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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3

2 O CONCEITO E O MODELO DE GESTÃO EDUCACIONAL ..................... 4

2.1 Gestão escolar: reflexões e importância .............................................. 8

3 A GESTÃO DO PROCESSO EDUCATIVO .............................................. 14

3.1 Atribuições dos Gestores no Processo Educacional .......................... 15

3.2 Coordenador Pedagógico um dos componentes do coletivo escolar . 16

3.3 A atribuição da orientação educacional no conjunto do trabalho


realizado no contexto escolar ................................................................................ 17

3.4 Quando o diretor se torna um gestor .................................................. 19

4 A GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DA ADMINISTRAÇÃO


GERAL 20

4.1 O contexto escolar e ações práticas que se estabelecem no âmbito da


gestão escolar ....................................................................................................... 25

4.2 Dimensões administrativas ................................................................. 27

4.3 Dimensões Pedagógicas .................................................................... 31

4.4 Dimensões Financeiras ...................................................................... 33

5 GESTÃO ESCOLAR X ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR ............................. 34

5.1 GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO: RESSIGNIFICANDO


CONCEITOS E POSSIBILIDADES ....................................................................... 37

6 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 51

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 O CONCEITO E O MODELO DE GESTÃO EDUCACIONAL

A palavra "gestão" vem do latim gestione também se refere ao ato e efeito de


gerir ou administrar. A dúvida seria os termos “administração” e “gestão” têm o mesmo
significado? O tema da administração escolar vem sendo estudado há menos de um
século. Segundo Sander (2007 apud OLIVEIRA; 2019), os primeiros registros de
pesquisas sobre esse tema datam da década de 1930, o que não significa que as
escolas não fossem administradas anteriormente. No entanto, as publicações sobre
gestão escolar que existiam antes da Primeira República incluíam "[...] natureza
subjetiva, normativa, assistemático e legalista” (SANDER, 2007, p. 21 apud
OLIVEIRA; 2019). O sistema educacional de toda a população é resultado de políticas
negligentes dos governantes.
Nesse contexto, o Brasil foi influenciado pelo movimento pedagógico da Escola
Nova liderado por Dewey (1960 apud OLIVEIRA; 2019), que difundiu a ideia de
educação progressiva em oposição à educação tradicional. Afinal, a sabedoria
convencional não está de acordo com os planos de crescimento e o processo de
industrialização.
E assim termina a nova proposta de educação a organização da escola
também foi alterada, e sua gestão não tem sido realizada de forma prática e
eficiente. Para que pudesse responder ao crescimento das necessidades e
demandas do crescimento com as mudanças da sociedade, a organização da escola
passou a ser dominada pela gestão empresarial. Assim, as escolas começaram a se
organizar da mesma forma que as organizações industriais se organizavam,
OLIVEIRA; (2019).
Segundo Ribeiro (1986 apud OLIVEIRA; 2019), a administração escolar é muito
semelhante à administração de uma empresa, com processos sistemáticos e
organizados. Para além das administrativas propriamente ditas. Nessa perspectiva,
as escolas passaram a ser organizadas hierarquicamente, com departamentos e
funções. Foi com esta nova proposta que surgiu a imagem centralizada do diretor,
OLIVEIRA; (2019).
Contudo, essa estrutura de administração escolar baseada na teoria e na
prática da administração geral não consegue sustentar e responder às necessidades
da escola. Afinal, nas escolas, os itens para venda ou consumo não são produzidos

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como na indústria. A escola organiza o processo educativo e todas as suas
necessidades. A chave aqui é aprender efetivamente, isso acontece por meio das
relações estabelecidas entre alunos, objetos de aprendizagem e professores,
OLIVEIRA; (2019).
Para OLIVEIRA; (2019) assim, ao longo dos anos, começou a surgir uma
revolução com críticas às organizações escolares baseadas na administração
tecnocrática, essa mudança na década de 1980 estava relacionada ao momento pelo
qual passava o país, a redemocratização, que levou à democratização das escolas
públicas. Sucederam há duas etapas principais, como será mencionado abaixo:
 Administração escolar: historicamente, a escola passou a utilizar a
estrutura da administração geral devido às necessidades relativas ao
contexto econômico e ao crescimento industrial, num cenário político
fechado.
 Gestão escolar: a partir da abertura política brasileira, a escola pública
também necessitou da democratização do ensino.
Esse movimento de mudança ganhou força com a ratificação da Constituição
Federal de 1988 e dos Princípios da gestão democrática do ensino público,
consolidado, posteriormente, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBN), de 1996 (BRASIL, 1996 apud OLIVEIRA; 2019). Esses documentos
introduzem uma nova organização escolar, não mais baseada em princípios e
premissa da administração empresarial, mas pautada por uma base de gestão mais
democrática, capaz de proporcionar autonomia aos sujeitos Através da participação
coletiva e da construção da educação coletivas.
Como se depreende desses marcos históricos, a educação democrática é mais
do que um processo de tornar a educação acessível a todos. A oferta de educação de
qualidade também está ameaçada, independentemente das características
econômicas ou sociais dos alunos. Até aqui, você viu o processo histórico da escola
desde a gestão integral da administração até a gestão escolar, OLIVEIRA; (2019).
Para sistematização, levando em conta a gestão é o processo que orienta uma
organização e a partir daí toma decisões com base nas necessidades ambientais e
nos recursos disponíveis. O conceito de gestão está relacionado ao processo
administrativo envolvido em planejar, organizar, dirigir e controlar recursos para atingir

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metas. No entanto, a gestão escolar tem algumas características especiais,
OLIVEIRA; (2019).
De acordo com Libâneo (2007, p. 324 apud OLIVEIRA; 2019), gestão escolar
significa um conceito de gestão socialmente crítica. A gestão escolar é, assim, vista
como um sistema que reúne as pessoas, "[...] o contexto sócio-político". A gestão
envolve tudo, as comunidades que compõem o espaço escolar. Portanto, é um
processo necessário que não ocorre isoladamente, mas ocorre sistematicamente e
visa a estrutura organizacional da escola para que seja continuamente melhorada e
aperfeiçoada.
Dessa maneira, já temos a ideia da evolução e os conceitos do processo de
gestão, levando em consideração é preciso haver uma análise de como se dá a gestão
escolar. Segundo Libâneo (2007 apud OLIVEIRA; 2019), os processos
organizacionais e de gestão, inserindo também direção, têm significados diferentes
de acordo com a concepção das pessoas sobre os objetivos educacionais,
relacionando com a sociedade e a educação do aluno. Gestão escolar demonstra
como cada instituição vê a educação, a sociedade e desempenho dos professores e
a formação de alunos (cidadãos).
Conforme Libâneo (2007 apud OLIVEIRA; 2019), existem quatro modelos de
gestão escolar. Do seguinte modo:
Concepção técnico-científica: Concentra-se na hierarquia, regras e aspectos
burocráticos e administrativos de cargos e funções. Esse conceito é mais conservador
e burocrático, com um sistema rígido de regras e normas. O foco do trabalho recai
sobre a divisão de tarefas no espaço escolar. A imagem do diretor é mais importante
no contexto da educação, caracterizando a forma de poder. Portanto, o diálogo é
baseado no cumprimento das regras, OLIVEIRA; (2019).
Concepção autogestionária: Este estilo de gestão é baseado no princípio
coletivo. Seus pressupostos são a criação de grupos e a autorregulação. O conceito
busca excluir qualquer sinal de autoridade, poder e centralização do espaço escolar.
Então não adere a nenhum tipo de regulação, regras ou burocracia. A ideia seria
investir na autogestão da instituição, para que todas as decisões sejam tomadas em
Assembleia Geral ou reunião de grupo. As funções se alternam por meio de eleições,
destacando não a imagem individual de cada pessoa, mas a coletiva e sua auto-

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organização. Relacionamentos são mais valiosos do que em vez do mandato das
instituições de ensino, OLIVEIRA; (2019).
Concepção interpretativa: Essa gestão prioriza o entendimento, dos
processos de organização da escola, neste conceito, não há necessidade de nenhum
estudo mais aprofundado de normas, regras, organização ou funções. Entende-se que
o ambiente escolar é construído sobre relações e acontecimentos cotidianos e não
sobre uma realidade dada, preparada e feita. Portanto, a ênfase é colocada na
interpretação da situação, ignorando o aspecto objetivo, enfatizando o aspecto
humano ao invés da estrutura formal da escola, OLIVEIRA; (2019).
Concepção democrático-participativa: O conceito é baseado na participação
e responsabilidade coletiva de todos. Toma-o como um eixo interagir com a gestão e
participação de todos os componentes de uma instituição de ensino. O processo é
desenhado com os objetivos compartilhados de todos que compõem a equipe,
buscando a participação coletiva. Nesse contexto, as metas são cruciais para o
programa de ensino da instituição de ensino, OLIVEIRA; (2019).
As decisões são tomadas coletivamente, também enfatiza a responsabilidade
pessoal para alcançar os objetivos propostos. Compreender a necessidade de
coordenação ou mentoria, e não deixar de compreender a importância da agência
escolar. Não se ressaltam os aspectos subjetivos e a construção do processo
educativo por meio das relações, mas os componentes gerenciais e organizacionais
são tratados de forma objetiva e sistemática, OLIVEIRA; (2019).
Conforme OLIVEIRA; (2019) o conceito de gestão também determina a direção
do projeto político e educacional da escola, ou seja, do projeto político-pedagógico,
bem como o próprio conceito de currículo. Hoje, a busca pela democratização e
autonomia na gestão escolar requer colaboração com a comunidade educativa, pais,
entidades e organizações paralelas à escola. A gestão escolar precisa atender a todas
as necessidades de ensino, incluindo a legislação e o processo de ensino, além das
necessidades administrativas. Veja alguns dos pilares da gestão escolar:
 Gestão pedagógica;
 Gestão administrativa;
 Gestão financeira;
 Gestão de recursos humanos;
 Gestão da comunicação;

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 Gestão de tempo e eficiência dos processos.

Como se vê, o processo de gestão escolar deve ser coordenado com todo o
sistema educativo, e com a escola em particular. Além disso, articular claramente a
importância das diretrizes e políticas públicas de educação públicas, ações para
implementar essas políticas e programas escolares. Esses programas devem abordar
princípios democráticos e ambientes educacionais autônomos, participação e
compartilhamento, tomada de decisão compartilhada e efetividade de resultados,
monitoramento, avaliação e feedback, OLIVEIRA; (2019).
Por fim, considere que a gestão escolar deve operar com base no princípio da
transparência, ou seja, mostrar o processo e os resultados ao público (LUCK, 2007
apud OLIVEIRA; 2019). Concluindo, a gestão escolar deve atuar de forma
transparente e aberta às comunidades interna e externa, compartilhando a tomada de
decisões e responsabilidade.

2.1 Gestão escolar: reflexões e importância

O conceito de gestão escolar apresenta várias lacunas conceituais. Entre


outras coisas, essa lacuna se refere à relação entre professores e alunos nas escolas
e todos os envolvidos neste contexto devem trabalhar em conjunto para alcançar os
objetivos de ensino: educação/educar. Nas organizações, por outro lado, a relação
entre empregados e empregadores decorre da compra e venda de mão de obra, na
grande maioria dos casos, com o objetivo de vender bens, serviços ou informações.
O diferencial está na riqueza oferecida pela escola, "criando humanidade nas
atividades docentes, sobre as ações pedagógicas”, (WELLEN; WELLEN 2010 apud
CROTI; et al., 2014).
A gestão escolar é um tema recorrente nos debates políticos educacionais.
Durante a ditadura militar, em uma estrutura administrativa centralizada e burocrática,
os diretores das escolas obedecem a regras impostas, quando os educadores exigiam
tentar ganhar autonomia escolar, isso tem a ver com a necessidade de alternativas
curriculares e de ensino no combate à evasão e reincidência (KRAWCZYK, 1999 apud
CROTI; et al., 2014).

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Os autores relatam ainda que nas décadas de 1950 e 1960 as ideias de
autonomia escolar e liberdade do educador foram desenhadas para contrariar a
eficácia das ações administrativas e interferências políticas por meio de programas
alheios à realidade escolar. A supressão de reivindicações na década de 1970 revelou
o ápice do processo de centralização administrativa. A gestão escolar voltou à a sua
visão do debate político na década de 1980, com um novo contexto – a reforma do
Estado. Tais reformas são desejáveis porque levam à justiça, justiça social, redução
de clientelismo, ocasionando também o fortalecimento da democracia, por meio da
qual a descentralização recupera sua força. (KRAWCZYK, 19991999 apud CROTI; et
al., 2014).
Compreender essas contradições sociais é essencial, pois assim os gestores
conseguem fazer da escola um ambiente que não reproduz os reflexos das estruturas
sociais capitalistas, mas reflete conscientemente essas perturbações, contribuindo
assim para uma ação pedagógica mais abrangente e consequentemente para uma
formação emancipadora, CROTI; et al., (2014).
No entanto, segundo Krawczyk (1999 apud CROTI; et al., 2014), na década de
1990 o foco na educação tomou um novo rumo. As novas demandas que estão
surgindo na economia globalizada fizeram com que o setor produtivo interferisse no
setor educacional. Portanto, diante dessas mudanças socioeconômicas, a educação
passou a fazer parte da agenda política como forma de aumento da produtividade e
cidadania globalizada.
Deixando de lado o intrincado contexto sócio-político econômico e olhando para
a teoria administrativa, podemos dizer que nas décadas de 1960 e 1970, assumindo
que o arcabouço teórico da gestão escolar estava enraizado na Teoria Geral da
Administração (TGA), foi feito um esforço para delinear a gestão escolar como um
campo específico de pesquisa. (ABDIAN, OLIVEIRA E HOJAS, 2010 apud CROTI; et
al., 2014).
Em meados da década de 1980, no entanto, surgiram críticas a ideias
anteriores e, a partir desse período, a ênfase mudou para o estudo do trabalho coletivo
e o envolvimento da comunidade escolar na gestão. Assim, os princípios da
governança democrática começam a ganhar corpo na teoria e nos espaços escolares.
(RUSSO, 2004 apud CROTI; et al., 2014).

