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(Primeira aula)

Indicação doutrinária em matéria previdenciária:


Apostila de Direito Previdenciário do curso FMB.
Livro de acidente do trabalho do autor que o professor só
recorda-se do sobrenome Monteiro.
Manual de Direito Previdenciário – LTR – João Batista Lazari e
Carlos Alberto Pereira de Castro.
Curso de Direito Previdenciário – Impetus – Fabio Zambetti
(RJ).
Sinopse Jurídica de Direito Previdenciário – Saraiva –
Desembargador Federal Marisa Santos.
Estudo das Súmulas:
STJ: 15, 45, 65, 89, 110, 111, 146, 148, 149, 159, 178, 204,
226, 242, 272, 289, 290, 291 e 310.
Turmas de Uniformização dos Juizados Especiais Federais:
Todas.
Turmas Recursais do Juizado da 3ª Região:
STF: 687, 688, 689, 726, 729, 730 e 732.

Sistema de Proteção Social


Viver é extremamente perigoso. A vida é risco.
O Estado através de sistema de proteção social tenta amenizar
e auxiliar as pessoas vinculadas a ele que foram atingidas por
acontecimentos da vida (morte, nascimento, acidentes etc.) com
benefícios previdenciários.

Breve Histórico do Direito Previdenciário

As provas elaboradas pela Universidade de Brasília –


CESPUnB sempre pedem historio da previdência.
Os marcos históricos mais importantes são:
A) Cenário mundial:
1883 – Primeira lei previdenciária do mundo na Alemanha fruto
do trabalho político de Bismark (sistema Bismark). Até hoje a
previdência segue basicamente o sistema de Bismark;
1941 – Relatório de Berverid – Inglaterra – O Sr. Berverid
entendia que o Estado precisava atender as necessidades sociais, então
para descobrir qual eram elas, fez uma pesquisa com donas de casas
para saber quais as necessidades que precisam ser atendidas; depois
elaborou um relatório que levou o nome dele, que até hoje é aplicado na
Inglaterra.

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B) Cenário nacional:
1923 – Lei Eloi Chaves – é a primeira lei previdenciária
brasileira.
Década de 30 – Era Vargas – o sistema previdenciário passa a
ser estruturado por meio dos institutos de aposentadoria e pensões, que
eram dividas por categorias profissionais. Exemplo: IAPI – Instituto de
Aposentadoria e Pensões dos Industriários. Tinha-se por base o
corporativismo – base sindical.
Em 1960 os militares unificaram todos os institutos de
previdência dando origem ao antigo INPS e atual INSS.

Fontes de Direito Previdenciário

Fontes materiais: são os acontecimentos do mundo fenomênico


– fatos da vida.
Fontes Formais do Direito Previdenciário:
Constituição Federal, artigos 193 a 204;
Lei 8212/1991 – Lei de Custeio – Tributária;
Lei 8213/1991 – Lei de Benefícios da Previdência Social;
Lei 8080/1991 – Lei Orgânica da Saúde;
Lei 8742/1993 – Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS);
Lei Complementar 108/2001
Lei Complementar 109/2001 – esse é mais importante do que a
LC 108/2001, ambas tratam da previdência privada.

Aplicação das Normas Previdenciárias

1) Aplicação no Tempo: em regra, a norma previdenciária é


regida pela LICC.
Exceção feita às normas que criam ou majoram contribuições
sociais para o financiamento da seguridade social, que adquirem
eficácia após 90 dias da data da publicação – Princípio da Anterioridade
Mitigada ou Nonagessimal.
Retroatividade benéfica da norma previdenciária: o STJ
entende que caso seja mais benéfico ao segurado ou pensionista da
seguridade social, a norma deve retroagir para atingir fatos anteriores a
sua promulgação (fundamento na interpretação social previdenciária).
Em regra a lei não retroage (princípio previsto no artigo 5º da CF)
Exemplo: antes de 1995, as pensões por morte tinham a renda
mensal calculada sobre valores inferiores a 100% do salário de
benefício.

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Após a edição da Lei 9032/1995 as pensões passam a ser
todas no valor de 100% do salário de benefício. Pela tese do STJ todas
as pensões concedidas anteriormente a 1995 devem ser majoradas
para 100% do salário de benefício (retroagindo beneficamente aos
pensionistas). Essa questão está ainda para ser decidida pelo STF (está
um a zero para o INSS, pelo voto do Ministro Gilmar Mendes).

Direito adquirido no Direito previdenciário: para o STF apenas o


segurado que tiver cumprido todos os requisitos para a obtenção de um
benefício previdenciário terá incorporado em seu patrimônio jurídico
aquele específico patrimônio jurídico, isto é, a lei nova não poderá
alterar a situação jurídica do segurado. Caso não tenha cumprido todos
os requisitos jurídicos, o segurado terá apenas a expectativa de direito
(o que em outras palavras é um nada jurídico).
(Segunda aula)
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DA
SEGURIDADE SOCIAL

Princípios previstos no artigo 194 da Constituição Federal:


1) princípio da universalidade: o legislador infraconstitucional
deverá dentro da medida do possível, buscar abranger cada vez mais
pessoas e necessidade no sistema de seguridade social (art. 194,
parágrafo único, inciso I da Constituição Federal). Trata-se de uma
tendência social-democrata, característica de um Estado altamente
intervencionista. Porém, é um tanto utópico esse princípio, pois, na
prática, ele não é aplicado com toda essa abrangência;
2) princípio da uniformidade e equivalência entre os segurados
urbanos e rurais: todos os benefícios franqueados aos trabalhadores
urbanos também devem sê-los aos rurais (uniformidade). Equivalência
significa que os valores dos benefícios não serão iguais, mas serão
proporcionais às contribuições dos segurados urbanos e rurais. Até
1988, o rurícula estava alijado do sistema da seguridade, havendo para
eles o Funrural;
3) princípio da seletividade e distributividade:
O princípio da seletividade significa que o legislador
infraconstitucional deverá dentro das limitações orçamentárias optar por
proteger as necessidades mais prementes.
Distributividade quer dizer que a previdência social é o meio
mais rápido e mais seguro de se distribuir renda. Temos hoje vinte e
cinco mil benefícios sendo pagos pelo INSS, sendo que desses vinte e
cinco, dezesseis mil são pagos a aposentados que ganham um salário
mínimo, e conforme estatística do IBGE cada aposentado possui três
dependentes, ou seja, com o pagamento do benefício são atingidas e

