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MÓDULO I – DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL

FRANCIMARCOS PEIXOTO GOMES


Olá, professor(a)!

Seja bem-vindo(a) ao nosso percurso formativo! Ao


longo dos próximos encontros, abordaremos os aspectos
conceituais, práticos e operacionais relativos à dimensão
político-institucional da função de gestor(a) escolar, e como
a atuação deste(a) profissional está relacionada com a in-
teração entre a escola, a comunidade escolar e as políticas
educacionais.

Neste módulo, iremos entender as definições de


Gestão e Administração Escolar, de Gestão Democrática,
Gestão Participativa, Planejamento Estratégico e Análise
Diagnóstica.

Além disso, iniciaremos a construção do Plano de


Gestão, ferramenta avaliativa do nosso curso e que subsi-
diará a ação de cada um de vocês no exercício da função
diretiva, além de nortear as práticas de gestão à luz dos ca-
minhos definidos nas políticas educacionais do município
de São José/SC e, consequentemente, do fortalecimento da
escola como equipe de transformação social.

Preparado(a) para nossa jornada?

Então, vamos lá!


SUMÁRIO

GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: PERCURSO HISTÓRICO 4

ASPECTOS CONCEITUAIS DE GESTÃO DEMOCRÁTICA 8

GESTÃO PARTICIPATIVA NA ESCOLA 11

NOÇÕES DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 18

COMPREENDENDO A REALIDADE AO MEU ENTORNO 22

ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA 23

REFERÊNCIAS 25
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GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR:


PERCURSO HISTÓRICO

Quando falamos em Administração, é comum que nossas sinapses


neurais conduzam o pensar para as relações estabelecidas no campo in-
dustrial, comercial ou congênere. Essa relação está correta e em nada mi-
nimiza a ressignificação dessas práticas e a aplicabilidade destes conceitos
em outras áreas de atuação, como a educação, por exemplo.

Ainda que estejamos falando de uma prática milenar, os estudos


relacionados à Administração são recentes e ganhou força com a Revolu-
ção Industrial. A necessidade de repensar os processos, a partir do fortale-
cimento da indústria e das organizações, impulsionou teóricos e estudio-
sos da área a pensar em modelos estratégicos e sistematizados para melhor
atender à demanda recorrente, inclusive com a importação e adaptação de
modelos gerenciais adotados em outros países, sendo aplicados, também,
na organização escolar.

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Nas palavras de Sander (2007), no Brasil, o modelo de administra-


ção escolar sofreu grande influência do mercado externo, como os da Eu-
ropa e dos Estados Unidos, endossado pelo contexto político e econômico
brasileiro vivenciado em cada período e o lugar que tal política ocupava
no cenário administrativo da época. Ainda de acordo com Sander (2007,
p. 424), “durante o Período Colonial, a educação não constava entre as
prioridades dos governantes que, consequentemente, não se preocupa-
ram com a organização de um sistema de ensino para a população.”.

Esse cenário se estendeu até o início do século XX e ganhou uma


nova fase com o Período Republicano e o surgimento de diversas agen-
das que movimentaram as políticas educacionais, como a Semana da Arte
Moderna, em 1922, e a fundação da Associação Brasileira de Educação
(ABE), em 1924, que resultou na propositura e efetivação do movimen-
to da Escola Nova e do Manifesto dos Pioneiros da Educação, em 1932,
no Rio de Janeiro. Assim, a educação realizada no âmbito da instituição
escolar ganhou uma nova perspectiva e passou a ser considerada como
um importante instrumento de inserção social, almejada por uma parcela
considerável da população.

Por conseguinte, o cenário teórico sobre o tema ganhou um novo


capítulo e diversas publicações deixaram o tono relatorial, eminentemen-
te técnico, e passaram a exprimir conceitos, teorias e reflexões sobre o
papel da escola, do processo e como são estabelecidas as relações dentro
do sistema educativo. Estudiosos brasileiros na área de administração es-
colar, como Anísio Teixeira, Querino Ribeiro, Carneiro Leão e Lourenço
Filho ganharam notoriedade, fortemente influenciados pelos discursos de
teóricos como Jules Henri Fayol (França), Frederick Winslow Taylor (Es-
tados Unidos), Luther Gulick e Lyndall Urwick (Inglaterra) e Max Weber
(Alemanha), além de alguns pensadores americanos de vanguarda e es-
pecialistas, como John Dewey, Ellwood Patterson Cubberley, Jesse Brun-
dage Sears e Arthur B. Moehlman. Esse arcabouço teórico fundamenta
as primeiras formações em administração escolar no Brasil e fomenta as
primeiras pesquisas nos Institutos de Educação, Escolas Normais e Facul-
dades.