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De acordo com Rangel (2009 apud CROTI; et al., 2014), o que ocorreu foi uma
espécie de neofuncionalismo, a aplicação radical da teoria administrativa às escolas
sem levar em conta a finalidade e o papel das escolas e sua especificidade. Não se
observou o que Cohn (1998, p. 58 apud CROTI; et al., 2014) resolveu nitidamente e
abordou com maestria, a partir do momento em que o sistema responde aos requisitos
funcionais decorrentes de uma relação com o ambiente marcada por contingências
(portanto, incapaz de orientar a composição mais completa do sistema) enfrenta uma
nova tarefa: criar seus próprios elementos, realizar operações autoconstruídas.
Uma organização do sistema escolar guiada pela governança democrática
requer objetivos educacionais claros, reflete as necessidades da comunidade e leva
em consideração as especificidades dos programas instrucionais dos projetos
pedagógicos (LIBÂNEO et al., 2012 apud CROTI; et al., 2014).
Embora a gestão democrática seja alcançada sob a forma de lei, baseada na
Lei de Diretrizes e Bases no. 9394/96 – LDB, e em linha com a tendência de
hegemonia mundial, destaca três aspectos: descentralização administrativa,
participação da sociedade civil e crescente autonomia dos sistemas públicos e escolas
(Brasil, 1996 apud CROTI; et al., 2014), muitos impasses na prática dificultam sua
aplicação.
Conforme Senge (2005 apud CROTI; et al., 2014), enfrentar esses
constrangimentos é um fator importante na geração de mudanças, pois não impede a
escola de cumprir seu papel fundamental, o da educação. Há a necessidade de
superar as divisões e divisões existentes nas escolas, e aquelas proporcionadas pelas
políticas públicas.

Para parte das teorias organizacionais aplicadas à escola parece haver uma
compreensão de que a gestão escolar é conjunto de aspectos de natureza
técnica, com campos de conhecimentos delimitados: a administração e a
pedagogia. Esses pensadores compreendem, à luz da teoria clássica da
administração ou das teorias das escolas que a substituíram (das teorias da
burocracia), a gestão escolar como um fenômeno administrativo no qual os
recursos são utilizados por meio das técnicas disponíveis para o alcance dos
objetivos e fins da organização, portanto, sugerindo a ideia de uma
forma/técnica ótima de se conduzir tal fenômeno (SOUZA, 2012, p. 161-162
apud CROTI; et al., 2014).

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É importante notar a dualidade proposta por Paro (1988 apud CROTI; et al.,
2014) apud Wellen; Wellen (2010 apud CROTI; et al., 2014), de acordo com os
autores, na maioria dos trabalhos sobre gestão escolar ou se voltam para a justificação
e legitimidade dos princípios da gestão capitalista, argumentando que eles com
universalidade, ou enxergam apenas burocracia e autoritarismo na gestão escolar,
negando e abandonando qualquer possibilidade de progresso ou mudança nessa
situação.
Para compreender a realidade da gestão escolar, é preciso observar que a
escola não existe em um modelo ideal, mas se apresenta como uma vontade humana
e sofre grande influência da sociedade que a organiza, criando as condições materiais
para a escola, como forma de sobrevivência (WELLEN; WELLEN 2010 apud CROTI;
et al., 2014). Lembrando Karl Marx (MARX; ENGELS, 2007 apud CROTI; et al., 2014)
antes do indivíduo realizar qualquer pensar, seja na política, na arte ou na ciência, os
seres humanos precisam se preocupar em comer, beber, vestir e se abrigar.
Com base nesse ponto de vista, com as mudanças nas perspectivas
sociopolíticas e econômicas, Krawczyk (1999 apud CROTI; et al., 2014) apontou que
devido ao processo de globalização, o objetivo da educação escolar só pode
reproduzir os desejos do sistema produtivo atual, no caso do Brasil, o capitalismo. No
entanto, se os objetivos da instituição escolar vão além disso, ela pode ver a
aprendizagem escolar como a formação de cidadãos, e a educação é possível se
todos os atos centrais da gestão escolar propiciarem o alcance dos objetivos
declarados, dessa maneira torna-se possível uma educação que se volta mais a uma
formação do ser humano (LIBÂNEO et al., 2012 apud CROTI; et al., 2014).
No entanto, cabe ressaltar que a gestão escolar não é um conjunto de
tecnologias e ferramentas formadas de forma abstrata, mas um resultado histórico
que reflete a tendência do desenvolvimento social. (WELLEN; WELLEN, 2010 apud
CROTI; et al., 2014).
Erros e fantasias fazem parte da mente humana (MORIN, 2000 apud CROTI;
et al., 2014), considerando que traduções ilusórias podem ocorrer ao reconstruir o que
é visto por meio da linguagem ou do pensamento. Complementa Marx (2007 apud
CROTI; et al., 2014) sobre os equívocos do homem sobre si mesmo, a vida e o mundo.
Assim, estende-se à questão da gestão escolar, que não é neutra, mas suas intenções
devem ser compreendidas.

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Portanto, o gestor precisa assumir que seu papel é planejar, coordenar,
controlar (CHIAVENATO, 2003 apud CROTI; et al., 2014), e agir com base em valores,
crenças, sentimentos, emoções, a fim de suscitar respostas dos professores aos
desafios escolares. Isso é importante e propício para atingir os objetivos educacionais
(LÜCK, 2011 apud CROTI; et al., 2014). O gestor precisa desenvolver seu trabalho de
acordo com o processo de gestão e entender seu efeito. Como os professores que se
envolvem mais ativa e efetivamente na ação escolar quando entendem o processo de
gestão (LÜCK, 2011 apud CROTI; et al., 2014).
Portanto, antes de avançar com alguns aspectos da gestão, parece oportuno
esclarecer os termos administração e gestão. Administração é o processo de
organizar, dirigir, planejar e controlar as pessoas para atingir os objetivos
organizacionais (CHIAVENATO, 2003 apud CROTI; et al., 2014). É mais uma função
gerencial, que remete aos princípios de organização, estruturação e controle dos
recursos disponíveis (LIBÂNEO et al., 2012 apud CROTI; et al., 2014).
Gestão significa agir sobre questões que envolvem o comportamento humano,
e é definida como o empreendimento que visa promover as pessoas para atingir os
objetivos organizacionais (LÜCK, 2011; LIBÂNEO et al., 2012 apud CROTI; et al.,
2014). No entanto, em ambos os casos, Libâneo et al. (2012 apud CROTI; et al., 2014)
referem-se a essas organizações como unidades sociais e visam atingir determinados
objetivos, embora cada organização tenha objetivos específicos e diferentes.
Em uma organização empresarial, como unidade social, destaca-se a função
administrativa. O entendimento aqui é que as pessoas são consideradas recursos,
assim como dinheiro e matéria-prima. Isso é diferente das organizações escolares. A
unidade social se preocupa principalmente com o promoção e formação de pessoas.
Neste último, as funções administrativas também são presença, de absoluta
importância, mas não constituem elementos essenciais, CROTI; et al., (2014).
Assim, a gestão do ambiente escolar deve ser orientada para a educação.
Fazer da escola o objetivo básico da educação porque facilita a formação do ser
humano. Entre eles, a interação entre as pessoas é particularmente proeminente, e
seu desenvolvimento dos potenciais físicos, cognitivos, emocionais e atitudinais são
gerados por meio do processo de ensino (LIBÂNEO et al., 2012 apud CROTI; et al.,
2014). Como menciona Lück (2011, p. 131 apud CROTI; et al., 2014), os gestores
precisam entender o processo para intervir:

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Quando um líder escolar age da maneira como uma organização educacional
existe e se comporta, ele está efetivamente impulsionando a gestão escolar, ou seja,
é mobilizar esforços, canalizar energias e habilidades, expressar vontade e facilitar o
processo de integração para realizar as ações necessárias para atingir os objetivos
educacionais, que exigem que a escola como um todo demonstre uma abordagem
articulada de forma coerente, coerente, e forma consistente. O papel fundamental do
gestor é abordar as habilidades, valores e crenças de todos os envolvidos na ação
escolar com o objetivo de trabalhar em conjunto para objetivos que devem ser
compartilhados, educação, CROTI; et al., (2014).
Contudo, nas organizações empresariais, o foco está em grande parte nos
processos produtivos que refletem e, em última análise, interferem no
desenvolvimento da sociedade como um todo. As escolas têm a responsabilidade de
compreender esse modo de produção e como ele é produzido na sociedade, e revelá-
lo criticamente, de modo que entender a base do sistema de produção é o que reforça
o que o mundo precisa para funcionar dessa forma. (WELLEN; WELLEN, 2010 apud
CROTI; et al., 2014).
Assim, segundo Wellen; Wellen (2010, p. 165 apud CROTI; et al., 2014), um
ser humano “pode não vincular diretamente os efeitos negativos de seu trabalho e
vida ao seu chefe ou à imposição do sistema capitalista, mas essas decisões não
passam incólumes na consciência do trabalhador”. Se sim, melhor e mais benéfica, a
escola pode e deve contribuir para esse desvelamento.
Por conseguinte, reconhecer e compreender as necessidades dos
trabalhadores no mundo do trabalho, e permitir-lhes perceber as ligações que a
educação e a formação ministradas nas escolas podem proporcionar ao repensar este
contexto em relação ao trabalho, nos sistemas de produção capitalistas e realidade
social (PISTRAK, 2002; LIBÂNEO et al., 2012 apud CROTI; et al., 2014).
Conforme Libâneo et al. (2012 apud CROTI; et al., 2014) mostraram que
algumas características organizacionais podem ser utilizadas em um ambiente
escolar. No entanto, deve-se notar que é importante levar em consideração que as
escolas não são iguais e, portanto, nem sempre podem ser generalizadas, mas se
bem compreendidas e gerenciadas, certas características podem interferir na forma
como uma escola existe e funciona.

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Assim, os gestores têm um impacto positivo quando as características
organizacionais são compreendidas e adequadamente ajustadas, o que é consistente
com a sugestão de Cohn (1998 apud CROTI; et al., 2014). Quando os gestores
buscam implementá-los para facilitar e orientar as ações dos professores a fim de
melhor preparar suas atividades para uma compreensão clara de seu complexo papel
no ensino, tendo consciência ao preparar os objetivos e o conteúdo da sala de aula;
um programa instrucional bem definido que inclui consenso mínimo entre direção e
professores; bom ambiente de trabalho; papel significativo da direção e coordenação
pedagógica; equipe disposta a inovar sem perder a identidade, alcançando melhores
resultados educacionais. 2
1

3 A GESTÃO DO PROCESSO EDUCATIVO

Podemos dizer que os professores são, em certa medida, gestores e como tal,
necessitam de uma formação adequada, tanto inicial, como continuada. Portanto,
todos os componentes da equipe escolar devem assumir o papel de gestores, ou seja,
professores, coordenadores, orientadores, diretores e outros da comunidade escolar,
gestores educacionais. O pertencimento de todos é buscar melhorar as condições de
trabalho nas escolas, visando o coletivo. Com essas características, os professores
estarão envolvidos em uma educação de qualidade e, obviamente, trabalharão juntos
para defender a mesma causa em uma instituição de ensino e dentro do âmbito
educacional, MESACASA; (2011).
Um dos princípios fundamentais do processo educativo envolve a educação,
pois significa proporcionar o pleno desenvolvimento do ser humano, reconhecendo as
diferenças raciais, religiosas, econômicas, geográficas, linguísticas, emocionais,
cognitivas, de idade e todas as limitações que tentam impedir a equidade. Nas
relações humanas, porque todos nascemos com a capacidade de aprender a ser, a
ser, a conhecer e a viver, MESACASA; (2011).
Os professores, como organizadores e facilitadores, ou seja, gestores, devem
desenvolver um conjunto complexo de características e dimensões que levem a
sensibilidades, vínculos afetivos, compreensão mútua de problemas e necessidades
e alguma cumplicidade. Esse conjunto se assemelha em muitos aspectos à dimensão
estética envolvida no processo de ensino, MESACASA; (2011).

