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Ciências Humanas e suas Tecnologias:

GEOGRAFIA

MUNDO CONTEMPORÂNEO: ECONOMIA, GEOPOLÍTICA E SOCIEDADE

Prof. Eurismar Alves Ferreira


eurismar.ferreira@ifmt.edu.br
A pobreza deve ser vista como privação de
capacidades básicas em vez de meramente como
baixo nível de renda.
Amartya Sen (1933), economista indiano, professor da Universidade de Harvard, ganhou o prêmio Nobel de Economia (1998).
DESENVOLVIMENTO HUMANO

O desenvolvimento humano é um processo de construção


contínua que se estende ao longo da vida dos indivíduos, sendo
fruto de uma organização complexa e hierarquizada que envolve
desde os componentes intra-orgânicos até as relações sociais e a
agência humana.

O desenvolvimento humano, de acordo com o Programa das


Nações Unidas para o Desenvolvimento, é aquele que situa as
pessoas no centro do desenvolvimento, promovendo a realização
do seu potencial, o aumento de suas possibilidades e o desfrute
da liberdade de viver a vida que elas desejam.
Desenvolvimento Humano

O conceito de desenvolvimento humano considera que apenas o


crescimento econômico não é suficiente para medir o
desenvolvimento de uma nação.
O conceito de desenvolvimento humano nasceu definido como um
processo de ampliação das escolhas das pessoas para que elas
tenham capacidades e oportunidades para serem aquilo que
desejam ser.
Desenvolvimento Humano

Diferentemente da perspectiva do crescimento econômico, que vê o


bem-estar de uma sociedade apenas pelos recursos ou pela renda
que ela pode gerar, a abordagem de desenvolvimento humano
procura olhar diretamente para as pessoas, suas oportunidades e
capacidades. A renda é importante, mas como um dos meios do
desenvolvimento e não como seu fim. É uma mudança de
perspectiva: com o desenvolvimento humano, o foco é
transferido do crescimento econômico, ou da renda, para o ser
humano.
Desenvolvimento Humano
O conceito de Desenvolvimento Humano também parte do
pressuposto de que para aferir o avanço na qualidade de vida de uma
população é preciso ir além do viés puramente econômico e
considerar outras características sociais, culturais e políticas que
influenciam a qualidade da vida humana. Esse conceito é a base do
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e do Relatório de
Desenvolvimento Humano (RDH), publicados anualmente pelo PNUD
(Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
Desenvolvimento Humano

As expressões “subdesenvolvimento” e “terceiro mundo” foram


empregadas desde o fim da Segunda Guerra Mundial para
classificar os países onde a maioria da população têm
condições precárias de vida.
Em seus relatórios a ONU e o Banco Mundial não usam mais a
expressão “países subdesenvolvido” e sim, “país em
desenvolvimento em oposição a “país desenvolvidos”
O grupo dos países desenvolvidos é relativamente homogêneo do
ponto de vista socioeconômico, mas o grupo dos países em
desenvolvimento é bastante heterogêneo. E como classificar os
países que até o inicio dos anos 1990 adotavam o modelo
econômico socialista?
HETEROGENEIDADE DOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

Entre às décadas 1940 e 1960 – houve um generalizado processo de


descolonização - África e na Ásia - e surge vários países independentes,
todos marcados por profundos problemas socioeconômicos: altas taxas de
natalidade e mortalidade, baixa expectativa de vida, subnutrição e
analfabetismo.
Nessa época, a maior visibilidade desses problemas levou o mundo a ter
maior consciência das desigualdades entre os países e foram criados os
conceitos de “subdesenvolvimento” e terceiro mundo”.
A maioria dos povos que habitam essas ex-colônias tem um padrão de vida
muito inferior ao considerado mínimo para atendimento das necessidades
básicas de: alimentação, moradia, saneamento básico, saúde, educação e
trabalho.
Esses países apresentam baixos índices de desenvolvimento humano e
econômico.
Mundo contemporâneo: economia, geopolítica e sociedade

O Desenvolvimento Humano

O termo desenvolvimento é utilizado para retratar a situação


de crescimento econômico e social de um país.