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Com a consolidação dos estudos propostos pelos teóricos brasi-


leiros e a inserção da temática nos bancos das instituições responsáveis
pela formação de professores, um segundo importante passo foi dado em
1961, quando foi instituída a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
cional – LDB (Lei n.º 4.024), que preceituou sob uma nova perspectiva
de sistema de ensino, após longos anos de debates nas Casas Legislativas
e em toda a comunidade acadêmica. Antes desse fato, porém, em feve-
reiro do mesmo ano, foi fundada a Associação Nacional de Professores
de Administração Escolar, que hoje é nominada de Associação Nacio-
nal de Política e Administração da
Educação (ANPAE), a mais anti-
ga associação de administradores
educacionais da América Latina
e a primeira associação brasileira
da sociedade civil organizada no
campo da educação, posterior à
fundação da Associação Brasileira
de Educação – ABE (Movimento
dos Pioneiros da Educação).

Os movimentos sociais
que foram impulsionados como
resistência ao período de inter-
venção militar, a partir de 1964,
ganharam força no processo de
redemocratização e a gestão esco-
lar passou a ter um novo capítulo.
A partir da década de 1980, a edu-
cação brasileira, então, acolheu
propostas ancoradas nos prin-
cípios neoliberais, objetivando
promover reformas institucionais
e administrativas nos setores da
gestão pública.

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No campo educacional, a gestão escolar recebeu influências de


concepções que, até então, eram alheias a este, como o da qualidade to-
tal, cujo parâmetros foram equiparados aos parâmetros de qualidade do
mundo empresarial, redefinindo, assim, os objetivos educacionais.

O movimento de redemocratização guiou a um novo discurso que


se apropriou de terminologias como gestão, autonomia e participação da
comunidade escolar, temas que exerceram grande papel na condução dos
desafios enfrentados para a construção de uma sociedade mais democrá-
tica (HORA, 1994).

A administração escolar, então, atendendo aos ideais políticos do


período, assumiu-se como uma ferramenta de gestão, adotando modelos
e concepção que ocupavam o campo do ideal e incorporaram, como ve-
remos a seguir, conceitos como democracia e participação comunitária.

Diante deste cenário, é importante destacar que o processo de ges-


tão da escola, assim como os demais processos educativos, é imbuído de
uma característica própria: a dinamicidade.

Neste momento, enquanto dialogamos sobre este caminhar, mui-


tas concepções e acepções já foram reformuladas e, assim como não
entramos no mesmo rio por duas vezes, promover processos de gestão
educacional são métodos únicos e repletos de um caráter essencial: desen-
volvimento da autonomia.

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ASPECTOS CONCEITUAIS DE GESTÃO


DEMOCRÁTICA

Assim como as práticas educativas no chão da sala de aula, o cam-


po da gestão educacional também foi marcado por um acelerado ritmo de
mudanças que visam, para além de adequarem-se aos preceitos legais ou
regimentais dos órgãos de políticas educacionais, assegurarem o atendi-
mento às demandas que surgiram no contexto social da escola enquanto
equipamento promotor de direitos.

Esse fenômeno pode ser identificado em todo o percurso histórico


da educação e, a depender do período vivenciado, é marcado por uma ou
outra característica, como é o caso do movimento realizado a partir dos
anos 1980, quando o Brasil iniciou o seu processo de redemocratização,
impulsionando a escola a ressignificar sua função e atuação, sobretudo
para conseguir responder ao forte anseio de participação social, fruto das
lutas representativas do período que amparam o nosso regime político,
caminhando, desta forma, para o que conhecemos hoje como gestão de-
mocrática da educação.

