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Cidadania e desigualdade social

Apresentação
Conceitos como Cidadania e Desigualdade Social são amplamente utilizados na sociedade.
Embebidos por vezes em concepções alicerçadas apenas no saber do senso comum acabam
perdendo sua dimensão ampliada, visto que, estes são elementos estruturantes para o
desenvolvimento da análise de uma dada sociedade.

A cidadania que nasce na Polis Grega se modifica de acordo com o nível de desenvolvimento
econômico e social de uma dada sociedade, portanto, é essencial entender que conceito de
cidadania alicerça o estado brasileiro. A desigualdade social, por sua vez, é produto nefasto das
relações econômicas, políticas, culturais e sociais que uma determinada sociedade reproduz,
compreender de forma ampliada esse conceito é essencial para o desenvolvimento de respostas de
enfrentamento alinhadas à compreensão de direitos humanos.

Nesta Unidade de Aprendizagem você irá aprofundar-se no estudo do conceito de cidadania para
além de sua redução a obrigações, deveres e direitos. Conhecerá o debate teórico sobre a
desigualdade social, tanto aquela que se dá entre nações, refletiva nas divisões internacionais,
quanto aquela que se dá interna ao Brasil, diante da existência do que alguns autores chamam de
“Brasis”. Por fim, conseguirá compreender o conceito de pobreza e a sua percepção enquanto um
persistente problema humanitário.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Explicar o conceito de cidadania não apenas no sentido de deveres, obrigações e direitos.


• Contextualizar as desigualdades sociais entre as nações, especialmente a brasileira.
• Reconhecer a pobreza como um grande problema da humanidade.
Desafio
Pensar o nível de desenvolvimento de um dado país é uma ação que deve ir além da análise
estatística dos principais índices econômicos dessa nação, sendo essencial um olhar crítico que
articule os dados da dimensão econômica, social e humana. Desta forma, observe as informações a
seguir.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, em 2020, atingiu a soma de 7,4 trilhões de reais. Em
termos de potencialidade de recursos naturais e agrícolas, o Brasil também se destaca. E, apesar de
todas essas possibilidades, há, no País, um índice elevado de pessoas em situação de pobreza
extrema. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, quase
52 milhões de brasileiros estavam em situação de pobreza e, em extrema pobreza, 13,5 milhões de
pessoas. Outro dado importante é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); o Brasil, em 2018,
ocupava o 79o lugar no ranking mundial, porém, em 2019 passou a ocupar o 84o lugar nesse
ranking.

Desta forma, e analisando os indicadores apresentados, como se explica o fato de o Brasil ser um
país potencialmente rico e, ainda assim, ter tão elevado número de pessoas em situação de
pobreza?
Infográfico
Discute-se muito acerca das desigualdades sociais, denunciando e questionando os diversos atores
envolvidos nesse processo excludente e que envolve a todos. No infográfico aborda-se as origens,
contudo, evidencia-se possibilidades de solução. Estas, entretanto, prescindem de atitude, assim,
cabe a cada um refletir sobre seu papel no mundo.
Conteúdo do livro
Desigualdade social é um dos temas mais discutidos, e, no campo educacional, principalmente,
observamos que essa questão precisa ser melhor compreendida, uma vez que há uma crença de
que a educação pode melhorar as condições sociais e diminuir as desigualdades. Com essa
perspectiva, você verá, neste capítulo, uma pesquisa, realizada entre 2003 e 2015, em que foram
analisadas as políticas públicas que tiveram como objetivo diminuir as desigualdades sociais.

Essa é uma boa oportunidade para você pensar no real valor da educação para a vida de todas as
pessoas.

Boa leitura.

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Dica do professor
No vídeo a seguir, entenderemos o conceito de cidadania, relacionando-o à questão dos direitos
humanos e à desigualdade social.

Compreenderemos as matrizes históricas da desigualdade social no Brasil e como a nossa


consciência crítica e participativa minimiza os efeitos da má distribuição de renda e garante a plena
execução dos diretos sociais, civis e políticos em nosso país. Confira.

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Exercícios

1) José Murilo de Carvalho, no livro "A cidadania no Brasil: um longo caminho", analisa
minuciosamente o processo de construção da cidadania no Brasil durante o período
republicano brasileiro. Para isso, o autor começa por definir o que seja a cidadania,
relacionando-a não apenas à participação ativa dos cidadãos na sociedade em que vivem,
mas também, e principalmente, à conquista dos direitos humanos (sociais, políticos ou civis)
pela população. De acordo com a ideia de cidadania apresentada pelo autor, pode-se afirmar
que:

A) A desigualdade de renda não aborda a relação dos mais pobres e os que se encontram na
linha de extrema pobreza, dificultando a análise sobre as dificuldades sociais no Brasil.

B) Os estudos apontam que o coeficiente de Gini desenvolveu sua teoria durante o período
militar e, dessa forma, apropriou-se de uma condição econômica de relativa instabilidade, o
que não sucede nos dias atuais.

C) É importante considerar a renda monetária para a análise da desigualdade social; contudo, há


outros indicadores que não são contemplados pelo coeficiente de Gini, principalmente
quando os dados monetários são congelados.

D) Dados como o salário-mínimo, a inclusão social e a distribuição de renda são contemplados


pelo coeficiente de Gini; contudo, esses não são computados em moeda nacional, dificultando
as análises da desigualdade social no Brasil.

E) O imposto de renda dos mais ricos é um indicador que aparece no coeficiente de Gini e, os
mais pobres estão isentos de declararem esse imposto; portanto, o uso desse recurso acaba
por mascarar as reais condições da desigualdade no País.

