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DIREITO PREVIDENCIÁRIO APLICADO

ÀS RELAÇÕES DE TRABALHO

UNIDADE I
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Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD

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Valle, Renata.

Direito Previdenciário Aplicado às Relações do Trabalho: Unidade 1 -


Recife: Grupo Ser Educacional, 2020.

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Grupo Ser Educacional


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PABX: (81) 3413-4611

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Sumário

O DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL ........................................................................ 4


Para início de conversa....................................................................................... 4
DENOMINAÇÃO E CONCEITO .................................................................................... 6
DIVISÃO ................................................................................................................................................. 7
Posição enciclopédica do direito da seguridade social e natureza jurídica ............................ 10
RELAÇÕES COM OS DEMAIS RAMOS DO DIREITO ................................................ 11
Fontes..................................................................................................................................................... 18
APLICAÇÃO ........................................................................................................................................... 19
PRINCÍPIOS .......................................................................................................................................... 19

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO APLICADO ÀS RELAÇÕES DO TRABALHO
UNIDADE 1

O DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

Caro (a) aluno (a), antes mesmo de entrarmos no conteúdo da nossa disciplina, é importante destacar a
legislação básica de estudo:

ü Artigos 194 a 204 da Constituição Federal;


ü Lei 8212/91 (trata do custeio – quanto pagamos ao sistema);
ü Lei 8213/91 (trata do benefício - o que o sistema nos devolve);
ü Decreto 3048/99 (regulamento da previdência social, que regulamenta a Lei 8212/91 e 8213/91);
ü Jurisprudências e Súmulas STJ/STF/TNU.

Você perceberá, ao longo da disciplina, o quanto recorreremos a estas Leis, mesmo com todas as mudanças
recentes e as que estão bem próximas de acontecer.

Para início de conversa

Prezado (a) aluno (a): Agora é pra valer! O Senado aprovou a Reforma da Previdência
e ela já está em vigor! Dessa maneira, é de extrema importância que você atualize
seus conhecimentos e esteja em dias com as novas diretrizes a serem seguidas.
Para isso, vamos ao longo da disciplina ver as principais mudanças ocorridas e já
sabendo que outras estão a caminho. Vamos iniciar nossos estudos?

Vamos lá!

Orientações da Disciplina

Caro (a) aluno (a),

Nesta Primeira Unidade você terá uma introdução do direito previdenciário. Mas, você pode estar se
perguntando: Por que tenho que estudá-lo? Ora! Os princípios são de grande importância no Direito e,
não poderia ser diferente no caso do direito previdenciário, onde boa parte deles pode ser encontrada
expressamente em nossa Carta Magna.

Além disso, diante de tantas mudanças na Lei, os princípios continuam vivos e continuarão sendo utilizados
no direito previdenciário. Assim, muita atenção a eles!

Vamos começar!

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Para começarmos, é importante que você saiba que a primeira ideia de proteção social vem da família.

Porém, nem sempre a ajuda de familiares é suficiente, sendo necessária a intervenção de terceiros que,
em um primeiro momento, era a igreja e, posteriormente, o Estado.

Para termos um breve histórico, em 1543, a Santa Casa de Misericórdia instituiu o plano de pensão aos
funcionários. Mas apenas em 1835 o Montepio Geral de Servidores do Estado, em ideia de mutualismo.

Já a Constituição Federal de 1891 trouxe a aposentadoria por invalidez para funcionários Públicos e, em
1919, surge a Lei de acidente de Trabalho. Nessa época a regra era o pagamento de indenização único
em caso de Acidente do Trabalho.

Mas, considera-se o marco inicial da seguridade social a edição da Lei Eloy Chaves que veio através do
decreto legislativo 4682/23 e criou as caixas de aposentadoria e pensão nas empresas de estrada de
ferro existentes, com contribuição dos trabalhadores, das empresas de natureza privada e do Estado
(TRIPARTITE). Havia regras para que se fosse inserido na previdência e era facultativo. É como se cada
empresa tivesse seu próprio INSS.

Apenas em 1934 houve a primeira menção aos direitos previdenciários com custeio tripartite (empregado,
empregador e Estado). Assim, na década de 30, surgem os institutos de aposentadorias e pensão, que
eram organizados por categorias e não mais por empresas. Aqui inicia a ingerência do Estado, que começa
a fazer parte do sistema. Passa assim a ser pública, com instituto de marítimos, bancários, comerciários e
industriários. Dessa maneira, a depender da força da categoria, o número de benefícios era maior.

A Constituição Federal (CF) de 37 é omissa quanto à participação do Estado, mas a de 1946 traz pela
primeira vez a ideia de previdência social. Por outro lado, a LOPS (Lei Orgânica da Previdência Social (Lei
3807/60), em 1960, vem para unificar os institutos, eliminando as diferenças históricas). Mais eventos
passam a ser cobertos.

Surge em 1966 o INPS que é anterior ao INSS e unifica os institutos de aposentadorias e pensões criando
uma regra para todos e reduzindo as desigualdades causadas pelas categorias econômicas.