Certamente, você já ouviu falar nesses conceitos de gestão demo-


crática e gestão democrática da educação. Esses princípios estão presentes
nas discussões sobre políticas públicas desde o início da implementação
da Constituição Federal de 1988 e ratificados, no campo educacional, pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394/96). Em
ambos os documentos (artigo 206 da CF e no artigo 3.º da LDB), consta
que o ensino público deve ser ministrado de acordo com os preceitos da
gestão democrática que se ampara na própria legislação brasileira.

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A forma como esse princípio se concretiza foi regulamentada nos


artigos 14 e 15 da LDB n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996:

Art. 14. Os sistemas de en-


sino definirão as normas da
gestão democrática do ensi-
no público na educação bá- Art. 15. Os sistemas de ensi-
sica, de acordo com as suas no assegurarão às unidades
peculiaridades e conforme escolares públicas de educa-
os seguintes princípios: ção básica que os integram
progressivos graus de auto-
I – participação dos profis-
nomia pedagógica e admi-
sionais da educação na ela-
nistrativa e de gestão finan-
boração do projeto pedagó-
ceira, observadas as normas
gico da escola;
gerais de direito financeiro
II – participação das comu- público.
nidades escolar e local em
conselhos escolares ou equi-
valentes.

A LDB também indica que os estabelecimentos de ensino têm


como finalidade “articular-se com as famílias e comunidade, criando pro-
cessos de integração da sociedade com a escola” (Art. 12, inciso VI), bem
como os docentes que devem “colaborar com as atividades de articulação
da escola com as famílias e a comunidade” (Art. 13, inciso VI). Define,
também como responsabilidade dos estabelecimentos educacionais, a ela-
boração da proposta pedagógica (Art. 12) e a ampliação progressiva da
autonomia pedagógica, administrativa e da gestão financeira nas escolas
(Art. 13).

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Outro documento importante para a garantia da gestão demo-


crática na escola é o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pelo
Congresso Nacional em 2014 e com período de implementação até 2024.

O PNE determina as 10 diretrizes que devem guiar a educação


no Brasil e estabeleceu 20 metas a serem cumpridas na vigência (2014 a
2024). Dentre essas metas, a Meta 19 prevê uma série de estratégias para
que escolas e sistemas de ensino possam “assegurar condições, no prazo
de 2 anos, para a efetivação da gestão democrática da educação, associada
a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comu-
nidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio
técnico da União para tanto. (BRASIL, 2014)”.

Ficou curioso para saber mais so-


bre o Plano Nacional de Educação?

Então, aponte a câmera do seu celu-


lar para o QR Code ao lado e acesse a pági-
na de monitoramento do PNE.

que o município de São José/SC


possui um Plano Municipal de Edu-
cação com vigência até 2025?

Acesse o link abaixo e saiba mais sobre esse documento.

https://saojose.sc.gov.br/plano-municipal-de-educacao/

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GESTÃO PARTICIPATIVA NA ESCOLA

Antes de falarmos sobre gestão participativa, é necessário com-


preendermos que gestão escolar está para além da função de coordenar
o desenvolvimento técnico e/ou administrativo e/ou pedagógico de uma
unidade de ensino. Gestão escolar está relacionada com as ferramentas
utilizadas pela equipe para, assim, conseguir administrar todos os setores
e serviços oferecidos pela instituição de forma mais organizada e eficiente.

Assim, podemos pensar a gestão da escola de forma mais ampla,


abrangente e organizada em vários aspectos, como o pedagógico, o finan-
ceiro, o administrativo, o social etc.

Como vimos no tópico anterior, desde o início do processo de re-


democratização do Brasil, os princípios de gestão democrática estão pre-
sentes quer seja no discurso, quer seja no direcionamento das práticas so-
ciais. No entanto, é importante compreender que tal princípio é fruto de
um longo trabalho realizado por uma das vertentes que compõem a cul-
tura organizacional da escola: a gestão participativa. Em outras palavras,
a gestão democrática se efetiva quando, no exercício da dinâmica escolar,
a equipe pedagógica cria mecanismos para que toda a comunidade pos-
sa participar dos processos decisórios de funcionamento da instituição e
contribuir para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem.

Vamos conhecer um pouquinho mais sobre a participação na


gestão escolar?