Considera fatores como o PIB, Per Capita e o


IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
Desenvolvimento e subdesenvolvimento foram termos usados após
a segunda guerra mundial para classificar os países desenvolvidos.

Com a existência de países socialistas essas terminologias


sofreram alterações.

Os países foram classificados como:

Primeiro Mundo
Segundo Mundo
Terceiro Mundo
Atualmente são utilizados para classificar a situação de
desenvolvimento dos países os seguintes termos:
• Países do norte e países do sul
• Países centrais e periféricos
Fatores necessários para o desenvolvimento :
 Crescimento econômico;
 Crescimento social;
 Industrialização;
 Desenvolvimento Tecnológico.

O Crescimento econômico está associado aos seguintes fatores:


 PIB  Renda per capita
 PNB  Renda nacional
Produto Interno Bruto - PIB

Brasil
PIB ano PIB trimestre PIB per capita CRESCIMENTO
R$ 7,4 tri R$ 2,0 tri R$ 33.593,82 -3,8%
2020 1º trimestre 2021 2018 acumulado em 4
trimestres
1º trimestre 2021

O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por


um país, estado ou cidade, geralmente em um ano. Todos os
países calculam o seu PIB nas suas respectivas moedas.
Mapa da riqueza com o PIB distribuído à população
Desenvolvimento Humano

O que é Desenvolvimento Humano?

O conceito do Desenvolvimento Humano surgiu em 1990, quando o


Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
sugeriu substituir a visão tradicional de desenvolvimento, que o
identifica ao crescimento da renda e da produtividade de um país, por
um enfoque mais amplo e abrangente.
Sob essa nova ótica, um país tem alto Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) quando oferece as condições necessárias -
econômicas, políticas, sociais, culturais e ambientais - para que
todos os indivíduos desenvolvam suas potencialidades e tenham
garantidos os direitos plenos da cidadania.
Desenvolvimento Humano
Para medir o IDH são analisados basicamente três componentes: a
longevidade média da população, o nível educacional e o acesso a
recursos econômicos (PIB per capita). O economista indiano Amartya
Sem, Prêmio Nobel de Economia de 1998, é a grande autoridade
mundial nesse campo e o maior colaborador do PNUD na construção
do Paradigma do Desenvolvimento Humano.

Segundo esse paradigma, o que uma pessoa se torna ao


longo da vida depende de duas coisas: das oportunidades
que teve e das escolhas que fez. Além do acesso às
oportunidades, as pessoas precisam ser preparadas para
fazer escolhas.
Desenvolvimento Humano

Desenvolvimento humano é o processo de ampliação das


liberdades das pessoas, com relação às suas capacidades e as
oportunidades a seu dispor, para que elas possam escolher a vida
que desejam ter.

O processo de expansão das liberdades inclui as dinâmicas


sociais, econômicas, políticas e ambientais necessárias para
garantir uma variedade de oportunidades para as pessoas, bem
como o ambiente propício para que cada uma exerça, na
plenitude, seu potencial.
Desenvolvimento Humano

Assim, o desenvolvimento humano deve ser centrado nas


pessoas e na ampliação do seu bem-estar, entendido não
como o acúmulo de riqueza e o aumento da renda, mas como
a ampliação do escopo das escolhas e da capacidade e da
liberdade de escolher. Nesta abordagem, a renda e a riqueza
não são fins em si mesmas, mas meios para que as pessoas
possam viver a vida que desejam.
Desenvolvimento Humano
O crescimento econômico de uma sociedade não se traduz
automaticamente em qualidade de vida e, muitas vezes, o que se
observa é o reforço das desigualdades.
É preciso que este crescimento seja transformado em conquistas
concretas para as pessoas: crianças mais saudáveis, educação
universal e de qualidade, ampliação da participação política dos
cidadãos, preservação ambiental, equilíbrio da renda e das
oportunidades entre todas as pessoas, maior liberdade de expressão,
entre outras.
Assim, ao colocar as pessoas no centro da análise do bem-estar, a
abordagem do desenvolvimento humano redefine a maneira como
pensamos sobre e lidamos com o desenvolvimento – internacional,
nacional e localmente.
As três dimensões do IDH