A CF 67 não traz novidade, mas, em 67 surge ainda a Lei da Estatização de acidente de Trabalho, a Lei que
criou o PRORURAL e, em 1972 os domésticos passa a ser segurados obrigatórios.

É importante destacar que em 1977 surge o Sistema Nacional de Previdência Social - SINPAS e, em
1990, o INSS, que unifica as ações. O modelo hoje usado foi trazido pela nossa Constituição Federal, com
modelo protetivo. Já em 1991 surgem as Leis 8212 e 8213, para regulamentar a CF/88, entre 88 e 91 já
que há um “buraco negro”.

E, em 2007, as contribuições passaram a ser arrecadadas pela Receita Federal. (Lei 11457).

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DENOMINAÇÃO E CONCEITO

Caro (a) aluno (a),

É importante você compreender que a seguridade social é um sistema de proteção social, ou seja, é o
Estado protegendo o cidadão. Ela tem como objetivo o bem-estar social e justiça social com ações nas
áreas de saúde, assistência social e previdência social.

Ao lermos o artigo 194 da Constituição Federal, encontraremos o conceito de seguridade social. Assim,
antes de continuarmos nossos estudos, vamos primeiro ler o que diz o artigo. Vamos ao artigo:

Art.  194.  A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes
públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência
social.

Guarde essa ideia!

Prezado (a) estudante,

Ao analisarmos o artigo 194 da Constituição Federal, vamos perceber claramente que estamos falando de
um sistema de proteção social. Você lembra que, logo no início, tratamos da proteção vinda da família e
que algumas vezes esta não seria suficiente e haveria a necessidade da intervenção de terceiros? Pronto!

O Estado vai proteger o cidadão. Essa ideia está diretamente ligada à justiça social e, justamente por isso,
a Seguridade está inserida dentro da ordem social.

Vamos em frente!

A seguridade está inserida dentro da ordem social e é controlada pelo Estado, embora a sociedade
participe do custeio do sistema, ou seja, são as medidas empregadas pelo Estado com a colaboração do
cidadão.

O que interessa ao sistema de seguridade social não é garantir o padrão de vida do indivíduo, mas
assegurar-lhe condições mínimas de subsistência com dignidade.

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DIVISÃO

Neste momento, é necessário que você entenda a divisão constitucionalmente prevista, que está
disciplinada nos arts, 196 a 204 da Constituição Federal. Veja:

Fonte: Autora.

O objetivo da seguridade social é assegurar saúde, previdência social e assistência social. Podemos dizer
que a seguridade social é gênero, do qual são espécies a saúde, a assistência e a previdência social.
Agora vamos tratar de cada um:

1. Saúde

É direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação. (art. 196 a 200da CF).

É importante salientar que o acesso à saúde independe de pagamento, ou seja, não precisa se fazer uma
contribuição específica para que possa fazer uso do sistema (Ex: hospitais públicos, postos de saúde).
Assim, o fato de ser cidadão brasileiro dá o direito de acesso à saúde.

É importante que você saiba também que o dinheiro da saúde vem do pagamento da seguridade social,
sendo financiado através de recursos do orçamento da seguridade social, elaborados pela União, Estados,
Distrito Federal, Municípios, além de outras fontes.

Dessa maneira, a condição social não define o acesso. Isso porque o acesso é Universal e igualitário,
enquanto que a rede é regionalizada e hierarquizada.

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Assim, o acesso é Universal, pois é para todos e é Igualitário, pois não há distinção, independe de condição
social.

Exemplo

Caro (a) aluno (a),

Você não precisa ter realizado qualquer contribuição específica para o Sistema de Saúde para que se
beneficie de tratamentos fornecidos por ele. Vamos lá, imagine a seguinte situação: Você resolve levar
seu filho para vacinação em um posto de saúde e, lá, ninguém questiona se você tem dinheiro, plano de
saúde, ou mesmo se é contribuinte. Entende agora porque é universal e igualitário?

Vamos em frente!

2. Assistência Social
Para que você possa entender a Assistência Social, inicialmente, deve compreender que ela é prestada
pelo Estado a quem necessita (art.203 da CF). Além disso, o elemento mais importante é a NECESSIDADE.
Isso porque o Estado não presta assistência a quem não necessita.

Exemplo

Prezado (a) aluno (a),

Para que você saiba aplicar o conceito trabalhado acima, é hora de vermos alguns exemplos de Assistência
Social. Veja:

- Bolsa Família (quem se inscreve e comprova a renda familiar: Não é para todas as pessoas, é para
quem NECESSITA);

- Benefício de Prestação Continuada – BPC – também chamado de LOAS (destinado a portador


de deficiência ou idoso que não tenha condições de se sustentar nem de ser sustentado por sua família).

3. Previdência Social

Caro (a) estudante,

devemos entender que: “A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatório (art. 201 da CF)”.

Dessa maneira, podemos entendê-la como um sistema contributivo, pois só pode usufruir do sistema
aquele que contribui. Assim, primeiro é necessário contribuir para depois receber o benefício como

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retribuição, ou seja, entra-se no sistema sem saber sequer se o utilizará.