Como exposto, gestão participativa e gestão democrática são as-


pectos do processo administrativo de uma instituição escolar e se caracte-
rizam pelo fato de todos os sujeitos envolvidos, como diretor, professores,
equipe pedagógica e alunos participem das decisões pertinentes à admi-
nistração da escola.

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Além desses, os pais e a comunidade em que a escola está inserida


também são integrantes do processo e devem ser chamados a participar
das decisões escolares.

A escola que adota uma gestão participativa, carrega consigo a


crença de que é necessário unir esforços em busca de alternativas e situa-
ções que corroborem para a melhoria da sociedade.

E como saber, então, que a gestão da minha escola é uma gestão


participativa?

Às vezes, o ritmo acelerado da rotina escolar e as diversas atri-


buições pelas quais o gestor da escola é responsável faz com que, invo-
luntariamente, não consigamos perceber os modelos adotados em nossas
ações.

Por mais que tenhamos a presença da família e da comunidade no


dia a dia escolar, algumas características merecem ser observadas e seus
níveis de efetividade avaliados para, de fato, considerarmos nossas práti-
cas como democráticas.

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Tomem nota das próximas dicas

GESTÃO HORIZONTAL

Uma das mais importantes características é o tipo de


DICA 1 gestão que assumimos como pressuposto. Uma hierarquia
horizontal não exclui a responsabilização do gestor, tampou-
co minimiza a figura dele como diretor escolar.

Quando assumimos uma posição horizontal de diálogo e decisão,


descentralizamos o poder investido no gestor escolar e democratizamos
as tomadas de decisão. Assim, todos os sujeitos que estão inseridos na
ação educativa terão direito a opinar e a contribuir na solução das deman-
das encontradas pertinentes à gestão escolar.

ENGAJAMENTO DA COMUNIDADE ESCOLAR

Outra característica que dá identidade a uma gestão es-


colar democrática é a relação com a comunidade escolar. DICA 2
O compartilhamento das informações para que todos os
integrantes conheçam a realidade da escola é essencial para a so-
lução dos problemas detectados. A opinião de cada pai, mãe, do
comerciante, do líder religioso ou do vereador da comunidade é válida e passa a ter
grande relevância na hora de decidir o que e como fazer.

Além de emitirem as suas opiniões sobre a realidade da escola, é importan-


te que todos os sujeitos envolvidos nos processos tenham conhecimentos sobre os
recursos financeiros ou humanos disponíveis na instituição, resultados da aprendi-
zagem, as principais dificuldades pedagógicas, qualificação profissional e infraes-
trutura da escola.

Externamente, conhecer como se dá a relação dos pais e responsáveis e


como a comunidade está inserida no fazer cotidiano da escola é necessário para
fundamentar a propositura de ações que sejam efetivas.

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PROTAGONISMO DOS ALUNOS

Insira os alunos como protagonistas das ações reali-


DICA 3 zadas pela escola e deixem que eles participem ativamente
das decisões escolares. Essa perspectiva de participação ju-
venil torna a presença do aluno mais humana, e não apenas
como um mero integrante do sistema.

Dentro da escola existem diversas formas de participação dos alu-


nos. A mais popular são os grêmios estudantis, que são colegiados re-
presentativos da classe discente. Além dessa instância, os alunos podem
participar de conselhos consultivos, programas, projetos e grupos focais.

ENTÃO, COMO PROMOVER A GESTÃO PARTICIPATIVA NA ESCOLA?

Agora que nós já sabemos o que é uma gestão participativa e quais


são as suas principais características, para consolidar essa prática no chão
da escola, é necessário seguir alguns passos.

Vamos ver cada um deles:

1º passo – Tenha o diálogo como base da sua ação

Com certeza você já ouviu alguém dizer que é “conversando que a


gente se entende”, não foi? Esse adágio é perfeitamente aplicável na escola,
quando o gestor escolar e sua equipe assumem um caráter participativo, o
que torna necessária a presença marcante do diálogo em todos os espaços
de interação.

Independentemente da função que o profissional desenvolva na


escola e com quais sujeitos ele se relaciona, a perspectiva de estabelecer,
intermediar e atuar na manutenção do diálogo é fundamental.

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MÓDULO I – DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL

Quer ver um exemplo?