 VIDA LONGA E SAUDÁVEL (longevidade)

Ter uma vida longa e saudável é fundamental para a vida plena. A


promoção do desenvolvimento humano requer que sejam ampliadas
as oportunidades que as pessoas têm de evitar a morte prematura, e
que seja garantido a elas um ambiente saudável, com acesso à
saúde de qualidade, para que possam atingir o padrão mais elevado
possível de saúde física e mental.
 ACESSO AO CONHECIMENTO (educação)

O acesso ao conhecimento é um determinante crítico para o bem-


estar e é essencial para o exercício das liberdades individuais, da
autonomia e da autoestima. A educação é fundamental para expandir
as habilidades das pessoas para que elas possam decidir sobre seu
futuro. Educação constrói confiança, confere dignidade, e amplia os
horizontes e as perspectivas de vida.
 PADRÃO DE VIDA (renda)

A renda é essencial para acessarmos necessidades básicas como


água, comida e abrigo, mas também para podermos transcender
essas necessidades rumo a uma vida de escolhas genuínas e
exercício de liberdades. A renda é um meio para uma série de fins,
possibilita nossa opção por alternativas disponíveis e sua ausência
pode limitar as oportunidades de vida.
Desenvolvimento Humano

O maior desafio do Brasil é diminuir a


desigualdade social que o caracteriza. O país
está entre as nações com o maior nível de
desigualdade social, apesar de constar na
lista das maiores economias do mundo.
A desigualdade social no
Brasil, marcada pela
distribuição desigual de
renda, é evidente. Basta
uma simples observação
sobre a sociedade em
que vivemos.

O cenário habitacional é um forte indício da condição de desigualdade. O


aglomerado de casas, em grande parte construídas nos morros, contrasta com
as mansões e as casas em condomínios fechados.
Muitas vezes localizam-se muito próximas umas às outras, o que torna o
contraste ainda mais chocante.
As favelas não passam por qualquer tipo de planejamento e as casas tendem a
aumentar à medida que as famílias crescem.
Por outro lado, isso não acontece com as casas nobres, as quais são
cuidadosamente projetadas.
Há pessoas que não têm condições
para comer o mínimo necessário.
Muitos passam fome, decorrendo daí
quadros de desnutrição e muitos casos
de mortalidade infantil.
O Retrato da Pobreza

Em pleno terceiro milênio, quando o


homem consegue viajar pelo espaço,
clonar seres vivos, transportar órgão
humanos, criar alimentos
transformados geneticamente, viajar
na telecomunicação, criar robôs além
de vários outros avanços. Existe um
continente onde a miséria impera
diante do poderio humano.
A Geografia da FOME
Um mundo de contrastes

Países Países
Países Incluídos Intermediários Excluídos

Norte Nova Ordem Sul


Ricos Mundial Pobres
Desenvolvidos Subdesenvolvidos
Centrais Periféricos
GLOBALIZAÇÃO
Dominante Dominados

Processo de
disponibilidade dos bens e
consumos mundiais, porém
esse processo não atinge todo
o planeta de forma igualitária.
Alemanha : $500,07 / por semana
USA (Carolina do Norte ) : 346,00$ / por semana
Japão : $317,25 / por semana
Italia (Sicilia) : $260,11 / por semana
Grã Bretanha : $ 253,15 / por semana
Kuait: $221,45 por semana
México : $189,09 / por semana
USA (California) $159,18 / por semana
China : $155,06 / por semana
Polonia : $151,27 / por semana
Egito : $68,53 / por semana
Mongolia : $40,02 / por semana
Equador : $31,55 / por semana
Butão : $5,03 / por semana
Tchad : 1,62 $ / por semana
FUGIR DA MISÉRIA
Em Guiné-Bissau, a pequena Abi Tako aguarda calmamente,
amarrada às costas de sua mãe, enquanto esta cuida dos
preparativos para a longa jornada rumo à capital, em busca
de tratamento médico.