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A raiz desse sucesso de engajamento é o alinhamento emocional. Por um lado,
a autoestima do aluno é motivada e, por outro, a autoestima do professor é
reconhecida pela direção da escola por seu trabalho, e sua autoestima é direcionada
para encontrar novas práticas pedagógicas que revelem a qualidade do ensino
oferecido. De fato, o ato de ensinar é antes de tudo, um encantamento, e como em
qualquer processo de sedução, o reforço das qualidades e potencialidades do
indivíduo que quer ser seduzido deve ser constante, diz ALVES (2004 apud
MESACASA; 2011).
Nesse caso, todos participam da composição do coletivo escolar, e algumas
funções acabam se concretizando, porém, suas ações não se restringem, pelo
contrário, mesmo que haja tarefas especiais, todos estão no coletivo, no planejamento
e execução das mesmas contribuem com o processo de democratização das escolas
e para o processo geral de educação organizada ao trabalhar, MESACASA; (2011).

3.1 Atribuições dos Gestores no Processo Educacional

A gestão educacional está com contexto atual voltada para assumir a função
dos órgãos de governo não apenas como uma ocupação da equipe gestora, mas essa
função é descentralizada e transferida para todos os componentes do processo
educacional. À medida que se envolvem, os profissionais aprendem a conviver, a gerir
o que é bom e o que precisa mudar, mas também aprendem a se tolerar e respeitar,
MESACASA; (2011).
Desta maneira, o papel se aplica não apenas à liderança da escola – no caso
de diretores ou diretoras ou equipes que são diretivas, mas também a todos os
componentes do grupo. Assim, cada um acaba se tornando um líder na ação coletiva
do processo, de si mesmo e da escola. A partir dessa constatação, acredita-se que
uma abordagem equilibrada das atividades está em consonância com opiniões,
recomendações e interesses coletivos, MESACASA; (2011).
Do respeito ao coletivo, podemos ver que o trabalho de uma escola não
depende apenas de questões administrativas, nem de quanto dinheiro a escola tem,
nem da parte pedagógica, nem de ter os melhores profissionais. A rede, em geral, é
o conjunto das relações humanas responsáveis pelo seu funcionamento, MESACASA;
(2011).

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3.2 Coordenador Pedagógico um dos componentes do coletivo escolar

Segundo Heidrich (2008, p. 07 apud MESACASA; 2011), as responsabilidades


dessa profissão são a gestão da aprendizagem e a formação de professores. Inclui
dominar algo que a universidade não lhe ensinou: saber como os cursos são
desenhados, quando e como as áreas de conhecimento são articuladas e os modelos
de avaliação disponíveis.
Embora não seja uma tarefa fácil, é essencial. É o conhecimento das diferentes
disciplinas, os objetivos, os conselhos de restauro, a bibliografia adoptada e os
métodos sugeridos que ganhará o respeito dos professores. Isso requer muitas
pesquisas e estudos relacionados, MESACASA; (2011).
Desta forma, encontra formas de ajudar os professores a treinar e abordar os
problemas relacionados com a aprendizagem para o sucesso dos alunos. Para isso,
o coordenador também deve buscar constantemente o conhecimento, deve ser um
observador e um pesquisador. Neste contexto, deve procurar bibliografias, oferecer
programas de treinamento, participar de seminários e conferências e compartilhar
informações com outros profissionais da escola, MESACASA; (2011).
O coordenador molda sua imagem como parceiro e orientador do trabalho
docente. Por tudo isso, o coordenador realiza um amplo leque de ações: a presença
de atividades de ensino facilitadas por alunos e professores, conversas pessoais e
mentorias com professores, apresentações de trabalhos, organização de estudos
ambientais, visitas e festas, que ele proporciona no corpo docente materiais da sala,
recados que ele deixou no quadro-negro e até no café. Mais o mesmo ainda conta
com um momento privilegiado, MESACASA; (2011).
Chama-se Programa de Trabalho Docente Coletivo (HTPC), e é um período de
formação em serviço durante o qual o seu “jeito” emerge e se consolida. Lá, o
coordenador faz seu maior trabalho: fazer com que os professores, as verdadeiras
estrelas da equipe da escola, brilhem porque são as estrelas, afinal, cabe a eles
preparar as aulas, trabalhar com centenas de alunos, fazer as provas e trabalhos, faça
sua voz ser ouvida e até reajuste suas aulas para se adequar ao seu plano inicial.
(Heidrich, 2008, p. 11 apud MESACASA; 2011).
Portanto, sua função é buscar melhores condições de trabalho na escola,
conquistar o trabalho coletivo, dar espaço para acompanhamento individual, prestar
assistência, fornecer diversos materiais e motivação, manter-se crítico, entusiasmado
16
e otimista. É necessário referir-se ao curso de ação dos programas e instituições de
ensino para orientar os esforços docentes, liderar e mediar equipes, MESACASA;
(2011).

3.3 A atribuição da orientação educacional no conjunto do trabalho realizado


no contexto escolar

A orientação deve ter uma postura muito clara na ação com os alunos, baseada
em uma dialética ternura-vitalidade, para que, por um lado, não deixem que o
“rolo compressor escolar” os ultrapasse e, por outro, não caiam na “indulgência”,
mimos, protegendo os alunos de mal-entendidos conflitantes (VASCONCELLOS,
2002, p. 81 apud MESACASA; 2011).
Dessa forma, ajudando a construir limites na escola, ele notará que sua função
não se limita a “coordenador de disciplina”. Isso acontece por causa de uma visão
distorcida da disciplina (interior) e de como lidar com isso, deixando alguém fazer,
reforça a ideia de que o problema é com a pessoa e não dentro das relações, isolado
do contexto, encaminhamentos como solução. Além de não resolver os problemas,
surgem outros problemas: o professor perde sua autoridade porque é transferido para
um terceiro, e o coordenador disciplinar fica responsável por resolver todos os
problemas sozinho, MESACASA; (2011).
Lidar com o conflito não é fácil, como reclama o facilitador ou melhor o
orientador, mas deve-se tomar cuidado para não se transformar em confronto,
silenciar o sujeito ou assumir responsabilidades, ao contrário, vários problemas devem
ser analisados por meio do diálogo, e a rede de investigação fornece informações
relevantes. A mensuração do mentor deve beneficiar a relação entre o aluno e o
professor para que a aprendizagem ocorra, pois sabe-se que se constrói a partir da
relação emocional entre os dois integrantes do processo, MESACASA; (2011).
A mudança não é alcançada pela prática isolada, mas pela colaboração
coletiva com toda a equipe da escola. Então, com certeza, a mudança vai acontecer,
os resultados serão positivos, e quem se beneficiar dela beneficia toda a comunidade
escolar e a sociedade. Em relação ao papel do orientador nas questões disciplinares
escolares, vale lembrar que ele deve ser preventivo e não remediador [...] não é o
autor de sanções ou punições. Sim, ele tem que trabalhar com a disciplina escolar,
com a equipe para analisar os problemas que surgem e dar as soluções adequadas,
17
mas não esqueça que, antes de tudo, a atuação dele tem que ser preventiva,
(GIAGAGLlA, 2003, p. 80 apud MESACASA; 2011).
Sabendo que o Projeto Político Pedagógico é uma ferramenta importante para
superar o isolamento, o individualismo e as práticas fragmentadas, a instrução
educacional desempenha um papel importante tanto na conscientização quanto no
desenvolvimento e implementação. No processo de conscientização, pode sentir
resistência ou não participar e intervir. Durante a construção, participe ativamente,
preste atenção na dinâmica do plenário, ajude na coordenação, não seja manipulado,
onde se formam “círculos de panelinhas”, MESACASA; (2011).
Orientações educativas que observem o respeito, o poder, o ritmo, a moral e a
relação entre emoção, pensamento e questões políticas, podem ajudar a construir um
projeto coletivo, desencadear mudanças e sugerir novos tipos de redefinição dos
papéis dos envolvidos. Porque há várias partes ali e ligadas ao trabalho coletivo dos
alunos. Ainda encontramos um grande número de ligações de alunos e pais no final
de nossos conselhos aos orientadores que não são considerados bons resultados se
não estiverem vinculados ao trabalho em grupo de alunos e às sessões de ensino.
Em vez disso, a prática educacional deve agora ser considerada de forma holística,
MESACASA; (2011).
No conselho de escola, a orientação pedagógica deve encorajar estas secções
a expressarem as suas ideias e perspectivas nas reuniões para que possam ser
analisadas a partir de diferentes perspectivas e encaradas como um desafio para todo
o grupo escolar. A orientação deve estar ciente do conflito entre os interesses
individuais e do grupo. A educação de qualidade precisa mobilizar as forças sociais,
que é o papel primordial da orientação, MESACASA; (2011).
De acordo com isso, é esperado que se realize dentro da prática da orientação
educativa, demonstrando o trabalho de forma muito concreta a necessidade da
construção de escolas democráticas de qualidade e a libertação da sociedade
(VASCONCELLOS, 2002, p. 84 apud MESACASA; 2011).
A orientação profissional desempenha um papel nas realidades sociais da vida
e nas dificuldades que os jovens têm para fazer escolhas, pois o momento da escolha
da carreira coincide com a fase em que os jovens estão se desenvolvendo novamente,
estabelecendo sua identidade e Buscando uma melhor compreensão de si mesmo,
seus gostos e motivações, e é importante, pois visa promover escolhas entre os

18
jovens, ajudando-os a compreender sua própria realidade, incluindo aspectos
pessoais, familiares e sociais, para que possam definir qual escolha melhor, possível,
no seu projeto de vida, MESACASA; (2011).
Os orientadores também são como conselheiros e cumprem esse papel,
auxiliando na escolha através da filosofia e da ética, a escolha é dos jovens e ninguém
tem o direito de interferir nela. Respeitando o direito das pessoas à livre escolha. Livre
na realidade de sua vida, só ele pode configurar-se como uma limitação. A este
respeito, Lucchiari afirmou que “é fundamental lidar com a questão da integração
temporal durante o processo de seleção”. Para que os jovens definam o que querem
ser, eles precisam ter clareza sobre quem são, quem são e quem se tornarão,
(LUCCHIARI, 1993, p. 13 apud MESACASA; 2011).
Para isso, os orientadores têm que trabalhar: o autoconhecimento, a expertise
e a própria escolha, tudo mais à parte, assumindo o que o jovem escolhe e fazendo
acontecer. Os coordenadores de grupo são especiais e importantes na vida dos
jovens, e é uma escolha de trabalho prazerosa e gratificante para ambas as partes.
Entrar no mercado de trabalho significa muito para os jovens. Ele deixa o mundo
familiar e as expectativas da vida cotidiana para assumir novas responsabilidades, por
isso a ajuda de um orientador educacional é importante, MESACASA; (2011).
Acredita-se que o mais importante no trabalho é saber ouvir e ter uma postura
profissional para acolher o adolescente. “Seus sentimentos, problemas, dúvidas e
confusões". (LUCCCHIARI, 1993, p. 16 apud MESACASA; 2011). São pouquíssimos
os lugares onde suas vozes são ouvidas, porém, se os profissionais escutássemos
mais, eles teriam até respostas para perguntas cotidianas que são direcionadas a
eles.

3.4 Quando o diretor se torna um gestor

O diretor passa a ser gestor a partir do momento em que entende a gestão


como um trabalho comum que envolve todos. É uma mudança de atitude. Essa é a
democracia que fortalece o processo de ensino. Nesse sentido, seu papel é
estabelecer diálogo, enfrentar novas realidades, para formação coletiva, engajamento
comunitário, precisa vivenciar a escuta, a ética e a solidariedade humana,
MESACASA; (2011).

19
De acordo com o Gurgel (2008 apud MESACASA; 2011), o diretor/gestor é
responsável por criar um ambiente amigável que que possibilite um trabalho
educacional de qualidade, seguindo rigorosamente o programa de ensino da
escola. Fazer com o que os funcionários, pais e alunos trabalhem em torno do
objetivo. Porque o diretor/gestor é o líder, planejando, coordenando, mediando com o
coletivo. Os diretores devem, portanto, estar muito atentos ao que é transmitido “nas
entrelinhas” do processo de construção e relacionamento da escola. Seu desafio é
coordenar a gestão díspar – equipes, espaços, parcerias, recursos – para facilitar o
aprendizado em sala de aula.
Nessa abordagem, a perspectiva do gestor é fundamentalmente deslocada
para três eixos: a organização do espaço escolar (não apenas a sala de aula), a
mobilização de uma equipe coesa (trabalhando para alcançar recomendações
instrucionais claras) e o estabelecimento de canais de comunicação com os pais e
estudantes e comunidades do entorno. Embora ninguém afirme que é uma tarefa fácil,
aplicar essa teoria no dia a dia pode não transformar a escola em uma escola dos
sonhos, mas certamente levará a resultados positivos em todas as frentes, (GURGEL,
2008, p.24 apud MESACASA; 2011).
Então, entende-se que o diretor precisa estar atento, muito claro sobre seu
papel e orientação pedagógica, para ser um líder que saiba lidar com o coletivo como
precisa ser com pais, alunos, professores e funcionários da escola. Para fazer isso,
você precisa saber como se conectar com outras pessoas de maneira amigável e
atribuir funções a um trabalho competente e em conjunto. Dessa forma, o diretor se
posiciona como um professor que aprende e ensina ao lado de seus pares, seus
alunos e outros componentes da comunidade educativa. Relativamente para essa
questão é o fato de que ele sempre terá como ponto de partida o bem-estar de toda a
comunidade escolar e do coletivo que busca uma educação de qualidade,
MESACASA; 2011