Além disso, é um sistema de filiação obrigatória, ou seja, se trabalha e não está vinculado a regime
próprio, está vinculado ao INSS. Além disso, tem regras que garantam o equilíbrio atuarial e financeiro,
pois deve haver equilíbrio entre o que entra e o que sai.

É importante destacarmos que nosso sistema é de repartição simples (Custeio x Benefício), ou seja, nós
temos uma conta apenas e todo o dinheiro que é pago ao INSS entra em uma conta que serve para pagar
aqueles que estão recebendo os benefícios. Dessa maneira, podemos entender que o sistema não guarda
o dinheiro.

Praticando

Prezado (a) aluno (a),

Para que você possa fixar o assunto estudado, veja a seguinte situação:

João trabalha em uma determinada empresa, na condição de empregado. A filiação de João é obrigatória!

Ele não poderá escolher se vai ou não contribuir com o sistema. Isso porque o simples fato de ser
empregado, já o coloca no sistema.

Agora, diante da situação citada, vamos imaginar que ele sofre um acidente de trabalho. Você sabe o que
acontecerá com João?

Resposta: Ele fará jus a um benefício. Vamos mais a frente estudar o acidente de trabalho e suas
peculiaridades, e, que tipo de benefício é devido a João tomando por base o tipo do acidente sofrido, mas,
com base no que já estudamos, já podemos concluir que João é filiado ao sistema, ou seja, ele contribui
e com isso, pode fazer uso do benefício. Lembra que falamos que a pessoa entra no sistema sem saber
se o utilizará?

Vamos em frente!

Guarde essa ideia!

SEGURIDADE SOCIAL E PREVIDÊNCIA SOCIAL NÃO SÃO IGUAIS!

Isso mesmo. O conceito da seguridade social tem significado diverso do conceito de previdência social.

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Observe:

- Seguridade é um sistema mais amplo de cobertura de contingências sociais destinado a todos os que
se encontrem em estado de necessidade. Contingência é uma eventualidade, um acontecimento que tem
como fundamento a incerteza, ou seja, pode ou não um dia vir a ocorrer.

- Previdência é algo mais específico. É a cobertura dos efeitos de contingências associadas ao trabalho,
resultante de imposição legal e lastreado nas contribuições dos afiliados para seu custeio. Tem, por
objetivo, ofertar benefícios aos contribuintes quando, em ocasião futura, sofrerem perda ou redução da
capacidade laborativa.

Para Resumir

Prezado (a) aluno (a),

Antes de darmos prosseguimento aos nossos estudos, é importante que você saiba que a previdência
social é contributiva, razão pela qual apenas terão direito aos benefícios e serviços previdenciários
os segurados (aqueles que contribuem ao regime pagando as contribuições previdenciárias) e os seus
dependentes.

Já a saúde pública e a assistência social são não contributivas, pois, para o pagamento dos seus benefícios
e prestação de serviços, não haverá o pagamento de contribuições específicas por parte das pessoas
destinatárias.

Vamos continuar...

Posição enciclopédica do direito da seguridade social e natureza jurídica

A posição enciclopédica do Direito da Seguridade Social situa-se no campo do Direito Público. O sistema
é administrado pelo Estado e contém o Ministério da Previdência Social, além de todo o sistema ser
gerido pelo INSS.

Seus princípios (art. 194, parágrafo único, incisos de I a VII) e demais normas gerais que dão suporte à
matéria estão consagrados na Constituição. Assim, as contribuições para o sistema são impostas por lei
e estas geram os recursos para o pagamento dos benefícios e a prestação de serviços, que são feitos pelo
Estado.

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Visite a Página

Para ampliar seus conhecimentos, a natureza jurídica pode ser observada em nosso
livro-texto item 1.1.3 detalhadamente. Além disso, podemos complementar os
estudos com o artigo de Oscar Valente Cardoso disponível em:

http://sereduc.com/IocyeF

Boa leitura!

Continuando!

Para darmos prosseguimento ao nosso conteúdo, é preciso que você tenha em mente duas relações
jurídicas neste âmbito, quer sejam a tributária e a prestacional.

Quando se fala em benefício, as normas são normas de ordem social de proteção ao hipossuficiente
ou daquele que é vítima de uma contingência social. Já quanto se fala em financiamento, passa a ser
considerado o Direito Tributário, ou seja, quanto vai se pagar para custear os benefícios.

Atualmente, ostenta simultaneamente a natureza jurídica de direito fundamental de 2ª e 3ª dimensões,


pois possui natureza prestacional positiva (direito social) e possui caráter universal (natureza coletiva).

RELAÇÕES COM OS DEMAIS RAMOS DO DIREITO

Caro (a) aluno (a),

Neste momento, vamos entender alguns ramos do Direito e suas relações:

ü Constitucional

O Direito Previdenciário tem forte influência do Direito Constitucional. Recorremos diversas vezes ao texto
constitucional que fixa diversos princípios e normas voltadas para o Direito Previdenciário. Temos ainda
no tópico referente à concessão de benefícios os requisitos, cálculos dos proventos, entre outros.

