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O papel das Nações Unidas no atenuar dos contrastes de desenvolvimento

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Após a II Guerra Mundial, o agravamento das situações de pobreza e de


miséria humana, nomeadamente em alguns países descolonizados, tornaram a
questão do bem-estar económico e social uma preocupação universal. Em
1945 foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU) (atualmente com 193
estados membros e dois observadores) com o intuito de promover a
cooperação internacional e evitar um novo conflito. Em 1965 foi criado
o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com o
objetivo de unificar e alargar as operações de ajuda ao desenvolvimento.
Atualmente está presente atualmente em 166 países do mundo onde colabora
com os diversos governos, com a iniciativa privada ou com a sociedade civil.
Alguns dos seus objetivos passam por manter a segurança e a paz mundial,
promover os direitos humanos, auxiliar no desenvolvimento económico e no
progresso social e cultural, proteger o meio ambiente e promover ajuda
humanitária em casos de fome, desastres naturais ou conflitos armados, sem
distinção de raça, género, língua ou religião. Nas décadas de 1960 e 1970, a
ajuda iniciou especialmente nos países asiáticos. Atualmente é o continente
africano que recebe a maior parte da ajuda, já que apresenta as maiores
carências a nível político, económico e social.

Tipos de ajuda ao desenvolvimento:

Com o intuito de ultrapassar os obstáculos que se colocam ao desenvolvimento


de muitos países e atenuar os contrastes existentes, cria-se uma cooperação
internacional entre Países Desenvolvidos (PD) e os Países Em
Desenvolvimento (PED), com o intuito de combater as dificuldades económicas
e sociais de forma duradora e sustentável.

A cooperação internacional pode assumir várias vertentes, contudo, neste


contexto, a mais comum é a ajuda ao desenvolvimento, que pode consistir: na
transferência de dinheiro (donativos e empréstimos); na implementação de
programas e projetos, através do apoio técnico (construção de infraestruturas
como barragens ou saneamento); no fornecimento de bens e serviços; ou no
alívio das dívidas externas.

Existem dois tipos de ajuda ao desenvolvimento, a ajuda pública e a ajuda


privada, que podem ser resumidos num esquema síntese (Figura 1).
Entre os países doadores destacam-se os países mais desenvolvidos, mas
também instituições e/ou organizações. Por vezes, o mesmo país contribui
com Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) de forma bilateral, mas também
multilateral se pertencer a alguma organização como a ONU ou Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). A maior parte da
APD provém de organizações internacionais como a ONU, o Banco Mundial ou
a OCDE. Salienta-se, ainda, que a União Europeia (UE), juntamente com
alguns países como os EUA ou o Japão, são responsáveis por uma parte muito
substancial da APD mundial.
A repartição/distribuição destas ajudas, a nível mundial, apresenta grandes
desigualdades (Quadro 1).

Também ao nível dos países os contrastes são bastante significativos (Quadro


2).
Quando os países doadores e os países recetores cumprem as
responsabilidades que assumiram, as ajudas ao desenvolvimento traduzem-se
em benefícios para as populações (Figura 2). Para isso é essencial que os
países se

empenhem de forma decisiva no seu próprio desenvolvimento, eliminando a


corrupção, a má governação e os programas de auxílio mal direcionados.
Importância da ONU no desenvolvimento dos povos
A ONU é uma instituição internacional fundada em 1945, por 51 países. Uma
vez que foi fundada nos pós II Guerra Mundial, o principal objetivo da ONU
residiu na manutenção da paz mundial. Atualmente tem objetivos e áreas de
intervenção muito mais alargados. Deste modo, os objetivos fundamentais da
ONU são:

- Manter a paz e segurança no mundo;

- Fomentar as relações de amizade entre todos os países;

- Ajudar os países a trabalharem em conjunto para a resolução de problemas


económicos, sociais, culturais ou humanitários (melhorar a vida das pessoas
mais pobres; eliminar a fome ou a doença; combater o analfabetismo; encorajar
o respeito pelos direitos e liberdades individuais);

- Ser um centro destinado a harmonizar (conciliar) os esforços das nações para


alcançar esses objetivos comuns.

Através dos seus múltiplos organismos e agências especializadas, a ONU


estabelece ações importantes a nível mundial, obtendo resultados significativos
em todas as áreas (Figura 5).
 Figura 5: Alguns dos organismos das Nações Unidas.

A ONU tenta assumir uma posição neutra, mas focada nos países mais
desfavorecidos, tendo em vista o equilíbrio mundial. Todavia, acordar os pontos
de vista e interesse de quase todos os países do mundo torna muito complexa
a sua ação, impedindo, muitas vezes, a obtenção de sucesso ou a adoção de
algumas medidas. Assim, por vezes, surgem críticas tais como a dificuldade
em passar das palavras à ação; alguma passividade em relação aos países
mais poderosos e a sua falta de eficácia dado que existe, por vezes,
desproporção entre os meios investidos e os resultados alcançados.

Retrato síntese da Ajuda Pública ao Desenvolvimento portuguesa:


 
A Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) portuguesa tem estado muito
aquém do que ficou estabelecido nos acordos internacionais, ou seja, abaixo
do compromisso de doar 0,7% do RNB. Após um período de tendência positiva
entre 2010 e 2011, iniciou, a partir de 2012, um ciclo decrescente. Justificou
este comportamento o facto de Portugal se encontrar, até junho de 2014, sob
um Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF). Em 2015, a
tendência negativa ainda se manteve, representando uma diminuição global
face a 2014 de 14%, situando-se, em valores líquidos, nos 279 milhões de
euros. A recuperação ocorreu em 2016, assinalando-se uma subida de 11%
face ao ano anterior, o que correspondeu a uma APD total de 310 milhões de
euros, coincidindo com uma fase de recuperação do crescimento económico
em Portugal. Em 2017, a tendência crescente veio confirmar-se tendo a APD
alcançado 338 milhões de euros (Figura 7).
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 Figura 7: Evolução da APD portuguesa.

O peso da APD portuguesa no RNB (rácio APD/RNB) em 2018 situou-se nos


0,17%, o que representou uma ligeira subida face a 2015, 2016 e 2017. A
quebra do rácio nos anos precedentes refletiu os efeitos do programa de
ajustamento económico e financeiro a que Portugal esteve sujeito. A tendência
ligeiramente crescente nos últimos anos revela um esforço adicional positivo da
APD portuguesa.

A APD Bilateral portuguesa representa, em média para o período 2013-2017,


47% da APD total, confirmando a concentração geográfica nos Países de
Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e em Timor-Leste, enquanto a APD
Multilateral atingiu um peso relativo de 53%, sendo maioritariamente dirigida
para as instituições da UE, Grupo Banco Mundial e da ONU.

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