4 A GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DA ADMINISTRAÇÃO GERAL

Para estabelecer uma discussão sobre a gestão democrática nas instituições


escolares, é necessário discutir os princípios gerais da administração, seguindo a
concepção desenvolvida por Paro (1996, p. 123; BRASIL; 2012), de que "as

20
atividades administrativas, como o uso racional de recursos para atingir metas são
essenciais para a vida humana.
Condição necessária, que existe em todos os Tipos de Organizações Sociais".
Esse conceito expressa o que o poder administrativo assume quando atua dentro de
uma organização escolar, e seus objetivos pretendidos precisam estar cada vez mais
integrados aos movimentos de transformação social para superar as formas de
construção de uma sociedade organizada, (BRASIL; 2012).
Os pressupostos desse conceito, que representam uma negação do sentido da
prática administrativa nas sociedades capitalistas, têm suas origens na gestão
científica de Taylor (1978; BRASIL; 2012), base para a organização e controle dos
processos de trabalho, expressos pelos órgãos de gestão científica que, em grande
medida, foi também assumida como um dos elementos fundantes da gestão escolar.
Dessa maneira, o desenvolvimento da prática administrativa escolar, pautada
nos princípios da gestão científica, vem sendo amplamente defendida pelos teóricos
da administração escolar, e regulará a exploração do trabalho pelo capital e garantirá
a manutenção da ordem social, é explicitamente marcado como conservador e,
portanto, excludente, BRASIL; (2012)
Braverman (1987, p. 103-109; BRASIL; 2012) apontou três princípios que
Taylor identificou para a administração científica: O primeiro refere-se a "dissociar o
processo de trabalho da expertise dos trabalhadores", em que os gestores empregam
métodos e técnicas diferentes, e os trabalhadores aprendem, criar e/ou contratar no
trabalho, enviar portanto, o processo de trabalho é inteiramente determinado por ele;
o segundo princípio, representado pela “separação do conceito e da execução”,
centra-se na gestão da aprendizagem, na compreensão e no desenvolvimento da
capacidade de trabalhar, sistematizar seu processo e realizar tarefas e funções, após
a divisão detalhada, concentre-se nos trabalhadores onde devem “seguir sem pensar,
sem entender o raciocínio técnico ou dados básicos”, garantindo assim o controle de
gestão e custo-benefício trabalhadores; por fim, há o terceiro princípio, que é “usar
esse monopólio do conhecimento para controlar todas as etapas do processo de
trabalho e como ele é realizado”.
Consolidados como articulação teórica e prática sistemática, esses princípios
fundamentam a gerência moderna, mesmo em tempos de mudanças significativas no
campo da tecnociência, na composição da classe trabalhadora e no socioeconômico.

21
A estrutura e função do capitalismo, desde simples organizações lineares até equipes
organizacionais complexas. Deste jeito,

“A gerência veio a ser administração, que é um processo de trabalho efetuado


para fins de controle no seio da empresa, e efetuado, além do mais, como um
processo de trabalho rigorosamente análogo ao processo da produção,
embora ele não produza artigo algum que não seja a operação e coordenação
da empresa. (BRAVERMAN, 1987; BRASIL; 2012).

Caracterizada dessa forma, percebe-se que ao mediar a exploração do trabalho


pelo capital e a exploração do trabalho pelo capital, a administração capitalista mostra
um lado extremamente conservador, pois contribui para a perenidade no plano
econômico, no plano político, a classe proprietária dos meios de produção exerce
dominação sobre o resto da sociedade. (PARO, 1996, 123-124; BRASIL; 2012). Isso
certamente não é suficiente para gerir instituições sociais como as escolas, que
precisam se envolver em ações voltadas à transformação social.
A administração escolar, como disciplina e prática administrativa, reflete o seu
conteúdo nas características das diferentes escolas da administração de empresas,
aplica a atividades educacionais específicas, estabelecendo assim uma estreita
relação entre gestão escolar e gestão empresarial. As condições que determinam
essa relação são vistas pelos teóricos da administração como resultado de pesquisas
e estudos ali realizadas, e seus resultados satisfatórios em empresas de sociedades
capitalistas facilitam sua aplicação em outras organizações (BRASIL; 2012).
Além disso, os teóricos da administração escolar, buscam utilizar essas teorias
da administração de empresas em busca de um grau de cientificidade para justificar
a importância da disciplina, sabendo que ali encontrarão fundamentos teóricos que
facilitarão o funcionamento das organizações escolares. De acordo com as
expectativas sociedade, (BRASIL; 2012).

No Brasil, a tendência de adotar os pressupostos da administração de


empresas para a educação fica clara quando Ribeiro (1978, p. 59; BRASIL;
2012), um dos primeiros teóricos da administração escolar brasileira afirma
que: [...] a complexidade alcançada pela escola, exigindo-lhe cada vez mais
unidade de objetivos e racionalização do seu funcionamento, levou-a a que
ela se inspirasse nos estudos de Administração em que o Estado e as
empresas privadas encontraram elementos para renovar suas dificuldades
decorrentes do progresso social. Sendo evidente a semelhança de fatores
que criam a necessidade de estudos de administração pública ou privada, a
escola teve apenas de adaptá-las à sua realidade. Assim, a Administração
Escolar encontra seu último fundamento nos estudos gerais de
Administração.

22
Dois aspectos concomitantes do processo administrativo podem ser vistos aqui:
por um lado, os teóricos da administração de empresas se esforçam para desenvolver
uma teoria que seja geralmente aplicável à gestão de qualquer organização e, por
outro lado, os teóricos da administração escolar tentam extrair os fundamentos
científicos da teoria da administração de empresas para validar suas proposições
teóricas, garantindo assim que as empresas atendam aos mesmos padrões de
eficiência e racionalização, (RIBEIRO, 1979, ALONSO, 1976; BRASIL; 2012).
Existem dois pressupostos básicos que sustentam a posição tomada pelos
teóricos da administração de empresas e escolar são dois:
 As organizações, mesmo que tenham objetivos diferentes, são
semelhantes e, como tal, suas estruturas são semelhantes e, portanto,
os princípios de gestão podem ser os mesmos, com os ajustes
necessários para alcançar a “universalidade ou generalidades” de seus
objetivos. BRASIL; (2012).
 As organizações escolares e o sistema educacional como um todo
precisam empregar métodos e técnicas de administração que garantam
sua eficiência e atendam aos objetivos declarados pela sociedade.
Concordamos com Prihoda e Doltrens sobre a conveniência de usar taylor-
fyolorismo para formular problemas escolares; com Sears, sobre a necessidade de
desenvolver uma teoria de gestão escolar; com Moheman no que se refere às
condições puramente instrumentais da administração escolar, sua principal função é
adequar as atividades educativas escolares às concepções e políticas educacionais.
No entanto, é preciso esclarecer que a semelhança das organizações é resultado da
relação entre a estrutura social capitalista e sua superestrutura jurídica política e
cultural; a maioria das teorias de administração de empresas, como resultado de suas
pesquisas e desenvolvimentos, não determinam a formulação de uma teoria, incluir
toda a realidade prática administrativa da organização, qualquer que seja a sua
natureza, BRASIL; (2012).
As limitações da teoria geral da administração sobre a administração
educacional, sujeitas às condições da ciência aplicada, exigem que os
administradores educacionais (re) descobrirem o caráter tendencioso de sua prática
com base na promoção de uma recuperação crítica dela, sentir o lugar na história, ter
essa consciência, colocar-se A integridade e concentricidade do trabalho educativo,

23
podendo assim desempenhar a função-chave de revelar o discurso do pensamento e
o nível de libertação do controle , atinge o sinal ideal de libertação BRASIL; (2012).
Para cumprir seu papel fundamental, a teoria da administração escolar precisa
repensar a especificidade da gestão em relação à natureza da educação, dando
significado político às ações administrativas para superar o autoritarismo que afeta
sua relação pela falta de participação do sujeito educacional na tomada de decisões,
seus objetivos e conquista, BRASIL; (2012).
Desta forma, a administração educacional é responsável por reconstruir seu
estatuto teórico/prático, para garantir a exequibilidade e viabilidade de uma formação
de maior qualidade para todos, bem como cumprir sua função social e papel político
institucional, pois por meio das políticas a escola virá se desenvolver para parâmetros
de ação e determinar de forma dominante os tipos de mulheres e homens a serem
formados, BRASIL; (2012).
Como organização social, a escola também pretende ser um espaço
democrático no qual educadores profissionais, alunos, pais, ativistas comunitários e
outros cidadãos de origem social imediata sejam capacitados para estarem bem
informados e se engajarem criticamente. Desenvolver e implementar políticas e
programas escolares. Dessa maneira, a concretude da democratização escolar tem
dois elementos essenciais: a participação de todos os componentes da comunidade
escolar no processo decisório e a existência de um amplo processo de informação em
que todos saibam o que se passa dentro da instituição e suas relações fora dele,
BRASIL; (2012).
BRASIL; (2012) para garantir que uma escola seja verdadeiramente
democrática, dois outros elementos precisam ser considerados:
 Criar estruturas e processos democráticos da vida escolar,
representados pela participação universal nas questões administrativas
e políticas, por meio do planejamento colaborativo nas escolas e na sala
de aula, por meio do atendimento de anseios, expectativas e interesses
coletivos, e de uma posição firme contra o racismo, a injustiça, a
centralização, pobreza e qualquer forma de exclusão e desigualdade nas
escolas e na sociedade;
 Desenvolver um currículo que proporcione aos alunos uma vivência
democrática, caracterizada pela ênfase na ampliação da informação;

24
 Garantir que aqueles com opiniões diferentes tenham o direito de
expressar suas opiniões;
 Construção social do conhecimento, formação de leitores críticos da
realidade;
 Incluir processos criativos que ampliem os valores democráticos;
 Incluir experiências de aprendizagem em torno da problematização e
organização de pergunta.
 No Brasil, a democratização das escolas públicas é analisada a partir de
três perspectivas, segundo a visão das instituições oficiais ou da
perspectiva dos educadores, principalmente daqueles que leem de
forma mais crítica o processo educacional: Democratização ao mesmo
tempo em que amplia o acesso às instituições de ensino, democratiza o
processo de ensino e democratiza o processo administrativo.
Portanto, simplesmente criar escolas não é suficiente. Por um lado, é
necessário estabelecer estruturas e processos democráticos através dos quais a vida
escolar acontece e, por outro, estabelecer um currículo crítico e criativo cuja
organização estrutural seja flexível e aberta para proporcionar aos alunos experiência
na prática democrática, todos eles são baseados em Um sistema educacional que
permita às escolas exercer autonomia, descentralizar a tomada de decisões e adotar
a gestão colegiada, BRASIL; (2012).

4.1 O contexto escolar e ações práticas que se estabelecem no âmbito da


gestão escolar

De acordo com Lück (2009 apud MARANGON; 2014), a parte administrativa


das instituições de ensino abrangendo recursos financeiros, materiais, humanos e
físicos faz parte do enfoque conservador da gestão escolar do período proposto pelo
modelo positivista, que vê parte da educação em seres humanos depois disso. Tem
havido uma mudança de paradigma no trabalho que visa mudar a forma como as
próprias questões administrativas são vistas, de modo que novas metodologias e
novas terminologias surgiram para substituir a administração, que aos poucos é vista
como limitada, dando lugar ao que hoje é considerado um termo mais abrangente de
gestão. Essa mudança criou novas dimensões na gestão, incluindo a profundidade da
parte administrativa, pedagógica, financeira e política, MARANGON; (2014).
25
Segundo Lück (2006, p.104 apud MARANGON; 2014), essas dimensões são
também questões de autonomia, pois “nenhuma delas por si só é suficiente para
caracterizar a autonomia da gestão escolar, pois são interdependentes e se reforçam
mutuamente, servindo uma à outra”. A passagem de uma visão parcial para uma visão
holística traz muitas pistas para a gestão das instituições de ensino, pois exige "uma
interface contínua entre o modo de pensar e o fazer o trabalho da educação" (LUCK,
2009, p. 106) e aponta ao seguinte Indispensável:
[...] promover a expressão e a interação, analisar em conjunto diferentes
aspectos da realidade, analisar a relação entre os objetivos específicos de cada
campo de atividade, em relação aos objetivos gerais da educação e o programa de
ensino nas escolas. Os objetivos estão relacionados aos bens espaciais, materiais e
físicos em conjunto com o uso educacional dos recursos financeiros, visa atingir esse
objetivo. Nesse sentido, o significado dos recursos mudou, e os recursos são efetivos
não apenas pela sua presença nas escolas, mas também pela sua utilização no
processo educativo (p.106 apud MARANGON; 2014).
Portanto, o objetivo deste capítulo é analisar o ambiente escolar, considerando
possíveis impactos e ações práticas identificadas no contexto da gestão escolar, ou
seja, aspectos administrativos, pedagógicos e financeiros da realidade escolar,
introduzindo em suas recomendações pedagógicas uma série de objetivos que visam
melhorar a qualidade da educação e desenvolver valores sociais e pedagógicos para
a cidadania crítica e reflexiva, MARANGON; (2014).
O Instituto Estadual de Educação Edmundo Roewer, esta é a escola alvo deste
estudo, uma instituição pública comunitária que tem como foco as questões sociais
nas áreas de sua abrangência que ajudarão a proporcionar uma melhor qualidade de
vida para quem vive e dela depende, sem a pretensão de ser a melhor escola, mas
melhorar a cada dia, com a participação efetiva da comunidade, esse é contexto
escolar, MARANGON; (2014).
Uma de suas ações práticas foi o desenvolvimento de um programa de
educação política envolvendo toda a comunidade escolar, ou seja, projeto político-
pedagógico (pais, alunos, professores e funcionários), visando o bom
desenvolvimento do grupo, ou seja, a integração de todos os departamentos que
compõem a escola. O principal objetivo do PPP (projeto político pedagógico) é
manter uma relação harmoniosa entre todos os cursos oferecidos e todas as

