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çFICHAMENTO-PRIORI

Como no resto do país, o incentivo à imigração foi necessário, visto que era imperativo
ocupar espaços vazios existentes no território do Estado, resolvendo, também, as questões
relacionadas à falta de mão de obra crescente. P.35
No Paraná, os imigrantes vinham sob a condição de colonos e tinham de formar as lavouras a
partir da abertura das picadas na mata, bem como fazer suas próprias moradias (STECA;
FLORES, 2008).p.36
Até o começo do século XVIII, a população da região onde hoje se configura o Paraná era
constituída de portugueses, vindos do Reino, castelhanos, índios, negros africanos e de
nativos descendentes dessas três raças. Se, inicialmente, a imigração foi considerada fórmula
ideal para a substituição da mão de obra escrava, posteriormente, passou a ser considerada
importante para a ocupação de vazios demográficos, ocupação do solo e empreendimento
agrícolas. P.37
Com o fim do tráfico negreiro (Lei Eusébio de Queirós, 1850), com a lenta diminuição dos
escravos e com a elevação do preço do café e sua expansão no Estado de São Paulo, parte
considerável da população escrava paranaense foi vendida para cafeicultores paulistas,
provocando uma relativa crise no abastecimento agrícola, uma vez que eles se constituíam na
principal fonte de mão de obra rural. P.37-38
Os documentos oficiais da época enfatizam a necessidade de se estimular a imigração no
território paranaense. No Relatório do Presidente da Província, do ano de 1854, o Presidente
Góes e Vasconcellos afirmou ser essencial “encher de população ativa o vasto território [...]
onde o europeu se depara com um clima análogo ao do país natal”. 38
Nos anos de 1875-1877, o Presidente da Província do Paraná, Adolpho Lamenha Lins,
permitiu a formação de várias colônias. Sua intenção era que os imigrantes pudessem adquirir
em condições facilitadas bons lotes de terras; para isso induziu a construção de meios físicos,
como estradas e pontes, para permitir o melhor escoamento da produção, evitando o
isolamento socioeconômico do imigrante. P.38
província. Conforme Machado (2005), a falta de apoio aos colonos, a existência de terras
inférteis e ausência de infraestrutura básica causaram um impacto negativo na imigração
paranaense. P.39
Apesar das dificuldades, o Paraná recebeu milhares de imigrantes. No ano de 1934 haviam
adentrado no Paraná cerca de 47.731 poloneses, 19.272 ucranianos, 13.319 alemães, 8.798
italianos e 9.826 grupos de outras nacionalidades, compondo um número total de 101.331
imigrantes
(MARTINS, 1941). P.39-40
Os alemães foram os primeiros imigrantes a chegar ao Paraná, no ano de 1829, xando-se em
Rio Negro. Os imigrantes espanhóis formaram suas colônias em Jacarezinho, Wenceslau
Braz e Santo Antônio da Platina. Os holandeses vieram para o Estado por volta de 1909 e se
fixara nas proximidades de Irati. Os poloneses chegaram ao Paraná por volta de 1871,
transmigrados de Brusque, Santa Catarina. Os ucranianos vieram para o Paraná entre os anos
1895 e 1897 formando suas colônias entre Mallet e Prudentópolis. Os árabes, portugueses.
Por fi m, entre os grupos que merecem destaque estão também os japoneses. Maringá,
Londrina, Uraí e Assaí são os grandes núcleos de presença japonesa, e as duas últimas
cidades originaram-se como colônias fundadas por japoneses. P.41
A EXPERIÊNCIA DA IMIGRAÇÃO
Entre os vários núcleos de imigração que se estabeleceram no Paraná nos séculos XIX e XX,
a Colônia Cecília destacou-se por ser considerada a primeira experiência anarquista no Brasil.
Por constituir-se enquanto uma tentativa de se colocar em prática os preceitos anarquistas, de
negação do Estado, da Lei, da ordem, da família, da religião, da propriedade privada e da
defesa do amor livre. P.42
veterinário italiano da cidade de Piza, Giovanni Rossi [...] necessário que as ideias
anarquistas fossem colocadas em prática para verificar sua viabilidade [...] propôs a criação
de uma comunidade experimental [...] desembarcou em terras paranaenses [...] As terras e a
localização da atual cidade de Palmeira agradaram Giovanni Rossi, que ali instalou seu
experimento em abril de 1890 [...] essas terras não foram doadas a Rossi. Os colonos
deveriam pagá-las após o prazo de cinco anos. Durante o primeiro ano, a Colônia Cecília,
assim como as demais, recebia da Administração das Colônias um valor mensal de
aproximadamente 2.800 francos como subsídio. Se o dinheiro ajudava na alimentação, era
necessário produzir para, futuramente, pagar as terras. Por isso, em suas cartas direcionadas à
Itália, Rossi convidava mais pessoas a fazer parte do experimento [...] ao longo de sua
existência, o maior problema enfrentado pela Colônia Cecília foi a pobreza excessiva. Para
não passarem fome, muitos colonos trabalhavam para o governo na construção de estradas
[...] Cecília sobreviveu até 1894 [...] acontecimento colaborou para o fi m da experiência: a
Revolução Federalista. Muitos dos colonos se envolveram no conflito, lutando ao lado dos
federalistas. Essa tomada de posição teria ocorrido, conforme Newton Stadler de Sousa,
“como uma reação à arrogância das tropas governamentais que, por ter a Cecília recebido a
visita de um chefe da insurreição, tinha, em represália, saqueado as instalações da Cecília”
(apud FELICI, 1998, p. 32). O próprio Rossi deixou a Colônia em 1893 e, por não encontrar
emprego estável por sua condição de anarquista, trabalhou como médico na revolução ao lado
dos maragatos (FELICI, 1998, p. 34).

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