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Item Programático 1 – Crescimento vs Desenvolvimento

Texto 1- Desenvolvimento Sustentável: O Desafio do Século XXI


Autor: José Eli da Veiga

Capítulo 1 – Como pode ser entendido o desenvolvimento

Existem três tipos de resposta para o que é desenvolvimento:

• Tratar desenvolvimento como sinônimo de crescimento;


• Afirmar que o desenvolvimento não passa de ilusão;
• Recusar as duas anteriores e tentar explicar o desenvolvimento como um meio termo.

Até 1960 não existia a necessidade de distinguir crescimento de desenvolvimento. Todos


os países desenvolvidos ficaram ricos pela industrialização. Os países que permaneceram
subdesenvolvidos eram pobres e com o processo de industrialização inicial.

Porém, intensos crescimentos industriais durante a década de 50 em diante em alguns


países subdesenvolvidos, como o Brasil, não significaram a esses países um
desenvolvimento.
Assim cai a não necessidade de distinção dos parâmetros e começa uma grande
discussão.

Em 1990 a ONU lança o “Índice de Desenvolvimento Humano”, IDH, indicador mais


razoável de desenvolvimento na época.

Visões:

• Giovanni Arrighi:

o Principal ponto de seus estudos era saber se seria possível algum tipo de
mobilidade ascendente na hierarquia da economia capitalista mundial.
o Utilizou PNB como fator de estudo, estabelecendo equivalência entre riqueza e
desenvolvimento.
o Conclusão de que embora alguma mobilidade fosse possível, seria
improvável, difícil e não para todos.

• Oswaldo de Rivero:

o Critica a visão dos autores que apenas analisam os fenômenos econômicos


secundários. Para ele são fatores estruturais, culturais, sociais e
ecológicos que prenunciam a inviabilidade das nações subdesenvolvidas.
o Nos estados industrializados, a identidade nacional precedeu a
consolidação da autoridade estatal, ou seja, primeiro surgiu a burguesia
forte para depois o Estado moderno.
o Nos países subdesenvolvidos o autor cita o caminho contrario. Os estados
não surgiram da prosperidade da burguesia e do progresso cientifico-
tecnológico. Este ultimo a principal razão do subdesenvolvimento para o
autor. Este junto com a explosão demográfica decretariam o não-
desenvolvimento de um país.
o A única saída seria então para estes países seria reduzirem suas taxas de
natalidade e ao mesmo tempo modernizar sua produção. Buscar então, um
equilíbrio físico-cultural.

• Celso Furtado:

o Diz que a ideia do desenvolvimento econômico é um simples mito, criado para


iludir alguns países. Mitos exercem uma grande influencia sobre a mente
humana, congrega uma serie de hipóteses que não podem ser testadas.
o Outro ponto defendido pelo autor é de que o gênio inventivo do homem foi
canalizado nos últimos anos para a criação técnica o que explica a capacidade
expansiva, isto não gera valores morais, religiosos, etc, e por isso a teoria do
desenvolvimento tenha ficada circunscrita à logica dos meios, se confundindo
com a explicação do sistema produtivo que emergiu.
o Criatividade cultural como tema central de estudo para o desenvolvimento.

• Fernando Henrique Cardoso:

o Fato importante para o desenvolvimento econômico o jogo politico, as


politicas de desenvolvimento deveriam ser estruturadas por valores que não
seriam apenas os da dinâmica econômica.

• Amartya Sem:

o Para o autor a liberdade é vista como o principal fim e o principal meio do


desenvolvimento.
o Crescimento econômico é muito importante como meio de expandir as
liberdades disfrutadas pelos membros de uma sociedade.
o Liberdades dependem de muitos outros determinantes, como serviços de
educação, saúde e direitos civis.
o O desenvolvimento requer que se removam as principais fontes de privação
de liberdade: pobreza, tirania, carência de oportunidades, negligencia de
serviços públicos e estados repressivos.
o O desenvolvimento é relevante inclusive para os países considerados muito
ricos, na esfera dos contrastes intergrupais, como exemplo os
afrodescendentes americanos.
o Dois processos: Mediados pelo crescimento e Conduzido pelo custeio
publico.

• Simon Kruznets:

o Criou um modelo, “U” invertido que defendia que a desigualdade tendia a


aumentar na fase inicial da industrialização, ocorrendo o inverso em fase
posterior.
o A tese caiu com a observação de diversas economias e nenhuma identificação
de padrão como o autor pensava.
o Desenvolvimento não é sinônimo de distribuição de renda.

• Douglass North:

o Foi o passivo institucional de países como Brasil, Argentina e México que os


deixaram para trás no desenvolvimento. Pois mesmo tendo recursos naturais
favoráveis, largaram em desvantagem.
o Lembra as diferentes formas de colonizações ocorridas e suas diferenças.
o O crescimento como um fenômeno apenas posterior à Revolução Industrial.
o O sistema econômico é um complexo de instituições. As instituições
fundamentais são as regras constitucionais, fortemente condicionadas pela
tecnologia militas e pela ideologia. Por isso, a organização econômica é
basicamente condicionada pelo Estado.
o Direito de propriedade como acelerador do crescimento.