O diretor escolar precisa manter um diálogo franco com a comu-


nidade onde a escola está inserida, visando aproximá-la da realidade e do
equipamento, além de desenvolver o sentimento de pertencimento. As-
sim, ações como os programas e projetos de manutenção do patrimônio
ou colaboração educativa serão mais bem recebidos e com maior adesão.

O coordenador pedagógico, por sua vez, necessita manter um diá-


logo com o diretor, professores, alunos e demais membros da equipe para
que sua ação de orientação e acompanhamento seja mais eficiente.

Viu como o diálogo é indispensável?! Inclusive, é o ponto de par-


tida para o segundo passo:

2º passo – Insira os pais e responsáveis na dinâmica escolar

É de extrema importância que exista, dentro da escola, uma rela-


ção muito próxima com os pais. São eles os responsáveis pela continuida-
de, fora dos muros da instituição, do projeto educativo iniciado em sala
de aula.

Ainda que, por um ou outro motivo, existam pais que não estejam
ou não se motivem a participar suficientemente da vida escolar de seu
filho, busque compreender os motivos e pense em estratégias para superá-
-los.

Como exemplo, podemos realizar reuniões em horários alterna-


tivos para aqueles pais que trabalham em período integral, realizar feiras
e eventos com a participação ativa dos alunos ou enviar materiais com
informações sobre os projetos, rotina escolar, finanças ou outras informa-
ções de interesse dos pais.

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3º passo – Procure agir com transparência

Nada mais democrático do que o compartilhamento das infor-


mações. Na escola, é importante que pais, alunos e demais membros da
comunidade escolar estejam apropriados dos dados, recursos e das ações
desenvolvidas pela escola.

Para que as pessoas possam opinar, já que é esse o objetivo da ges-


tão participativa, é necessário que eles conheçam a realidade da escola
e como utilizar, de forma racional, os recursos existentes. Quanto mais
ampliamos a participação da comunidade nos espaços de decisão, mais
chances temos de motivar novos protagonistas a contribuírem com o pro-
jeto educativo.

Uma excelente ferramenta para promover a transparência dentro


da escola são os boletins informativos. Esse recurso pode ser produzido
na própria escola, fotocopiado e distribuído entre alunos, pais e comuni-
dade. Além disso, a escola pode criar um painel de gestão, do tipo flaneló-
grafo, com todas as informações necessárias, como diagnóstico, recursos
financeiros disponíveis, prestação de contas, comunicados, dentre outros.

E será que realmente tem alguma vantagem


na gestão participativa?

Sim, existem! E muitas!

E os benefícios não são somente para


a escola, também são beneficiados os pais,
alunos e toda a sociedade.

Confira alguns deles, a seguir:

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• Descentralização das decisões na gestão escolar: quando o di-


retor escolar compartilha os espaços de decisão, significa que to-
das as responsabilidades não ficarão somente sobre as suas cos-
tas. Talvez esse seja o principal benefício da gestão participativa.

• Mais engajamento com alunos, pais e responsáveis: à medida


em que o gestor escolar abre os espaços de participação e as opi-
niões dos sujeitos que estão inseridos dentro do processo educa-
tivo são respeitadas, há um movimento de engajamento e a es-
cola, gradativamente, ganha forma e “cara” própria, atendendo,
assim, à sua própria demanda e suas particularidades.

• Desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos: o exer-


cício de opinar, contribuir e monitorar é um exercício político.
Parar e pensar na realidade que temos e como superá-la é um
desafio que incentiva os alunos a se posicionarem criticamente
e a se constituírem como sujeitos transformadores da realidade.

• Diminuição da indisciplina: um dos fatores da indisciplina é


a desmotivação e falta de interesse no aprendizado. A partir da
orientação e do diálogo entre professor, gestão e aluno, é possí-
vel motivar o educando a ser protagonista do seu aprendizado
e incentivá-lo a propor ações que superem as dificuldades e os
elementos limitadores do sucesso escolar.

Além dos benefícios descritos acima, podemos, ainda, compreen-


der o estímulo do exercício da democracia, o espírito de coletividade e
trabalho em grupo e o amadurecimento dos participantes da gestão e da
equipe pedagógica, como frutos que podem ser colhidos com a gestão
participativa.

Mas, atenção! É claro que cada escola apresenta uma realidade dis-
tinta e outros benefícios podem ser identificados ao longo do exercício
democrático.

