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DIREITO PREVIDENCIÁRIO | SEGURIDADE SOCIAL | @concuresumos

1. INTRODUÇÃO
A seguridade social é um conjunto de ações do poder público¹ e da sociedade² destinadas a assegurar o direito à
previdência social, assistência social e saúde pública, nos termos do art. 194 da CF.
ELEMENTOS DA SEGURIDADE SOCIAL
Mnemônico de memorização: PAS.
● Previdência social: É um mecanismo de proteção social e subsistência do contribuinte no momento em que
teve a sua capacidade laborativa afetada, garantindo a manutenção financeira do indivíduo ou de sua família em
razão de eventos certos (idade avançada, p. ex.) ou incertos (acidente incapacitante, p. ex.). Importante ressaltar
que a previdência exige o pagamento de uma contribuição monetária por parte do participante;
● Assistência social: É uma política social de garantia da dignidade humana dos mais necessitados, de modo
que é gratuita com relação a quem dela necessite (ou seja, não está sujeita a todos os cidadãos). A qual, por sua
vez, é fornecida pelo Sistema Único de assistência Social (SUAS);
● Saúde pública: É um serviço de saúde gratuito para toda a sociedade, não necessitando de contribuição para
tanto (logo, sujeito a todos os cidadãos). Esta, por sua vez, é fornecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A finalidade da seguridade social é garantir que o cidadão brasileiro não seja atingido por situações de indignidade
humana ou vulnerabilidade, a fim de garantir uma espécie de “ordem social”. Isso faz com que os níveis de
pobreza não aumentem no escopo da sociedade, de modo que a população não fique privada de acessar condições
mínimas à sua subsistência.

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A seguridade social como a conhecemos hoje é fruto de sua evolução histórica, marcada por diversas nuances que
serão abaixo destrinchadas.

1ª FASE: ASSISTÊNCIA PÚBLICA


Esta fase compreende o marco inicial de proteção social do indivíduo. Tal fase se subdivide em 2 momentos:
ASISTÊNCIA PRIVADA ASSISTÊNCIA PÚBLICA
● Era uma proteção efetivada ao indivíduo em seu âmbito ● O advento da “Lei dos Pobres” instituiu medidas
familiar ou comunitário. assistenciais de caráter público;
● Tal fase perdurou até o início do Século XVII, com a ● Estas “medidas assistenciais” eram efetivadas com o
edição da “Lei dos Pobres” pela Inglaterra em 1601. auxílio da igreja, sendo a qual responsável por atender
aos necessitados por intermédio da caridade.

2ª FASE: SEGURO SOCIAL


Esta fase se iniciou em meio à Revolução Industrial (1760 a 1840), havendo uma grande pressão por parte traba-
lhadores das indústrias quanto às necessidades que sofriam no ambiente laboral.
Diante disso, criou-se na época uma “tensão” quanto a mobilização dos trabalhadores em prol de uma revolução,
fato este que iria atrapalhar o expoente desenvolvimento das indústrias.
Por este motivo, Oto Von Bismark instituiu o primeiro sistema de seguro social, em 1883, nos seguintes moldes:
CARACTERÍSTICAS
● Benefícios: Seguro-doença, seguro contra acidentes de trabalho, seguro-invalidez e proteção à velhice;
● Financiamento: Empregados + Empregadores;
● Limitação: O seguro social tinha caráter restrito, pois se limitava tão somente a quem auferia um trabalho,
não alcançando as pessoas desempregadas e impedindo o seu acesso a este sistema.
→ Sistema de seguro social: É chamado de Concepção Bismarkiana, Laborista ou Segurista.

3ª FASE: SEGURIDADE SOCIAL


Esta fase teve como intento superar a grande limitação existente no seguro social, almejando-se instituir um plano
de proteção social mais abrangente e não restrito somente a uma parcela da sociedade.
Com isso em mente, em 1941, William Henry Beveridge instituiu um plano de proteção social universal. Nessa
perspectiva, o “Plano Beveridge” instituiu-se nos seguintes moldes:
CARACTERÍSTICAS
● Benefícios: Seriam os mesmos já instituídos anteriormente;
● Financiamento: Empregados + Empregadores + Estado (a partir de agora, o próprio Estado irá contribuir de
maneira conjunta para o financiamento da seguridade social);
● Ausência de limitação: A seguridade social atenderia a toda a sociedade, sob um modelo de atuação universal.
→ Sistema de seguridade social: É chamado de Concepção Universalista ou Omnigarantista.

