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Empreendedorismo

Lição 01

Introdução ao estudo do
empreendedorismo

Índice
1.Introdução
2.Desenvolvimento de empreendedorismo
3.Definição de Empreendedorismo
4.Empreendedor versus Inventor
5.O papel do Empreendedorismo no desenvolvimento econômico
6.Ética e responsabilidade social dos empreendedores
7.O futuro do empreendedorismo
8. Conclusão
9.Notas complementares
10. Referências

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1. Introdução
Reflita sobre isso:

Então nós fomos para a Atari e dissemos:


Ei, nós fizemos essa coisa engraçada, construída com algumas peças de vocês. O que acham de
nos financiar? Também podemos dá-la para vocês. Só queremos produzi-la. Paguem nossos
salários e trabalharemos para vocês.
E eles disseram:
Nós não queremos vocês. Vocês nem terminaram a faculdade.Steve Jobs, fundador da Apple,
sobre as tentativas de atrair o interesse para o computador pessoal projetado por ele e Steve
Wosniak

Nos últimos anos muito se fala sobre empreendedorismo, do sucesso de alguns empreendedores e seus
empreendimentos, e da necessidade premente de empreender para a realização pessoal e para o
desenvolvimento econômico de uma nação. Contudo, percebe-se que a compreensão dos termos nem sempre
é um consenso. Na verdade, até hoje não há uma definição concisa e universalmente aceita. Certamente o
estudo do tema promove o desenvolvimento de habilidades do indivíduo, aumentando suas chances de
sucesso. Pesquisas indicam que pessoas que estudam empreendedorismo têm 3 a 4 vezes mais chances de
iniciar seu próprio negócio e ganharão de 20 a 30% mais do que os estudantes de outras áreas (HISRICH;
PETERS; SHEPHERD, 2009).

Esse módulo propõe compreender o conceito de empreendedorismo e seu desenvolvimento histórico, assim
como sua importância no contexto econômico e perspectivas para o futuro.

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2. Desenvolvimento de
empreendedorismo
Foi a palavra de origem francesa entrepreneur, que traduzida literalmente significa “aquele que está entre” ou
"intermediário" que deu origem ao termo Empreendedor [1] (Aquele que assume riscos e inicia algo novo),
em português. Segundo Hisrich (2009, p. 27), o desenvolvimento da teoria do empreendedorismo é paralelo,
em grande parte, ao próprio desenvolvimento do termo.

Fig. 1 - Empreendedores no decorrer da história

Marco Polo (século XII) é exemplo de primeiro uso da definição de empreendedor como “intermediário”,
quando tentou estabelecer rotas comerciais para o Extremo Oriente, assumindo riscos a fim de obter
remuneração pelos seus esforços, além da remuneração dos que o financiavam .

Na Idade Média, o termo empreendedor foi usado para descrever tanto o participante quanto um
administrador de grandes projetos de produção, sendo que o risco do projeto era do provedor dos recursos
[2] , geralmente o governo do país.

No século XVII surge como empreendedor a pessoa que firmava contrato com o governo para fornecer
produto ou serviço com preços pré-fixados, o que retorna a ligação do risco, quando todos os lucros ou perdas
resultantes eram do empreendedor [3] .

A diferenciação entre a pessoa com capital e aquela que precisava de capital se destacou no século XVIII, ou
seja, o empreendedor foi diferenciado do fornecedor de capital – investidor de risco. Uma das causas para tal
diferenciação foi a industrialização. Um investidor de risco é um administrador profissional de dinheiro que faz
investimentos de risco a partir de um montante de capital próprio para obter uma alta taxa de retorno sobre os
investimentos [4] .

No final do século XIX e início do século XX percebe-se que a distinção entre empreendedor e gerente de
uma organização não existe [5] , o que ainda acontece em algumas situações até hoje. Essa perspectiva
econômica – o empreendedor como aquele que lança mão de sua engenhosidade para planejar, organizar,
dirigir a empresa, pagar os empregados e os outros custos, mas a serviço do capitalista – ganha nova
dimensão em meados do século XX quando se estabelece a noção de empreendedor como inovador
(Alguém que desenvolve algo único). O empreendedor, então, tem a função de reformar ou revolucionar o
padrão de produção [6] .

Está claro que a capacidade de inovar, que está presente em todas as civilizações, deve fazer parte do perfil
do empreendedor.

Mas quem é um empreendedor?


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3. Definição de Empreendedorismo
Como foi dito anteriormente, não existe uma definição resumida e amplamente aceita até o momento sobre o
que é empreendedorismo. Mas é preciso delinear uma definição para os nossos estudos, a fim de alinhar o
entendimento sobre o assunto.