• Jane Jacobs:

o O desenvolvimento deve ser definido como uma mudança qualitativa


significativa, que geralmente acontece de maneira cumulativa.
o Desenvolvimento não é uma coleção de coisas, mas sim um processo que
produz coisas.
o A correlação pratica entre desenvolvimento econômico e expansão
econômica é a diversidade econômica.
O que realmente provocou uma mudança fundamental no funcionamento do
mundo foi muito mais o casamente entre ciência e tecnologia, no final do séc. XIX, do que a
emergência de fabricas.

Elementos essenciais do crescimento econômico de longo prazo: população,


tecnologia, relação com a distribuição e natureza das variações do crescimento.

Duplo avanço teórico recente: ênfase generalizada na importância das instituições


e maior abertura para um resgate da antiga economia politica.

O desenvolvimento tem sido exceção histórica e não a regra geral.

O desenvolvimento tem a ver, primeiro acima de tudo, com a possibilidade das pessoas
viverem o tipo de vida que escolheram, e com a provisão dos instrumentos e das
oportunidades para fazerem as suas escolhas.

“O crescimento econômico, tal qual o conhecemos, vem se fundando na preservação


dos privilégios das elites que satisfazem seu afã de modernização; já o desenvolvimento se
caracteriza pelo seu projeto social subjacente. Dispor de recursos para investir esta longe de
ser condição suficiente para preparar um melhor futuro para a massa de população. Mas
quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das condições de vida dessa população, o
crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento.” (Furtado, 2004).

COMO PODE SER ENTENDIDO O DESENVOLVIMENTO

VISAO 1: Crescimento = Desenvolvimento


Modelo de Sholow, segue uma visão economista que dita que o crescimento gera
desenvolvimento. Para medir o crescimento basta medir indicadores convencionais como PIB.
Paises desenvolvidos são os países ricos, devido a industrialização. “renda per capta é um
bom indicador de desenvolvimento, pois está atrelado a outros indicadores de qualidade de
vida”
Esta visão não se preocupa com distribuição de renda ou índice de desenvolvimento humano
(como educação e saúde). O gráfico que mostra o ponto ótimo de PIB por IDH mostra que esta
visão não está correta. Ideia muda quando passa a ser observado que melhorias no
desenvolvimento não significam melhorias para os mais pobres.

VISAO 2: Desenvolvimento como uma quimera (utopia)


Modelo de Rivero. Dita que o desenvolvimento é uma utopia(impossível de ser alcançado) para
os países da periferia, como África e America Latina. “confundem crescimento econômico com
o desenvolvimento de uma modernidade capitalista que não existe nos países pobres, assim
eles só percebem fenômenos econômicos secundários, como aumento do PIB e aumento das
exportações e não reparam nas profundas disfunções qualitativas estruturais, culturais, sociais
e ecológicas que prenunciam a inviabilidade dos quase-estados-nação subdesenvolvidos”.
“Incapacidade de transferir recursos do mercado mundial para crescentes populações urbanas
que impedem países de se desenvolverem”. Países ditos em desenvolvimento sobrevivem de
ajuda externo, via financiamentos e empréstimos.
Modelo baseado no acumulo de riqueza por parte de um numero significado de países
(chamado de países do núcleo orgânico) de modo que o avanço de nível econômico (periferia,
para semi-periferia para núcleo orgânico) tem chance irrisória.
Para Rivero a solução seria diminuir a taxa de natalidade a fim de se equilibrar o crescimento
da população com o crescimento de recursos vitais como alimentos, energia, água.

VISAO 3: Desenvolvimento por meio da Liberdade


Modelo de Lamart. A liberdade de gêneros é o caminho do meio (mais desafiador, pela
dificuldade de ser trilhado). O desenvolvimento vem com a liberdade, com oportunidades iguais
a todos (sejam homens ou mulheres) – assegurar ao povo liberdade de escolha: “Possibilidade
de pessoas viverem com escolherem”.
Ao barrar a liberdade se barra o desenvolvimento (Ex.: ditadura barra o desenvolvimento,
segundo esta corrente). O desenvolvimento da liberdade é o fim e o meio do desenvolvimento
econômico.
Desenvolvimento vem com a remoção de problemas persistentes, como pobreza, tirania, fome,
falta de liberdade política e do direito das mulheres, discriminação racial e sexual são privações
de liberdade que barram o desenvolvimento. As privações de liberdade podem ser encontradas
em países pobres e em países ricos. O crescimento econômico pode ser importante como
meio de expandir liberdades.

EXTRAS:
*crescimento e distribuição de renda: Crescimento não se resume a Renda per capta.
Curva do U invertido: relação entre crescimento e distribuição (foi desenvolvida para os EUA e
Reino Unido, não é ideal que seja seguida para o Brasil e países em desenvolvimento):
desigualdade de renda aumenta na fase inicial da industrialização e inerte na fase posterior
(quando o pais está desenvolvido) “crescer o bolo para depois repartir”
*”a correlação pratica entre desenvolvimento econômico e expansão econômica é a
diversidade economia” (Jane jacobs). Ou seja, países predominantemente rurais serão pobres,
mesmo que com alto índice de importação e exportação.

