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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
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Diana Maria Barbieri Filippon, Graduanda Licenciatura em História – UNINTER – Polo Lajeado/RS,
RU 1577766.
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Willian Roberto Vicentini - 51833
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“As ofertas de trabalho eram inferiores à procura. As populações, longe dos campos,
perderam suas raízes e enfrentavam graves dificuldades.” (KARAM, 1992, p. 37).
Consequentemente, buscaram uma vida melhor nos países do novo mundo.
A Igreja católica e companhias de navegação faziam propaganda de lugares aonde
havia terras e trabalho, aproveitando para divulgar o catolicismo e angariar lucros
fáceis e assumiram o encargo do transporte e alojamento.
Como “terra da promissão”, o Brasil era descrito como o lugar onde seria
possível preservar a cultura religiosa dos camponeses vênetos, além de
garantir a sobrevivência, tendo em vista a intensa propaganda que se fazia
das riquezas naturais, como terra fértil e abundante. A fome, as pestes e as
guerras, diferentemente do que era vivenciado na península, não faria parte
das preocupações daqueles que se estabelecessem em território brasileiro.
Nesse local, os camponeses encontrariam uma vegetação exuberante e
fartura de alimentos, sem dispor de tanto trabalho. Assim, o caminho da
emigração surgia como uma rota de fuga para as mais variadas dificuldades
cotidianas, como problemas de ordem econômica, religiosa e política. (p.
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Cinco anos antes da grande imigração italiana, o Rio Grande do Sul era uma
província que vivia quase que exclusivamente da pecuária. A força econômica e
demográfica encontrava-se principalmente na capital e em algumas pequenas
cidades ao sul do estado cuja principal atividade era a criação de gado. Essa
população era de origem açoriana e havia se estabelecido nessas regiões, conforme
lhes fora ordenado. Posteriormente, com a vinda dos imigrantes alemães outras
cidades foram povoadas no Vale do Rio Caí e Rio dos Sinos.
Alguns colonos alemães havia se aventurado para a parte superior da
Encosta. “Mas todos eles terminaram por voltar aos vales de origem” (BACCA;
MAZZOTTI, 2016, p. 21).
Nesse sentido o Nordeste do estado ainda estava inabitado e a imigração
italiana foi a solução para o povoamento e colonização.
imigrantes. Quis a sorte que tivéssemos uma boa safra de pinhão, pois, de outro
modo, teríamos sofrido uma grande fome”.
Àqueles que não se adaptaram ao trabalho rural, fosse nas colônias do Sul,
fosse nas fazendas e café em São Paulo, restavam duas alternativas: o
repatriamento ou a remigração para centros urbanos. O ingresso do
elemento estrangeiro nas cidades permitiu a criação da classe média
urbana, caracterizada pela atuação na pequena indústria, no pequeno
comércio.
Em seu livro, “Memórias da Linha 11”, Bacca e Mazzoti (2016), revela que por
mais de um século a História da emigração italiana, na Itália, ficou soterrada sob
uma camada de tabus, preconceito e vergonha. A saída de levas de campesinos e
artesãos doentes e famintos permitiu que os que lá permaneceram, sobrevivessem.
E sobreviveram. Isto porque as parcas reservas de víveres passaram a alimentar um
número menor de pessoas e porque os que partiram jamais esqueceram os seus.
Assim que conseguiram sustentar-se no novo país, enviaram parte de sua poupança
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aos que ficaram na terra-mãe. Mas a Itália esqueceu os pobres miseráveis que
partiram fugindo da fome, da pelagra e da servidão.
Villa (2016 apud BACCA; MAZOTTI, 1992, p. 353-354):
A longa viagem se iniciava no vilarejo natal e seguia até a primeira cidade que
tivesse transporte ferroviário. Dessa cidade os retirantes prosseguiam para a cidade
de Gênova, onde havia o porto de embarque para a América. Eram acompanhados
de familiares e alguns religiosos. Em “Memórias da Linha 11”, Bacca e Mazzoti
(2016) cita o historiador Olívio Manfroi, que em sua “A colonização Italiana no Rio
Grande do Sul”, transcreveu as tristes palavras de D. Giovani Scalabrini, bispo que
em 1887 fundou a Congregação de São Carlos, com a finalidade de cuidar dos
imigrantes italianos. Em 1901, o bispo visitou os imigrantes italianos nos Estados
Unidos e, em 1904, no Brasil. Essa congregação católica foi responsável pelo apoio
e amparo religioso e até econômico dos imigrantes e continua seu atendimento aos
migrantes até os dias atuais. Eram essas as palavras:
Manfroi (2016 apud BACCA; MAZZOTI, 1974, p. 22):
Em Milão, há alguns anos, assisti a uma cena que causou uma impressão
de tristeza profunda. De passagem pela estação, vi a vasta sala, os pórticos
laterais e a praça adjacente, invadidos por três ou quatro centenas de
indivíduos pobremente vestidos, divididos em diversos grupos. Em seus
rostos bronzeados pelo sol, sulcados pelas rugas precoces produzidas pela
privação, transparecia o tumulto dos efeitos que agitavam, naquele
momento, seus corações. Eram velhos, curvados pela idade e pelo
cansaço, homens na flor da virilidade, mulheres acompanhadas de crianças,
jovens, todos unidos num só pensamento, todos endereçados a uma meta
comum. Eram emigrantes. Pertenciam às diversas províncias da Alta Itália e
esperavam, com ansiedade, o trem que os conduziria às margens do
Mediterrâneo e de lá, partiriam para as longínquas Américas, onde
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para Silveira Martins, mais conhecida como a Quarta Colônia, que receberia
imigrantes a partir de 1877.