Há um consenso, em quase todas as definições de empreendedorismo, de que se trata de um tipo de


comportamento que abrange: tomar iniciativa, organizar e reorganizar mecanismos sociais e econômicos a fim
de transformar recursos e situações para proveito prático, e aceitar o risco ou o fracasso. Outro aspecto
relevante é a criação de algo novo, que diferencie de outros esforços.

Assim, fundamentado em Hisrich (2009), como empreendedorismo entenderemos como:

Processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários,
assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as
conseqüentes recompensas da satisfação e da independência financeira e pessoal.

Vale destacar que a criação de algo novo e de valor significa ter valor para o empreendedor e para o público
para qual é desenvolvido. O valor pode ser percebido na forma de lucro monetário, mas também existe a
possibilidade do retorno social e ambiental, que são objetivos cada vez mais explorados.

Além disso, toda inovação implica em mudança. E para promover a mudança, o empreendedor deverá
assumir os riscos inerentes ao negócio. Cabe então ao indivíduo avaliá-lo, a fim de conhecer os reais
impactos em caso de fracasso em seu empreendimento, e então tomar a decisão de fazê-lo.

Nesse sentido, podemos identificar que há diferenças entre inventar e empreender, e devemos analisar esta
relação.

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4. Empreendedor versus Inventor
O empreendedor, por natureza, busca a inovação, o que causa certa confusão quanto a sua relação com um
inventor. Segundo Hisrich (2009, p. 30),

"[...] um inventor, o indivíduo que cria algo pela primeira vez, é alguém altamente
motivado por seu próprio trabalho e por suas idéias pessoais".

Fig. 2 - Criar versus empreender

Há uma tendência de o inventor ser um indivíduo criativo, de boa educação formal, com experiências familiar,
educacional e ocupacional que contribuem para o desenvolvimento criativo e livre pensamento, apresenta a
capacidade de transformar problemas complexos em simples. Ainda, possui um alto nível de autoconfiança,
está disposto a assumir riscos e possui a capacidade de tolerar a ambigüidade e a incerteza.

É pouco provável que um inventor veja os benefícios monetários como uma medida de sucesso, pois valoriza
o ser realizador e mede as realizações pelo número de invenções desenvolvidas e pelo número de patentes
obtidas.

Assim, percebemos uma diferença importante entre o empreendedor e o inventor. O empreendedor apaixona-
se pela organização (o novo empreendimento) e faz quase tudo para garantir sua sobrevivência e
crescimento, enquanto o inventor apaixona-se pela invenção e só relutantemente a modificará para torná-la
mais viável comercialmente. O desenvolvimento de um novo empreendimento com base no trabalho de um
inventor com freqüência exige conhecimento de um empreendedor e uma abordagem de equipe, uma vez que
muitos inventores não conseguem se concentrar em apenas uma invenção o tempo suficiente para
comercializá-la [7] .

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5. O papel do Empreendedorismo no
desenvolvimento econômico
Há uma relação muito próxima da atividade empreendedora com o desenvolvimento econômico dos países,
ressaltado pelo aumento de produção e de renda per capita. Mais do que isso, envolve iniciar e construir
mudanças na estrutura do negócio e da sociedade.

[...] Uma teoria do crescimento econômico coloca a inovação como fator mais
importante, não só no desenvolvimento de novos produtos (ou serviços) para o
mercado, como também no estímulo ao interesse em investir nos novos
empreendimentos que estão sendo criados. Esse novo investimento funciona na
demanda e na oferta, ou seja, em ambos os lados da equação de crescimento; o novo
capital criado expande a capacidade de crescimento (lado da oferta), e os novos
gastos resultantes utilizam a nova capacidade e a produção (lado da demanda).
(HISRICH, 2009, p.36)

A última crise econômica evidenciou esta relação no Brasil, que manteve a capacidade empreendedora
nacional, ajudando a minimizar os efeitos da crise no país e a retomada do crescimento.

A figura 3 apresenta o comportamento da motivação empreendedora, inclusive durante a crise que assolou o
mundo nos anos de 2008 e 2009, em que a curva de oportunidade se manteve crescente mesmo com a
desaceleração da produção real, a curva de necessidade inverte sua direção em 2009, quando a crise atinge
seu ponto mais grave no período analisado.

A participação do empreendedorismo em economias em diferentes estágios de desenvolvimento se diferencia


pelos tipos de oportunidades proporcionadas. O Brasil é considerado pelo Global Enterpreneuship Monitor
(http://www.gemconsortium.org/) (GEM) – instituto que realiza pesquisas sobre empreendedorismo no mundo
desde 2001 – em suas pesquisas como efficiency-driven, que significa ser orientada pela eficiência
operacional, ou ganho de produtividade. Esse tipo de economia, segundo IBQP (2009), estimula o surgimento
de pequenas e micro empresas da indústria de transformação que atuam em baixa escala.