Item Programático 2 – Aspectos Demográficos do Brasil

Texto 2 – Aspectos Demográficos

A população de um país representa o potencial de consumidores deste país. A


população economicamente ativa representa os potenciais trabalhadores/produtores do país.
Alterações na composição etária ou na distribuição regional desta população têm importantes
implicações sobre o país.

“A humanidade tem tendência à pobreza e a fome, pois a população tem tendência a


crescer muito mais rapidamente que a produção de alimentos.” (Thomas Malthus)

Durante muitos anos, de 60 a 70 principalmente, viveu-se no Brasil a expectativa de


uma explosão demográfica.
O crescimento populacional deve a uma combinação das taxas de mortalidade,
natalidade e do saldo migratório.
Taxa média anual de crescimento da população:

• Brasil, 1960 – 2,89%


• Brasil, 1970 – 2,48%
• Brasil, 2005 – 1,65%
• Nordeste, 2005 – 1,36%
• Sul, 2005 – 1,46%

A taxa de mortalidade é diminuída por avanços na medicina, melhora nas condições


socioeconômicas (nutrição, habitação e educação), melhora em questões institucionais
(saneamento, legislação) e por aspectos culturais.
A taxa de natalidade é diminuída por avanços nas condições socioculturais, com a melhora
dos aspectos econômicos da população e por melhores campanhas informacionais.

Quando o crescimento populacional é fortemente influenciado pela entrada de imigrantes


em um país, dizemos que a população desde país é aberta.
Já uma população fechada ocorre quando seu crescimento depende apenas do
crescimento vegetativo.
O Brasil possuía uma população aberta até a década de 30.
Razão de dependência é a relação entre os dependentes (menos de 15 anos e mais de 65
anos de idade) e a população em idade ativa.
Razão de dependência do Brasil em 2000 era de 56% e espera-se que alcance 45% em
2020.
O indica de envelhecimento do Brasil em 2000 era de 16,8% e espera-se que alcance
38,7% em 2020.

Item Programático 3 – O Debate sobre a Poupança

Textos 3 – “A Inescapável Poupança Externa” e “Modelo de Desenvolvimento Brasileiro:


Austrália em vez da China”

Com o surpreendente ritmo da retomada da economia


após a fase mais aguda da crise global, o Brasil caminha
novamente para apresentar significativos déficits nas contas
correntes, a outra face da moeda da importação de poupança
externa para compensar o nosso excesso de consumo e
investimento relacionado à renda. (p. 1)

O Brasil atravessou a crise global de 2008/2009 sustentado pelo seu mercado interno.
Agora está subsidiando seu crescimento por investimentos vindos do exterior. As qualidades
do Brasil como receptor de investimentos estão com prestígio junto aos órgãos da imprensa
mundial.

Está ocorrendo no Brasil nos últimos anos um aumento da produtividade e um aumento


do consumo. O problema é a grande dependência do país em se financiar com recursos
externos.

Poupança Doméstica do Brasil < Poupança Externa

Duas correntes de economistas:

• A Favor do desenvolvimento baseado em poupança externa: Defendem essa


fórmula de crescimento. Citam duas formas de amenizar a carência de poupança: Ajuste fiscal
e controle dos gastos públicos, o que permitiria um real um pouco menos valorizado.
• Contra ao desenvolvimento dependente de poupança externa: Defendem que o
próprio crescimento que traz a poupança que viabiliza mais crescimento.

Pesquisa realizada de 1965 à 1994, sobre a correlação de diversas variáveis com a


poupança doméstica:

• Poupança e renda nacional tendem a crescer juntas;


• Aumento da poupança publica mostra-se positivamente correlacionada ao
aumento da poupança doméstica;
• Urbanização reduz a poupança doméstica;
• Maior risco da economia e aumento da taxa de inflação elevam a poupança
doméstica.

O Brasil parece não funcionar exatamente da forma que a pesquisa do Banco Mundial
indica, associando crescimento e poupança.

O aumento acelerado do PIB amplia a renda real dos


trabalhadores em idade ativa, ao passo que a renda dos
inativos consegue, na melhor das hipóteses, se manter em
linha com o aumento do custo de vida. Desta forma, com taxas
muito elevadas de crescimento da economia, a poupança dos
trabalhadores ativos se dá sobre rendas crescentes, enquanto
a despoupança dos inativos é limitada pelo pequeno tamanho
relativo da sua renda, já que saíram do mercado de trabalho
quando o país era bem mais pobre. (p. 3)

O Brasil foge à essa regra porque boa parte dos rendimentos das aposentadorias
acompanha o aumento real dos salários dos trabalhadores. A contínua valorização real do
salário mínimo faz com que o piso previdenciário do INSS englobe uma proporção crescente
dos benefícios. Assim o mecanismo pelo qual a expansão do PIB impulsiona a poupança
doméstica no Brasil encontra-se neutralizado. A generosidade da previdência gera um
desestimulo a poupança.