A viagem era longa e penosa, através de piques abertos na mata. “As
primeiras estradas nada mais eram do que tortuosos piques abertos em meio a mata
virgem, servindo inicialmente, para a passagem de pessoas a pé ou a cavalo”.
(FERRI, 1988, p. 390). Eram guiados por grupos de carreteiros dissidentes da
Guerra do Paraguai que se refugiaram na região de Taquari
As mulheres grávidas, crianças e idosos seguiam de carroça que eram
puxadas por quatro ou cinco juntas de bois. Os demais seguiam a pé para não
sobrecarregar os animais. Quando aproximavam-se de algum rio, os animais
destinados à criação subiam o rio a nado, sendo acompanhados às margens pelos
viajantes. “Nos últimos séculos, os rios do estado tiveram grande influência nos
movimentos migratórios, servindo como estrada natural para os migrantes”. (FERRI,
1988, p. 51).
Não raro ocorriam perdas devido à correnteza ou intempéries. Levantavam-se
muito cedo, mas avançavam muito devagar. Viajavam algumas horas de manhã e
outras poucas horas à tarde. Eram frequentes as queixas de mau tratamento por
parte dos carreteiros condutores, falta de espaço, perda de bagagens, falta de
atendimento médico e a má qualidade da alimentação. Pelo fato de serem
trabalhadores extremamente ativos e pela ansiedade de chegar ao destino, havia
inconformidade com os carreteiros que os conduziam em ritmo “abrasilianado”, sem
pressa. Conforme relatam Moreira e Meucci (2012, p. 128), os imigrantes:
“Enxergavam uma certa arrogância na forma como os brasileiros se comportavam –
como donos da terra - e tendiam a classificá-los como pouco devotados ao trabalho
e de aspecto doentio”.
Também, os imigrantes não entendiam porque os carreteiros ficavam mais de
hora ao amanhecer, sugando um chá amargo e fervente, dentro de um porongo,
com um canudo de lata. Só prosseguiam viagem após os carreteiros condutores
cumprirem esse ritual o que, para eles como trabalhadores natos, era um
desperdício de tempo (com o decorrer do tempo, esse hábito foi adotado pelos
imigrantes e hoje faz parte do dia-a-dia dos descendentes desses imigrantes: o
chimarrão).
Nessas viagens, a alimentação era basicamente de carne seca fervida
durante o pernoite com a qual temperavam o feijão, previamente cozido. Assim os
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2.7 O ASSENTAMENTO
2.8 EMPREENDEDORES
Logo que minha mãe chegou aqui, alguns pais pediram para ela dar aulas
para os filhos deles, porque havia crianças sem escola. Ela sentava as
crianças em volta de uma mesa comprida, com muito lugares. Ela sentava
as crianças em volta e dava aulas em casa mesmo. Ela nos dizia que, como
falava e escrevia bem o italiano, chegavam pessoas adultas para pedir que
ela lesse cartas que recebiam da Itália e para que ela escrevesse as
respostas e outras cartas, para parentes que tinham na Itália, tudo em
língua italiana. Lecionou como professora na linha Ernesto Alves, onde ia a
cavalo. Tinha gente com 16, 17 anos.
chamado do Presidente Getúlio Vargas. “Foi feito um pedido aos soldados para
participarem, voluntariamente, da Força Expedicionária Brasileira. Betóglio e Baldo
deram um passo à frente, prontificando-se para a sua incorporação” (FERRI 1988, p.
260).
Esses soldados permaneceram na Itália até o final da guerra, em maio de
1945, e regressaram salvos em julho daquele ano.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Repensar a história apresentada pelos livros didáticos no que diz respeito aos
imigrantes italianos é importante para o estudante passar a compreender a
imigração não de forma estanque - portanto, a-histórica -, mas baseado em
problematizações”. (MAZETTO, 2008, p. 5)
Reconhece-se e reforça-se a importância de se introduzir no currículo do
Ensino Fundamental e Médio, o estudo da imigração. Não somente a imigração
italiana, mas todas as que colaboraram para o desenvolvimento do estado do Rio
Grande do Sul da região. Municípios ligados ao turismo, estão trabalhando nesse
sentido, em particular sobre a língua: o “talian”.
Portanto, aprofundar o estudo da imigração de um modo geral, contemplando
todas as etnias, é importante, principalmente para que os jovens e crianças
aprendam sobre isso e não esqueçam suas raízes, entendendo e repassando às
futuras gerações o legado daqueles bravos colonizadores.
REFERÊNCIAS
CAGGIANI, Ivo. Flores da Cunha. Porto Alegre: Instituto Estadual do Livro, 1997.
FOSSÁ, Genuino Luiz. Álbum Lembranças. Caxias do Sul: Editora São Miguel,
1956.
KOCH, Siziane. Rio Grande do Sul-Espaço e Tempo. São Paulo: Ática, 2014.
RIO GRANDE DO SUL (Estado). Arquivo Público. Porto Alegre: SMED-RS, 2018.
VOGT, Olgário Paulo; ROMERO, Maria Rosilane Zoch. Uma luz para história do
Rio Grande. Santa Cruz do Sul: Gazeta Santa Cruz, 2010.
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