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RESUMO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO II

PRINCÍPIOS DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO

O Direito Previdenciário, ramo autônomo do Direito, possui princípios próprios. Alguns princípios são exclusivos da
Seguridade Social, o que revela sua autonomia didática, enquanto outros são genéricos, aplicáveis a todos os ramos
do Direito.

Entre os princípios gerais, merecem destaque no âmbito da seguridade social os da igualdade (tratada como
isonomia material, na qual são tratados de modo igual os iguais e desigual os desiguais, nos limites de suas
desigualdades), legalidade e direito adquirido ( o direito só é adquirido quando o indivíduo enquadra-se com
perfeição na regra legal concessiva deste).

Entre os princípios específicos, estão:

Princípio da Solidariedade

É o princípio securitário de maior importância, traduzido na proteção coletiva, na qual as pequenas contribuições
individuais geram recursos suficientes para a criação de um manto protetor para todos. A solidariedade é
pressuposto da compulsoriedade das contribuições. É este princípio que permite e justifica uma pessoa pode ser
aposentada por invalidez em seu primeiro dia de trabalho, sem qualquer contribuição recolhida para o sistema.
Também é a solidariedade que justifica a contribuição vertida pelo aposentado que volta a trabalhar.

Universalidade e cobertura de atendimento

Este princípio estabelece que qualquer pessoa pode participar da proteção social patrocinada pelo Estado. Com
relação à saúde e assistência social, já foi visto que está é a regra. Porém, quando a previdência, por ser regime
contributivo, é a princípio, restrita aos que exercem atividade remunerada. Mas, para atender ao mandamento
constitucional, foi criada a figura do segurado facultativo

Este princípio possui dimensões objetiva e subjetiva, sendo a primeira voltada a alcançar todos os riscos sociais que
possam gerar o estado de necessidade (universalidade de cobertura), enquanto a segunda busca tutelar toda
pessoa pertencente ao sistema protetivo (universalidade no atendimento).

Uniformidade e Equivalência de Prestações entre as Populações Urbana e Rural

como se sabe, o trabalhador rural tinha tratamento diferenciado até o Advento da Constituição de 1988, o qual
determinou o fim deste regramento previdenciário distinto. Assim, por exemplo, todos os segurados, inclusive os
rurais, nunca terão aposentadoria em valor inferior ao salário mínimo.

Seletividade e distributividade na prestação de Benefícios e Serviços

A seletividade atua na delimitação do rol de prestações, ou seja, na escolha dos benefícios e serviços a serem
mantidos pela seguridade social, enquanto a distributividade direciona a atuação do sistema protetivo para as
pessoas com maior necessidade, definindo o grau de proteção.

Algumas prestações serão extensíveis somente a algumas parcelas da população, como, por exemplo, salário-
família (exemplo de seletividade) e, além disto, os benefícios e serviços devem buscar a otimização da distribuição
de renda no país, favorecendo pessoas e regiões mais pobres (exemplo de distributividade).
Irredutibilidade de benefícios

Diz respeito à correção do benefício , o qual deve ter seu valor atualizado de acordo com a inflação do período.
Muitas das alegações sobre a insuficiência de valor dos benefícios são erroneamente enquadradas como violação
deste princípio.

Todavia, há quem defenda uma acepção restrita deste princípio, impondo somente a obrigação negativa de não
reduzir o benefício, em razão do art. 201, § 4º, da CF, o qual já prevê expressamente a necessidade de revisões
periódicas da prestação previdenciária.

Equidade na forma de participação do custeio

A fixação deste princípio implicará a variação de contribuição de acordo com o risco proporcionado para os
segurados. A equidade, no custeio, permite ao Legislador alterar a hipótese de incidência de contribuições das
empresas em razão de diversos fatores, como a atividade econômica. Quanto menor for a mão de obra aplicada,
maior deve ser a alíquota, de modo que a tributação seja também equânime.

Diversidade da base de financiamento

Teve como origem a tríplice fonte de custeio, originada, por sua vez, na Constituição de 34, de acordo com a idéia
apresentada pelo Beveridge. O subtrato do financiamento da seguridade ainda é mantido pela forma tríplice de
custeio, que envolve contribuições de trabalhadores das empresas e do próprio governo.

Caráter democrático e descentralizado da Administração

Visa a participação da sociedade na organização e no gerenciamento da seguridade social, mediante gestão


quadripartite, com participação dos trabalhadores, empregadores, aposentados e governo (os aposentados foram
incluídos pela EC 20/98).

Preexistência de custeio em relação ao benefício ou serviço

Este princípio visa ao equilíbrio atuarial e financeiro securitário. A criação do benefício, ou mesmo com a mera
extensão de prestação já existente, somente será feita com a previsão de receita necessária.

SEGURIDADE SOCIAL – DIREITO HUMANO OU SOCIAL?

A Previdência Social é usualmente fixada como direito humano de 2ª geração, devido a proporção individual que
proporciona aos beneficiários, atendendo a condições mínimas de igualdade. Não obstante, os riscos sociais são um
problema da sociedade e não somente do particular. Para os que admitem a divisão entre gerações ou dimensões,
a seguridade social, com seu espectro mais amplo de aços, com viés claramente solidarista, somente poderia ser
enquadrada como direito de 3ª geração.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, passa a prever alguns direitos sociais, incluindo a
previdência social, de modo genérico.

A proteção social é direito fundamental, já que reconhecido pela Constituição, mas também direito humano,
adotado em diversas declarações e pactos internacionais.

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