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Palavras do Professor

Prezado (a) estudante,

Se você voltar ao início dessa unidade, vai se deparar diversas vezes com artigos da Constituição que
trazem o conceito, a divisão da seguridade e os princípios, ou seja, muitas definições que podem ser
encontradas na própria Carta Magna. Toda a estrutura do sistema da Seguridade está delineada em nossa
Constituição. Assim, muitas respostas poderão ser encontradas no capítulo, denominado “Da Seguridade
Social”, dentro do Título VIII (Da Ordem Social).

Vamos em frente!

É importante que você saiba que, na Constituição Federal, temos os arts 194 a 204, já diversamente
apontados neste material. Mas, além deles, podemos ainda encontrar alguns dispositivos no art. 7º, por
isso, vamos a eles:

Art. 7º  São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;

XII  - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias.

Visite a Página

Para que você possa ampliar seus conhecimentos, sugiro que você acesse:

http://sereduc.com/0Rbn1q

Bons estudos!

Continuando...

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ü Direito Administrativo

Por outro lado, o Direito Previdenciário sofre influência do Direito Administrativo e isso ocorre por força
da atividade estatal desenvolvida pela autarquia gestora.

??? Você sabia?

Prezado (a) aluno (a), ao longo de sua caminhada, é importante que você analise as diversas relações
do Direito. Sendo assim, é indispensável que você saiba que Russomano (1979:55) já chegou a dizer
que considera a relação entre os dois ramos do Direito tão próxima que “o Direito da Previdência Social
nasceu do Direito Administrativo e caminha, durante longos anos, ao lado do Direito do Trabalho”.

Vamos em frente!

Você sabia que a normatização administrativa é realizada através de decretos que são editados pelo
presidente da República? Pois é. As Juntas de Recursos da Previdência Social (JRPS) são responsáveis por
julgarem os recursos administrativos no primeiro grau. Já no segundo grau administrativo, o julgamento
é realizado pelos Conselhos de Recursos da Previdência Social (CRPS).

O papel da junta e do conselho é uniformizar a jurisprudência previdenciária no plano administrativo.


Além disso, não se pode esquecer que os funcionários públicos também têm direito a aposentadoria (Lei
nº 8.112/90).

ü Direito Tributário

Em relação ao Direito Tributário, utilizaremos os princípios e normas do Direito Tributário para suprir
lacunas na legislação do custeio. É no Direito Tributário que encontraremos o conceito de contribuinte,
por exemplo, ou ainda o fato gerador (art. 114 do CTN), obrigação (art. 113 do CTN), sujeito ativo (art. 119
do CTN), sujeito passivo (art. 121 do CTN), incidência, base do cálculo, entre outros. Para a constituição
do crédito previdenciário, vamos utilizar o art. 142 do Código Tributário Nacional (CTN).

Também utilizaremos o código tributário ao tratarmos de temas como prescrição e decadência, que
estudaremos mais à frente (os arts. 173 e 174 do CTN). Aliás, a Lei 8212, nos artigos 45 e 46, repete os
artigos do CTN.

ü Direito Penal

O Direito Previdenciário utiliza-se do Direito Penal sempre que há alguma infração à Legislação
previdenciária, como por exemplo, a sonegação do recolhimento das contribuições da seguridade social
ou a apropriação indébita. É no Direito Penal que encontraremos os crimes praticados contra a Seguridade
Social, mesmo porque não há crime sem que haja a previsão legal.

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Através do Direito Penal vamos analisar a conduta do agente e apontar se é delito ou contravenção penal,
além da tipificação de condutas ilegais do ponto de vista criminal para aplicação no Direito Previdenciário.

O art. 95 da Lei nº 8.212 (Lei de Custeio) nos trará os crimes praticados contra a Seguridade Social,
falsidade material e ideológica etc., que podem ser combinados com dispositivos do Código Penal. No
mesmo artigo, teremos as sanções previstas para as empresas que desrespeitarem as regras. (art. 95, §
2º, da Lei nº 8.212).

ü Internacional Público

A relação do Direito Previdenciário com o Direito Internacional encontra-se nos tratados e convenções
internacionais que tratam da matéria.

O Brasil mantém diversos tratados de direitos recíprocos quanto à previdência social.

??? Você sabia?

O Decreto 67.695/70 permite a contagem de tempo de serviço de Brasileiros que trabalham em Portugal.
Vamos em frente!

Além de decretos que permitem a concessão de benefício em alguns países, a Organização Internacional
do Trabalho (OIT) estabelece preceitos atinentes à previdência social.

ü Direito Civil

Com o Direito Civil, a relação do Direito Previdenciário se dá para a caracterização do estado das pessoas.
É nele que encontraremos o casamento, a filiação, os conceitos de capacidade ou incapacidade, a
emancipação ou a própria morte.

Também teremos no Direito Civil a responsabilidade do empregador nos casos de acidente do trabalho.
E como as coisas estão mudando nos últimos tempos, é bom ficar ligado!