26
disciplinas envolvidas para que juntos busquem um único objetivo, MARANGON;
(2014).
No programa de ensino político da escola (projeto político-pedagógico) da
escola, menciona-se que a gestão é participativa, desenvolvendo-se coletivamente
nas tomadas de decisões e encaminhamentos, espaços de qualificação e currículos.
A escola é gerida democraticamente em colaboração com a equipe de gestão,
conselho escolar, círculo de pais e professores, conselho estudantil, equipe docente,
grupo de apoio escolar (GAPE), funcionários e comunidade escolar. A filosofia da
escola é formar uma disciplina de diálogo e pesquisa, reconstruir o conhecimento
sistemático, respeitar a si mesmo, aos outros e ao meio em que se vive, ter
consciência crítica e compromisso com a mudança, MARANGON; (2014).
Seu principal objetivo é "proporcionar condições para a reconstrução do
conhecimento, as relações com as comunidades e a busca de alternativas que
constituam a cidadania. Apresenta como prioridades: aprender a pensar, pesquisar
como estímulo à busca do conhecimento, estímulo à leitura, exploração científica,
além do senso comum, produção individual e em grupo, aprofundamento da teoria e
da prática, habilidades de debate, postura moral do conhecimento ao relacionamento
de autorrealização e exploração, MARANGON; (2014).
Assim, dado o Programa de Educação Política do Instituto Edmundo Roewer,
ou seja, Projeto político-pedagógico e seus aspectos filosóficos e conceituais, este
capítulo apresenta uma análise do ambiente escolar, considerando possíveis
impactos e ações práticas estabelecidas no âmbito da gestão escolar. De fato, no
contexto das dimensões participativas observadas nesta instituição, optou-se por
abranger neste artigo três dimensões convergentes inter-relacionadas pelo
comportamento de seus sujeitos, a saber: administrativas; pedagógicas e financeiras,
MARANGON; (2014).

4.2 Dimensões administrativas

As transformações ocorridas em todo o mundo aceleraram o processo de


integração e reorganização do sistema capitalista no contexto da globalização. O
critério econômico adota o raciocínio de que a sociedade obedece às normas do

27
mercado e trata apenas da lucratividade, para a qual utiliza indicadores de eficiência,
produtividade e competitividade, MARANGON; (2014).
Como resultado, a organização do trabalho e as características do trabalhador
são afetadas, ecoando qualificações profissionais, métodos de ensino e instituições
de ensino (LIBANEO, 2004 apud MARANGON; 2014). De acordo com Lück (2009
apud MARANGON; 2014), hoje a dimensão administrativa se constrói no contexto do
acervo interativo de várias outras dimensões da gestão escolar, passando a ser vista
como alicerce de todas as outras dimensões, mas também vista como menos
funcional, mais dinâmica.
Segundo Lück (2009 apud MARANGON; 2014), algumas das competências
necessárias para uma boa administração nas escolas são a organização da parte
burocrática, ou seja, a documentação da escola; a gestão dos recursos materiais; os
aspetos humanos e físicos das instituições educativas; a gestão dos serviços de
apoio, entre outros.
No que diz respeito aos documentos escolares, eles devem estar sempre
organizados e atualizados, pois é a partir deste ponto que os envolvidos no dia a dia
da escola buscam subsídios na tomada de decisões e utilizam as informações
necessárias para facilitar o bom progresso na prática docente, ou seja, prática
pedagógica. Nas escolas-alvo deste estudo, a maioria dos documentos encontra-se
na secretaria da escola e está à disposição de todos os interessados, como projetos
de educação política, grupos escolares, documentos registrados pelos alunos de suas
jornadas dentro da instituição de ensino, etc., MARANGON; (2014).
Por isso é muito importante organizar e guardar esses documentos no que diz
respeito à vida escolar do aluno e qualquer descuido pode causar sérios problemas
para a instituição, seja ela profissional ou estudantil. Da mesma forma, pode impactar
no dia a dia de professores e funcionários, pois pode prejudicar suas relações
funcionais se não for devidamente organizado, o que pode causar problemas quando
esse servidor for desativado. Além da organização e cuidado, conforme descrito
acima, são necessários ética, integridade e confidencialidade para o manuseio desses
documentos. (LÜCK, 2009 apud MARANGON; 2014).
Outro ponto da dimensão administrativa recai sobre a gestão dos recursos
físicos e materiais da escola, Lück (2009 apud MARANGON; 2014) afirma que a
gestão do patrimônio físico da escola deve ser digna de atenção educativa, pois não

28
só ativos disponíveis sejam observados para subsidiar e enriquecer a experiência de
aprendizagem, possibilitando que seja mais eficaz e dinâmica, além de construir uma
cultura escolar e desenvolver valores relacionados ao respeito aos bens públicos, seu
uso adequado do mesmo, e sua proteção e manutenção.
O bom uso dos recursos físicos é importante, e para as escolas que buscam
estimular e ensinar os alunos a cuidar dos espaços físicos e dos materiais fornecidos,
incutir nos alunos desde cedo o respeito e o exercício da cidadania, seja cuidando dos
materiais escolares ou cuidando dos outros; respeito aos professores e funcionários;
Fatos ocorridos na escola alvo desta monografia profissional. Percebe-se que os
recursos materiais bem administrados são pré-requisitos para um bom progresso na
prática docente de qualidade. (Sorte, 2009 apud MARANGON; 2014). A dimensão
gerencial é função do processo organizacional, ou seja, é a própria organização
(LIBÂNEO, 2004 apud MARANGON; 2014).
Refere-se à previsão e racionalização do uso de recursos humanos, materiais,
físicos, financeiros, e de informação que são os meios de trabalho para garantir a
eficácia do processo de ensino. A organização e utilização eficaz destes meios é
condição necessária para o funcionamento da escola, MARANGON; (2014).
Portanto, é necessário dar a devida consideração a todos os aspectos da vida
escolar na organização global da escola, tais como: situação física, material e
financeira; definição das funções e atividades do pessoal que integra os vários
departamentos da escola; procedimentos administrativos; sistemas de assistência
pedagógica para professores; serviços de administração, limpeza e conservação;
horários escolares, matrículas, alunos por turma; práticas disciplinares; contatos dos
pais, etc., MARANGON; (2014).
Essas situações mostram que, enquanto os recursos materiais são
importantes, os recursos humanos são fundamentais para o bom andamento das
atividades do dia a dia escolar. Uma força de trabalho alinhada às necessidades
educacionais, aliada à gestão democrática do ambiente escolar, pode aproveitar
melhor esses recursos. O que as escolas precisam é de trabalho em equipe focado
na criação de um ambiente educacional positivo para o treinamento e aprendizado
dos alunos e para atender a essas necessidades, MARANGON; (2014).

29
Os colaboradores dos serviços de apoio são todos colaboradores do processo
educativo, independentemente da sua função específica, e a gestão desta função
pelos supervisores deve ser orientada por esta perspectiva. Equipes bem lideradas
permanecem motivadas em direção a esse objetivo e trabalham juntas para apoiar
umas às outras enquanto realizam esse trabalho, MARANGON; (2014).
Para Lück (2009 apud MARANGON; 2014), isso significava que a secretária
fazia parte da equipe de apoio escolar; a equipe de limpeza e manutenção e a equipe
da merenda escolar; os supervisores e/ou coordenadores instrucionais, entre outros,
afirmavam que era necessário "manter essa equipe focada na dando vida ao ambiente
escolar, construindo um ambiente social positivo, todos sentem a responsabilidade de
construir a educação de seus alunos” (LÜCK, 2009, p.111 apud MARANGON; 2014).
Os autores também ressaltam que o envolvimento de toda a comunidade escolar
nessa dimensão é fundamental como forma de ampliar a relação entre essas
disciplinas e as escolas.
Nesse contexto, percebe-se a importância da governança democrática no
ambiente escolar. De acordo com a gestão democrática da educação da educação
institucional e sistema educacional é um dos princípios constitucionais da educação
pública art. 206º da Constituição Federal de 1988. O desenvolvimento integral do ser
humano serve como garantia educacional das obrigações do Estado e dos direitos
dos cidadãos de acordo com o art. 205º não estaria completo sem acontecer na prática
concreta nos espaços escolares, MARANGON; (2014).
No que lhe respeita, a LDB, Lei N° 9394/1996, afirma esse princípio e
reconhece à organização federal, no caso da educação básica, a definição das
normas de gestão democrática, a construção de uma cultura de participação e
transmissão ao sistema educacional comunidade escolar, promovendo a promoção
da confiança nas escolas públicas para facilitar o desenvolvimento integral dos alunos.
O conceito de democracia participativa enfatiza a necessidade de ajustar a ênfase nas
relações interpessoais e nas deliberações participativas de forma efetiva para atingir
com sucesso os objetivos das instituições educacionais (LIBÂNEO, 2003 apud
MARANGON; 2014).
Portanto, a gestão democrática é o exercício dos cidadãos e a base do
progresso social, e os programas sociais são mais justos e igualitários. No entanto, a
gestão democrática das instituições educacionais precisa ser vista como uma

30
ferramenta para restaurar a autoconfiança e a legitimidade institucional. Isso significa
resgatar a crença, o diálogo e o comprometimento de todas as partes envolvidas nos
programas da instituição, bem como os objetivos de curto e longo prazo da escola, e
significa enxergar o nível administrativo como um ambiente escolar ativo e que
representa responsabilidade no organização e gestão da escola, MARANGON;
(2014).

4.3 Dimensões Pedagógicas

A educação é vista como a assimilação do conhecimento gerado


historicamente, um método social baseado na modernização da própria cultura e
história do sujeito. Isso constrói o aprendizado, a prática, os valores e tudo o que
constitui o conhecimento que é historicamente produzido na composição de sua
história de vida (PARO, 1997 apud MARANGON; 2014).
Essa visão de educação faz parte da perspectiva do sujeito histórico que criou
sua própria humanidade por meio de seu trabalho. As pessoas estão sempre em
busca de novos objetivos para superar as imposições naturais que atingem através
do trabalho. Assim, a obra não constitui a conclusão do sujeito, mas sua intercessão
para uma existência satisfatória. (Paro, 1997 apud MARANGON; 2014). Nessa
direção, a dimensão pedagógica está associada ao engajamento humano pelo
trabalho, referindo-se a:
[...] a prática em si é um processo formativo e, portanto, um elemento essencial
na promoção da aprendizagem significativa e na construção do conhecimento.
Construindo-se como um processo permanente de ação-reflexão que atinge seus
objetivos por meio da discussão colegiada e da busca de questões escolares, oferece
aos participantes a oportunidade de desenvolver o senso de responsabilidade
compartilhada e o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades, relevância e
atitudes para essa prática social (SORTE, 2011, p. 67 apud MARANGON; 2014).
Desta forma, considera-se que o papel originário da dimensão pedagógica no
contexto da gestão escolar é promover a aprendizagem e a qualidade dos alunos
como oportunidades para que desenvolvam competências sociais e pessoais
necessárias à sua integração no mundo do trabalho e na sociedade para que eles
podem alcançar seus próprios objetivos e viver a vida de um cidadão. Para Paro (1997

31
apud MARANGON; 2014), todos eles possuem conexões necessárias para o ensino
voltado para o desenvolvimento humano. É preciso compreender que, como se viu na
prática docente passada, não basta a preparação para o mercado de trabalho ou para
a faculdade, como era visto nas práticas pedagógicas de antigamente.
As instituições de ensino precisam preparar o aluno para as relações com o
mundo para que ele possa viver em sociedade com integridade e consciência crítica.
A premissa para garantir isso é que a educação se manifeste como uma relação
interpessoal do tipo dialogal, que garante a subjetividade de professores e alunos,
Lück (2009 apud MARANGON; 2014).
Quais são os principais objetivos da escola? A resposta lógica a essa pergunta
é que os alunos aprendam e tenham a oportunidade de desenvolver suas
potencialidades e habilidades necessárias para que possam participar ativamente do
meio social em que participam, tanto para valer-se de sua herança sociocultural e
produtiva, quanto para contribuir à sua expansão. Portanto, o aprendizado e a
formação dos alunos são o foco do trabalho da escola, MARANGON; (2014).
Segundo Lück (2009 apud MARANGON; 2014), esse é o principal objetivo da
escola, mas para alcançá-lo é necessária a participação ativa dos envolvidos na
prática escolar. Porque uma instituição de ensino é "uma organização social composta
e feita de pessoas" (p.94). Assim: É claro que, por sua complexidade, dinâmica e
abrangência, esse processo requer uma gestão específica envolvendo articulação
entre conceitos, estratégias, métodos e conteúdo, bem como esforço, recursos e
ação. Concentre-se no resultado esperado. Esse processo de articulação representa
a gestão pedagógica do ensino.
A dimensão pedagógica é uma das mais importantes porque formula uma
prática voltada para as mudanças nos métodos sociais que ocorrem dentro dela e, no
último minuto, na própria prática de ensino. A sua implementação depende de
“coordenar, dirigir, planear, acompanhar e avaliar o trabalho docente realizado pelos
professores e praticado em toda a escola” (LÜCK, 2009, p. 94 apud MARANGON;
2014), ou seja, os professores estão a partilhar com outros profissionais as decisões
globais e específicas, eles são responsáveis por essas decisões e, portanto,
trabalham juntos para implementá-las (LÜCK, 2011 apud MARANGON; 2014).