Neste país africano, aproximadamente 50% da população


vive abaixo da linha de pobreza.
Muitas são as mães
nos países
subdesenvolvidos
que carregam,
juntamente com os
pequenos filhos, o
indescritível
sofrimento de se
verem à mercê do
acaso num mundo
impiedoso...
Segundo dados da FAO, a cada
hora morrem mil seres humanos em
decorrência da desnutrição.

Três quartos destas mortes


são de crianças com menos de
cinco anos de idade.
Pequeninos corações que amanhã
já não mais baterão,

pequeninos últimos suspiros que selarão


uma existência que não passará
dos cinco anos,

por falta dos nutrientes básicos que


poderiam mantê-los vivos: vitaminas,
proteínas, amor, bondade, compaixão...
Quão triste a imagem de um prato
vazio...

(de solidariedade, de compaixão


Nos últimos cem anos, a humanidade

aprendeu a produzir o suficiente para

alimentar a todos os habitantes do

planeta. De fato, se o alimento

atualmente disponível fosse repartido

equitativamente, cada habitante

excederia em cem calorias a dieta

diária recomendada.
A Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e a Alimentação, FAO,
assegura que o planeta produz alimentos
suficientes para 11 bilhões de pessoas,
quase o dobro da população atual.

Portanto, a principal causa do triste


cenário atual é a falta de justiça, de
partilha dos bens da Terra e dos frutos
do trabalho humano.
Quanta falta, para tantos,
não faz a justiça...
O modelo neoliberal de globalização, - patrocinado
por governos e grandes corporações transnacionais
que ostentam a bandeira do livre comércio -, que
impera no mundo esqueceu de vez o discurso inicial
de acabar com a pobreza gerando riqueza.

As riquezas e os avanços tecnológicos


promovidos pela globalização só têm
beneficiado uma parcela mínima da
humanidade.
De uma forma ou outra, neste atual
modelo neoliberal, tudo se resume a uma
única questão: dinheiro.

Um sistema capaz de abandonar


1,3 bilhão de pessoas à própria sorte,
sofrendo de fome crônica, e sobrevivendo
em situação permanente de insegurança
alimentar e nutricional.
Recente relatório do Banco Mundial declara:

“A globalização parece aumentar a pobreza


e a desigualdade... Os custos de
ajustamento para maior abertura são
suportados exclusivamente pelo pobre.”
A Agência Central de Inteligência norte-americana, CIA,
ainda em 2000, também abordou a questão:

“A economia global vai espalhar conflitos e


estabelecer uma diferença maior entre
vencedores e perdedores. Grupos excluídos
enfrentarão profunda estagnação econômica...”
A Organização das Nações Unidas, ONU,
também dizia no mesmo ano:

“O processo (globalização)
está concentrando poder e
marginalizando o pobre.”
Relatório das Nações Unidas destaca, ainda, as gritantes
desigualdades atualmente observadas:

“A fortuna pessoal das três pessoas mais ricas do mundo é


maior do que o PIB dos 48 países mais pobres juntos.”

“...o número de bilionários no mundo tem aumentado em


25% nos últimos dois anos.”

“O quinto mais rico das pessoas do mundo consome


86% de todos os bens e serviços, enquanto o quinto
mais pobre consome apenas 1%.”
o quinto mais pobre
consome apenas 1%...