Em suma, como país de baixa poupança doméstica, o


Brasil deve consolidar em ambiente institucional que permita ao
capital externo complementar de forma contínua o excesso de
consumo e investimentos em relação a renda nacional. (...) Um
estado com gastos correntes mais controlados e investimentos
maiores ajudaria, agregando alguma poupança doméstica
adicional, e removendo parte da pressão de alta do real. (p. 4)

É uma característica estrutural da economia brasileira a baixa poupança doméstica.

Em pesquisa realizada pelo Banco Mundial entre 1995 e 2004, dentre 134 países o
Brasil ocupou a 76ª posição em nível de poupança, se encontrando abaixo da média mundial.

Situação brasileira é reflexo da situação da América Latina. A poupança asiática nos


últimos 15 anos esta em torno de 35% do PIB contra 20% para os latinos.

Um fato estilizado de ocorrência bastante frequente é o


da elevação da taxa de poupança em seguida a acelerações do
crescimento. Mas é algo que não tem acontecido no ciclo
recente de expansão do PIB brasileiro. (p. 6)

Sociedades com muitas crianças são sociedades que


tendem a apresentar menor taxa de poupança( e de forma
reflexa, sociedades envelhecidas também tendem a poupar
pouco). (p. 6)

O Brasil gasta 12% do PIB com despesas previdenciárias, isso mostra a generosidade
do sistema previdenciário nacional.

Modelo de Poupança Chinesa

• Nos anos 90 a taxa de poupança chinesa girava em torno de 35% e 40% do PIB;
• Ao longo da primeira década do século XXI ela atingiu 50% do produto;
• A poupança é dividida entre firmas(empresas), famílias e governos. Firmas e famílias
representam 90%;
• Estudos revelam que o aumento da poupança nos últimos anos se deve ao aumento da
poupança entre os jovens;
• Gastos com educação, saúde e seguridade social chegam a apenas 6% do PIB.

A dificuldade de um país que poupa pouco é a


necessidade de recorrer à poupança externa para financiar a
diferença entre a taxa de investimento e poupança. Para uma
poupança de 18% e uma taxa de investimento de 23% do PIB,
que parece necessária para um crescimento estável em torno
de 5,5% ao ano, o Brasil terá de contar com 5% do PIB de
poupança externa. (p. 8)
O modelo australiano é um exemplo que é possível sustentar déficits de transações
correntes relativamente elevados durante longos períodos. Para isso são necessárias algumas
condições:

• Manutenção do regime de cambio flutuante, para que haja mecanismos automáticos de


correção de desequilíbrios externos;
• Manutenção do equilíbrio fiscal;
• O passivo externo liquido deve ser na forma de renda variável – investimento externo
direto ou em bolsa de valores – ou de divida denominada em moeda doméstica.

Item Programático 4 – Cálculos, PIB e Poupança

Texto 4 – Contabilidade Nacional e Agregados Macroeconômicos

Para que as análises macroeconômicas pudessem avançar, foi


necessário o desenvolvimento de chamada Contabilidade
Nacional, ou seja, de um instrumento que permite mensurar a
totalidade das atividades econômicas. (p. 30)

• Produto: Corresponde a tudo que foi produzido em um país durante determinado


período de tempo.

• Crescimento econômico de um determinado país é definido como o aumento do


produto naquele período, ou seja, a elevação na produção de bens e serviços que
satisfaçam às necessidades humanas.

• Fatores de produção: São recursos utilizados na produção de bens e serviços.

Para contabilizar o produto de um país devem-se contabilizar apenas os bens finais. Isso
faz com que o problema da dupla contagem não ocorra. Outra forma de contabilizar o produto
é através do Valor Adicionado. O valor adicionado é o valor que foi, em cada etapa produtiva,
adicionado ao valor das matérias-primas utilizadas.

A soma do valor dos bens finais ou a soma do valor adicionado


em cada etapa do processo produtivo necessariamente será a
mesma. Essa forma de medir o valor do produto é chamada de
“Ótica do Produto”. (p. 32)

Existem outras duas formas de medir o produto de um país: por meio do dispêndio ou da
demanda (“Ótica do Dispêndio”); por meio da renda gerada no processo produtivo (“Ótica da
Renda”).

O conceito de dispêndio refere-se aos possíveis destinos do


produto, isto é, por quem e para quem são adquiridos. Os
principais destinos do produto são o consumo e o
investimento. O consumo pode ser dividido no chamado
consumo pessoal (das famílias), que se refere aos bens e
serviços adquiridos voluntariamente no mercado, e o consumo
público (do governo), que se refere aos bens e serviços que
são colocados de forma “gratuita” pelo governo para os
indivíduos e são consumidos de forma coletiva. O
Investimento refere-se à aquisição de mercadorias para
ampliar a produção futura, corresponde ao aumento do estoque
de capital físico (maquinas e equipamentos) e à variação dos
estoques. (p. 35)
Ainda na ótica do dispêndio é necessário juntar ao consumo das famílias, do governo e do
investimento, as exportações e importações.