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Exemplo

Você sabe do que tratam as Famílias simultâneas / paralelas? Veja:

(…) Negar a existência de união estável, quando um dos companheiros é casado, é solução fácil. Mantém-
se ao desamparo do Direito, na clandestinidade, o que parte da sociedade prefere esconder. Como se uma
suposta invisibilidade fosse capaz de negar a existência de um fato social que sempre aconteceu, acontece
e continuará acontecendo. A solução para tais uniões está em reconhecer que ela gera efeitos jurídicos,
de forma a evitar irresponsabilidades e o enriquecimento ilícito de um companheiro em desfavor do outro.
(TJMG, Apelação Cível nº 1.0017.05.016882-6/003, Rel Des. Maria Elza, 5ª Câmara Cível, public.
10/12/2008)

Para Refletir

As famílias de hoje tem um conceito bem mais amplo e, por isso, o direito previdenciário tem muitas
lacunas acerca do tema. A união homoafetiva é reconhecida, o que é um avanço, porém, vamos nos
deparar ainda com casos de poliamor, de famílias simultâneas, de pai ou mãe socioafetivo entre tantos
outros. Tudo isso traz impacto previdenciário, pois altera o rol de dependentes do INSS.

Continuando...

ü Direito Comercial

Bem, mais a frente, quando tratarmos da Equidade na forma de participação no custeio, a importância do
direito comercial ficará mais clara.

A empresa é a principal fonte de recursos da Seguridade, pois é dela a maior participação no custeio.

Além disso, o Direito da Seguridade Social aplica conceitos como os de concordatas e falências e, nestes
casos, pode ocorrer a habilitação do crédito previdenciário.

No Direito Comercial encontraremos ainda a classificação dos empresários como segurados obrigatórios,
bem como a responsabilidade dos sócios gerentes pelo inadimplemento de obrigações perante a legislação
do custeio.

Sem contar ainda a escrituração contábil, que é de extrema importância para fins fiscais.

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ü Direito do Trabalho

Com a Constituição de 1988, a corrente majoritária ganha respaldo, pois nela, claramente, o Direito da
Seguridade Social, surge como gênero que engloba a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde.

Percebemos a autonomia do Direito da Seguridade Social.

Apesar disso, vamos por muitas vezes recorrer ao Direito do Trabalho, afinal o conceito de empregador
no artigo 2º da CLT, o de empregado, no artigo 3º da CLT, além dos conceitos de remuneração e salário, no
artigo 457 da CLT, salário-utilidade art. 458 da CLT, entre outros.

Além disso, a legislação trabalhista esparsa nos traz o empregado doméstico (art. 1º da Lei nº 5.859), e o
trabalhador temporário (art. 16 do Decreto nº 73.841).

Para Resumir

Caro (a) aluno (a),

Quando tratamos de cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; a proteção
à maternidade, especialmente à gestante; a proteção ao trabalhador em situação de desemprego
involuntário; e o salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, não
podemos deixar de relacionar o Direito Previdenciário com o Direito do Trabalho.

Vamos em frente!

Não podemos esquecer que a maioria dos segurados é empregado, e grande parte das verbas
arrecadadas para a Previdência Social vem da arrecadação realizada em folhas de pagamento de salário
e, consequentemente, as alterações no direito do trabalho produzem impacto no direito previdenciário.

Guarde essa ideia!

É importante destacarmos que são de competência da Justiça do Trabalho as contribuições previdenciárias


das sentenças condenatórias por ela proferidas. Vamos à legislação:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos
legais, decorrentes das sentenças que proferir;

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O entendimento vigente é que a Justiça do Trabalho tem competência apenas para a cobrança de
contribuições previdenciárias de sentenças condenatórias e, ainda, limitadas ao valor da condenação.

Praticando

A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho declarou a incompetência da Justiça do Trabalho para
determinar que o São Paulo Futebol Clube regularize a situação de um atleta profissional perante o INSS,
em relação ao período em que foi reconhecido seu vínculo de emprego com o clube. A competência se
restringe à execução das contribuições previdenciárias decorrentes das sentenças que proferir e, no caso,
não houve condenação em pecúnia.

Em ação ajuizada em 2014, o juízo da 88ª Vara do Trabalho de São Paulo apenas declarou a existência
de vínculo de emprego entre abril de 1987 e abril de 1988, mas determinou que o clube regularizasse a
situação do profissional no INSS no prazo de 30 dias, sob pena de multa diária. O Tribunal Regional do
Trabalho da 2ª Região (SP) manteve a sentença por entender que não se tratava de execução de parcelas
previdenciárias, mas de obrigação de fazer, “efeito lógico dos direitos declarados exigíveis na sentença”.

No recurso de revista ao TST, o clube argumentou que a ação tinha cunho meramente declaratório e que
não houve sentença condenatória em pecúnia nem acordo homologado que envolvesse valores. Por isso,
entendia que determinação de executar obrigações perante o INSS extrapolava a competência da Justiça
do Trabalho.

(Processo: RR-2749-50.2014.5.02.0088).

Analisando o texto acima, podemos dizer que o Direito Previdenciário tem como função social a proteção
do trabalhador diante de riscos sociais?