O quinto mais rico


consome 86% de
todos os bens e
serviços.
Um recente levantamento
do Banco Mundial diz que
54,7% da humanidade vive
em estado de miséria ou
pobreza extrema.
Ainda segundo o Banco Mundial,
“a expectativa de vida tem declinado
em 33 países desde 1990.”
Há no mundo atual quatro causas de
morte precoce, a saber:

1. Doenças
2. Acidentes (de trânsito, de trabalho, naturais)
3. Violência (homicídios, suicídios, terrorismo e guerra)
4. e a Fome

Esta última é a que causa mais vítimas e, no


entanto, a que provoca menos interesse na grande
mídia, menos mobilidade dos governantes e da
sociedade para que seja erradicada.
E por que somos indiferentes à verdadeira
arma de destruição em massa, a fome?

A única resposta que esclarece esta pergunta é um


tanto cínica:
- Dos quatro fatores, a fome é o único que faz
distinção de classe. Jamais ameaça a nós, os bem
nutridos. Só os miseráveis morrem de fome.
Como a vida é frágil,
se a abandonam...
Leia, a seguir, trecho de uma recente entrevista
concedida pelo economista americano Jeffrey Sachs,
Diretor do Instituto Terra da Universidade Columbia, e
do Projeto Milênio das Nações Unidas, na qual
comenta sua visita a Malauí, país localizado no
sudeste africano:
“Visitei uma mulher em Malauí, após uma forte seca
que tinha destruído sua lavoura.

Perguntei o que ela estava comendo no lugar. Ela


respondeu que pegava palhas de milho desprezadas
pelo moinho, fervia e dava às crianças.

Fiquei chocado e pedi para ver. Ela me respondeu:

‘Desculpe senhor, mas hoje é domingo.


Hoje a gente não tem nada para comer,
pois o moinho está fechado.’

Não há desculpas para isso acontecer em pleno


século XXI, com tanta tecnologia disponível. É
absurdo alguém morrer por ser pobre.”
‘O único milagre que podemos fazer será o de
continuar a viver, amparar a fragilidade da vida um
dia após o outro dia...’
Quanto tempo ainda levará até que
entendamos que o ‘comércio livre’ é
sinônimo de concentração de riquezas,
de exclusão e sofrimento, e
resolvamos adotar no seu lugar o

‘comércio justo’ ?
Quanto tempo ainda levará até que
percebamos que toda vida é preciosa,
que toda vida é sagrada;
até que entendamos que todos
pertencemos a uma única família:
a família humana?
Até que entendamos que juntamente com
as vinte mil vidas ceifadas a cada dia pela
fome enterramos também uma parte da
nossa condição humana...
Por quanto tempo ela ainda
resistirá...?

Pequena menina africana,


debilitada pela fome, recebe
alimentação terapêutica,
enquanto é acalentada por
mãos maternas...

Por quanto tempo o mundo,


passivamente, apenas
observará...?
No continente africano, três quartos da
população apresenta-se desnutrida. É o único
continente onde a produção de alimentos está
em decréscimo (embora metade da população
se dedique à agricultura).

O clima severo, a escassez de água, e a


abundância de pragas são apenas uma
parte dos problemas enfrentados...
A infraestrutura deficitária não ajuda: metade
da safra produzida se deteriora devido a
armazenamento inapropriado.

Outra principal razão são as guerras. Uma das


táticas de guerra preferidas é queimar as plantações
nas terras disputadas. Os conflitos impossibilitam,
ainda, que os pastores levem junto os seus
rebanhos, de modo a permitir a mínima
subsistência das populações que migram, que
passam a depender exclusivamente de ações de
ajuda humanitária.
Além dos problemas elencados, a
África encontra-se infestada, ainda,
daquele que talvez seja dos males
dos tempos modernos o maior:
políticos e governantes corruptos.
No lugar de projetos sociais, falcatruas;
no lugar da luta de ideias, movimentos sempre nas sombras;
no lugar da verdade, marketing, dissimulação e engodo;
no lugar de saúde, educação e saneamento, roubalheira;
no lugar da decência, negociatas;
no lugar de compromisso ético com a sociedade, corrupção;
no lugar de justiça, impunidade.
Pobres irmãos africanos.