Já a ótica da renda refere-se a remuneração dos fatores de produção envolvidos no


processo produtivo. Os tipos de remuneração são:
• Salários pagos ao fator trabalho;
• Juros que remuneram o capital de empréstimo;
• Alugueis pagos aos proprietários dos bens de capital;
• Lucros que remuneram o capital produtivo;
• Impostos

Y = Produto nacional
C = Consumo agregado
I = Investimento

Para que o investimento ocorra, nem toda a renda da economia


pode ser consumida, pois, caso contrario, não haveria recursos
para realizar os investimentos. Assim uma parcela da renda
das famílias deve ser poupada, entendendo como poupança
(S) a parcela da renda não consumida em dado período. (p. 38)

Visto isso, introduz-se um novo agente no sistema econômico, o Sistema Financeiro, cuja
principal função é captar os recursos dos poupadores para transferi-los aos investidores.

Em um modelo sem interação com outros mercados, as famílias têm dois destinos para
sua renda: consumir ou poupar.

Y=C+S

Nesse mesmo modelo existem dois tipos de gastos: Consumo e Investimento.

DA = C + I

Como renda é igual a demanda:

I=S

Para completar as entidades que participam da atividade econômica de um país falta o


governo. O governo tem por função prover os chamados “bens públicos”, o que é feito por
meio da arrecadação de impostos.
Bens Públicos são os bens que não podem ser providos pelo mecanismo de mercado. São
caracterizados por serem não rivais e não excludentes.

Os impostos arrecadados pelo governo são de dois tipos:

• Impostos diretos, que incidem diretamente sobre o agente que os recolhe (IPTU).
• Impostos indiretos, que incidem sobre a mercadoria a ser vendida (ICMS).

O subsidio corresponde ao pagamento pelo governo de parto


dos custos de produção, fazendo com que o preço pelo qual o
bem é vendido (preço de mercado) seja menor que o custo de
produção; neste caso, o subsidio funciona como um imposto
indireto negativo. (p. 41)

Com a introdução do governo, acrescenta-se outro destino para a renda, que é o


pagamento de tributos (T), e um novo elemento de demanda, que são os gastos públicos
(G).
Para completar a equação se adiciona o resto do mundo, ou seja, as exportações (X) e
importações (M).

Temos então:

Y = C + I + G + (X - M)

Transformações possíveis em termos de medida:

Medida
Medida Original Transformação
Resultante
Bruto (-) Depreciação Liquido
Preços de Mercado (-) Impostos Indiretos (+) Subsídios Custos de Fatores
Interno (-) Renda Liquida Enviada ao Exterior Nacional

Produto Real x Produto Nominal

Produto real é aquele medido a preços constantes e o produto nominal é aquele medido a
preços correntes. Os chamados índices de preços são utilizados para retirar os efeitos da
inflação sobre a medida do produto.

Variáveis tipo Fluxo x Variáveis tipo Estoque

Na economia, trabalha-se com variáveis tipo fluxo que


correspondem àquelas atividades econômicas continuas,
ininterruptas, e como tal devem ser medidas em determinado
período de tempo; e com variáveis tipo estoque que
correspondem a magnitudes medidas em dado instante do
tempo. (p. 57)

Fluxos: produto, renda, consumo, poupança, investimento, gastos públicos, arrecadação de


impostos, exportações, importações, etc.

Estoques: população, capital (k), divida externa, estoque de moeda, ativos financeiros,
riqueza, etc.

Texto 5

Capítulo 1 – Teoria das finanças públicas

• Teoria tradicional do bem-estar social: sob certas condições os mercados competitivos