32
Dessa maneira, dá para perceber a grande relevância da dimensão pedagógica
e sua importância, pois, todas as ações têm caráter pedagógico participativo, uma vez
que a aprendizagem é passível de resultar de tudo o que o ser humano faz, mesmo
que ocorra de forma espontânea.

4.4 Dimensões Financeiras

Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (BRASIL, 1996 apud


MARANGON; 2014) às escolas passaram a ter maior autonomia para decidir as suas
questões financeiras, e os meios fornecidos pelo governo que começaram a ser
revestidos para o que as escolas realmente precisavam.
O financiamento relacionado as verbas são calculados com base no número de
alunos do ensino básico e no censo escolar do ano anterior. Um desses esquemas é
o Projeto Dinheiro Direto na Escola (PDDE), em que um conselho escolar e um círculo
de pais e professores atuante são suficientes para que uma escola possa se cadastrar
e receber financiamento do governo federal e destiná-las conforme o grupo escolar
decidir, MARANGON; (2014).
Esses recursos podem ser usados para obter materiais, para manutenção da
escola, para educação continuada de professores e funcionários e muito mais. Além
dos recursos do disponibilizados pelo governo federal, as partes financeiras escolares
podem solicitar outros recursos, mas é importante ressaltar que quem faz esse
trabalho dentro das instituições de ensino tenha conhecimento das leis vigentes e as
habilidades necessárias para encaminhar o pedido e incluir esses recursos para a
escola, MARANGON; (2014).
O trabalho do responsável pelas finanças da escola deve ser totalmente
coordenado com a equipe de gestão da escola, pois é o diretor quem é responsável
pela gestão dos recursos financeiros, em articulação com a Caixa Escolar, o conselho
escolar, o círculo de pais e professores, composta por membros da comunidade
escolar, MARANGON; (2014).
Lück (2009, p.114 apud MARANGON; 2014) defende que o papel do diretor é
atender às necessidades administrativas e financeiras da escola "de acordo com os
princípios da gestão racional, em apoio a uma perspectiva e visão que promova o

33
ensino de qualidade, e promova e motive aprendizagem do aluno" ”, mas sem deixar
de lado a questão do ensino, que é tão importante quanto as demais.
No entanto, as dimensões financeiras, assim como as dimensões
administrativa e pedagógica, estão fundamentadas na relação da gestão com as
demais secretarias e setores, sugerindo que o conceito de gestão democrática
participativa precisa ser plenamente compreendido pelos envolvidos no processo,
MARANGON; (2014).

5 GESTÃO ESCOLAR X ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

De acordo com SANTOS; (2005) o uso da terminologia pode ser observado em


pesquisas bibliográficas, no cotidiano das escolas, representantes de instituições de
ensino e na literatura educacional, o uso do termo gestão em detrimento do termo
administração. É questionável se essa substituição é apenas terminologia ou se de
fato a acompanha para implementar novas atitudes e valores no ambiente escolar.
Silva Junior (2002, p. 202 apud SANTOS; 2005) destacou que não é possível
“tentar estabelecer uma diferença substancial entre os dois na literatura dedicada à
administração. Mais importante ainda, os autores ressaltam a necessidade de “refletir
sobre as consequências práticas da gestão escolar no Brasil e no exterior, a saber, o
quase abandono do conceito de gestão escolar em favor do conceito de gestão
escolar”. O auto explica:

Todo o arcabouço teórico da „ciência da administração‟, se ela existir, foi


construído tomando-se como referência empírica as situações das
organizações privadas. E todo projeto „bem-intencionado‟ de conferir suporte
científico à prática da administração pública pretende requalificá-la pela
imposição de práticas da administração privada. (SILVA JUNIOR, 2002, p.
202 apud SANTOS; 2005).

De acordo com SANTOS; (2005), para o autor, a superioridade do conceito de


gestão sobre o conceito de administração é resultado do domínio da administração de
empresas na sociedade como um todo, o que possibilita que espaços públicos,
incluindo escolas, como gerir. Nesse entendimento, a boa gestão passa a ser aquela
que incorpora mecanismos de competitividade empresarial rigorosamente testada e
aprovada, que não necessariamente leva a mudanças de comportamento e valores

34
em paralelo com mudanças na terminologia. Ao introduzir práticas de administração
privada, as administrações públicas escolares recomendam:

Gestão democrática ou por liderança da escola e das salas de aula; o diretor


como líder da comunidade educativa; o professor como líder dos alunos; a
escola como ambiente da satisfação das necessidades de seus membros;
ensino baseado no aprendizado cooperativo; participação do aluno na
avaliação de seu próprio trabalho; trabalho escolar de alta qualidade como
produto de uma escola de qualidade. (MAIA, 2000, p.51 apud SANTOS;
2005).

A democratização das escolas é baseada na liderança decisória onde todos


estão envolvidos para entender seu papel no enfrentamento das expectativas dos
alunos de acordo com os cargos estabelecidos, envolve todos os envolvidos no
ambiente escolar de forma cooperativa e satisfatória. As atividades administrativas
não acontecem do nada, elas são realizadas sob certas condições históricas para
atender às necessidades e interesses das pessoas e grupos. A gestão escolar está
ligada à organização da sociedade como um todo, na qual a ação é realizada e exerce
ações, encontrando as fontes de seus constrangimentos, SANTOS; (2005).
A gestão escolar é um ensino técnico-científico baseado no positivismo racional
ou no paradigma da análise empírica, e tem como características básicas a visão da
realidade como um todo estruturado e a defesa da neutralidade da relação entre
sujeito e objeto de conhecimento, SANTOS; (2005).
Paro (2005, p.18 apud SANTOS; 2005) destaca que "a administração como
entendida e realizada hoje é produto de uma longa evolução histórica, marcada por
contradições sociais e interesses sociopolíticos em jogo". Nesse sentido, a relação
sujeito-objeto é fragmentada e reflete uma visão de educação baseada na relação
hierárquica e dual de poder e autoridade entre o professor (professor) e o educando
(aluno).

A administração escolar é o processo racional de organização, comando e


controle, enquanto que a gestão se caracteriza pelo reconhecimento da
importância da participação consciente e esclarecida das pessoas nas
decisões sobre a orientação e execução do seu trabalho (MARTINS, 1999, p.
165 apud SANTOS; 2005).

Para SANTOS; (2005) de fato, a gestão se estabelece de forma democrática,


com a participação de representantes de diferentes segmentos da comunidade
escolar, que são tratados de forma igualitária em suas diferenças, têm voz e, portanto,
são reconhecidos. Ao considerar a possibilidade de adotar o termo gestão para
35
denotar mudanças de atitudes, princípios e valores no ambiente escolar, parece que
somente a introdução de um novo termo pode ser responsabilizada por essa profunda
mudança na organização escolar. Há necessidade de introduzir novos princípios nas
escolas, como autonomia, participação, poder compartilhado e cooperação.

É preciso repensar as relações hierárquicas existentes dentro do ambiente


escolar, sendo necessário estabelecer e manter relações horizontais, com o
incentivo à cooperação entre os membros do colegiado e o respeito ao
próximo (ABRANCHES, 2003, p.65 apud SANTOS; 2005).

Os autores apontam que “o espírito da democracia ainda precisa ser realizado,


o que requer a realização de um senso de coletivo e autogoverno nos processos
decisórios” (ABRANCHES, 2003, p.66 apud SANTOS; 2005) demonstrando a
necessidade de compreender o papel de cada pessoa na instituição escolar para obter
Trabalho mais participativo, dinâmico e eficiente, resultando em parâmetros
educacionais mais adequados às necessidades de todos.
Os autores citados apontam que existem diferentes aspectos entre empresas
e escolas, portanto, situações específicas devem ser consideradas. Sobre mudança
terminológica, com base no exposto, considera-se mais uma consequência da
influência do mercado (leia-se mundo dos negócios empresariais) em todas as
sociedades (incluindo as escolas), SANTOS; (2005).
A diferença entre gestão e administração está atualmente em discussão, no
que diz respeito ao entendimento de sua real abrangência. Em suma, pode-se dizer
que a administração é planejar, organizar, dirigir e controlar pessoas para atingir os
objetivos da organização de forma eficaz e eficiente. A gestão, por outro lado, envolve
o uso de todas as funções e conhecimentos necessários para atingir efetivamente os
objetivos de uma organização por meio das pessoas SANTOS; (2005).
A gestão pode ser considerada bem-sucedida se funcionar na perspectiva da
democratização, participação e inclusão social. Dessa forma, podemos dizer que é
uma gestão participativa, que se concentra na diversidade escolar, trabalha a partir
de uma perspectiva de inclusão e trabalha para construir uma escola equitativa e
acessível a todos, SANTOS; (2005).
A principal qualidade de um gestor é focar na construção de uma gestão
participativa em sua unidade escolar. Deve-se saber que a boa governança, ou seja,
boa gestão não pode ser estabelecida sem o envolvimento do coletivo escolar.
Inicialmente, devido às tradições concentradas da sociedade e das escolas
36
brasileiras, foi necessário envolver os professores, principalmente os pais. À medida
que a escola consegue envolver diferentes departamentos em sua gestão, constrói
uma cultura democrática e os sujeitos passam a perceber o impacto de sua
participação e a consideram importante, SANTOS; (2005).
A boa gestão deve ser democrática. Envolve diferentes departamentos na
gestão escolar, especialmente através dos conselhos de escola ser ativo, discutir e
deliberar sobre questões pedagógicas, administrativas e financeiras. No entanto,
democratizar a gestão escolar não é fácil construir e deve ser entendido como um
processo contínuo que pode acontecer de formas muito diferentes em cada escola,
SANTOS; (2005).

5.1 GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO: RESSIGNIFICANDO


CONCEITOS E POSSIBILIDADES

Com a compreensão que a gestão democrática é único caminho que ocorre a


possibilidade para as escolas, temos agora uma gestão com característica de
governança sendo ela participativa, onde todas as instituições de ensino como por
exemplo os agentes educadores, devem fazer e alcançar objetivos. A partir da LDB
9394/69 que surgiu a gestão democrática, dessa maneira a será considerada gestão
e não administração, RIBEIRO; (2021).
Conforme Ferreira (2000 apud RIBEIRO; 2021), embora existam muitos
conceitos sobre a relação entre educação e sociedade, a existência de educação e
produção, ou educação e atividade econômica, todos eles têm algumas questões
inquestionáveis, ou seja, todos eles têm algo indiscutível sobre a condição humana
que constitui a razão de ser de toda instituição escolar: em seu nível amplo, pessoal
e profissional, a formação humana de homens e mulheres. São eles:
 A escola oferece um tipo de treinamento para a formação que não está
prontamente disponível em outros lugares;
 A escola é uma instituição cujo papel é socializar o conhecimento
sistemático, existente em facilitar o acesso aos instrumentos, poder
acessar esse conhecimento;
 O treinamento para a formação abrange elementos cognitivos
(aprendizagem, ensino, habilidades, conhecimentos, formação,

37
qualificações) e elementos atitudinais (socialização, disciplina,
comportamento, carácter);
 O processo de passagem pela escola e sua relação com o desempenho
do aluno, ou seja, o sucesso ou o fracasso acadêmico, tem um impacto
relevante no acesso às oportunidades sociais para a vida social.
Vale ressaltar que a vida futura de cada pessoa que passar por ela dependerá
da formação ministrada pela escola, RIBEIRO; (2021).
 As escolas são lugares de reprodução, lugares de produção de políticas,
diretrizes e regras.
 A escola está inserida em uma sociedade global e na chamada
sociedade do conhecimento, o mundo do trabalho e as relações sociais
sofreram mudanças drásticas e profundas, com efeitos
desestabilizadores sobre todos os seres humanos, exigindo assim novos
conteúdos formativos, novas formas de organização e gestão. A
educação reincorpora o valor da teoria e prática da administração da
educação.
Pode-se perceber que a vida futura de todos que passarem pela escola
dependerá da qualidade da gestão da administração da educação. A qualidade da
gestão educacional terá impacto relevante na probabilidade de acesso às
oportunidades sociais para a vida social, pois a organização da escola e sua gestão
revela seu caráter excludente ou includente. Diante dessas questões inquestionáveis,
a administração da educação tem a responsabilidade de avançar em sua regulação
teórico-prática para garantir que a educação para todos seja ministrada com a mais
alta qualidade para que as escolas cumpram suas funções sociais e políticas
institucionais, RIBEIRO; (2021).
Nesta afirmação, a escola tem uma enorme responsabilidade pela formação
que proporciona e pela gestão para garantir a viabilidade dessa formação. Como
todos sabemos, as escolas não se separam ao acaso, mas se integram nas políticas
educacionais que orientam. Por meio da gestão educacional, ela é colocada em
prática, concretizando as diretrizes que emergem da política, ao fornecerem o Norte,
eles estabelecem os parâmetros de ação e, de forma dominante, os tipos de mulheres
e homens que devem ser formados, RIBEIRO; (2021).