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protegidas cerca de sessenta e quatro mil pessoas. Assim, quando se
aumenta o valor do benefício, distribui-se renda imediatamente.
4) princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios: segundo
o STF esse princípio significa que os benefícios não poderão ser
nominalmente reduzidos, isto é, quem recebe mil reais hoje, não pode
receber novecentos amanhã.
5) princípio da equidade no custeio: significa aplicação do
princípio da capacidade contributiva na seara previdenciária, ou seja,
quem pode mais contribui com mais e vice-versa. Assim quem recebe
um salário-mínimo, recolhe a contribuição com alíquota de 7,65%, sendo
que quem recebe dois mil e quinhentos reais recolhe com alíquota de
11%.
6) princípio da diversidade do financiamento: consiste no fato
de que jamais poderemos ter apenas uma fonte de financiamento da
seguridade social. Atualmente temos quatro fontes de custeio, grosso
modo: folha de salário, faturamento, lucro e concurso de prognósticos.
7) princípio do caráter democrático e descentralizado da
gestão: os órgãos colegiados da seguridade social terão entre os seus
componentes representantes com direito a voz e voto dos empregados,
empregadores, governo e aposentados.

Princípio previsto no artigo 195 da Constituição Federal:


Princípio da contrapartida: sempre que o benefício for criado ou
majorado deverá haver prévia e suficiente fonte de custeio. Deve-se ter
equilíbrio econômico-atuarial (EC 20).

Princípios específicos da Previdência Social


1) em regra todos os benefícios da previdência social
substitutivos do salário do trabalhador, não podem ser inferiores a um
salário mínimo. No caso do auxílio doença, há uma exceção, no caso da
pessoa possuir dois empregos, por exemplo, um de ascensorista e o
outro de doméstica e a perícia médica verifica que ela não pode exercer
a atividade de doméstica, nesse caso o benefício poderá ser inferior ao
salário mínimo. O salário família não é substitutivo do salário e, portanto,
pode ser inferior ao salário mínimo. Também podem ser inferiores o
auxílio acidente e os vinte e cinco por cento do adicional devido ao
aposentado por invalidez que necessite de cuidados ou auxilio de
terceira pessoa.
Com relação aos benefícios assistenciais, em regra, nada
impede que sejam inferiores a um salário mínimo, exceção feita ao
benefício de prestação continuada (vulgarmente conhecido como LOAS)
que deve ser recebido no piso salarial, por expressa disposição do art.
203 da Constituição Federal.

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2) Todos os salários de contribuição utilizados no cálculo do
salário de benefício deverão ser atualizados.
3) Princípio da Preservação do Valor real do benefício:
segundo o STF o valor de compra do benefício estará preservado se os
índices que o reajustaram forem previstos em lei e oriundos de entidade
idônea, tais como o IBGE e a Fundação Getúlio Vargas – FGV. Não há
mais, desde 1991, o direito a equivalência salarial, isto é, equivalência
entre os índices de reajustes dos benefícios e os índices de reajustes do
salário-mínimo.

(3ª aula)

SEGURADOS OBRIGATÓRIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Há cinco espécies de segurados obrigatórios da previdência


social: empregado, doméstico, avulso, individual e especial.
Há, também, os segurados facultativos.

Segurados obrigatórios:

1 – segurado empregado: o conceito de segurado empregado


é, na seara previdenciária, mais amplo do que na trabalhista. Abrange,
inicialmente, os trabalhadores urbanos e rurais que prestam serviços,
nos termos do art. 3º, da CLT, isto é, com habitualidade, pessoalidade,
remuneração e subordinação. Exemplo: uma pessoa trabalha em um
bar, é chapeira e, independentemente de estar registrada, essa pessoa
é segurada empregada. Abrange, também, o aprendiz, o trabalhador
temporário, o brasileiro que presta serviços para embaixada ou
consulado estrangeiro no Brasil, salvo se pertencente ao regime
previdenciário de outro país. Alcança, ainda, aquele que exerce
mandato eletivo, desde que não possua regime próprio de previdência
social. Exemplo: João Paulo Cunha, deputado federal, é segurado
empregado da previdência social. Até 1996, existia o Instituto de
Previdência dos Congressistas – IPC, que só continua válido para os
parlamentares com direito adquirido. Os que não possuem direito
adquirido ao IPC vão para o regime geral da previdência. Abrange,
também, o servidor municipal sem regime próprio, o empregado público
e servidor em cargo de comissão;

2 – doméstico: é o empregado que atende aos requisitos do art.


3º, da CLT, e que presta serviços para uma pessoa ou para uma família,
em atividades sem fins lucrativos;

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3 - segurado avulso: é o trabalhador, geralmente portuário, cuja
prestação de serviços exige, necessariamente, a intermediação de
sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra;

4 – segurado especial: é o pequeno agricultor (parceiro, meeiro


etc) e o pescador artesanal e assemelhados (caranguejeiro, catador de
algas, marisqueiro etc), que trabalham sós ou em regime de economia
familiar, isto é, regime de subsistência, sem empregados permanentes.
Tratando-se de uma família, inclui-se pai, mãe e filhos maiores de
dezesseis anos;

5 – segurado individual: trata-se de categoria residual, isto é,


aquele que, sendo segurado obrigatório da previdência social, não puder
ser incluído em qualquer outra das quatro espécies, será segurado
individual. Principais exemplos: o autônomo, o empresário que percebe
pró-labore, e o equiparado a autônomo, tal como o cooperado de
cooperativas de trabalho e produção.

Síndico de prédio: alguns síndicos percebem remuneração


direta ou indiretamente (isenção de cota condominial), caso em que são
segurados obrigatórios. Se o síndico não receber nada, não será
segurado obrigatório.

TRABALHADORES EXCLUÍDOS DO REGIME GERAL DA


PREVIDÊNCIA SOCIAL

1 – Estagiário: se atendidos os requisitos legais de estágio,


pois, caso contrário, será desvirtuado o contrato de estágio,
configurando-se contrato de trabalho.