geram alocação de recursos na qual não é possível que um indivíduo aumente sua
satisfação sem que haja diminuição na satisfação de outro.
− Ótimo de Pareto: alocação de recursos com a qual ninguém pode melhorar sua
situação sem causar prejuízo a outros agentes.
• Falhas de mercado impedem que ocorra situação de Ótimo de Pareto:
− Existência de bens públicos:
 Consumo indivisível ou não rival (consumo de um bem por um
indivíduo não prejudica o consumo do mesmo bem para outros
indivíduos).
 Princípio da não-exclusão no consumo: difícil ou impossível impedir
que um determinado indivíduo usufrua de um bem público.
 Exemplos.: ruas, iluminação pública, justiça, segurança pública.
− Monopólios naturais:
 Setores com retornos crescentes de escala: mais vantajoso haver
apenas uma empresa produtora.
 Intervenção do governo: regulação ou produção do bem/serviço.
− Externalidades
 Positivas: investimento em setores de infraestrutura trazem benefícios
para os outros setores da economia.
 Negativas: ações de um agente prejudicam os outros.
 Intervenção do Estado:
• Produção direta ou concessão de subsídios, para gerar
externalidades positivas. Exemplo: eletrificação rural é pouco
rentável, governo pode fazê-la ou subsidiar empresas que
façam.
• Multas ou impostos para desestimular externalidades
negativas. Exemplo: multas de trânsito.
• Regulamentação. Exemplo: limites de emissão da gases na
atmosfera.
− Mercados incompletos
 É quando um bem/serviço não é ofertado, mesmo tendo custo de
produção menor do que o preço que os potenciais consumidores
estariam dispostos a pagar.
 Motivo: setor privado não está disposto a assumir riscos.
 Exemplo: sistema financeiro em países em desenvolvimento. É
importante a intervenção do governo para concessão de crédito de
longo prazo para financiar investimentos no setor produtivo (Brasil –
BNDES)
− Falhas de informação
 Intervenção do estado para melhorar o fluxo de informações. Exemplo:
criação de legislação que induza a uma maior transparência de
mercado (publicação balanços contábeis de empresas de capital
aberto)
− Ocorrência de desemprego e inflação
 Intervenção do estado para implementar políticas que visem a
manutenção do funcionamento do sistema econômico o mais próximo
possível do pleno emprego e da estabilidade de preços.
• Razões para existência do governo:
− Sistema de mercado precisa de contratos que dependem da proteção e da
estrutura legal implementada pelo governo.
− Existência de bens públicos.
− Sistema de mercado não garante elevado nível de emprego, estabilidade de
preços e taxa de crescimento do PIB desejada pela sociedade.
− Melhoria da distribuição de renda.
• Objetivos da política fiscal e as funções do governo:
− Função alocativa: fornecimento de bens públicos.
− Função distributiva: ajustes na distribuição de renda.
− Função estabilizadora: buscar alto nível de emprego, estabilidade de preços e
taxa apropriada de crescimento do PIB.
Capítulo 3 – O Estado e as Empresas Estatais no Desenvolvimento Econômico

BRASIL:
• Década de 30
− Início da industrialização, impulsionada pela dificuldade de importar (guerra,
grande depressão).
− Expansão de instrumentos regulatórios: controle de preços básicos,
determinação de tetos para taxa de juros, criação de autarquias e proteção da
indústria local.
• 1940 e 1950
− Início da formação do setor produtivo estatal: garantir o andamento do
processo de industrialização.
− 1942 – CSN e Vale do Rio Doce; 1952 – BNDE (BNDES); 1953 – Petrobrás
− Anos 50 – consolidação do pensamento desenvolvimentista, industrialização
como meio de superação do atraso e da pobreza.
− Plano de metas (1957) – planejamento pós-industrialização (aprofundamento
da estrutura industrial e construção de infraestrutura).
− Investimentos principalmente estatais (energia e transportes) e multinacionais
(indústria metal-mecânica). Capital privado nacional: distribuição e
fornecimento para grandes empresas multinacionais, ex.: indústria de
autopeças).
• 1960 e 1970
− Ampliação da participação direta do estado no setor produtivo para ocupar os
“espaços vazios” da estrutura industrial.

RAZÕES DA ESTATIZAÇÃO

• Motivos clássicos:
− Falta de interesse do setor privado para entrar em algumas áreas
− Setores caracterizados por econômicas de escala
− Externalidades
− Motivos políticos/nacionalistas – necessidade de soberania nacional
− Controle de áreas com recursos naturais escassos
• Especificidades brasileiras
− Necessidade de solucionar problemas de balanço de pagamentos
− Objetivo de controlar atividades estrangeiras (utilidades públicas e recursos
naturais)
− Priorização de um projeto de industrialização acelerado de uma economia
atrasada
• Grandes estatais no Brasil: espaços vazios associados a setores estratégicos para o
desenvolvimento econômico, com investimento de alto nível de capital, baixo retorno e
longo prazo de maturação, ou seja, pouco atrativo para a iniciativa privada.

OS DIVERSOS PAPÉIS DO ESTADO

• No Brasil, o Estado contribuiu para o aumento dos investimentos na economia através


de:
− Subsídios ao setor privado
− Financiamento dos esforços de investimento privado em setores estratégicos
− Investimentos em setores de infraestrutura e utilidade pública
− Fonte de demanda para o setor privado
• Funções do Estado brasileiro
− Papel regulador
 Instrumentos: Política monetária, fiscal e creditícia; politicas de
comércio exterior e cambiais; controle de preços.
− Papel de órgão financiador
 Importância em atividades bancárias e de desenvolvimento
 Reformas dos anos 60 – modernização do mercado de capitais
 Crescente importância dos programas de crédito subsidiados nos anos
70
 Financiador do processo de crescimento: incentivar o desenvolvimento
de setores estratégicos, para os quais não havia fontes privadas de
financiamento adequadas.
− Papel de produtor
 Estatais importantes na mineração, infraestrutura e serviços de
utilidade pública