38
No entanto, a gestão da educação deve não apenas implementar as diretrizes
emitidas, mas também explicar e subsidiar as políticas emitidas, e também explicar e
subsidiar as políticas públicas na rede econômica e as políticas públicas na rede
econômica, política e social, global que atravessamos e que se refletem no espaço
escolar, RIBEIRO; (2021).
Além disso, de acordo com Ferreira (2000 apud RIBEIRO; 2021), no contexto
de mudanças no trabalho e nas relações sociais, a administração da educação, tem
A era da globalização e da chamada sociedade do conhecimento passa também por
uma fase de profunda transformação, que constitui uma série de diferentes medidas
e construções que visam, expandir o conceito de escola; reconhecer e fortalecer sua
autonomia, promover a articulação entre as escolas e sua integração com o campo
educacional mais amplo e adotar estilos de gestão específicos e adaptados à
diversidade das circunstâncias existentes, (BARROSO, 1998 apud FERREIRA, 2000,
p. 11 apud RIBEIRO; 2021).
Para RIBEIRO; (2021) todas essas medidas se baseiam na crença de que a
gestão democrática, a construção coletiva de projetos político-educacionais e a
autonomia escolar são fundamentais. Os pressupostos básicos do desenvolvimento
cívico. Portanto, o ajuste do papel da escola como instituição formadora não pode
apenas se conecta com a lógica do mercado de trabalho, mas cumpre sua função
social, ou seja, cumpre seu papel de sistema político. Com este pensamento,
A gestão democrática é um processo de aprendizagem e luta política que não
se limita à prática educativa, mas nas especificidades dessa prática social e sua
relativa autonomia, vislumbra a possibilidade de criação de canais efetivos,
participação e aprendizagem sobre jogos democráticos e, daí um repensar das
estruturas de poder autoritárias que permeiam as relações sociais e a prática
educativa. (DOURADO apud FERREIRA, 2000, p. 79 apud RIBEIRO; 2021).
Desta forma, ressalta o caráter cívico do exercício da gestão democrática pois
ao possibilitar a participação efetiva de todos: Participação Cívica: dentro da
Construção e gestão de projetos de trabalho que formarão o ser humano nas escolas
e também possibilitarão a autoeducação de todos os alunos a participar e engajar-se
em leituras, interpretações, debates e posicionamentos que possam subsidiar novas
políticas, repensar e colocar em prática Estruturas de poder profissional e autoritárias,

39
pois, ainda existem na sociedade em geral e, portanto, na educação e nas escolas,
RIBEIRO; (2021).
No entanto, muito ainda precisa ser feito para tornar a importância e a
conscientização da verdadeira participação cívica - que hoje transcende os cidadãos
locais e exige a possibilidade e as condições da cidadania global - na construção da
democracia, nos programas políticos educacionais, nas escolas autônomas, na vida
em si, é a realidade. Esses pressupostos básicos são objeto de construção teórica e
prática no campo da administração da educação, alcançado através da luta dos
educadores na conquista consubstanciada em nossa Carta Magna educar, RIBEIRO;
(2021).

A Lei n. 9.394/96 em seu Art. 14 estabelece que os sistemas de ensino


definirão as normas de gestão democrática do ensino público na educação
básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes
princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do
projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e
local em conselhos escolares ou equivalentes.
No Art. 15°, a mesma lei prescreve que “Os sistemas de ensino assegurarão
às unidades escolares públicas de educação básica que os integram
progressivos graus de autonomia pedagógico e administrativa e de gestão
financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. ”
Ratificando, assim, ambos os artigos, a necessidade do desenvolvimento,
organização e exercício da gestão democrática da educação, princípio
constitucional que é validado;
No Art. 3º da nossa Carta Magna da educação quando se refere aos
princípios que deverão embasar o ensino e a construção da autonomia da
escola. Trata-se portanto, de uma afirmação não causal, mas que representa
uma diretiva de organização, que é a expressão de uma escolha precisa e
constitui um dos princípios fundamentais do ordenamento educacional, que
vai muito além das limitadas e mais modestas exigências de ordem técnica
incidindo profundamente sobre toda a estrutura do Estado e das instituições
modificando-as e contribuindo, sempre que provoque uma divisão de
soberania em sentido horizontal, para garantir sobretudo as exigências de
caráter democrático deste ordenamento. (BRASIL, 1996 apud RIBEIRO;
2021).

De acordo com Ferreira (2000 apud RIBEIRO; 2021), Gestão Democrática,


participação de profissionais e comunidades escolares, elaboração de programas de
ensino escolar, autonomia pedagógica e administrativa são, consequentemente, são
os elementos básicos da gestão geral da educação e os elementos básicos da
construção de um sistema de gestão educacional. Neste contexto, vale ressaltar
algumas definições que podem nos levar a ressignificar a gestão educacional e
a administrativa. Um compromisso geral com os desafios intelectuais necessários
para construir o conceito de humanidade como uma comunidade planetária.

40
Gestão (do latim gestio-õnis) significa o ato de administrar, dirigir, gerir,
gerência, Ferreira (1999 apud FERREIRA, 2000, p. 985 apud RIBEIRO;
2021). Gestão é administração, é tomada de decisão, é uma organização e uma
direção. Preocupa-se com as atividades que levam uma organização a atingir seus
objetivos, desempenhar suas funções e desempenhar seu papel. Consiste em
princípios e práticas que afirmam ou negam os princípios da sociedade, pois a gestão
educacional visa promover o desenvolvimento humano.
A gestão educacional é responsável por garantir a qualidade da “Mediação na
prática social global” Saviani (1980 apud FERREIRA, 2000, p. 120 apud RIBEIRO;
2012), que constitui o único mecanismo de humanização humana, ou seja, a
educação, a humanização dos cidadãos. Seus princípios são princípios educativos
que a gestão garante alcançar - sabedoria para conviver, respeito às diferenças,
compromisso com a sabedoria um mundo mais humano e justo para todos que nele
vivem, independente de raça, cor, credo ou escolhas de vida.
O termo surgiu historicamente no contexto da administração educacional e no
estudo de instituições e organizações, incluindo a educação, como um sinônimo
voltado para administração que se inseri no mundo do pensamento com um
significado mais dinâmico, traduzindo ação, movimento, mobilização e articulação.
Embora haja alguma divergência na literatura sobre a aplicação do conceito de gestão
à educação, seu principal uso hoje é expressar a responsabilidade pela direção e
garantia da qualidade da educação e do processo educacional em todos os níveis e
nas escolas, RIBEIRO; (2021).
Nesse sentido, Sacristã (apud FERREIRA, 2000, p. 15 apud RIBEIRO; 2021)
escreveu sobre uma nova abordagem para a compreensão da gestão escolar,
observando que, a gestão escolar instala uma dimensão da educação institucional, e
sua prática evidencia a intersecção da intenção regulatória e o controle da
administração educacional, as demandas sentidas pelos professores de confrontar o
seu próprio desenvolvimento profissional nas manifestações mais imediatas, bem
como as legítimas reivindicações dos cidadãos de terem um interlocutor íntimo que
lhes dê razão e garantia de qualidade na prestação coletiva deste serviço educativo.
Superar os conceitos tayloristas/fordistas que têm sido a fonte de orientação na
pesquisa em administração da educação por décadas, a gestão democrática da
educação constrói a cidadania dos membros da escola através da participação, e de

41
uma só forma, onde participam, contribuindo para esse aprendizado e desenvolvendo
um senso mais amplo de participação no mundo. Modelos de administração da
educação foi desenvolvido em estruturas hierárquicas verticais e rígidas não abrem
espaço significativo para mudança, engajamento ou criatividade, RIBEIRO; (2021).
A respeito disso, para atender às exigências de uma organização social,
incluindo normas e comportamentos, que também são atravessados por rigidez e
estabilidade, a base taylorista/fordista gera tendências embora na versão sempre
conservadora das escolas tradicionais, emergentes e tecnocráticas, ora priorizando a
racionalidade formal e ora técnica, a prática docente é sempre pautada na uma ruptura
entre o pensamento e a ação, (KUENZER apud FERREIRA, 2000, p. 167 apud
RIBEIRO; 2021).
Assim, para Ferreira (2000 apud RIBEIRO; 2021), redefinir a gestão
educacional é entendê-la em função das decisões atuais sobre realidades planetárias
que exigem a formação de novas e, portanto, novas sociedades do mundo
educacional baseadas na construção democrática da solidariedade. Redefinir a
gestão educacional é fortalecer o status teórico/prático de seu conteúdo voltado para
salvar a unidade humana e a diversidade humana.
A realidade, não importa como é sentida e percebida, concebida e considerada,
deve sempre ser vista como um reino de possibilidades. A tarefa da teoria é
justamente definir e avaliar a natureza e o alcance das alternativas para substituir as
teorias empiricamente definidas como teorias críticas, ou seja, teorias que não
reduzem a realidade à existência, RIBEIRO; (2021).
Nessa perspectiva, Ferreira (2000, p.22 apud RIBEIRO; 2021) adverte contra
as seguintes observações, uma análise crítica da existência parte do pressuposto de
que a existência não esgota as possibilidades de existência e, portanto, a existência
pode superar existir. O desconforto, o inconformismo ou a indignação com o que existe
cria uma ânsia de teorizar sua superação.
A vitória sobre a barbárie e a vergonha do mundo depende em grande parte da
política e da gestão da administração da grande organização internacional que detém
a hegemonia mundial e planetária. Mas não só isso. É urgente pensar a possibilidade
de teorizar a superação e o estabelecimento de uma nova realidade mais humana.
Quando as escolas são geridas democraticamente, todos são ouvidos e precisam
estar cientes da importância de sua participação na tomada de decisões. Nesse ponto,

42
precisamos falar sobre autonomia escolar. Para que a gestão democrática seja bem-
sucedida, a autonomia da escola é essencial. Lück (2000 apud RIBEIRO; 2021)
argumenta que, como conceito para explicar situações complexas e multifacetadas, a
autonomia não pode ser explicada simplesmente pelo significado. Ela precisa ser
expressa de uma forma particular para explicar um processo que se pretende instaurar
na escola.
Assim, o desdobramento múltiplo e complexo de conceituar e explicar seu
significado significa que a visão geral está na escola, que tipo de identidade esta
instituição constrói e pretende construir, que tipo de relação existe entre ela, a sua
comunidade e a instituição central. Assim, as implicações políticas e sociológicas
deste conceito são múltiplas, RIBEIRO; (2021).
No contexto da educação, a autonomia inclui a ampliação dos espaços
decisórios visando o fortalecimento da escola como organização social. Visando a
melhoria da qualidade da educação, uma sociedade recíproca. A autonomia é
característica do processo de gestão Participativa, expressa quando a
responsabilidade social é plenamente assumida, por meio de aprendizados
importantes para facilitar a formação de jovens aptos às necessidades de
desenvolvimento de uma sociedade democrática, RIBEIRO; (2021).
É um conceito que ocorre dinamicamente, em um continuum fluido, baseado
na manifestação da participação local, em conflito com as decisões externas. Isso
também abrange as mudanças de um princípio de unidade, definida por regras e
regulamentos, princípios unificados, guiados por princípios e diretrizes, RIBEIRO;
(2021).
Assim, a autonomia não se limita às questões financeiras, nem é mais
importante nesta dimensão, mas politicamente, ou seja, em termos de capacidade
tomar decisões compartilhadas e comprometidas e usar os talentos e habilidades de
organização e expressão coletiva para resolver problemas e desafios educacionais,
responsabilizando-se pelos resultados dessas ações, ou seja, apropriando-se de seu
significado e autoria. A descentralização é um meio e não um fim para a construção
da autonomia, e é também um meio para a formação da democracia estudantil,
RIBEIRO; (2021).

43
Essa posição é sustentada pelo entendimento de que todas as questões
relacionadas à educação são coletivas, e não apenas questões governamentais. As
soluções devem, portanto, ser buscadas em conjunto, levando em consideração a
reflexão coletiva sobre a realidade e a necessidade de negociação e crenças locais
sobre sua eficácia, o que só pode ser praticado por meio de espaços autônomos. Vale
lembrar aqui que uma decisão corresponde primeiro a estabelecer um compromisso
firme e determinado de ação sem o qual o necessário e desejado não seria uma
realidade; portanto, não uma formalização de intenções ou expectativas. Lück (2000
apud RIBEIRO; 2021) ainda fornece algumas explicações para a prática da autonomia
escolar: a existência de uma estrutura de gestão colegiada, que assegure uma gestão
compartilhada, eleição de diretores e ações em torno de projeto político-pedagógico.
Conforme RIBEIRO; (2021) em relação a estrutura da gestão colegiada, de
acordo com o próprio Ministério da Educação (MEC) orienta a estrutura
organizacional, com o objetivo de ser sistemática e ordenada. As ordens formam
esses mecanismos de gestão, coletivamente denominados unidades de execução,
cuja principal responsabilidade é receber, executar e gerir os recursos financeiros da
unidade escolar:

A Unidade Executora é uma denominação genérica, adotada para referir-se


às diversas nomenclaturas, encontradas em todo território nacional para
designar entidade de direito privado, sem fins lucrativos, vinculados à escola,
tendo como objetivo a gestão dos recursos financeiros, transferidos para a
manutenção e desenvolvimento do ensino. Não importa qual a denominação
que a unidade escolar e a comunidade escolham para a Unidade Executora,
seja ela Associação, Caixa Escolar, Círculo de Pais e outras. O princípio
básico é a busca da promoção da autonomia da escola e participação da
comunidade, em todas as suas dimensões: pedagógica, administrativa e
financeira, (BRASIL, 1997 apud LÜCK, 2000, p. 22 apud RIBEIRO; 2021).