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NOÇÕES DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

O que significa planejar estrategicamente a escola?

O termo planejamento estratégico está muito relacionado aos


princípios da Administração e da Economia e, dificilmente, conseguimos,
sem uma motivação exterior, associá-lo ao fazer cotidiano da escola.

Planejar estrategicamente na escola significa, basicamente, tomar


decisões e adotar métodos para melhorar seus processos gerenciais com
base em metas e objetivos claramente definidos, exequíveis e mensuráveis,
envolvendo desde o gerenciamento dos recursos humanos, operacionais e
financeiros, até os resultados das aprendizagens dos alunos.

É claro que, ao pensar no uso estratégico dos recursos, o diretor


escolar, como gestor, precisa estar atento à função da escola e aos progra-
mas que, por ela, são desenvolvidos, sobretudo os de cunho institucional.

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MÓDULO I – DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL

Para isso, a escola precisa, antes de qualquer coisa, entender-se e


compreender qual é a sua realidade. Esse olhar para dentro do processo
permite que a equipe pedagógica reconheça as suas potencialidades e fra-
quezas.

No exercício diagnóstico, o gestor escolar e sua equipe pode uti-


lizar diversos métodos. Um dos mais usuais é a ferramenta conhecida
como “Análise SWOT”.

Ao realizar essa análise, a equipe pedagógica poderá identificar


diversos aspectos importantes para subsidiar a elaboração do seu plano
estratégico.

Como metodologia, promova de-


bates para responder aos seguintes questio-

SE LIGA namentos:

NA DICA Quais são as forças da nossa escola?

Procure identificar as qualidades,


os pontos fortes e as vantagens que a escola
tem e que podem colaborar com o sucesso
do projeto educativo.

Quais são as fraquezas?

Olhe para dentro da realidade escolar e identifique os pontos in-


ternos que podem prejudicar o desempenho da escola e dos alunos e que
aspectos precisam ser melhorados.

Quais oportunidades temos?

Agora, é a hora de olhar para fora do muro da escola e identifi-


car todas as forças externas que podem colaborar para o fortalecimento
e o desenvolvimento das ações na escola, inclusive práticas pedagógicas,
eventos sociais, entre outros.

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MÓDULO I – DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL

Que ameaças podem surgir?

Assim como existem oportunidades, existem ameaças que podem


prejudicar o andamento das ações na escola. Essas ameaças podem, in-
clusive, estarem ainda no campo da premissa e merecem ser pontuadas,
como o cenário econômico, problemas financeiros, problemas estrutu-
rais, entre outros.

Para facilitar, no final desse módulo você encontrará um anexo


com a Matriz de Análise SWOT. Reproduza e voe longe!

Um segundo aspecto a ser observado é a definição da filosofia e


diretrizes da instituição. Normalmente, essa perspectiva está disposta no
Projeto Político Pedagógico da escola.

É importante, nessa etapa de desenvolvimento do planejamento


estratégico, definir a missão, seus valores e sua visão. Assim, os objetivos
da instituição estarão alinhados aos objetivos estratégicos.

Uma vez definida as diretrizes que vão guiar a ação na escola, é


hora de pensar nas metas e indicadores. É nessa etapa que definimos quais
metas teremos que alcançar para chegar ao objetivo pactuado, à luz dos
preceitos definidos como filosofia.

Ao definir as metas da escola, é necessário que a


equipe pedagógica tenha em mente a exequibi-
lidade dela.

Pensem em metas realistas e que, de fato, sejam


capazes de serem alcançadas.

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MÓDULO I – DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL

Além das metas, é preciso criar indicadores para monitorá-las. Es-


ses indicadores precisam ser quantificáveis e, para cada um, deverá ser
pensado um instrumento de coleta de dados.

Exemplo: se a meta é adquirir, dentro de dois anos, 10 computa-


dores novos para a sala de informática, o indicador pode ser o número de
computadores adquiridos e o instrumento de verificação serão as notas
fiscais e a saída financeira do recurso.

Agora, chegou a hora de organizar a ação estratégica da escola.