Resposta: Nesse caso temos a incompetência da Justiça do Trabalho para a cobrança das contribuições
previdenciárias referentes ao contrato de trabalho. Isso porque a Justiça do Trabalho só é competente
para cobrar as contribuições previdenciárias das sentenças condenatórias por ela proferidas, ou seja,
se condenada a pagar verbas rescisórias, a contribuição será calculada sobre as verbas rescisórias, se
referente às horas extras, a cobrança será sobre as horas extras sentenciadas. Mas todo aquele período
clandestino onde a empresa não recolheu qualquer valor, não poderá ser cobrado na esfera trabalhista.
Isso vale também para os acordos trabalhistas, onde a contribuição será calculada sobre as verbas de
natureza salarial discriminadas no termo de acordo homologado.

Vamos em frente!

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Leitura complementar

Para ampliar seus conhecimentos e aprofundar sua pesquisa sobre o tema, sugiro
a leitura do artigo: “Os benefícios previdenciários e os aspectos trabalhistas para
concessão pode complementar a sua leitura”.
O material está disponível em

http://sereduc.com/Tx9tHz

Boa leitura!

Fontes

Caro (a) aluno (a), antes de darmos prosseguimento ao nosso conteúdo, é indispensável que você saiba
que o termo “fontes” significa a origem e, por meio delas, podemos encontrar o fundamento e a razão de
ser.

Guarde essa ideia!

No dizer de Miguel Reale: “Por ‘fonte do direito’ designamos os processos ou meios em virtude dos quais
as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto
de uma estrutura normativa”.

Vamos em frente!

Para começarmos, prezado (a) aluno (a), é preciso que você entenda que há fontes materiais e fontes
formais. Vamos conhecê-las:

Quando a fonte é considerada forma de manifestação das normas, estaremos diante das fontes formais,
que representam as diferentes maneiras pelas quais as normas ingressam no universo jurídico, por meio
de leis, contratos, decretos, etc.

Quando estivermos considerando o conteúdo das normas, estaremos nos referindo aos fatores e elementos
da vida real que obrigam ou impulsionam o surgimento das fontes formais. Neste caso, estamos tratando
das fontes materiais.

Para sermos mais objetivos: As fontes materiais são os fatores que interferem na produção das suas
normas jurídicas, ligadas a questões do dia a dia. Já as fontes formais são as normas que regem a relação.

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Fonte formal é Lei, inclusive instruções normativas. Vamos esquematizar para melhor compreender.

- Constituição;
- Emenda constitucional;
- Lei complementar;
- Legislação ordinária (obrigam a todos — princípio da legalidade):
- Leis ordinárias propriamente ditas;
- Leis delegadas;
- Decretos legislativos;
- Medidas provisórias; e
- Resoluções do senado.
- Legislação subsidiária (só obrigam nos termos da lei):
- Regulamentos, também denominados decretos regulamentares;
- Instruções, comumente designadas “portarias’;
- Regras menores expedidas pelos órgãos previdenciários, das quais merecem destaque as Instruções
Normativas.

APLICAÇÃO

A seguridade social tem como atribuição apreciar e aprovar políticas públicas e a gestão da previdência,
e também aprovar o orçamento da previdência social antes de sua inclusão no orçamento da seguridade
social.

A norma de custeio do sistema, nos casos onde cria ou modifica contribuições sociais, só é eficaz após
decorridos noventa dias de sua publicação (art. 195, § 6.°, da CF). Já as demais normas de custeio, bem
como as relativas a prestações previdenciárias, são eficazes a partir da data em que a própria norma
aponta a previsão de sua entrada em vigor e, quando não o faz, no prazo estabelecido na Lei de Introdução
ao Código Civil -(art. 1.0 da LICC: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45
(quarenta e cinco) dias depois de oficialmente publicada”).

PRINCÍPIOS

Há uma série de princípios constitucionais gerais que são aplicados ao sistema de seguridade social.
Podemos citar alguns como o princípio da dignidade da pessoa humana, o princípio da igualdade, o
princípio da legalidade, o princípio da solidariedade social, o princípio da ampla defesa e do contraditório,
o princípio da competência privativa da União, para legislar sobre seguridade social.

Os princípios devem ser interpretados como um todo e dentro das regras. Há princípios explícitos e
implícitos.

O parágrafo único do art. 194 da Carta Magna de 1988 traz os sete princípios constitucionais próprios do
sistema de seguridade social, ou seja, explícitos. Os quatro primeiros princípios acima aduzidos têm a ver
com os direitos subjetivos. Os dois seguintes trazem a ideia dos deveres.

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Vamos a eles:

1. Universalidade da cobertura e do atendimento (inciso I)

A seguridade garante cobertura a todo e qualquer evento e o acesso de todos. É o mais amplo da
seguridade social. É o acesso daquele que necessita.

Guarde essa ideia!

Para que você possa entender, observe:

Universalidade da cobertura - Cobre o maior número de riscos sociais possíveis. A ideia é cobrir qualquer
contingência social.

Universalidade de atendimento – Todos têm acesso ao sistema.

Ex: saúde.

Continuando...