3. PRINCÍPIOS
◼ 3.1. Universalidade da cobertura e do atendimento: Veja que este princípio se subdivide em dois outros sub-
princípios. Vejamos os quais:
UNIVERSALIDADE DE COBERTURA UNIVERSALIDADE DE ATENDIMENTO
Significa dizer que os serviços da seguridade social Significa dizer que os serviços oferecidos pela segu-
devem atingir o maior número possível de eventos ridade social devem atender ao maior número possível
(certos ou incertos) que ofereçam risco ao indivíduo. de pessoas.
Conclusão: O princípio da universalidade da cobertura e do atendimento consagra que a seguridade social deve
atender o maior número de eventos e pessoas possíveis.

◼ 3.2. Seletividade e distributividade na prestação de serviços e benefícios: Este princípio informa que os ser-
viços e benefícios da seguridade social devem ser selecionados e distribuídos em nome dos que mais necessitam
de amparo, sob pena de esgotamento dos recursos que atendem à sociedade. Logo, é perceptível que este princípio
é um claro limitador ao princípio da universalidade da cobertura e do atendimento.

◼ 3.3. Irredutibilidade do valor dos benefícios:


PREVIDÊNCIA SOCIAL ASSISTÊNCIA SOCIAL E SAÚDE PÚBLICA
Tendo em vista que este serviço é custeado pelos con- Tendo em vista que este serviço não é custeado pelos
tribuintes, o valor dos benefícios previdenciários não beneficiários, o qual não poderá ser reduzido e tam-
poderão ser reduzidos e, somado a isto, as quais pouco sofrerá correção para repor os índices de infla-
deverão ser corrigidos para repor os índices de inflação ção, pois este é gratuito.
que gravitam sob tal benefício.

◼ 3.4. Equidade na forma de participação no custeio: Determina que os contribuintes da previdência social
contribuam para o custeio deste mecanismo de proteção social de modo equivalente ao seu poder aquisitivo, ou
seja, de maneira justa. Desta maneira, quem ganha mais paga mais, enquanto quem ganha menos paga menos.
Fique ligado: Este princípio está intimamente ligado ao da igualdade material, buscando tratar os desiguais na
medida de sua desigualdade.

◼ 3.5. Diversidade na base de financiamento: Dispõe que a base de financiamento da seguridade social se en-
contra disposta em muitas fontes. Vejamos algumas destas fontes a título meramente exemplificativo:
● Empregados;
● Empregadores;
● Estado;
● Concursos de prognósticos (loterias);
● Importações;
● Etc.

◼ 3.6. Caráter democrático e descentralizado da administração: Prevê que a administração da seguridade so-
cial ocorre por intermédio de órgãos colegiados de deliberação. Estes órgãos, por sua vez, possuem atribuições de
gestão e formulação de políticas públicas no âmbito da seguridade social e controlam a sua execução.
Fique ligado: A administração da seguridade é quadripartite, logo, conta com a participação de trabalhadores,
empregadores, aposentados e do governo. Desta maneira, a participação destes agentes reforça o caráter
democrático deste princípio.
Cuidado: O caráter de descentralização administrativa da seguridade social ocorre por intermédio dos órgãos
colegiados (fique atento a este detalhe!).

◼ 3.7. Solidariedade: Estabelece que tanto a sociedade quanto o estado custeiam a seguridade social, de maneira
que o caráter solidário permite a sustentabilidade do sistema securitário e permite que quem ainda não goze dos
benefícios do sistema contribua para quem, no atual momento, se encontra em seu gozo.

◼ 3.8. Uniformidade e equivalência dos serviços e benefícios às populações urbanas e rurais: Estabelece que
os benefícios da seguridade social devem ser direcionados não tão somente á população urbana, mas também à
população rural (da mesma forma). No entanto, devem ser respeitas as desigualdades existentes entre estas duas
populações, oferecendo tratamento diferenciado aos desiguais em respeito ao princípio da igualdade material.

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