2 – Servidor público que desenvolva atividade paralela no setor


privado é segurado obrigatório da previdência social, porém, se não
desenvolver atividade concomitante, estará excluído do regime geral,
isto é, não poderá, sequer, ser segurado facultativo.

3 – Situação do dirigente sindical: permanece no mesmo


enquadramento que possuía antes da eleição para a diretoria do
sindicato.

DEPENDENTES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

A matéria encontra-se regulamentada no art. 16, da Lei 8213/91


(o conceito de dependente da previdência, não confere com o de outros
ramos do direito).

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Classe um: cônjuge ou companheiro(a), filhos menores de
vinte e um anos não emancipados ou inválidos. Para estes
dependentes, a dependência econômica é presumida. Também fazem
parte da classe um, mas sem dependência econômica presumida, o
enteado, o tutelado e, devido à tutela jurisdicional concedida em ação
civil pública, o menor sob guarda.
Uma classe exclui a outra.

Próxima aula: questões polêmicas na jurisprudência.


(4ª aula)

Questões polêmicas na jurisprudência quanto os dependentes


da classe I:
1) Faixa etária: com o advento do novo código civil em 2002,
questionou-se se haveria influência na faixa etária, isto é, redução para
dezoito anos.
A consultoria jurídica do INSS deu uma interpretação no sentido
que deveria prevalecer o entendimento da faixa etária dos vinte e um
anos, portanto como o próprio INSS aceitou a tese mais favorável aos
segurados, a questão encerrou-se.
2) Homossexuais: em face da Ação Civil Pública – ACP
ajuizada no Rio Grande do Sul – RS, porém ainda sem o trânsito em
julgado, os homossexuais que comprovarem viverem ou terem vivido
uma relação homoafetiva serão considerados companheiros para fins
previdenciários;
3) Amante: discute-se na jurisprudência e na doutrina se em
caso de falecimento do segurado que era casado e tinha uma amante,
se seria o caso de dividir-se eventual pensão, equiparando-a a
companheira. Há forte tendência nesse sentido, valorizando-se a
questão da necessidade (a amante teria que provar a dependência
econômica);
4) Filho inválido: a invalidez que faz com que o filho
dependente, assim permaneça nessa condição de forma vitalícia, é
aquela que ocorre até o fato gerador do benefício, isto é, da morte. A
invalidez posterior não dá direito ao benefício. É a posição
preponderante. Por exemplo: se o pai morre quando o filho tem 7 anos,
ele passa a receber o benefício como filho menor. Aos 15 anos, ele fica
inválido, porém, só terá direito ao benefício até os 21 anos, pois
continuará recebendo como filho menor, já que a invalidez foi posterior
ao fato gerador do benefício.
Se há mais de uma pessoa na mesma classe, o benefício será dividido entre elas. Conforme

elas forem deixando de receber o benefício, sua parte vai passando para as outras daquela

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mesma classe, até acabarem os beneficiários da classe, quando cessará o pagamento do

benefício, pois ele não se transmitirá para a classe seguinte.

Classe II – Pais (exige a comprovação de substancial


dependência econômica com o segurado, não se exige que seja
exclusiva), deve-se demonstrar que o filho ajudava de forma substancial
(pagando o aluguel, fazendo a compra do mês, o plano de saúde etc.).
tudo depende do caso concreto, analise é casuística.
O rol do artigo 16 da Lei 8213/1991 é taxativo ou
exemplificativo? O STJ tem entendido que o rol é taxativo, porém em
situações excepcionais, pode ser aplicado em outras situações da vida,
como a relação avoenga (avô que depende do neto, e esse morre), ou
na relação tio e sobrinha (que foi criada desde de pequena como se filha
fosse).

Classe III – irmãos, não emancipados, menor de vinte e um


anos ou inválidos (nessa hipótese também é necessário a prova da
dependência econômica).

CONCEITOS INSTRUMENTAIS
Carência: é o mesmo conceito conhecido dos planos de saúde.
É o número mínimo de contribuições para que se tenha direito a um
determinado benefício. Em regra os benefícios programados, tais como
aposentadoria por idade ou tempo de contribuição, tem carência longa.
Por outro lado, benefícios não programados tem carência zero ou
pequena (exemplo pensão por morte).

Manutenção e perda da qualidade de segurado: em regra, só


tem direito a um benefício da previdência social, o segurado que
encontra-se contribuindo para o sistema. Normalmente, quem está
contribuindo possui qualidade de segurado e quem deixou de contribuir
perdeu a qualidade de segurado. Porém, há exceções considerando que
a previdência é um seguro de natureza social há os denominados
períodos de graça, isto é, períodos nos quais o segurado permanece
vinculado ao sistema como segurado, mesmo sem contribuir, são eles:
a) enquanto se receber benefício, sem prazo;
b) facultativo: seis meses;
c) desempregado: a princípio doze meses, acrescidos de mais
doze meses se o segurado comprovar que permanece desempregado
(embora a lei exija que o desempregado conste do bando de dados do
sistema nacional de emprego do Ministério do Trabalho, a
jurisprudência, mais especificamente a Súmula 27 da Turma Nacional

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de Uniformização dos Juizados Especiais Federais, aceita como prova a
simples ausência de anotação na CTPS).
A este prazo deve-se acrescentar mais doze meses se o
segurado já contribuiu por mais de 120 (cento e vinte) meses sem ter
perdido a qualidade de segurado nesse período. Portanto, podendo
chegar a trinta e seis meses. A todos esses prazos deve ser acrescido
mais um mês e meio, nos termos do artigo 15 da Lei 8213 de 1991,
podendo chegar a trinta e sete meses e meio.
(5ª aula)