Defina os projetos e processos que farão parte do Plano de Ação, dele-
gando, para cada atividade proposta, um responsável. É importante, nessa
fase do planejamento, definir e descrever, de forma muito detalhada, cada
uma das ações necessárias para o cumprimento da meta. Lembre-se de
sempre revisitar os objetivos estratégicos que foram definidos e estabele-
ça, para cada ação, datas e previsões, como revisão de meta, por exemplo.

Por fim, chegou o momento de monitorar o Plano de Ação. É a


hora de controlar, gerir e avaliar tudo o que foi pactuado como ação es-
tratégica, verificando o que já foi feito, o que falta fazer e quais ações pre-
cisam ser repensadas.

Aproveite essa etapa do plano para verificar se realmente há via-


bilidade de execução de todas as ações e quais podem ser suprimidas ou
redimensionadas.

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MÓDULO I – DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL

COMPREENDENDO A REALIDADE AO MEU


ENTORNO

Ufa! Viu quantas informações estão envolvidas no processo de


gestão?

Chegou a hora de começarmos, então, a compreender, um pouco


mais detalhadamente, o território e a escola onde queremos atuar.

A atividade proposta trata-se da primeira etapa de construção do


Plano de Gestão que, ao final deste curso, será avaliado e encaminhado
para a Secretaria de Educação, como atividade classificatória do processo
de seleção técnica dos gestores escolares.

Preparados? Então, vamos lá!

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MÓDULO I – DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL

ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA

Para que possamos articular uma gestão baseada nos princípios da


democracia e da qualidade, é preciso conhecermos a realidade ao nosso
entorno e identificar quais são os atores que podem contribuir com o su-
cesso escolar.

Nessa primeira etapa de construção do Plano de Gestão, busque


responder à seguinte pergunta: onde estamos?

Para isso, como atividade de exercício, escolha uma escola da rede,


preferencialmente a escola em que você atua, e analise o bairro em que
a unidade está inserida. Identifique quais são os indicadores sociais, de
saúde, educacionais, como o território está organizado e se há grupos re-
presentativos, como associação de moradores, subprefeituras, coletivos.

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MÓDULO I – DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL

Observe, também, quais são os principais problemas enfrentados


pela população, suas principais reivindicações.

Enumere todas as instituições públicas presentes no território. As-


sim, será mais fácil mapear as potencialidades.

Observe a escola e veja como ela está organizada, quais etapas de


ensino atende, como é a sua estrutura física, número de turmas e alunos.

Uma dica valiosa é buscar informações oficiais sobre a instituição.


No site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas - INEP, você encon-
trará vários dados que podem colaborar nessa primeira fase. Outra fer-
ramenta eletrônica é o Portal QEdu, que reúne várias informações como
matrícula, indicadores, dados básicos etc. Vale a pena conferir!

Para acessar o site do INEP, o endereço é:

http://www.gov.br/inep/pt-br

Para acessar o portal do QEdu, o endereço é:

https://novo.qedu.org.br/

Agora que você já tem as informações necessárias, vamos colocá-


-las no papel!

Utilize o modelo editável que está disponibilizado na Plataforma


Aprender Formar para realizar o exercício. Essa ação será fundamental
quando você for construir o seu Plano de Gestão.

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MÓDULO I – DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de


05.10.1988. Brasília, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Constituicao/Constituiçao. Acesso em: 15 set. 2022.

BRASIL. Lei nº. 9394/96 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as


diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Congresso Nacional,
1996.

BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano


Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. Brasília: Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 26 jun. 2014. Seção
1, p. 1, Ed. Extra.

SANDER, B. A pesquisa sobre política e gestão da educação no


Brasil: uma leitura introdutória sobre sua construção. Revista Brasileira
de Políticas e Administração da Educação, Porto Alegre, v. 23, n. 3, p. 421-
447, set./dez. 2007

HORA, Dinair Leal de. Gestão democrática na escola. São Paulo:


Papirus, 1994.

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MÓDULO I – DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL

MATRIZ DE ANÁLISE SWOT

FATORES POSITIVOS FATORES NEGATIVOS

FORÇAS FRAQUEZAS

SW
(STRENGTHS) (WEAKNESSES)
FATORES INTERNOS

OPORTUNIDADES AMEAÇAS

OT
(OPORTUNITIES) (THREATS)
FATORES EXTERNOS

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