Além da fome e da miséria


material, outras formas de
miséria se manifestam nos dias
desleais em que vivemos...
‘O Grito’ ‘O Grito’
Noruega, 1893 Iraque, tempos atuais
Autor: Edvard Munch Autor: Os Senhores da
Guerra, com sua sede por
sangue, poder e petróleo
Crianças iraquianas, vítimas de uma ocupação fracassada e desumana.
Cruel retrato de um país destroçado,
Triste retrato de um mundo que perdeu seu rumo.
Ucrânia, 2023
Embora o tema desta
apresentação seja a miséria
material, - a fome por comida e
por meios mínimos de
sobrevivência -, acaba-se por
abordar a miséria moral e
espiritual que reina nos dias
atuais, que conduz à guerra e à
destruição, pois é esta miséria
que fomenta a outra...
As profundas desigualdades
que marcam o mundo atual
impedem a tão almejada paz.

Como se pode obter paz e bem-estar


quando 80% das riquezas estão nas
mãos de 20% da população, quando a
ideologia do dinheiro prega que a
ambição econômica tem mais valor do
que a ética?
A paz jamais será fruto da imposição das
armas e do equilíbrio de forças, como alguns
erroneamente acreditam, e sim da promoção
da justiça.

A promoção da justiça, seja nas relações entre


as nações, seja nas relações sociais que regem
as nossas vidas.
Não deixe que as preciosas
horas dos preciosos anos da tua
vida passem em branco.

Promova a paz, exercite


bondade, semeie justiça.
Que reflitamos sobre que uso fazemos do nosso tempo
livre, se não o estamos jogando ao vento quando o
gastamos em demasia com:
- As intermináveis novelas e minisséries que nada
acrescentam;
- os campeonatos de futebol e as patéticas mesas
redondas que os seguem;
- todos os enlatados, seriados e filmes caça-níqueis
americanos;
- os programas de auditório e humorísticos que são
uma afronta à inteligência...
Desligue a televisão; leia mais.
Passe menos tempo em frente do computador;
olhe para os lados.
Não se faz preciso ir tão longe quanto a África para
ajudar o próximo.

Nas periferias de todas as grandes cidades existem


pessoas que necessitam de ajuda.
Existem entidades sérias, - ONGs, movimentos de
ação social, associações filantrópicas, grupos
religiosos, etc. -, que promovem belos trabalhos
em prol do próximo, e que necessitam de apoio.

Procure se informar a respeito.

Contribua na medida dos teus recursos, dos teus


conhecimentos e dos teus talentos na nobre
senda da ajuda aos mais necessitados.
Não permita que as
preciosas horas dos
preciosos anos da tua vida
passem em branco.
O que será que a menina de tanto destituída responderá no dia
em que lhe for dirigida a seguinte pergunta:

...“Acaso encontraste neste vasto mundo


alguém disposto a tentar amenizar a tua dor?”
Cultive o hábito de dedicar parte
do teu tempo livre em atividades
de serviço ao próximo.

A tua alma agradecerá!


Que tua alma dê ouvidos a todo grito de dor,
Tal como o lótus abre o seu coração para sorver o sol
matutino.

- A Voz do Silêncio
antigo texto budista
Um outro mundo
é possível.

Um mundo melhor
depende de cada
um de nós.
Um mundo onde é respeitado o direito básico à felicidade e a
uma existência digna.
Para a nossa avareza,
o muito é pouco;
para a nossa necessidade,
o pouco é muito.

- Sêneca
Música tema: Prologue, Loreena McKennitt

Alguns trechos foram adaptados do artigo:


“Os movimentos sociais na luta contra a pobreza”, de Frei Betto,
Revista Carta Capital, Dez. 2006

Entrevista com Jeffrey Sachs: Revista Isto É, Dez. 2006

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