Decorre do princípio da igualdade, baseando-se na capacidade econômica dos contribuintes (art. 145, §
1.º, da CF). Quanto maior capacidade econômica maior a quota para o fundo social destinado a financiar as
prestações. Se não tem capacidade econômica, não contribui, e, nem por isso, ficará desamparado. Mas
esse não é o único critério considerado.

Os riscos inerentes à atividade econômica, por exemplo, além do porte da empresa ou da condição
estrutural do mercado de trabalho, são considerados de forma que quanto maior o risco, maior deve
ser o tributo social (§ 9. ° do art. 195 da CF — alterado pela EC 47/2005). Isso ocorre diante da maior
possibilidade de sinistros.

Temos ainda o art. 239, § 4.°, da CF, onde quem utilizar mais mão de obra pagará menos, pois estará
incentivando o trabalho. Contrariamente, quem provocar maior desemprego terá agravada sua situação.
Destarte, quanto maior o risco, maior deverá ser a alíquota.

2. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbana e rural (inciso II).
A uniformidade diz respeito a aspectos objetivos, que são as contingências, já a equivalência diz respeito
ao aspecto pecuniário.

Ela decorre do princípio da isonomia. A uniformidade diz respeito às contingências cobertas. Isto significa
idênticos benefícios para urbanos e rurais. Equivalência: diz respeito ao valor, devendo o critério de
apuração do valor ser o mesmo.

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3. Seletividade e distributividade (inciso III)

O legislador escolhe e seleciona os riscos que irá cobrir, e ele limita, impõe regras de acesso ao benefício
e, distribui o benefício a quem necessita estabelecendo o critério para o recebimento.

A seletividade fixa o rol de prestações que serão garantidas ao beneficiário do sistema. Já a distributividade
define o grau de proteção devido a cada um.

4. Irredutibilidade do valor dos benefícios (inciso IV)

O benefício precisa manter o poder de compra. Tentar manter o poder aquisitivo. O benefício não é
vinculado ao salário mínimo.

Assim, os benefícios não podem ser reduzidos, devendo ser preservado o seu valor real (§ 4.° do art.
201 da CF). A irredutibilidade não é apenas para que o indivíduo mantenha o poder aquisitivo, ela está
atrelada ao progresso econômico.

O benefício precisa manter o poder de compra, tentar manter o poder aquisitivo. O benefício não é
vinculado ao salário mínimo.

??? Você sabia?

Prezado (a) estudante,

Diante desse cenário, você sabe como o do STJ se posiciona? Veja:

A jurisprudência do STJ não vinha admitindo a aplicação de índice negativo de correção monetária no
período de deflação para os benefícios previdenciários. De acordo com a Corte Superior, “considerando a
garantia constitucional de irredutibilidade do valor dos benefícios (art. 194, parágrafo único, IV da CF) e
o fim social das normas previdenciárias, não há como se admitir a redução do valor nominal do benefício
previdenciário pago em atraso, motivo pelo qual o índice negativo de correção para os períodos em que
ocorre deflação deve ser substituído pelo fator de correção igual a zero, a fim de manter o valor do
benefício da competência anterior (período mensal)” – Passagem do julgamento do REsp 1.144.656, de
26.10.2010.

Contudo, em 2012, no julgamento do EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL 1.142.014 – RS, a 3ª Seção do
STJ aderiu ao posicionamento da Corte Especial ao admitir a incidência de índice negativo de inflação,
desde que no final da atualização o valor nominal não sofra redução: “A Corte Especial deste Tribunal
no julgamento do REsp nº 1.265.580/RS, Relator o Ministro Teori Albino Zavascki, DJe de 18/4/2012,
modificou a compreensão então vigente, passando a adotar o entendimento segundo o qual desde que
preservado o valor nominal do montante principal, é possível a aplicação de índice inflacionário negativo
sobre a correção monetária de débitos previdenciários, porquanto os índices deflacionados acabam se
compensando com supervenientes índices positivos de inflação”, sendo este o atual posicionamento da
Corte Superior.

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Assim, de acordo com entendimento do STJ, é possível a aplicação de índice inflacionário negativo sobre
a correção monetária dos débitos previdenciários, desde que se preserve o valor nominal do montante
principal.

Guarde essa ideia!

Caro (a) aluno (a),

É imprescindível que você saiba que não pode haver redução nominal! Mas, atenção, pois não há
vinculação com salário mínimo. Ninguém recebe benefício em salários mínimos.

E há exceção: Caso haja erro, se faça a revisão sendo constatado que o benefício estava sendo pago e,
valor superior ao realmente devido, será corrigido.

5. Equidade na forma de participação no custeio (inciso V)

O custeio decorre do princípio da igualdade, baseando-se na capacidade econômica dos contribuintes (art.
145, § 1.º, da CF). Assim, é feito baseado na capacidade contributiva de cada um.

Para Resumir

Você deve sempre lembrar que: Quem pode mais, paga mais, quem pode menos, paga menos!

Continuando!

Hoje, o empregado contribui com 8%, 9% ou 11% (depende da faixa salarial) e a empresa paga 20%.