Fig.3 - Produto interno bruto e motivação para empreender


Fonte: IBGE e GEM, 2009 apud IBQP, 2009.

Ainda podemos identificar três grandes movimentos empreendedores importantes para do desenvolvimento
econômico de uma nação: O governo como inovador (ativo na comercialização de tecnologia); Intra-
empreendedorismo [8] ou empreendedorismo corporativo ; e Empreendedorismo (individual) (HISRICH,
2009).
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O primeiro caracteriza-se principalmente pelo investimento em pesquisa, normalmente desvinculada de
interesses econômicos, mas que ao final, pode haver transferência tecnológica, proporcionando a criação e
comercialização de novos produtos. O segundo depende fundamentalmente de uma estrutura organizacional
que incentive a produção de projetos dentro da própria empresa, premiando aqueles que alcançam o sucesso
em seus empreendimentos. Tanto o governo como inovador quanto o empreendedorismo corporativo
apresentam uma limitação importante quanto as barreiras burocráticas que podem surgir quando da
apresentação ou realização de projetos de novos empreendimentos. Já o empreendedorismo – como criação
de uma nova organização – é o método mais eficiente para ligar ciência e mercado, criando novas empresas
e levando novos produtos e serviços ao mercado.

Dado o impacto na economia global e no nível de emprego em uma área, é de admirar que o
empreendedorismo ainda não tenha se tornado mais central no desenvolvimento econômico.

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6. Ética e responsabilidade social dos
empreendedores
Espera-se que o empreendedor enfrente grandes dificuldades na busca de seus objetivos. Assumir riscos e
investir seu capital em um empreendimento implica na busca energética pelo sucesso, e mesclado ao
estresse do cotidiano do negócio e outras dificuldades, há a possibilidade de que o empreendedor estabeleça
um equilíbrio entre exigências éticas, prudência econômica e responsabilidade social, um equilíbrio que difere
do ponto em que um administrador comum estabelece sua posição moral.

Pelo empreendimento se tratar de uma coisa relativamente nova, são poucos os modelos que podem orientar
o surgimento de um código de ética interno, cabendo ao empreendedor lançar mão de seus sistemas de
valores pessoais, muito mais do que outros profissionais, como gerentes, que têm as Leis e códigos
profissionais de ética como parâmetro.

Alguns acreditam que a palavra ética derive do termo grego êthos, que significa “costume e uso”, mas a
origem no termo é mais propriamente identificado no termo swëdhêthos, em que os conceitos de moralidade
individual e hábitos comportamentais são relacionados e identificados como a qualidade essencial da
existência.

Ética, então, refere-se ao “estudo do que é certo e bom para os seres humanos”, enquanto ética de
negócios relaciona-se com a busca das práticas empresariais à luz dos valores humanos.

Sob esse ponto de vista, é fundamental determinar “para o benefício de quem e à custa de quem a empresa
deve ser administrada?”. Assim, podemos assegurar que os recursos sejam distribuídos de modo justo entre a
empresa e os seus stakeholders. Se a distribuição não for justa, um stakeholder estará sendo explorado pela
empresa.

Empresas que exploram determinado stakeholder [9] podem estar criando oportunidade, que o
empreendedor pode aproveitar para desempenhar um papel na distribuição mais justa dos recursos. Em uma
situação em que os preços praticados não refletem o valor dos recursos de um stakeholder, um
empreendedor pode identificar a discrepância e entrar no mercado para lucrar.

[...] o processo empreendedor funciona como um mecanismo para garantir um


sistema justo e eficiente para a redistribuição dos recursos de um stakeholder
“vitimado” para uma utilização onde haja um equilíbrio entre o valor fornecido e o
valor recebido. (HISRICH, 2009 p. 39-40)

Mesmo que haja evidências de que alguns utilizam o processo empreendedor para explorar outras pessoas
visando o lucro, é importante entender que o processo empreendedor pode ser um meio significativo de ajudar
os stakeholders explorados e, ao mesmo tempo, estabelecer um negócio viável.

Então, o processo empreendedor deve ser visto como uma ferramenta que, usada de modo eficiente, permite
obter efeitos favoráveis para as pessoas (e para o empreendedor), ao invés do detrimento de outros.

