera educacional: a qualidade como critério mercantil, aplicando os
princípios da empresa na escola. (Frigotto, 1995, 1998; Gentili, 1994, 1998;
Enguita, 1994) 11
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Deste modo, ser cidadão do mundo diz respeito mais em participar de redes
sociais virtuais e consumir bens e serviços propagados pela comunicação
midiática, do que participar efetivamente da liberdade de escolher onde
trabalhar, que língua falar, o que vestir, enfim, da mundialização da cidadania.
12 Conjunto de valores sociais e morais que tornam a convivência humana mais justa e fraterna.
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Segundo o
pensamento
neoliberal, a
escola ainda não
se deu conta
do valor do
conhecimento
numa sociedade
onde triunfam
os melhores,
os possuidores
de maior http://1.bp.blogspot.com/-3p5E9Djcqyk/U-pweBpKewI/
AAAAAAAAAUw/FsKKVxIWF_o/s1600/conhecimento-compartilhado.jpg
conhecimento.
Só que esta escola, a que está aí, sobretudo a escola pública, vive uma profunda
crise, que a torna ineficiente na sua função de oferecer esta mercadoria, que
é o conhecimento, às pessoas interessadas, aos seus clientes. E esta crise, na
leitura neoliberal, é, fundamentalmente, uma crise gerencial, necessitando a
escola ser submetida a uma reforma administrativa para se tornar competitiva.
Deve, portanto, abandonar o campo da política para se adentrar na esfera do
mercado. Para isso, necessita estabelecer mecanismos de controle e avaliação
dos serviços educacionais, e estes devem estar articulados e subordinados
às necessidades do mercado de trabalho.
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http://www.contee.org.br/
desnacionalizacao/caixa.jpg
Fala-se, então, de otimização, de “racionalidade”, de melhor utilizar os limitados
recursos postos à disposição dos serviços educacionais. Desta maneira, no
entendimento neoliberal, a educação poderia cumprir sua função social:
ajustar o cliente, o comprador de seus serviços, às demandas do mundo
dos empregos. Teria uma função de “empregabilidade” (GENTILI, 1996, p. 25).
A educação instrumentalizaria o cliente para poder competir no mercado. O
resto é por conta dele, de seu esforço, de seu interesse e capacidade. Voltamos
ao discurso da meritocracia: vence aquele que mais se esforçar e batalhar.
#
pare e reflita de acumulação capitalista tem estimulado a
entrada das novas tecnologias microeletrônicas
(informática, máquinas numéricas e a robótica)
e das novas formas de organização do trabalho,
Como se daria esta subordinação e intensificadas no final da década passada diante
organização? da competitividade internacional e da busca do
Realmente o processo produtivo necessita crescimento econômico.
da escola, da educação formal para preparar
o trabalhador? Se, no antigo modelo taylorista e fordista, eram
Não se trataria de um discurso para culpar exigidos do trabalhador atributos escolares e
a escola pela exclusão do trabalhador culturais de pouca relevância, hoje, este novo
devido à sua não qualificação, à sua “não padrão tecnológico exige sua requalificação, seu
competência”? aperfeiçoamento profissional, o domínio de novas
especificidades.
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Porém, não podemos negar que esta nova conjuntura econômica associada
aos avanços nas tecnologias da comunicação é que mais tem pesado para
que administradores e gestores das políticas públicas se inclinassem em
direção à EAD.
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> aprofundando
ensinar e ao aprendiz aprender (RUMBLE, 1996,
p.1). Elas, por si só, não garantem a aprendizagem.
Estudos clássicos demonstram que as variáveis
associadas ao êxito no processo de aprendizagem
VÍDEO não estão relacionadas aos meios utilizados, às
tecnologias, e sim à motivação e interesse de
h t t p s : // w w w . y o u t u b e . c o m / aluno e professor, muito mais a um sorriso do que
watch?v=bxK9KtF4Dvk a uma atraente, mas fria, tela de televisão ou ao
encantador monitor de um computador.15
A Educação no contexto
T5 político do Governo Lulista
O governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva foi marcado por desenvolver
políticas sociais direcionadas aos setores mais vulneráveis socialmente
da população. Na educação, o governo federal desenvolveu programas,
estabelecendo parcerias com os municípios e com as escolas diretamente,
muitas vezes sem a mediação dos estados, consolidando assim um novo
modelo de gestão de políticas públicas e sociais.
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Foi somente no último ano do primeiro mandato que, por meio da Emenda
Constitucional n. 53, de 19/12/2006, atribuindo nova redação ao parágrafo
5º do art. 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, o governo criou o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (FUNDEB).
>
Amostra de Domicílios – PNAD/IBGE de
aprofundando novembro de 2005, o governo do presidente
Lula estaria fazendo do Brasil um país menos
desigual. A pesquisa mostra que a taxa de
Lei n. 11.494 miséria em 2004 caiu 8% se comparada a 2003,
ano em que Lula tomou posse. Ainda segundo
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ a PNAD, oito milhões de pessoas teriam saído
ato2007-2010/2007/lei/l11494.htm da pobreza (classes D e E) ao longo do seu
primeiro mandato.
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