BENEFÍCIOS EM ESPÉCIE

Auxílio-doença
Está regulamentado pelos artigos 59 à 63 da Lei n. 8213/1991.
Fato gerador: incapacidade total e temporária para o exercício
das atividades habituais do segurado. A doença pré-existente, que
cause a incapacidade impossibilita o recebimento do benefício, salvo
nas hipóteses de agravamento ou progressão da doença – o problema é
a incapacidade e não a doença.
O que não pode é ser incapaz quando da filiação ao sistema.
Qualidade de segurado: é exigida.
Carência: será de 12 (doze) meses, salvo nas hipóteses de
acidentes do trabalho ou incapacidade oriunda de uma das doenças
graves listadas em lei, tais como AIDS, câncer e cardiopatias graves em
que não há carência. Carência é o número mínimo de contribuições para
que se tenha direito a um benefício.
Renda Mensal Inicial – R.M.I: 91% do salário de benefício, ou,
em regra, para o segurado especial o correspondente a um salário-
mínimo.
Data do Início do Benefício – DIB: a contar do requerimento, se
houver passado mais de trinta dias da data do início da incapacidade ou
a contar da data da incapacidade, se o requerimento foi protocolizado a
menos de trinta dias do fato gerador. Especialmente para os segurados
empregados, o auxílio-doença é devido a partir do 16º dia de
afastamento, isto é, os quinze primeiros dias correm a cargo da
empresa.
Beneficiários: todos os segurados.

Pensão por morte: regulada nos artigos 74 a 79 da Lei


8213/1991.
Fato gerador: morte ou ausência, sendo que após seis meses
de desaparecimento o juiz competente para conceder o benefício,
poderá conceder uma pensão provisória, por outro lado havendo prova

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de que o desaparecimento deu-se em desastre, a pensão provisória
será concedida independentemente desse prazo de seis meses.
RMI: 100% do salário de benefício ou o valor da aposentadoria
que recebia o falecido.
Em regra, o segurado especial recebe o valor correspondente a
um salário-mínimo, no entanto caso ele contribua como facultativo,
poderá receber um valor maior.
Carência: inexiste.
Qualidade de segurado: exige.
Parte minoritária da jurisprudência entende que se o segurado
possuía ao menos, cento e oitenta contribuições poderá virtualmente se
aposentar aos 65 anos (se for homem) e 60 anos (se for mulher), e
também de forma virtual teremos a conversão da aposentadoria por
idade em pensão por morte (tese conhecida como “do morto que faz
aniversário”).
Beneficiários: dependentes das três classes do artigo 16 da Lei
8.213/91.
DIB: data do fato gerador morte se o requerimento for
protocolizado, dentro do prazo de trinta dias; ou na data do requerimento
se após esse prazo, o benefício será devido.
Questão polêmica:
Antes da Lei 9.032/95 havia possibilidade das pensões por
morte serem inferiores a 100% do salário de benefício. Os pensionistas
têm requerido, por aplicação do princípio da isonomia ou mesmo
aplicação imediata de lei mais favorável, a majoração de seus
benefícios. A questão considerando que envolve o princípio
constitucional da irretroatividade das leis encontra-se pendente de
julgamento no STF.
Um dependente pode receber duas ou mais pensões, desde
que seja de regimes previdenciários distintos: um do INSS outro do
servidor público.

(6ª aula)

BENEFÍCIOS EM ESPÉCIE

Aposentadoria por Invalidez

Este benefício previdenciário está previsto nos artigos 42 a 47


da Lei de Benefícios nº. 8.213/1991.

Fato gerador: incapacidade total e permanente para o


exercício das funções que habitualmente o segurado exercia. A

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incapacidade pré-existente (e não a doença ou lesão como fala a lei)
impossibilita o recebimento do benefício.
Doença interessa ao seguro-saúde e aos planos de saúde.
Quando se vincular ao INSS não pode estar incapacitado para as
atividades habituais, não tem problema se estiver doente.
RMI: 100% do salário de benefício ou, em regra, um salário
mínimo para o segurado especial.
DIB: em regra, o dia seguinte à cessação do auxílio-doença;
porém, pode ser concedida de imediato, na hipótese de invalidez
imediata terá o segurado o prazo de trinta dias para ingressar com o
requerimento administrativo e pleitear o benefício e recebê-lo desde o
dia do fato gerador.
Se ingressar com o requerimento administrativo após os trinta
dias, a data será a data de entrada do requerimento (conhecida como
DER, na justiça e no âmbito previdenciário; o professor pede para os
alunos se acostumarem com as siglas (RMI, DIB, DER) que são
comumente utilizadas no dia-a-dia do INSS e do JEF).
Excepcionalmente para o segurado empregado o benefício será
pago a partir do 16º dia após o fato gerador, pois os quinze primeiros
dias são de responsabilidade do empregador.
Carência: em regra, 12 (doze) meses, porém não há carência
se a invalidez for decorrente de acidente de qualquer natureza (inclusive
acidentário – decorrente de acidente do trabalho) ou doença grave,
expressamente prevista em lei.
Beneficiários: todos os segurados.
Qualidade de segurado: exige a qualidade de segurado para a
concessão do benefício.
Concedido benefício de aposentadoria por invalidez, deverá o
segurado ser reavaliado após dois anos da concessão, para verificar se
houve restabelecimento das funções para o exercício das suas
atividades habituais, podendo inclusive ser cassado.
Na hipótese de invalidez de grande monta, que necessite o
segurado permanentemente do auxílio de uma pessoa para suas
atividades da sua vida diária, tais como tomar banho ou se alimentar,
será devido um acréscimo de vinte e cinco por cento na RMI, que será
igual a 125% (cento e vinte e cinco por cento) do salário de benefício.
Nesta hipótese, a renda poderá superar o teto da previdência social.

Aposentadoria por tempo de contribuição

Está previsto nos artigos 52 a 56 da Lei n. 8.213/1991 com as


alterações do artigo 201 da Constituição Federal.
Fato Gerador:
- 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se for homem (urbano
ou rural);
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- 30 (trinta) anos de contribuição, se for mulher (urbana ou
rural);
- reduzido em 05 (cinco) anos para o professor ou professora
do ensino infantil, fundamental ou médio que desenvolva suas
atividades exclusivamente em sala de aula (Súmula 726 do STF).
OBS: caso o professor seja promovido para diretor/supervisor
do colégio, ele perderá o benefício ou prerrogativa da redução, previsto
em lei.
Qualidade de segurado: não exige a qualidade de segurado
para obter o benefício.
RMI: 100% (cem por cento) do salário de benefício. No cálculo
do salário de benefício dessa espécie é aplicado o fator previdenciário.
Carência: 180 meses de contribuição ou para aquele que sem
encontra abrangidos pela regra de transição do artigo 142 da Lei
8213/91 e for se aposentar este ano de 2006 precisa ter 150 meses de
contribuição.
Não tem o limite de idade para se aposentar no regime geral,
só no regime próprio dos servidores públicos.
Beneficiários: todos os segurados, porém o segurado especial
só terá o direito se contribuir também na forma de segurado facultativo.
DIB: 90 (noventa) dias para entrar com o requerimento
administrativo e assim receber desde a data do fato gerador. Após esse
prazo será pela DER.