Assim, quanto maior capacidade econômica revelar o contribuinte, maior deverá ser a quota que lhe cabe
verter para o fundo social destinado a financiar as prestações. A empresa retém do empregado a cota
dele, soma a sua e repassa a previdência. Reter do empregado e não repassar a previdência é crime de
apropriação indébita previdenciária. O ônus do empregador é maior em razão da capacidade contributiva.

Fonte: Autora.

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A ideia da capacidade contributiva por si só não é apta a definir a equidade na forma de participação
no custeio. Deve existir, ainda, certa relação entre os riscos inerentes à atividade econômica, as
contribuições devidas, o porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, de tal modo
que, quanto maior o risco, maior deve ser o tributo social (§ 9.° do art. 195 da CF — alterado pela EC
47/2005), justamente pela probabilidade de sinistros. Além disso, o art. 239, § 4.°, da CF: quem utilizar
mais mão de obra pagará menos, pois estará incentivando o trabalho. Contrariamente, quem provocar
maior desemprego terá agravada sua situação.

Exemplo

Maria tem um salário de R$ 10.000,00 por mês. Como ela é mais fraca contributivamente, sua contribuição
fica limitada ao teto, ou seja, a empresa descontará da empregada 11% sobre R$ 5.839,45 (teto em 2019),
e pagara 20% sobre R$ 10.000,00.

Para Resumir

Quanto maior o risco, maior deverá ser a alíquota.

6. Diversidade na base de financiamento (inciso VI).

Várias são as fontes de custeio do sistema. O art. 195 da CF traz o custeio direto e indireto. Esse princípio
possui dupla dimensão:

- diversidade objetiva: atinente aos fatos sobre os quais incidirão contribuições;

- diversidade subjetiva: relativa a pessoas naturais ou jurídicas*que verterão as contribuições.

Guarde essa ideia!

Diversidade da base:
Vários fatos geradores e vários sujeitos envolvidos.

7. Gestão democrática e descentralizada do sistema (inciso VII).

Gestão quadripartite com representação dos empregados, empregadores, aposentados e Estado, diferente
do custeio, que é tripartite.

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A lei ordinária deverá exigir a participação da comunidade interessada nos órgãos colegiados que dirigem
a previdência social.

Quanto aos princípios implícitos temos:

- Princípio da contrapartida - art. 195, § 5.°, da CF)

Primeiro cria a contribuição e depois o benefício, ou seja, há necessidade de que primeiro exista a fonte
de custeio para depois ser criado o benefício. Com isso, quer o constituinte proteger o equilíbrio financeiro
do sistema, elemento sem o qual não será possível o cumprimento das finalidades da seguridade social.

Dessa maneira, é importante que você saiba que esse princípio é responsável pelo equilíbrio entre receita
e despesa, e, prevê que nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou
estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

- Princípio da anterioridade nonagesimal, ou, da noventena - Art. 195. (...) § 6.”

As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos 90 (noventa)
dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não lhes aplicando o disposto
no art. 150, III, b”. Assim, as contribuições sociais só podem ser exigidas após 90 dias da lei que instituiu
ou modificou (art 150, III, b).

- Princípio da solidariedade (art 3º da CF e art. 195, caput, da CF).

Há a participação obrigatória da sociedade, de forma direta, mediante contribuições sociais, e indiretas,


através dos tributos.

Quem tem melhor condição financeira contribui com parcela maior, quem trabalha contribui com quem
está aposentado.

Lembre-se sempre de que as contribuições destinam-se a um único fundo e as contribuições dos


contribuintes ativos é a base de sustentação dos inativos. Assim, quando um segurado é atingido por uma
contingência social, todos os outros continuam contribuindo com o sistema, ou seja, contribuindo para
que este segurado necessitado receba o benefício.

É como um financiamento de gerações: A geração ativa, que está contribuindo com o sistema, está
custeando gerações que um dia já contribuíram. Posteriormente, esta geração (hoje ativa e que contribui
com o sistema) terá os seus benefícios garantidos por uma geração futura.

Não existe uma relação absoluta entre o valor pago e o valor a ser recebido.

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Palavras do Professor

Caro (a) aluno (a),

Chegamos ao final da nossa primeira unidade. Agora você aprendeu o que está relacionado aos conceitos
de Saúde, Assistência Social e Previdência Social. Além disso, aprendeu outros conceitos básicos do
Direito Previdenciário Aplicado às Relações de Trabalho e sabe que Seguridade Social e Previdência
Social não são iguais. Você aprendeu também os sete princípios constitucionais próprios do sistema de
seguridade social.

Agora descanse um pouco e depois retorne na segunda unidade. Não se esqueça de realizar as atividades
avaliativas referentes a esse primeiro momento.

Bons estudos e até a próxima unidade!

Referências Bibliográficas

MARTINS, Julio. A pensão por morte mudou com as regras da reforma da previdência. E agora?. Revista
Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 24, n. 5990, 25 nov. 2019. Disponível em: https://jus.com.
br/artigos/77906. Acesso em: 28 dez. 2019.

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 22 ed. Rio
de janeiro: Forense, 2019.

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