2) A pesquisa realizada por Campello, Gentilli et al. (2018), no que se refere à educação, traz
aspectos que são de extrema importância para o desenvolvimento do País. Analise as
assertivas a seguir e indique a alternativa que aponta aquelas que, na perspectiva dos
autores, são verdadeiras:

I – A Educação, apesar de ser consenso em estratégia para o desenvolvimento do País, não é


um fator preponderante na dinâmica de exclusão e perpetuação da pobreza.

II – Em 2015, com o aumento do número de jovens entre 15 e 17 anos ingressando no


Ensino Médio na idade certa, houve a inclusão de 39% em relação aos dados de 2002.
III – O acesso ao Ensino Superior foi um marco da transformação na educação, ainda que
não tenha sido extensivo ao Mestrado e ao Doutorado.

IV – A escolaridade da mãe é um indicador determinante na redução da mortalidade infantil.

A) I e II.

B) II e III.

C) II e IV.

D) I, II e III.

E) I, II, III e IV.

3) Entre 2002 e 2015, os dados do IBGE/PNUD nos apresentam a evolução dos bens de consumo
entre os mais pobres. Analisando o gráfico e as assertivas a seguir, responda:

Considerando seus estudos e a análise do gráfico e das assertivas, marque a alternativa que aponta
as razões corretas para a evolução do acesso aos bens de consumo à população mais pobre no
Brasil:

A) O gráfico aponta que, mesmo com o crescimento vertiginoso do acesso aos bens de
consumo, a população total ainda é privilegiada, como pode ser observado na assertiva II.
B) Os 5% mais pobres tiveram acesso aos bens de consumo, contrariando as políticas públicas
desse período, conforme pode ser observado nas assertivas II e III, uma vez que essa
população não teve acesso à Internet, tão pouco à energia elétrica.

C) A ampliação do crédito à população causou um problema social mais grave e pouco


observado: o consumo desenfreado, como observado no gráfico, que acabou por aumentar a
dívida da população mais pobre, destacando-se os 20% mais pobres.

D) Acesso e renda são ações que não dependem apenas das políticas públicas, pois, ainda que
tenha aumentado o consumo de freezer e geladeira, a população mais carente ficou vinculada
à chamada linha branca, de menor qualidade, como pode ser observado.

E) As assertivas I e III demonstram políticas públicas voltadas à população mais pobre, que
contribuiu para que, no período de tempo apresentado no gráfico, fosse possível a essa
população amplo acesso.

4) Um dos aspectos mais significativos da melhoria de condições de uma população é também


um dos indicadores que compõem o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Assinale a
alternativa que apresenta o aspecto da saúde da população mais pobre no período de 2002 a
2015.

A) A vulnerabilidade social promoveu o desenvolvimento de ações locais que nem sempre foram
eficientes, por isso a saúde acabou sendo municipalizada.

B) A redução da pobreza, o acesso à água, a ampliação da escolaridade das mães, por exemplo,
representaram fatores importantes na ampliação das políticas públicas no Norte e Nordeste
do País.

C) O Programa Mais Médicos foi uma política pública que trouxe ao Brasil médicos para
atendimento da população carente das principais capitais do País e, com isso, houve uma
expansão de 31,8% no atendimento à população mais carente.

D) O Centro-Oeste foi a região que mais benefícios teve em relação à saúde, graças às políticas
nacionais de saúde integral da população negra, às unidades móveis de saúde bucal e aos
núcleos de apoio à saúde da família, devendo atender a outros Estados no próximo ano.

E) A mortalidade infantil foi o grande alvo das políticas públicas no Nordeste e, para isso, foram
implantados centro de saúde básica em todas as cidades do Nordeste com médicos e
enfermeiros durante 7 dias da semana, alterando a realidade local.

5)
O caput do artigo 5o da Constituição Federal de 1988 dispõe que “Todos são iguais perante
a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade [...]".

Contudo, quando confrontamos o texto com a realidade concreta, podemos enxergar que
esses direitos e garantias fundamentais não se materializam na vida cotidiana de vários
brasileiros. Assim, fazendo uma relação com o estudo das desigualdades sociais, pode-se
afirmar que:

A) A desigualdade social é um fenômeno natural de toda sociedade; por isso, na prática, o


Estado não tem o dever de acabar com ela.

B) A norma jurídica em questão está em confronto direto com a realidade observada,


demonstrando, assim, que, mesmo assegurada por lei, a igualdade social não é efetivada de
forma tão simples.

C) As sociedades são naturalmente desiguais; os dispositivos jurídicos são os únicos mecanismos


capazes de diminuir as desigualdades sociais.

D) A desigualdade social não tem relações com as injustiças, já que os mecanismos jurídicos a
condenam, retirando a possibilidade de haver uma relação entre as relações desiguais e as
injustiças sociais.

E) No contexto político e social, o entendimento sobre as desigualdades sociais ultrapassa os


limites culturais e somente deve ser explicado pelos critérios econômicos.
Na prática
As desigualdades sociais estão ligadas à história dos povos, ao desenvolvimento econômico
desenfreado e às concepções de mundo com que a sociedade se constituiu. Todavia, cabe uma
reflexão: se a história produziu as desigualdades, também fez emergir a consciência de muitos
acerca de suas consequências.

Nesse Na Prática você irá refletir sobre aspectos importantes acerca das desigualdades sociais.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Educação para a cidadania: questão colocada pelos movimentos


sociais

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ONU alerta sobre milhões de pessoas caindo em pobreza


extrema após Covid-19

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Cidadania
No video a seguir você entenderá um pouco mais sobre o conceito de cidadania.

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