Capítulo 14 – A lógica da privatização e o PND

• Crise no final da década de 70: Estado ficou incapaz de financiar investimentos em


suas estatais, gerando necessidade de transferência de recursos fiscais federais para
arcar com suas necessidades operacionais (aumentando custos políticos) e
comprometendo capacidade produtiva em setores-chave de infraestrutura.
• Início de privatizações na década de 80 e programa de privatização passa ser
prioridade a partir dos anos 90.
− Estado produtor cede espaço ao estado regulador
− Venda de ativos produtivos públicos com o objetivo de geração de recursos
para redução da dívida pública.
− Espera-se aumento de investimentos ao transferir a propriedade para o setor
privado.
• Justificativas para a privatização
− Recuperação da imagem externa do país (alta inflação e crise da dívida
externa)
− Desequilíbrio das contas fiscais (justificam as privatizações a partir de 90, que
geraram receitas maiores)
− Transferência para o setor privado gera ganhos de eficiência (aumento
capacidade produtiva e modernização, fim do dilema lucros X objetivos sociais)
• As três fases da privatização no Brasil
− Anos 80: “reprivatizações” (privatização de empresas que já tinham sido
privadas) – saneamento financeiro da carteira do BNDES; ganho de
experiência e construção de mentalidade pró-privatizacão por parte da opinião
pública.
− 1990 a 1995: PND (Plano Nacional de Desestatização) – venda de empresas
tradicionalmente estatais (empresas maiores – siderurgia, petroquímica e
fertilizantes); privatização de setores; lei de privatização; estratégia geral do
governo contemplando “reformas de mercado”(abertura comercial,
desregulamentação da economia, redução do tamanho do Estado)
− A partir de 1995: A terceira fase foi iniciada pela venda de empresas do setor
elétrico. Em 1996, ocorreu a inclusão dos estados no processo de privatização,
centrada nos setores elétrico, gás canalizado, saneamento básico e concessão
de rodovias. Os maiores impactos fiscais ocorreram a partir de maio de 1997,
com a alienação da CVRD. Em 1998, o processo de privatização das
empresas de telecomunicações foi concluído.
Finalmente, com o grande volume de recursos auferidos, a predominância das receitas
de venda em moeda corrente, e a entrada dos estados no programa, os impactos fiscais foram
expressivos. Além disso, os setores “privatizáveis” eram mais atraentes para o setor privado,
dado seu potencial de crescimento, e foi permitido aos investidores externos participarem do
processo, o que contribuiu para o volume significativo das receitas arrecadadas. Tais fatos
possibilitaram a redução da dívida e do déficit público. Observa-se, então, que o processo de
privatização no Brasil se deu de forma lenta e os impactos macroeconômicos e fiscais
ocorreram gradualmente ao longo das três fases. Como resultado, a utilização de receitas de
privatização para abater dívida pública reduziu efetivamente a carga de juros incidentes sobre
a dívida, seu estoque e o déficit público. A privatização possibilitou ainda, a melhoria do perfil
da dívida e a reestruturação de passivos no setor público.

Texto 6

Estado Regulador

• Caráter essencial da prestação de serviços de utilidade pública (Ex.: telecomunicações,


energia elétrica):
− Grande parte da população é obrigada a utilizar esses serviços;
− O crescimento da economia exige a expansão destes serviços.
• Com a privatização o Estado não desaparece, apenas muda de figura, deixando de
cumprir o papel de produtor do serviço e passando a assumir as responsabilidades de
regulador (fiscal), através das agências reguladoras.

IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS DA REGULAÇÃO

• Poder Concedente x Poder Regulador


− Poder concedente: titular da obrigação da prestação do serviço, responsável
por dimensionar, planejar e decidir sobre a política de oferta do serviço e a
melhor forma de atendê-la. Deve fazer cumprir as condições do contrato de
concessão. Geralmente exercido pelo governo.
− Poder regulador: tem obrigação de zelar pelas regras estabelecidas,
setorialmente, para a prestação dos serviços de utilidade pública por parte de
terceiros, garantindo a qualidade do serviço prestado e preço justo.
 Funções: defesa e interpretação das regras; definição operacional de
alguns conceitos; investigação e denúncia de atividades
anticompetitivas ou abuso do monopólio concedido.
 Objetivos: bem-estar do consumidor; melhora na eficiência alocativa,
distributiva e produtiva; universalização e qualidade dos serviços;
interconexão entre diferentes provedores; segurança e proteção
ambiental.
 Instrumentos regulatórios: tarifas, quantidades, restrições à entrada
e saída, padrões de desempenho.
• Para que o sistema regulatório seja eficiente são necessários:
− Política tarifária definida e estável;
− Marcos reguladores bem definidos (relações entre atores de cada setor);
− Mecanismo ágil e eficiente para resolução de divergências entre poder
concedente e concessionária;
− Um certo grau de garantia contra riscos econômicos e políticos;
− Criação de órgão regulador do setor, com especialidade, imparcialidade e
autonomia nas decisões.
• Sistema regulador deve atender dois requisitos essenciais:
− Independência da agência reguladora
− Escolha de instrumentos que incentivem a eficiência produtiva e alocativa.
• Contrato de concessão - objetivos conflituosos: maximização do bem-estar do
consumidor e garantia de um retorno atrativo para o investidor.
− Contrato determina valor e prazo da concessão, regras de fixação de
tarifas, condições de financiamento, direitos e obrigações durante a
vigência da concessão e ao final do contrato.
− Desafio: contrato que minimize riscos de retorno muito elevado ou muito baixo
para o investidor, de provisão ineficiente dos serviços e de manutenção
inadequada de ativos.