Portanto, quando falamos em gestão colegiada é preciso considerar aqueles


indivíduos leais que representam a comunidade escolar com responsabilidade e
comprometimento. Para Freitas (2000 apud RIBEIRO; 2021), a mudança
organizacional envolve pessoas com alta autoestima, respeito ao próximo e
habilidades científicas e técnicas. Sem esses elementos, as mudanças são
impossíveis de acontecer. O exercício da autonomia e do planejamento participativo
nas escolas requer mudança de comportamento e comunicação clara e aberta entre
todos os componentes da escola e a comunidade local.

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Os gestores educacionais de sistemas e escolas necessitam desenvolver
habilidades em planejamento participativo, identificação e resolução de problemas,
gestão financeira, liderança democrática, currículo e relações interpessoais. As
escolas públicas devem planejar caso a caso, integrando questões administrativas e
financeiras com currículo e outras questões de educação política. A legislação
existente que permite a gestão participativa e as práticas de gestão participativa é
necessária, mas não suficiente. As escolas e suas equipes devem estar preparadas
para ocupar esse espaço com comprometimento, capacidade humana, teórica,
técnica e política, RIBEIRO; (2021).
De acordo com RIBEIRO; (2021) a gestão escolar que sustenta a participação
democrática requer competências cognitivas e emocionais, apoiadas em valores
internalizados, hábitos, atitudes e conhecimentos. Para o desenvolvimento de atitudes
coletivas, é importante fomentar a coesão, começando pela formação de equipes
escolares em torno de objetivos comuns. Nesse sentido, de acordo com o Programa
Nacional de Fortalecimento dos Concelhos escolares, a escolha do cargo de diretor
da escola pode ser esclarecida. São muitos os métodos e conselhos para acessar a
gestão das escolas públicas utilizados ao longo da história do sistema educacional
brasileiro. Incluindo:
 Diretores livremente indicados pelo poder público (estados e
municípios); ao analisar esses padrões, a livre nomeação de diretores
pelo poder público se baseia na prerrogativa dos gestores públicos de
indicarem diretores para cargos de confiança na administração pública.
Historicamente, porém, esse modelo parece levar em conta as formas
mais comuns de apego, desde que comece com a marginalização do
favoritismo e da oposição e o papel do diretor não são apoiados pela
comunidade escolar. Assim, esse modelo, aliado ao conservadorismo
político, permite a transformação das escolas em espaços de prática
autoritária e os mais diversos mecanismos de negociação política, o que
justifica uma forte intervenção na gestão escolar.
 Diretor de carreira; quanto ao diretor de carreira, é um tipo de
modalidade que é pouco utilizada e se configura a partir de critérios
rígidos de estabelecimento ou não. Nesse caso, as considerações para
obter uma diretoria incluem: tempo de serviço, méritos e/ou distinções,

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escolaridades, entre outros. Levando em conta a falta de planejamento
de carreira, como dado o dinamismo da prática educativa, esse modelo,
além de excluir a comunidade escolar da definição de seu destino, na
maioria das vezes reforça a intervenção das rotinas escolares e a
manutenção do apego. No setor público, aparece como uma variante
das nomeações políticas, embora parece ser construído sobre os
méritos do povo.
 Os diretores que são aprovados em concurso público, alguns
interlocutores defenderam o concurso público como mecanismo de
nomeação de administradores por ser visto como um processo que é
baseado na objetividade da seleção de valores intelectuais. Deve-se
enfatizar que esta abordagem não foi adotada pela maioria estado e
cidade. Considerando que a gestão escolar não se reduz a um nível
técnico, mas se configura como um ato político, entendemos que essa
abordagem reduz o escopo da gestão às atividades administrativas
cotidianas e burocráticas, deixando uma compreensão mais ampla da
política no processo em segundo plano. A nosso ver, a defesa da
concorrência pública deve ser uma bandeira que possa ser hasteada e
implementada como forma de ingresso na carreira docente no setor
público. Portanto, acredita-se que os exames ou concursos de exames
e questões devem ser o ponto de partida para que os educadores
ingressem no sistema de ensino, portanto, acredita-se que os exames
ou concursos de exames e questões devem ser o ponto de partida para
que os educadores ingressem no sistema de ensino, portanto, não
parece ser a forma mais adequada de selecionar dirigentes escolares,
uma vez que a gestão escolar não deve constituir um cargo ou
função vitalícia em um processo seletivo que não leva em consideração
a participação efetiva da escola e da comunidade local.
 Eleição direta para diretor; as eleições diretas, tem sido historicamente
considerada uma das abordagens mais democráticas, embora também
tenha sido altamente controversa. A defesa dessa forma tem a ver com
a crença de que o processo implica na recuperação ou conquista da
própria decisão da escola sobre o destino da escola. O processo eleitoral

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se apresenta de diversas formas, desde a demarcação do Colégio
Eleitoral – que pode se limitar a uma parcela da comunidade escolar, ou
a toda a comunidade escolar, entendida como um universo de pais,
alunos, professores, técnicos – ao andamento e transparência do
processo data, local, horário, valorização operacional dos votos de
participação dos vários segmentos envolvidos. Há também exemplos de
eleições como um dos mecanismos de seleção relacionados a outros,
tais como: provas específicas, apresentação de planos de trabalho, etc.
Vale destacar que neste modelo são muito importantes a participação e
o processo decisório da comunidade local e escolar na seleção dos
diferentes candidatos. (BRASIL, 2004 apud RIBEIRO; 2021).
Hoje em dia, a eleição direta de dirigentes em relação aos diretores é o
processo mais utilizado e direcionado nas instituições escolares, pois todos são
convidados a votar, além de proporcionar espaço para eleições em outras instituições
de ensino. Outro ponto da gestão democrática é que os pensamentos de todos
aqueles que querem uma educação melhor. Para atingir esses pontos e realmente
melhorar a qualidade do ensino, é necessário implementar programas de
aprendizagem desenvolvidos coletivamente, levando em consideração o perfil dos
alunos da unidade escolar, RIBEIRO; (2021).
Portanto, seguindo o código da gestão democrática da LDB, entendemos a
necessidade de preparar o programa de política pedagógica da escola, onde o
envolvimento dos profissionais da educação, bem como das escolas e comunidades
locais é extremamente importante. Entende-se que a organização escolar é
responsável por todos dentro e fora da sala de aula, pois quando todos estão
envolvidos na tomada de decisões, o trabalho é mais produtivo e há maior
comprometimento e responsabilidade, RIBEIRO; (2021).
O Projeto Político-Pedagógico desempenha um papel central na construção de
processos participativos e na implementação da governança democrática. Envolver
vários departamentos na preparação e acompanhamento o desenvolvimento de
programas de ensino representa um grande desafio para a construção da democracia
e da gestão participativa (Brasil, 2004 apud RIBEIRO; 2021). Nesse contexto,
percebe-se a importância da gestão democrática e, para que ela ocorra nas escolas,
é necessário um grande envolvimento e participação da comunidade escolar.

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A tarefa pedagógica e administrativa, não é uma tarefa simples, requer
raciocino, observação, replanejamento, busca de novos caminhos para os
erros e fracassos. Sendo assim, o ambiente escolar necessita de democracia,
a ponto de que todos os envolvidos possam participar das decisões de forma
consciente, para isso é preciso disposição, trabalho em equipe e
redistribuição de responsabilidades, o que irá promover o sucesso da escola.
(SILVA, 2017, p. 17002 apud RIBEIRO; 2021).

O trabalho do gestor é importante porque ele facilita o diálogo entre a equipe


escolar e permite que todos tenham voz nas decisões. Silva (2017 apud RIBEIRO;
2021) defende que os gestores são mediadores da tomada de decisões, assim como
os professores mediam a aprendizagem dos alunos e promovem sua compreensão,
isso significa que os gestores também são mediadores de ações que envolvem
atividades educacionais contextuais. Vale considerar também que não é necessário
apenas um administrador democrático, mas uma escola democrática deve ser criada
com todos os membros comprometidos com o objetivo de promover uma educação
de qualidade e igualitária para todos.
Conforme RIBEIRO; (2021) para criar uma escola democrática, deve-se ter em
mente que todos os membros têm uma responsabilidade social pelo seu papel na
aprendizagem e na formação dos alunos, que deve ser construída e analisada por
todos, e essa responsabilidade, a qual cada um deve estar atento, está atrelado a
esse objetivo, sem isso, é impossível construir escolas democráticas. É preciso criar
um espírito coletivo, participar, participar, formar uma comunidade, e a aquisição
desses padrões possibilita constituir a chamada expressão democracia. Paro confirma
que,

É nessa perspectiva de dificuldade que a democratização se faz na prática.


Isto quer dizer, a comunidade escolar, os trabalhadores, têm que se
envolverem diretamente com os problemas de sua escola, se interessar com
o desenvolvimento diário da escola, pois „a democracia só se efetiva por atos
e relações que se dão no nível da realidade concreta. (PARO, 2001 apud
JARDÚLIO, 2016, p. 18 apud RIBEIRO; 2021).

Ou seja, quando todos estiverem envolvidos, a redução observada da


desigualdade e um ambiente escolar mais democrático se refletirão na formação dos
alunos, RIBEIRO; (2021).

A promoção de uma gestão democrática, proporciona ao aluno vivências de


democracia o que amplia sua possibilidade de conceber a sociedade como
espaço de democracia, o que gera aprendizagens significativas como a
cidadania, à consciência de seu papel na sociedade na qual ele é membro
integrante, tornando - o capaz de compreender seus direitos e deveres,
portanto, capaz de assumir suas responsabilidades. Assim, a escola tem um
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papel social, por isso é tão necessário ter uma gestão democrática neste
âmbito. (SILVA, 2017, p. 234 apud RIBEIRO; 2021).

Ao promover a gestão democrática com apoio e participação da comunidade,


exigindo melhorias, percebe-se as mudanças que ela proporciona nas relações de
trabalho. De acordo com o Programa Nacional de Fortalecimento dos Concelhos
Escolares (2004 apud RIBEIRO; 2021), a gestão escolar traduz-se todos os dias num
ato político porque implica sempre em ter os participantes sociais, pais, professores,
funcionários, alunos.
Portanto, sua construção não pode ser individual, ao contrário, deve ser
coletiva, envolvendo discussões e decisões de diversos atores. Para compartilhar a
tomada de decisões, é necessário implementar diversos mecanismos de participação,
como: aprimorar o processo de atribuição de cargos de direção, criar e integrar grupos
de faculdades, conselhos de escola, comissões de turma nas escolas, potencializar a
participação dos alunos criando e fortalecendo associações estudantis,
estabelecendo o projeto político coletivo de ensino da escola, o autogoverno
progressivo da escola e, portanto, a discussão e implementação de novas formas a
organização e gestão escolar e a garantia de financiamento público da educação,
escolas de todos os níveis e diferentes modalidades de ensino. Todas essas
dinâmicas são válidas como um processo de aprendizagem política fundamental para
a construção da nação. Uma cultura de participação e gestão democrática na escola,
portanto, cria uma nova cultura na escola. RIBEIRO; (2021).
Ainda de acordo com o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos
Escolares (2004 apud RIBEIRO; 2021), a efetivação de uma nova relação entre
educação, escolas e democracia constitui aprendizagem político-pedagógica
cotidiana e requer a implementação de novas formas de organização e participação
interna e externa da escola. Ou seja, construir uma educação democrática
emancipatória, assegurando novas formas de organização e gestão, implementando
mecanismos de distribuição de poder, o que só é possível com a participação ativa
dos cidadãos, na vida pública, articulada à necessidade de formação para a
democracia.

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Nesse contexto, a implementação de processos e práticas de participação
coletiva e sua avaliação são fundamentais para quebrar a lógica autoritária dos
conceitos e práticas dominantes de organização e gestão escolar. Destaca-se,
portanto, a importância de: construção coletiva escolar de programas de ensino
envolvendo diferentes segmentos da comunidade local e escolar; discussões e
mudanças na organização do trabalho e na gestão escolar; o estabelecimento de
formas de distribuição do poder e a vivência e construção, RIBEIRO; (2021).
Nesse sentido, a efetivação da gestão democrática como aprendizagem
coletiva deve considerar a necessidade de repensar a organização escolar, tendo em
vista sua importância na vida das pessoas, e os processos de formação conceitual e
prática que contribuam para uma participação efetiva e participativa. Mundo, as
pessoas e a sociedade das pessoas envolvidas (BRASIL, 2004 apud RIBEIRO; 2021).
Portanto, fica claro que ao promover um ambiente escolar participativo, toda a
comunidade escolar se sente acolhida para trabalhar em prol de um único objetivo,
que é uma escola democrática.

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