Desaposentação: consiste no cancelamento voluntário e a


pedido da aposentadoria do segurado, geralmente este visa usar este
tempo para se aposentar no regime próprio estatutário. O INSS nega
administrativamente, mas há forte tendência dos Tribunais Regionais
Federais das cinco regiões em deferir a desaposentação.
(7ª aula)

BENEFÍCIOS EM ESPÉCIE

SALÁRIO FAMÍLIA
Fato gerador: prole, filhos menores de quatorze anos ou
inválidos, ou ainda enteados e tutelados.
Obs: a invalidez do filho pode se dar a qualquer tempo, mesmo
após ter o filho completado os quatorze anos.
RMI: este benéfico é devido apenas aos segurados de baixa
renda, aquele que recebe entre R$350,00 e R$ 435,00 terão direito por
filho a R$ 22,33 e para aqueles que percebem mais de R$ 435,00 e
menos de R$ 634,00 terão direito por filho a R$ 15,74. Essa previsão é
desde a Emenda Constitucional 20.
Carência: zero.

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Qualidade de segurado: em regra, exige.
Beneficiários: segurado empregado (excluído o doméstico) e
segurado avulso, da mesma forma o aposentado por invalidez e demais
aposentados que tenham mais de 65 anos se for homem e de 60 anos
mulher.
Se pai e mãe forem segurados de baixa renda terão direito ao
benefício do mesmo filho, isto é, se tiverem dois filhos menores de
quatorze anos receberão quatro cotas.
Outro requisito para recebimento do benefício é a comprovação
anual de que o filho de zero a seis anos tomou as vacinas obrigatórias e
de que o filho de sete a quatorze anos está freqüentando a escola
fundamental, sendo que esse último requisito exige comprovação
semestral.

SALÁRIO-MATERNIDADE
Fato gerador: parto, adoção e aborto não criminoso.
Parto: nascimento com vida ou não - cento e vinte dias de
benefício. Podendo iniciar vinte e oito dias e noventa e um dias após.
Acrescido de duas semanas, se necessário, por ordem médica
(quatorze dias).
Adoção: para criança:
- 0 até menos de um ano: 120 dias de benefício;
- de um ano até menos de quatro anos: 60 dias;
- de quatro anos até menos de oito anos: 30 dias;
- mais de oito anos: não há direito salário-maternidade.
Aborto não criminoso: duas semanas.
RMI: para segurada empregada e avulsa a renda será igual a
sua remuneração limitada a teor do disposto no artigo 248 da
Constituição Federal, ao teto do serviço público (hoje é de R$
24.500,00). Se o valor da remuneração da gestante for superior a esse
valor, a empresa terá de pagar a diferença.
Segurada individual e facultativa: o valor do salário-maternidade
é igual à média aritmética das últimas doze contribuições.
Segurado especial: em regra receberá um salário-mínimo; caso
contribua também com facultativa poderá receber valores maiores.
RMI: doméstica sua remuneração limitada, porém ao teto da
previdência social que hoje é de R$ 2801,00.
Qualidade segurada: exige, porém a segurada desempregada
em período de graça tem direito ao benefício. O INSS não concede
administrativamente, pois o Decreto proíbe, porém o judiciário concede,
desde que não tenha perdido a qualidade de segurada (é pacífico).
Carência: segurada avulsa, empregada e doméstica não há
carência.
Segurada individual e facultativa é de dez meses.
Segurada especial dez meses de trabalho.
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(8ª aula)

BENEFÍCIOS EM ESPÉCIE

Aposentadoria Especial

- Fato Gerador: trata-se de uma aposentadoria com tempo de


contribuição reduzido, isto é, 15, 20 ou 25 anos, na hipótese de o
segurado trabalhar de forma permanente, em contato com agentes
insalubres, que se encontram listados no anexo IV do Decreto n°
3.048/99. Na hipótese de restar comprovado que o trabalhador exerce
sua atividade em contato com agente insalubre que não conste na lista,
a jurisprudência entende cabível a aposentadoria especial. A lista é,
portanto, exemplificativa (de acordo com entendimento jurisprudencial.
Mas o INSS não aceita).
- qualidade de segurado: não exige.
- renda mensal inicial: 100% do salário de benefício, sem fator
previdenciário.
- carência: 180 meses.
- beneficiários: atualmente são, segurado empregado, avulso
e cooperado de cooperativas de trabalho e de produção.
- DIB (data de início do benefício): a contar da data do fato
gerador, o segurado terá 90 dias para protocolar o requerimento e
receber de forma retroativa o benefício.
Questão controvertida: possibilidade de conversão de tempo
especial em comum. O STJ e a Turma Nacional de Uniformização dos
Juizados Especiais Federais entendem que referida conversão
encerrou-se com a edição da lei n° 9.711/98. No entanto, o Juizado
Especial Federal de São Paulo entende que a lei é inconstitucional e
permite a conversão até hoje, não segue o STJ nem a Turma de
Uniformização do JEFs.

Aposentadoria por Idade

- fato gerador: 65 anos homem e 60 anos mulher, reduzido em


5 anos para o segurado rurícola e para o garimpeiro que labore em
regime de economia familiar.

- qualidade de segurado: não exige para o segurado que


cumpriu a carência exigida para o benefício. Atualmente são 150 meses
de contribuição.

- RMI (renda mensal inicial): 70% do salário de benefício


acrescido de 1% a cada 12 meses de contribuição, sendo que poderá se

14
aplicar o fator previdenciário no cálculo do salário de benefício se for
mais vantajoso para o segurado.
- carência: 180 meses ou 150 meses para os que atendem os
requisitos da regra de transição do art. 142 da lei.
- DIB: igual a da aposentadoria especial.
A regra do art. 143 da lei n° 8.213/91, que permitia o
recebimento de aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo,
ao rurícola que comprovasse apenas tempo de serviço, encerra-se,
salvo direito adquirido, no mês de junho de 2006.

(9ª aula)

BENEFÍCIOS EM ESPÉCIE (continuação)

BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (LOAS)

Fato Gerador: cuida-se de benefício assistencial que tem


por fato gerador a deficiência ou a idade igual ou superior a 65
anos, cumulada com a miserabilidade.
Deficiência para este benefício consiste na incapacidade
total para o trabalho e para os atos da vida independente (atos da
vida diária).
Miserabilidade consiste em renda familiar per capita inferior
a ¼ de salário mínimo (o STF em ADIN julgou constitucional este
parâmetro). Com o estatuto do idoso, permite-se excluir do cálculo
da renda familiar o LOAS recebido por outro membro da família.
Não há que se falar em carência ou qualidade de segurado, pois
não se trata de benefício previdenciário.
DIB: igual a DER, isto é, a data de início do benefício é a
data de entrada do requerimento.
É considerado grupo familiar todas as pessoas listadas
como dependentes no art. 16 da Lei n° 8.213/91 e que morem sob o
mesmo teto. A jurisprudência tem ampliado esse conceito
admitindo como família todas as pessoas que moram sob o mesmo
teto (incluindo tio, primo, sobrinho etc.).

CUSTEIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (LEI N° 8.212/91)

O custeio da seguridade social se efetiva por meio de


dotações orçamentárias e contribuições sociais vinculadas ao
orçamento da seguridade social. Essas contribuições encontram-se
15
regulamentadas pelos arts. 149 e, principalmente, 195 da
Constituição Federal.
A Lei nº 8.212/1991 é a lei de regência do custeio da
seguridade social.
O constituinte autoriza que referidas espécies tributárias
tenham por materialidade (ou base de cálculo):
1) folha de salários e demais receitas oriundas do trabalho:
a) pessoas físicas:
O segurado empregado, avulso e doméstico contribuirá
com uma alíquota variável de 7,65% a 11%, incidente sobre seu
salário de contribuição, isto é, todas as verbas de natureza salarial
que recebe do empregador ou, especificamente no caso da
doméstica, o salário consignado na CTPS. Tem por piso o salário
profissional ou, em sua ausência, o salário mínimo. Tem por teto o
valor de R$ 2.801,00.
O segurado individual contribuirá com o correspondente a
20% sobre seu salário de contribuição, que é a receita auferida no
mês tendo por piso o mínimo e teto R$ 2.801,00.
Caso o segurado individual preste serviços para uma
pessoa jurídica, esta deverá reter 11% da remuneração do
trabalhador na fonte e repassá-la ao INSS. Neste caso, o segurado
individual terá um desconto de até 45% de sua contribuição,
limitada a 9%, isto é, não precisará pagar mais nada (ao invés de
contribuir com 20%, contribuirá apenas com 11%, tendo, assim, um
desconto de 45%).
Segurado Facultativo: corresponde a 20% sobre o salário
de contribuição, que nada mais é que qualquer valor escolhido pelo
contribuinte entre o piso e o teto da previdência social.
Não há mais classes (que antigamente deveriam ser
obedecidas para aumentar a base de cálculo do benefício).
Segurado Especial: sua contribuição corresponde a 2,3%
sobre o produto da comercialização de sua produção, normalmente
na fonte.
(10ª aula)
O empregador doméstico deverá contribuir com o
equivalente a 12% incidente sobre o salário de contribuição da
empregada.
b) pessoas jurídicas: a principal contribuição é a
denominada contribuição previdenciária, corresponde a 20%
incidente sobre os salários de contribuição de cada segurado
empregado, avulso ou individual, que lhe preste serviços.
Atenção! As parcelas indenizatórias são excluídas,
somente incide sobre as verbas de natureza salarial.
16
Sobre esta contribuição não incide o teto da previdência
social, por exemplo, caso alguém perceba R$ 10.000,00 por mês,
será fato gerador de uma contribuição patronal de R$ 2.000,00.
Na hipótese de a pessoa jurídica ser uma instituição
financeira a alíquota subirá para 22,5% (nada há de inconstitucional
nessa diferenciação, pois o art. 195 da CF permite cobrança
diferenciada dependendo do ramo de atuação da pessoa jurídica).
As empresas que possuam trabalhadores que
potencialmente podem se aposentar com 15, 20 ou 25 anos de
contribuição (aposentadoria especial) contribuirão com,
respectivamente, alíquotas de 32%, 29% e 26%, ou seja, acrescenta-
se a alíquota de 20% mais 12%, 9% e 6%.
SAT (seguro de acidente do trabalho): corresponde a
contribuição de 1%, 2% ou 3%, incidente sobre o salário de
contribuição de cada trabalhador. Trata-se de auto-enquadramento
que levará em consideração o risco alto, médio ou baixo de
acidentes do trabalho na empresa.
Também incidem sobre o salário de contribuição as
contribuições de terceiros, conhecidas como sistema “S”. Entre
elas temos 2,5% para o salário educação, 0,6% para o Sebrae, etc.
O fundamento constitucional do sistema “S” encontra-se no art.
240 da CF. Trata-se do terceiro setor, e essas empresas não podem
ter lucro.
Observação: todas essas contribuições e as demais que o
professor vai tratar, já foram reconhecidas como constitucionais,
portanto, não há mais o que questionar sobre sua
constitucionalidade (são teses já superadas).

2) Receita ou Faturamento (Só para pessoa jurídica): nesse


caso temos duas contribuições – PIS e COFINS. O fato gerador de
ambas será a receita proveniente das importações, das vendas de
mercadorias, prestação de serviços e receitas financeiras.
Referidas contribuições poderão ser cumulativas ou não
cumulativas. Na maior parte dos casos serão não cumulativas e
terão as seguintes alíquotas: 7,6% para COFINS (contribuição para
financiamento da seguridade social) e 1,65% para PIS (programa de
integração social).

3) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL): base de


cálculo será o lucro contábil, isto é, o resultado antes da provisão
para o Imposto de Renda.

17
A alíquota corresponde a 9% para as empresas que
apuram o IR pelo lucro real e 2,88% para as empresas que apuram
sobre o lucro presumido.

4) CPMF: 0,38% incidente sobre os valores movimentados


na conta corrente do contribuinte. A EC 42 prorrogou sua cobrança
até 31/12/2007.

Há entidades que contribuem de maneira diferente para a


seguridade social:

Cooperativas de Trabalho: 15% sobre o valor pago pela


tomadora de serviços pelos serviços prestados (retém na fonte e
repassam para o INSS); incidente sobre a fatura, já que não
possuem folha de salário.
Clubes de Futebol Profissional: 5% sobre o faturamento
bruto, isto é, total das rendas dos jogos, direitos televisivos e
marketing.
(11ª aula)
Simples: a lei n° 9.317/96 regulamentou o art. 179 da CF,
que determina a necessidade de tratamento fiscal mais favorável às
micro e pequenas empresas.
Atualmente, podem fazer parte do simples as micro-
empresas e empresas de pequeno porte, isto é, aquelas que têm
faturamento anual limitado a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e
quatrocentos mil reais). Estas empresas recolherão um percentual
sobre o seu faturamento, em substituição a todas as contribuições
sociais para o financiamento da seguridade social. O art. 9° da lei
do simples foi recentemente declarado constitucional pelo STF,
esse artigo exclui algumas atividades como, por exemplo, as
profissões regulamentadas, sob o fundamento que quem tem
ensino superior não precisa de proteção estatal, conforme voto do
ex-Ministro do STF Maurício Correa.

PREVIDÊNCIA PRIVADA – aspectos essenciais

Está regulamentada no art. 202, CF e pelas leis


complementares n° 108/01 e 109/01.
A previdência privada trabalha com o regime de
capitalização, isto é, os aportes e contribuições dos participantes
serão as receitas que pagarão os benefícios. Não se aplica,
portanto, o regime utilizado pela previdência pública (INSS), isto é,

18
o regime de repartição, no qual as contribuições pagas hoje pelo
trabalhador têm a finalidade de pagar o benefício dos atualmente
inativos.
Princípios da Previdência Privada – estão basicamente
previstos no art. 202 da CF:
Contratualidade: ao contrário da previdência pública, que se
caracteriza por ser um regime institucional, isto é, cujas regras
estão previstas em lei, a previdência privada rege-se pela vontade
das partes, embora limitadas a algumas normas legais.
Facultatividade: ao contrário do regime geral de previdência
social, que é obrigatório.
Equilíbrio Financeiro e Atuarial: visando evitar que as
entidades acabem por ir a bancarrota a legislação prevê forte
fiscalização estatal, possibilidade de contratação de resseguro,
exigência de criação de fundos de reserva, contribuição de
inativos, se houver déficit no sistema e intervenção estatal, se
houver desequilíbrio das contas. Estas providências visam evitar
que as empresas tenham que decretar sua liquidação extrajudicial.

ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA


(FUNDOS DE PENSÃO)
A constituição dessas entidades se efetivará por meio de
fundações privadas ou empresas simples. Os fundos de pensão
não visam lucros.
O STJ, recentemente, sumulou a tese segundo a qual o
CDC se aplica não apenas às entidades abertas de previdência
privada, mas também às fechadas.

Beneficiários
Poderão fazer parte (é facultativo) todos os trabalhadores
de uma empresa ou grupo de empresas ou, ainda, os associados
de um sindicato ou órgão de classe.

(12ª aula)

ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA


(FUNDOS DE PENSÃO) – continuação

FISCALIZAÇÃO DOS FUNDOS DE PENSÃO


Secretaria de Previdência Complementar, que é órgão
ligado ao Ministério da Previdência Social.

19
Órgão normatizador
Conselho de Gestão da Previdência Complementar,
também ligado ao Ministério da Previdência Social.

Há fundos de pensão singulares, isto é, patrocinados


apenas por uma empresa e multi-patrocinados. Por meio de um
instrumento contratual denominado convênio de adesão, os fundos
de pensão e os patrocinadores listam seus direitos e obrigações.

ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA OU


COMPLEMENTAR
Tem por roupagem societária uma sociedade anônima,
pois visam o lucro. Estão geralmente vinculadas a bancos. São
denominadas abertas, pois delas qualquer pessoa pode participar,
independentemente de vínculo laboral ou associativo. Oferecem,
normalmente, dois tipos de planos: individuais e coletivos, nos
quais uma empresa contrata a previdência privada para os seus
funcionários.

Fiscalização
É da SUSEP (Superintendência de Seguros Privados),
porém as aplicações financeiras serão fiscalizadas pela CVM e pelo
Banco Central.

Órgão regulamentador
Conselho Nacional de Seguros Privados.

Há dois tipos básicos de planos:


PGBL (plano gerador de benefícios livre): permite dedução
de imposto de renda;
VGBL (vida gerador de benefícios livre): não permite
dedução de imposto de renda.

INSTITUTOS QUE DIZEM RESPEITO ÀS ENTIDADES


ABERTAS E FECHADAS

1) resgate: é o saque de todo dinheiro antes de atingidas


todas as condições de elegibilidade do plano; normalmente não é
interessante sob o ponto de vista financeiro, pois a entidade, seja

20
aberta ou fechada, poderá devolver o dinheiro com desconto de
taxas administrativas.

2) portabilidade: o participante, que é o nome dado pela


legislação ao segurado da previdência privada, quando da extinção
do contrato de trabalho para com uma empresa, na qual participava
também de um fundo de pensão, poderá levar suas reservas
matemáticas, isto é, todos os aportes realizados pela empresa e por
ele para outra entidade fechada ou aberta; porém deverá respeitar
um período mínimo de carência para eventual saque, sendo que
essa carência será de, no mínimo, 15 anos.

3) benefício proporcional diferido: nessa hipótese, o


participante deixa o dinheiro no fundo de pensão rendendo.
Quando alcançar a idade mínima para a aposentadoria receberá o
benefício, porém com valor proporcional às contribuições feitas.