AS EXPERIÊNCIAS REGULADORAS NOS PAÍSES DESENVOLVIDOS

• Desenvolveram-se principalmente nos EUA. Em setores caracterizados por monopólios


naturais cabia às agências reguladoras, especializadas e independentes, simular os
benefícios da concorrência (oferta e preços adequados) e estimular o desenvolvimento
tecnológico.
• Desregulação nos EUA ficou restrita a poucas atividades. Principais serviços de
utilidade pública continuaram sendo regulados pelo governo enquanto permaneceram
sob a estrutura de monopólio natural.
• Nos EUA: divisão do trabalho entre agências estaduais e federais.
• Europa, Japão e países em desenvolvimento: durante quase todo século XX os
monopólios estatais foram ofertantes tradicionais de infraestrutura, com regulação
exercida por ministérios setoriais. Recentemente há uma tendência de especialização
das agências reguladoras nos principais países.
• Países desenvolvidos: dilema flexibilidade X perda de confiança. Excesso de
flexibilidade e de poder discricionário das agências pode reduzir a perda de
credibilidade e inibir o investimento privado em infraestrutura.
AS NOVAS AGÊNCIAS REGULADORAS
• No Brasil:
− Estatização de concessionárias gerou um fraco aparato regulador, porque tanto
a concessionária quanto o órgão fiscalizador eram instituições ligadas ao
Estado, o que deixava a desejar a eficiência dos instrumentos de controle.
− Empresas tornaram-se fortes, com altos volumes de recursos e equipes
amplas, e os órgãos reguladores se enfraqueceram.
− Privatizações e concessão de prestação de serviços de utilidade pública ao
setor privado trouxe à tona a necessidade de construção de um aparato
regulador eficiente.
− Aspectos importantes para a atuação das agências:
 Independência dos dirigentes e autonomia econômico-administrativa da
instituição: contrato que estabeleça limites de interferência do Estado;
garantia de autonomia da agência reguladora; independência dos seus
dirigentes; atuação ativa.
 Assimetria de informações: Fixação de mandatos longos, escalonados
e não coincidentes com o ciclo eleitoral, para os dirigentes das
agências.
 Descentralização da fiscalização: fiscalização eficiente depende de
como a agência reguladora lida com as possibilidades de
descentralização.
 Coordenação das AR com as demais instituições: delimitação do
espaço de atuação das agências é fundamental à medida que não
estão autorizadas a praticar atos de fiscalização inseridos na
competência de outro órgão.
− Algumas agências reguladoras no Brasil: ANEEL, ANATEL, ANP.

AS REGRAS DE REAJUSTE DE TARIFAS E OS COMPROMISSOS DE INVESTIMENTO

• Cabe as AR observar, do ponto de vista do usuário, se o serviço é prestado de forma


adequada (regularidade, continuidade, eficiência, segurança e atualidade tecnológica).
• Tarifa: instrumento que garante o retorno do capital investido pela concessionária e
variável que define a possibilidade de acesso dos usuários ao serviço prestado.
− Tarifação pelo custo do serviço: mais adotada, preço remunera custo total e
uma margem que proporcione TIR (IRR) atrativa ao investidor. Não incentiva a
minimização de custos, gera ineficiência produtiva por causa da remuneração
garantida ao produtor, prejudicando consumidor com repasse de investimentos
desnecessários.
− Tarifação pelo custo marginal: aproximar preços dos multiprodutos aos seus
custos específicos. Tarifas diferenciadas de acordo com categorias de
consumidores (residencial, industrial...) e com outras características do sistema
(estações do ano, horários de consumo, regiões demográficas). Propicia
melhor eficiência alocativa e melhor aproveitamento da capacidade instalada.
− Price-cap: regra de reajuste por índice de preços. Preço previamente
especificado faz com que as firmas tendam a minimizar os custos para se
apropriarem dos lucros excedentes.

O ESTÍMULO À COMPETIÇÃO E A QUALIDADE DOS SERVIÇOS

− Exploração do potencial competitivo:


− Competição nos mercados: telecomunicações, energia elétrica e gás natural,
onde o potencial competitivo é mais elevado. Aumento da competição pode
resultar em redução de tarifas e em serviços de melhor qualidade.
− Competição pelos mercados: serviços públicos e arrendamento. Competição
antes da assinatura do contrato e na sua renovação, não sendo permitida
competição direta no mercado.
− Competição de substitutos: energia e transportes. Substitutos na produção de
energia elétrica (gás, óleo, carvão, água) e transporte (ferroviário, aquaviário,
rodoviário).

REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA

− Regulação: limitações quanto à entrada e saída em um mercado, especificações


quanto a qualidade dos produtos fornecidos e fórmulas para a determinação dos
preços.
− Quando há um afastamento de situação de monopólio natural em direção ao oligopólio
a política reguladora mais adequada é a desregulação parcial. Desafio: distinguir
possíveis elementos anticompetitivos e a busca de ganhos de eficiência nas ações
empreendidas pelas empresas dominantes.

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