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7. O futuro do empreendedorismo
Percebemos que o assunto empreendedorismo vem se apresentando cada vez com mais freqüência nas
pautas de discussões empresariais e acadêmicas. As instituições de ensino vêm oferecendo cursos na área,
tanto como formação específica como complemento para os mais diversos cursos de graduação e pós-
graduação.

Esse movimento – de formação de empreendedores – está presente no mundo todo. Podemos concluir que
as sociedades já perceberam a importância do estudo nesta área do conhecimento.

Contudo, ainda são poucas as instituições que estão envolvidas no verdadeiro processo de criação de
empresas, em que universidade, corpo docente e/ou estudantes compartilham as vendas e os lucros do novo
empreendimento.

Dentre as mudanças significativas referentes às mudanças que vêm ocorrendo em relação ao


empreendedorismo, vale destacar: Aumento significativo de instituições de ensino empenhadas na formação
de empreendedores; crescimento da preocupação governamental com incentivo ao empreendedorismo e
criação de novos negócios; grande valorização e apoio da sociedade em relação às iniciativas
empreendedoras; surgimento de diversas iniciativas do terceiro setor, como ONGs (Organização não
Governamental) a fim de orientar e subsidias alguns projetos de micro e pequenas empresas; participação
crescente da mídia (jornais, revistas, Emissoras de TV, etc.) exibindo conteúdo sobre o tema; e grandes
empresas incentivando o intra-empreendeorismo.

Assim, estamos presenciando uma mudança de comportamento, estimulada por todos os lados, da empresa à
família, da escola à igreja. Devemos nos atentar para tal mudança e perceber nela quais são as
oportunidades que estão surgindo, e quais que podemos aproveitar para nosso futuro profissional.

A pedra foi lançada!

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8. Conclusão
Vimos que o conceito de empreendedorismo evoluiu ao longo do tempo, acompanhando as mudanças
decorrentes dos diferentes momentos econômicos, passando a contemplar aspectos individuais, além da
inovação, da expectativa de recompensas, da função de esforço e tempo dedicados, e o assumir os riscos
inerentes do negócio.

O processo empreendedor contempla etapas seqüenciais, que podem, eventualmente, ser realizadas
simultaneamente. As etapas são: de identificar e avaliar a oportunidade, o desenvolvimento de um plano de
negócios, o dimensionamento dos recursos necessários, e a administração do novo negócio.

Empreender consiste: no abandono da atual carreira ou estilo de vida, na decisão de que um empreendimento
é desejável, e na decisão de que fatores externos e internos tornam possível a criação do novo
empreendimento.

O estudo do empreendedorismo é importante para o aumento da renda nacional, além de servir como ligação
entre inovação e mercado. O governo tem grande importância nesse processo, mas ainda carece de
amadurecimento e redução das barreiras burocráticas. O intra-empreendedorismo tem se destacado como
fonte de novas idéias para manutenção da permanência de grandes empresas no mercado. O empreendedor
deve perceber o seu papel na sociedade, que vai além da realização pessoal, sendo que equilíbrio entre os
stakeholders deve ser observado.
O empreendedorismo, como área do conhecimento, ainda tem muito a ser desenvolvido, e o momento mostra
que há uma ampla abordagem do tema pelas instituições de ensino, pelas empresas privadas e órgãos
públicos, pelas iniciativas do terceiro setor e pela mídia. E o estudo do tema é fundamental para o
desenvolvimento da sociedade e crescimento da nação.

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9. Notas complementares

Fig.4 - Ilustração sobre as viagens de Marco polo

1. Como intermediário, Marco Polo assinava um contrato com uma pessoa de recursos (o precursor do atual
capitalista de risco) para vender suas mercadorias. Um contrato comum na época oferecia um empréstimo
para o comerciante aventureiro a uma taxa de 22,5%, incluindo seguro. Enquanto o capitalista corria riscos
passivamente, o comerciante aventureiro assumia o papel ativo no negócio, suportando todos os riscos físicos
e emocionais. Quando o comerciante aventureiro era bem-sucedido nas vendas das mercadorias e
completava a viagem, os lucros eram divididos, cabendo ao capitalista a maior parte (até 75%), enquanto o
comerciante aventureiro ficava com os 25% restantes.

(HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2009, p. 27-28)

Fig. 5 - As catedrais européias: Recursos do país gerenciada pelos clérigos

2 . Um típico empreendedor da idade Média era o clérigo – pessoa encarregada de obras arquitetônicas,
como castelos e fortificações, prédios públicos, abadias e catedrais. Em tais projetos, esses indivíduos não
corriam riscos: simplesmente administrava o projeto usando recursos fornecidos, geralmente pelo governo do
país.

(HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2009, p. 28)

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Fig.6 - John Law em gravura da época, retratando a situação que ficou conhecido com A bolha de Mississipi

3 . Um empreendedor deste período foi John Law, francês que conseguiu permissão para estabelecer um
banco real. O banco evoluiu para uma franquia exclusiva, formando uma empresa comercial no Novo Mundo –
a Mississippi Company. Infelizmente, esse monopólio sobre o comércio francês levou à ruína de Law quando
este tentou elevar o valor das ações da empresa para mais do que o valor de seu patrimônio, levando a
mesma ao colapso.

Richard Cantillon, notável economista e escritor nos anos 1700, compreendeu o erro de Law. Cantillon
desenvolveu uma das primeiras teorias do empreendedor e é considerado por alguns o criador do termo. Ele
viu o empreendedor como alguém que corria riscos, observando que os comerciantes, fazendeiros, artesãos e
outros proprietários individuais "compram a um preço certo e vendem a um preço incerto, portanto operam
com risco".

(HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2009, p. 28)

Fig. 7 - O desenvolvimento de novas tecnologias refletiam a necessidade de agilizar produções e processos.

4. Muitas das invenções desenvolvidas durante esse período eram reações às mudanças no mundo, como foi
o caso das invenções de Eli Whitney e Thomas Edison. Tanto Whitney quanto Edison estavam
desenvolvendo novas tecnologias e eram incapazes de financiar suas invenções. Enquanto Whitney financiava
seu descaroçador de algodão com recursos da coroa britânica, Edison levantava capital de fontes particulares
para desenvolver e fazer experimentos nos campos da eletricidades e da química. Os dois eram usuários de
capital (empreendedores), e não fornecedores (investidores de risco).

(HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2009, p. 28)

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Fig.8 - Andrew Carnegie e o império do aço americano

5 . Andrew Carnegie é um dos melhores exemplos dessa definição. Carnegie não inventou nada, mas
adaptou e desenvolveu uma nova tecnologia na criação de produtos para alcançar a vitalidade econômica.
Carnegie, que descendia de uma família escocesa pobre, fez da indústria americana do aço uma das
maravilhas do mundo industrial, essencial por intermédio de sua incansável busca por competitividade, em vez
de inventividade ou criatividade.

(HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2009, p. 29)

Fig.9 - Exemplo de empreendedores que criaram padrões que fizeram o mercado ajustar-se aos seus processos

6 . A novidade pode ser desde um novo produto e um novo sistema de distribuição até um método para
desenvolver uma nova estrutura organizacional. Edward Harriman, que reorganizou a ferrovia Ontario and
Southern através da Northern Pacific Trust, e John Pierpont Morgan, que desenvolveu seu grande banco
reorganizando e financiando as indústrias americanas, são exemplos de empreendedores inovadores. Tais
inovações organizacionais são frequentemente tão difíceis de desenvolver com sucesso quanto as inovações
tecnológicas mais tradicionais (transistores, computadores, laser), geralmente associadas à condição de
empreendedor.

Fig.10 - A genialidade de uma invenção não termina na invenção em si mas na criação de produtos e serviços derivados

7 . No início do século XX, o inventor Nikola Tesla patenteou, dentre várias outras invenções, a corrente
alternada, que veio a se tornar padrão mundial. Contudo, pouco ganhou com essa invenção, que foi explorada
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pelo empresário George Westinghouse, que com esta iniciativa, teve altos lucros prestando serviços para o
governo americano. As invenções de Tesla ainda hoje nos surpreendem pela genialidade e antecipação de
seu tempo, como o motor de indução, lâmpada fluorescente e as patentes que permitiram a invenção do
rádio. Morreu em um quarto de hotel onde morou por dez anos sem acumular riquezas.

Fig.11 - A inovação dentro de uma empresa por se tornar um empreendimento em si

8. Intra-empreendedorismo: Empreendedorismo dentro de uma estrutura empresarial existente

Fig.12 - Um empreendimento está ligado a uma cadeia de valores muito maior do que o empreendimento em si

9 . Stakeholders: Os interessados na empresa, inclusive funcionários, clientes, fornecedores e a própria


sociedade.

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10. Referências
DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. 3
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
HISRICH, Robert D. PETERS, Michael P. SHEPHERD, Dean A. Empreendedorismo. 7 ed. Porto
Alegre: Bookman, 2009.
IBQP – Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade. Empreendedorismo no Brasil: 2009.
Curitiba: IBQP, 2009.
SCHWAB, K. Global Competitiveness Report 2009-2010. Genebra: World Economic Forum,
2009. Disponível em <http://www.weforum.org/pdf/GCR09/GCR20092010 fullreport.pdf>

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