4) contribuição dupla: quando da rescisão do contrato de


trabalho poderá também o participante permanecer no fundo de
pensão, porém terá que suportar sua própria contribuição e
também a da empresa.

Obs.: Como os fundos de pensão são fiscalizados por


entidades estatais, em caso de “quebra” o Estado poderia ser
obrigado a indenizar os segurados? FLAVIA CONFERE ESSA
PARTE PARA MIM. OBRIGADA SAN
Há opiniões nos dois sentidos. Para uns o Estado (no caso
a União) deve responder em razão da omissão ou ação insuficiente
dos seus agentes, nos termos do art. 37, §6º da Constituição
Federal. Outros, que dizem que por ser uma relação contratual com
origem na Emenda Constitucional nº 20/98 (que foi sem dúvida a
mais neo-liberal que tivemos), por opção do Poder Constituinte
Derivado e em razão do Estado mínimo não deve o Estado ser
responsabilizado pela má-gestão dos fundos de pensão.

Obs.2: É possível alterar o regime jurídico inicial do


contrato de seguro privado? A revisão contratual sempre é
possível, desde que mantido o equilíbrio.
Próxima aula: aspectos constitucionais do servidor público.

(13ª aula)

21
PREVIDÊNCIA DO SERVIDOR PÚBLICO E SEUS
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS
A legislação de regência básica é o artigo 40 da
Constituição Federal e as emendas constitucionais nº 41 e 47.
No âmbito federal, a previdência do servidor foi
regulamentada pela Lei 10.887/2004.
Contribuição dos servidores ativos
A contribuição corresponde a 11% (onze por cento) sobre
o salário bruto dos servidores para todos os regimes próprios. Os
entes federativos deverão contribuir com alíquotas que variarão de
11% a 22% do salário de contribuição do servidor. A União Federal
optou por 22%.
Contribuição dos servidores inativos: a emenda constitucional
nº 41 foi declarada constitucional pelo Supremo. Assim, os
servidores aposentados e pensionistas devem recolher 11% sobre
a parcela que exceder ao teto do regime geral de previdência social
(RGPS). Até o teto do regime geral da previdência social o servidor
aposentado ou o pensionista é imune de qualquer contribuição.

Após as Emendas Constitucionais nº 41 e 47, para os


novos servidores que adentram ao serviço público temos:
1) cálculo da renda mensal inicial dos benefícios: não há
mais integralidade e paridade. A renda mensal inicial será calculada
da seguinte forma: corresponderá a uma alíquota sobre o salário de
benefício, sendo que este corresponderá à média aritmética
atualizada dos 80% maiores salários de contribuição desde julho de
1994. Portanto, de forma muito semelhante ao cálculo do regime
geral de previdência social, exceção feita ao fator previdenciário,
que não existe no regime estatutário.
Paridade: O reajuste dos benefícios para os novos
servidores ocorrerá na mesma data e com os mesmos índices dos
utilizados no regime geral de previdência social. Portanto, aumento
de salário para o servidor ativo não corresponderá aumento para o
inativo.
2) abono de permanência: o servidor que já poderia se
aposentar, mas que continuar na ativa receberá um abono de 11%
até a data da aposentação compulsória, que no serviço público
ocorre aos 70 anos (deixa de pagar 11% em razão da não
incidência; permanecendo na atividade ainda ganhará mais 11%).
3) teto do serviço público: corresponde aos subsídios do
Ministro do Supremo Tribunal Federal, isto é, R$ 24.500,00 (no ano
de 2006). Este teto abrange todos os servidores federais. Nos
Estados federados e no Distrito Federal haverá sub-tetos,

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basicamente, no Poder Judiciário o subsídio dos Desembargadores
do TJ, limitados a 90,25% do teto do serviço público (ou seja, do
Ministro do Supremo). No Poder Executivo, o teto será o subsídio
do governador e no Legislativo o dos Deputados Estaduais e
Distritais. Nos Municípios, o teto será o subsídio do Prefeito.

Aposentadoria por invalidez


Será proporcional ao tempo de contribuição, salvo se for
oriunda de acidente do trabalho ou doença grave listada em lei.
No âmbito federal, a aposentadoria por invalidez será, no
mínimo, no valor de 1/3 da remuneração do servidor (lei 8.112/91).

Aposentadoria voluntária por idade


Homem: 65 anos + 10 anos de serviço público + 5 anos no
cargo no qual se aposentará.
Mulher: 60 anos + 10 anos de serviço público + 5 anos no
cargo no qual se aposentará.
* Os 10 anos serviço público não precisam ser prestados
na mesma esfera, basta que o servidor não sai nem por um dia do
serviço público.
Cálculo dos proventos: proporcionais ao tempo de
contribuição (na esfera federal garantia de 1/3).

Pensão por morte


Corresponde ao teto do regime geral de previdência social
acrescido de 70% do valor que superar esse teto (desde 2004,
quando foi regulamentada a emenda).

Aposentadoria por tempo de contribuição


Novos servidores:
Homem: 60 de idade + 35 anos de contribuição + 10 anos
de serviço público + 5 anos no cargo em que se aposentará;
Mulher: 55 de idade + 30 anos de contribuição + 10 anos de
serviço público + 5 anos no cargo em que se aposentará;
RMI: 80%, sem fator previdenciário (desde julho 1994), sem
paridade.

Principal regra de transição: para os servidores que já


haviam ingressado no serviço público antes da emenda 20/98, há 3
regras de transição. A que, a princípio, prevê mais benefícios para
o servidor foi trazida com a EC 47 e consiste em 35 anos de

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contribuição para o homem, 30 para a mulher + 25 anos de serviço
público + 15 anos de carreira + 5 anos no cargo no qual vai se
aposentar e idade mínima de 60 anos para o homem e 55 para a
mulher, reduzidos em 1 ano à idade para cada ano de contribuição
que exceder aos 35 anos ou 30 anos. Atendidos esses requisitos
estes servidores receberão proventos integrais e com paridade.
O professor deixa o e-mail para qualquer dúvida e para o
futuro convite de posse.
ochamon@jfsp.gov.br

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