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DESENVOLVIMENTO SOCIAL*
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* Este artigo integra um trabalho de investigação intitulado “Reflexões acerca do perfil dos professores no
processo de educação de adultos” apresentado em 2004 pela autora na UAB sob a direção do Dr. Joan Rué.
A Alfabetização de Adultos Como Estratégia de Desenvolvimento Social
A escola neste contexto deixa de ser o palco das grandes lutas e negociações pelos
direitos individuais, coletivos e sociais, para servir de cenário propício à disseminação dos
ideais neoliberais. De acordo com Moreira & Silva (2001:13) a escola é um dos elementos
passíveis de ser utilizado pelo governo como regulação e controle social.
O centro educativo deve ser um “locus” de síntese, de concretização de experiência,
um espaço de culturas diversificadas, de formação especializada, um lugar de ensino, da
educação sistemática, devendo estar a serviço da decodificação crítica de mensagens e onde
se conquista a autonomia. A escola não pode permanecer isolada da sociedade, na qual está
imersa e a socialização exige uma acomodação às diversas culturas, devendo a escola
contribuir com componentes críticos frente às exigências sociais e ao mercado de trabalho.
Segundo Pedro Demo (1997) a educação e o conhecimento adquiriram no mundo
moderno a significação de principal estratégia da inovação e do desenvolvimento humano, em
dois sentidos mais ostensivos: o de instrumentação mais efetiva da cidadania construtiva e
participativa e o de fator preponderante da transformação produtiva e da competitividade.
Para atender a esta necessidade de mudança a educação de adultos é requisito
fundamental para a convivência harmônica, a troca de experiências, o crescimento pessoal,
devendo atentar-se para as principais demandas sociais.
Neste contexto atual é inegável a necessidade de uma formação específica para o
educador de adultos, buscando-se novas sustentações teóricas, bem como promover análises
homenagem ao grande educador Paulo Freire, o que tem contribuído para aumentar o
interesse, acirrar as discussões sobre a educação de adultos no Brasil, e, sobretudo, gerar
vários projetos e programas para o combate do analfabetismo.
O que impressiona é o fato de que a primeira conferência internacional acerca da
educação de adultos remonta a mais de meio século, ou seja, em 1949, quando foi realizada
em Elsinor, na Dinamarca, constatando as necessidades e os problemas cruciais dos países
pobres, tendo a pretensão de promover a educação para consolidar uma sociedade mais justa e
um mundo mais pacífico.
A promoção dessas conferências e as diretrizes gerais daí emanadas denotam a
importância e a prioridade da temática educação de adultos no mundo atual.
1
MEC-Ministerio da Educação e Cultura. www.mec.gov.br/ref/joven/defanet.shtm
• 40,9% da população brasileira é formada por pessoas pobres e 18,7% por pessoas
extremamente pobres;
• as iniciativas na área de educação de adultos atenderam sempre a razões sociais,
políticas, ideológicas e culturais e só mais recentemente é que vem atendendo a
razões técnicas e educacionais;
• o professorado, em geral, não está capacitado para trabalhar com alunos adultos;
• não existe uma política bem definida de formação de professores para atender à
demanda dos sistemas públicos e privados de ensino;
• a clientela da educação de adultos apresenta interesses e expectativas diversos que
não são considerados nos programas de EJA;
• os recursos vêm sendo insuficientes para atender às necessidades deste segmento
educacional, apesar de que no ano de 2000 houve um acréscimo de 441,8 milhões
de reais nos recursos do Estado da Bahia para a educação de adultos provenientes
do FUNDEF/MEC.
Segundo Haddad e Di Pierro (1999), nos últimos anos, está havendo uma progressiva
redução do índice de analfabetismo absoluto (de 20,07% em 1991 para 14,7 % em 1997), mas
mesmo assim o Brasil ainda detém o maior contingente de analfabetos absolutos, que segundo
o MEC/INEP alcança a taxa de 13,6% em 2000, como também detém alto percentual de
pessoas jovens e adultas com baixa escolaridade no continente americano.
De acordo com a opinião de Haddad e Di Pierro (1999) os baixos índices de
permanência dos alunos na escola, como também, os índices de progressão escolar no sistema
de ensino público explicam, em parte, essas taxas de analfabetismo, pois se sabe que uma
conjugação de diversos fatores (sociais, culturais, econômicos, etc.) é que determina essas
taxas.
O analfabetismo no Brasil é mais grave levando-se em consideração as diferenças
regionais, ou de gênero, raça ou faixa etária. De acordo com as informações contidas no
documento das Diretrizes Curriculares Nacionais, em 1996, o percentual de pessoas
analfabetas aumenta à medida que se passa para uma faixa etária mais idosa, ou seja, de 15
a19 anos a percentagem é de 6% e de 50 anos em diante este percentual aumenta para 31,5%.
Quase um em cada dois analfabetos no país tem mais de 45 anos; 13% das pessoas
analfabetas têm entre 15 a 24 anos e 18% de 25 a 34 anos; este segundo grupo etário provoca
maiores preocupações porque corresponde à faixa etária das pessoas que estão ingressando no
mercado de trabalho e constituindo família, devendo, portanto, dar-se prioridade não só em
termos de alfabetização, como ainda, no âmbito da educação continuada.
Segundo estatísticas recentes e de acordo com pesquisas efetuadas por economistas
um terço dos analfabetos se concentram em três Estados do Brasil: Bahia, São Paulo e Minas
Gerais, além da Região Nordeste apresentar as maiores taxas de analfabetismo de todo o país,
onde em 1996 detinha uma taxa de 28,7 % de analfabetos com 15 anos ou mais, contra o
percentual de 8,9% apresentado pela Região Sul, segundo dados publicados no ano de 2000
pelo órgão oficial do Governo, o Instituto de Estudos e Pesquisas, INEP/MEC.
As suas principais metas são: alfabetizar 4.900 jovens e adultos, capacitar 245
Monitores em áreas de conhecimento específicas de EJA e realizar cursos de ensino regular
de 5ª à 8ª séries. Tem como parceiros neste trabalho a Secretaria de Educação do Estado e os
movimentos sociais e sindicais que atuam no campo, dentre os quais o mais importante do
ponto de vista de organização social e pelo quantitativo de participantes é o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Merece um destaque especial o MST por se tratar de um movimento com 20 anos de
organização e de luta social tentando construir um novo modelo de desenvolvimento sócio-
econômico para a zona rural, sintonizado com as necessidades e os interesses sociais dos
trabalhadores do campo e da cidade. Priorizando a Reforma Agrária, lutando pelo
assentamento de um milhão de famílias no campo e pela criação de 3,57 milhões de empregos
diretos e indiretos que aumentarão consideravelmente o consumo de bens industriais e de
comércio, além de reivindicar uma educação democrática e de qualidade para todos, este
movimento social se constitui na mais importante organização da sociedade civil brasileira.
As principais dificuldades destes programas da UNEB dizem respeito aos recursos
financeiros insuficientes para cumprir as metas e pôr em prática a programação das atividades
previstas. No caso especial do PRONERA, acrescem outros problemas que são os constantes
conflitos provocados pela invasão de terras e fazendas pouco exploradas, a escassez de água e
a falta de energia nos municípios, a carência total de livros e material didático para capacitar
os alfabetizadores e para uso dos alfabetizandos, bem como a distancia entre os assentamentos
onde vivem os alunos e o local (igreja, escola, associação sede) onde se realizam os trabalhos
de alfabetização.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS