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DIREITO PREVIDENCIÁRIO APLICADO

ÀS RELAÇÕES DE TRABALHO

UNIDADE II
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Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD

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Valle, Renata.

Direito Previdenciário Aplicado às Relações do Trabalho: Unidade 2 -


Recife: Grupo Ser Educacional, 2020.

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Grupo Ser Educacional


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Sumário

CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL .......................................................................... 4


Art. 195 ................................................................................................................................................... 4
Para início de conversa....................................................................................... 6
NATUREZA JURÍDICA DA CONTRIBUIÇÃO .............................................................. 8
DOS CONTRIBUINTES ................................................................................................. 9
DAS CONTRIBUIÇÕES ................................................................................................. 10
DA ARRECADAÇÃO ...................................................................................................... 16
DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ....................................................................... 17

Crédito da Seguridade ........................................................................................................................ 18


Prescrição e Decadência ................................................................................................................... 19
Crimes Contra a Seguridade Social .................................................................................................. 23

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO APLICADO ÀS RELAÇÕES DO TRABALHO
UNIDADE 2

CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL

Caro (a) aluno (a), antes mesmo de entrarmos no conteúdo da nossa disciplina, é importante destacar o
art. 195 da CF. Ele vai servir de base para muitas questões relacionadas ao conteúdo que trabalharemos
nessa unidade. Vamos lá!

Art. 195

A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da
lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998):

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998);

b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998);

c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998);

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998);

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003).

§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social
constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.

§ 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos
responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades
estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos.

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§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não
poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.

§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade
social, obedecido o disposto no art. 154, I.

§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a
correspondente fonte de custeio total.

§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa
dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto
no art. 150, III, «b».

§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência


social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os


respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados
permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o
resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).

§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas diferenciadas
em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da
condição estrutural do mercado de trabalho, sendo também autorizada a adoção de bases de cálculo
diferenciadas apenas no caso das alíneas «b» e «c» do inciso I do caput. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019).

§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de
assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os
Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998).

§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo superior a 60 (sessenta) meses e, na forma de
lei complementar, a remissão e a anistia das contribuições sociais de que tratam a alínea «a» do inciso I
e o inciso II do caput. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019).

§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma
dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003).

§ 13. (Revogado). (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019).

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§ 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdência
Social a competência cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima mensal exigida para
sua categoria, assegurado o agrupamento de contribuições. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
de 2019).

Para início de conversa

Prezado (a) aluno (a),

Recentemente, mudanças significativas ocorreram no Direito Previdenciário. Por


isso, precisamos dobrar a atenção! Muitas vezes vamos precisar recorrer à regra
de transição e utilizar a legislação “antiga” para regulamentar alguns casos. Dessa
maneira, vamos iniciar nossos estudos e entender como nos posicionarmos?

Vamos lá!

Palavras do Professor

Caro (a) aluno (a),

Nesta Segunda Unidade vamos entrar na parte de custeio da contribuição previdenciária. Trataremos
ainda dos tipos da parte referente ao custeio da seguridade social. Vamos aprofundar o estudo, e é
importante que tenha compreendido bem a primeira unidade.

Vamos começar!

Orientações da Disciplina

Prezado (a) estudante,

Para começarmos a tratar do custeio da seguridade social, é importante que você tenha lido o art. 195 da
CF. Ao longo do nosso material, você entenderá que, logo no início do artigo citado, encontramos quem é
responsável pelo financiamento.

Além disso, é importante destaca que, durante a nossa segunda unidade, você perceberá que a seguridade
social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das
seguintes contribuições sociais dos empregadores: incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o
lucro; dos trabalhadores sobre a receita de concursos de prognósticos; do importador de bens ou serviços
do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. Isso mesmo, todos contribuem! Princípio da solidariedade,
aquele que estudamos na primeira unidade, lembra?

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E quanto às contribuições sociais, é TRIPARTITE! Vamos analisar cada uma:

- do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre a folha
de salários e demais rendimentos oriundos do trabalho que sejam pagos a pessoa física que lhe preste
serviço, independente de haver vínculo empregatício. Incide ainda sobre a receita ou o faturamento e
sobre o lucro.

- do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral da previdência social, havendo uma espécie de
imunidade.

Muito conteúdo, não é verdade? Estamos apenas começando a nossa segunda unidade e ainda temos um
longo caminho para trilharmos.

Vamos em frente!

Visite a Página

Caro (a) estudante,

Essa imunidade citada está sendo discutida na PEC 06/2019, que traz a possibilidade
de contribuição para aposentados e pensionistas. Portanto, a qualquer tempo pode
surgir novidades! E, para você entender a “PEC 6/2019: Nova Previdência para os
RPPS”,

acesse http://sereduc.com/iLq37u e boa leitura!

Guarde essa ideia!

Caro (a) aluno (a),

Para seguirmos com nossos estudos é preciso que você esteja atento (a):

- Sobre a receita de concursos de prognósticos;

- Do importador de bens ou serviços do exterior ou de quem a lei a ele equiparar, pois aquele que importa
traz para o país produtos onde não é usada a mão de obra nacional. Diferente do que acontece com o
exportador que, por utilizar a mão de obra nacional, tem imunidade.

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NATUREZA JURÍDICA DA CONTRIBUIÇÃO

As contribuições previdenciárias têm natureza tributária segundo a doutrina majoritária e a jurisprudência.

Por isso, é pacificado pelo STF que estas contribuições estão submetidas ao mesmo regime jurídico dos
demais tributos que dependem de homologação do pagamento. Pois é, as contribuições sociais, via de
regra, estão submetidas ao lançamento por homologação, previsto no art. 150 do CTN.

Guarde essa ideia!

Caro (a) aluno (a),

Você sabe o que significa o termo “homologação do pagamento”?

Embora seja o termo tecnicamente correto, fica mais fácil de entendê-lo se usarmos o termo autolançamento
(muito utilizado, porém, tecnicamente inadequado), que nos traz uma ideia bem mais clara.

Pois bem, quando o recolhimento depende da declaração do contribuinte, estamos diante de


“autolançamento”. O próprio contribuinte apura o tributo, declara e, por fim, realiza o pagamento. Se
pensarmos no Imposto de Renda, fica ainda mais fácil de compreender!

Mas, muitos autores criticam o termo autolançamento, pois, em verdade, o procedimento depende de
homologação pela autoridade administrativa que examina as informações prestadas e o valor pago.
Havendo erro, o lançamento não será homologado, ou seja, você não pode lançar o que quiser e como
quiser.

Vamos lá!

Para Refletir

Mas, você deve estar se perguntando: E as contribuições previdenciárias nas sentenças trabalhistas? É
importante que você entenda que, nesse caso, o tributo se constitui sem que ocorra o lançamento, afinal,
o Juiz do Trabalho não é a autoridade competente para realizar o lançamento. Mas, lembre que a Justiça
do Trabalho só tem competência para cobrar as contribuições oriundas de suas sentenças e, ainda assim,
as contribuições só recaem sobre as verbas de natureza remuneratória.

E uma novidade: Nos acordos trabalhistas, embora o §3º do art. 832 da CLT traga a liberdade para a
discriminação das verbas, havendo pedidos de natureza remuneratória, não é mais possível que se
estabeleça natureza indenizatória em todo o acordo, desonerando-se do pagamento das contribuições.

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DOS CONTRIBUINTES

Contribuem para o Regime Geral da Previdência Social – RGPS a empresa e a


entidade a ela equiparada, o empregador doméstico e o trabalhador. São segurados
obrigatórios as seguintes pessoas físicas: empregado, empregado doméstico,
contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial. Existem, ainda, os
que se filiam à Previdência Social por vontade própria: os segurados facultativos.
A cada tipo de contribuinte é definida uma forma específica de contribuição. Essa
é a definição que consta da AESP 2011 seção V e pode ser encontrada no site da
previdência, disponível em:

http://sereduc.com/DMc2WZ

??? Você sabia?

Caro (a) aluno (a),

Você sabe quem é o contribuinte? É o sujeito passivo da obrigação tributária, e pode ser pessoa física ou
jurídica. Vamos conhecê-los!

Contribuintes pessoa jurídica são:

- A empresa, que neste caso é definida pelo art. 15 do PCSS, empresário individual ou sociedade que
assume os riscos do negócio da atividade econômica, ainda que não tenha fins lucrativos, e ainda,
entidades e órgãos da administração pública e, a entidade a ela equiparada, ou seja, o contribuinte
individual em relação ao segurado que lhe presta serviço, e ainda, cooperativa, associação ou entidade
de qualquer natureza, e, de forma equiparada, temos ainda missão diplomática e repartição consular de
carreiras estrangeiras;

- O empregador doméstico, aquele que admite serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal
e de finalidade não lucrativa no âmbito residencial por mais de 2 (dois) dias por semana;

- O trabalhador que é aquele que presta serviços por contra própria, ainda que sem vínculo empregatício
à empresa, sendo remunerado.

Além destes, os contribuintes pessoa física são:

- O empregado que é toda pessoa física contratada em regime CLT para a realização de trabalho não
eventual, recebendo salário e tendo subordinação jurídica. O conceito de empregado pode ser encontrado
na CLT no artigo 3º. Devemos incluir ainda a figura do diretor empregado e do trabalhador avulso;

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- O empregado doméstico, aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal
e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias
por semana, conforme dispõe o art. 1º da LC 150/2015;

- O contribuinte individual, que é aquele que se enquadra na Lei 9876/99, onde encontraremos o rol de
contribuintes individuais. Os contribuintes individuais são segurados obrigatórios da Previdência Social. O
Inciso V e o parágrafo 15, do artigo 9º, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto
3048/99 classificam todos àqueles que são considerados contribuintes individuais;

- O trabalhador avulso, aquele que presta serviço a uma ou mais empresas, sem que haja qualquer vínculo
empregatício, com intermediação de sindicatos ou de órgãos gestores de mão de obra. Na Lei 6830/93
temos uma listagem de trabalhadores avulsos;

- O segurado especial – É o pequeno produtor rural, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais; o pesca-
dor artesanal, bem como os seus cônjuges, que exerçam suas atividades sem empregados, em regime de
economia familiar, que se encaixa nos termos da Lei 11718/08 que cuidou de definir o segurado especial;

- Os segurados facultativos que se filiam por vontade própria. Qualquer pessoa maior de 16 anos pode
se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, salvo os que estão realizando atividade remunerada que
o enquadre como segurado obrigatório ou que esteja vinculado a qualquer outro regime de Previdência
Social.

Guarde essa ideia!

Os políticos titulares de mandatos eletivos eleitos após Reforma da Previdência deixam de seguir regime
próprio e passam a seguir o regime geral.

DAS CONTRIBUIÇÕES

Prezado (a) estudante, como já vimos, temos diversos tipos de contribuintes e, por consequência, teremos
diversos tipos de contribuição. Vamos seguir na mesma ordem do item anterior, para que você perceba
como funciona a contribuição de cada uma daquelas figuras que estudamos acima. Vamos lá!

- A empresa, ou a entidade a ela equiparada

a) Via de regra, as empresas contribuem com a alíquota de 20% (art.22, I, da Lei 8212/91), e esse valor é
sobre o total das remunerações pagas.

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Mas, não paramos por aí! Temos outras contribuições que devem ser realizadas pelas empresas ou
equiparadas:

b) Você deve lembrar que, na unidade passada, falamos que era considerado o risco da atividade econômica,
agora, fica mais fácil entender a razão. Estes riscos influenciam na medida em que os empregados, vítimas
de acidentes de trabalho, recebem benefícios e estes precisam ser financiados. Assim, são devidas aos
segurados empregados, contribuintes individuais e trabalhadores avulsos que prestem serviços, mais um
adicional de 1% (risco leve), 2% (risco médio) ou 3% (risco grave), de acordo com o risco da atividade da
empresa. O RAT/SAT/GILRAT é o adicional do seguro de acidentes do trabalho.

c) Temos a contribuição para a aposentadoria especial (ADICIONAL ao SAT/RAT), onde as cotas do SAT
são acrescidas de 6%, 9% ou 12%, conforme a atividade exercida pelo segurado empregado e serve ex-
clusivamente para financiar a aposentadoria especial após 25, 20 ou 15 anos de contribuição.

d) Temos ainda o adicional de 2,5% das instituições financeiras, ou seja, é devida por bancos sejam
comerciais, de investimentos ou de desenvolvimento, ou ainda caixas econômicas, sociedades de crédito,
financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de
títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de
seguros privados e capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de
previdência privada abertas e fechadas.

Nesse caso, haverá a contribuição de 20%, a contribuição do SAT e, ainda, o adicional de 2,5% sobre a
folha.

Já o empregador doméstico contribuirá nos termos do artigo 34, então vamos a ele:

Art. 34. O Simples Doméstico assegurará o recolhimento mensal, mediante documento único de
arrecadação, dos seguintes valores:

I - 8% (oito por cento) a 11% (onze por cento) de contribuição previdenciária, a cargo do segurado
empregado doméstico, nos termos do art. 20 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991;
(retenção)

II - 8% (oito por cento) de contribuição patronal previdenciária para a seguridade social, a cargo do
empregador doméstico, nos termos do art. 24 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991;

III - 0,8% (oito décimos por cento) de contribuição social para financiamento do seguro contra acidentes
do trabalho;
IV - 8% (oito por cento) de recolhimento para o FGTS;

V - 3,2% (três inteiros e dois décimos por cento), na forma do art. 22 desta Lei; e

VI - imposto sobre a renda retido na fonte de que trata o inciso I do art. 7o da Lei no 7.713, de 22 de
dezembro de 1988, se incidente.

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Praticando

Prezado (a) aluno (a),

Para que você possa fixar o assunto estudado, veja a seguinte situação:

Você é empregador doméstico, paga um salário mínimo mensalmente a sua funcionária e deduz a alíquota
de 8% do valor pago. Como será feito o pagamento da contribuição ao sistema?

Resposta: Mensalmente, até o dia 7 de cada mês, através do e-social você realizará o pagamento dos 8%
retidos do salário de Maria, acrescido da sua cota parte e demais contribuições previstas no artigo 34. A
responsabilidade é sua! É crime reter do empregado e não repassar e, se você optar por não reter e pagar
o salário integral sem qualquer abatimento, não está desonerado de pagar o INSS.

Vamos em frente!

A contribuição substitutiva é para casos onde o legislador optou por outra base de cálculo. Vamos a elas:
a) associações desportivas que mantêm equipe de futebol profissional onde os recolhimentos se dão
sobre o rendimento obtido através de jogos, assim, 5% (cinco por cento) da receita bruta, dos jogos em
território nacional em qualquer modalidade e, ainda, de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de
uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e de transmissão dos jogos.

Quem gosta de futebol deve ficar por dentro do anúncio sobre a renda da partida que é anunciada. Pois
bem, a entidade promotora do evento tem a responsabilidade de efetuar o desconto de 5% da receita
bruta e realizar o recolhimento em até 2 (dois) dias úteis da realização do evento;

b) os produtores rurais pessoa física e consórcio de produtores rurais e pescadores, realizarão a contribuição
de 2,1% sendo 2% sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção destinados à
Seguridade Social e 0,1% para custeio dos benefícios;

c) agroindústrias, ou seja, aquele produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a
industrialização de produção própria ou de produção própria realizará a contribuição sobre a receita bruta
de 2,6% sendo 2,5% da comercialização da produção e 0,1% para custeio da aposentadoria especial e
benefícios acidentários.

Por outro lado, a Contribuição para o PIS-PASEP será apurada mensalmente pelas pessoas jurídicas
de direito privado e pelas que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda, inclusive as
empresas públicas e as sociedades de economia mista e suas subsidiárias com base no faturamento do
mês.

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A contribuição de 11% sobre a nota fiscal consta no Artigo 31 da Lei 8.212/91 – a empresa contratante
de serviços executados mediante a cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário,
deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e
recolher, em nome da cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 do mês subsequente ao
da emissão da nota ou fatura, ou até o dia imediatamente anterior, se não houver expediente bancário
naquele dia. São acrescidos de 4, 3 ou 2% para os casos em que os serviços permitam a concessão de
aposentadoria especial.

Contribuição sobre os serviços prestados por cooperativas de trabalho, pois quando se tratando de
serviços tomados de cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho, a contribuição da empresa
é de 15% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços que lhe são prestados por
cooperados, por intermédio de cooperativas de trabalho.

No caso do contribuinte individual que trabalha por conta própria, a alíquota de contribuição é de 20%
sobre a remuneração percebida. Para o contribuinte individual, que presta serviços a uma ou mais
empresas, a alíquota de contribuição é de 11% sobre a remuneração percebida, descontada e recolhida
pela empresa contratante.

Contribuição sobre a receita de concursos de prognósticos prevista no artigo da LEI 8.213/91 – Constitui
receita da Seguridade Social a renda líquida dos concursos de prognósticos, excetuando-se os valores
destinados ao Programa de Crédito Educativo;

- concurso de prognósticos: todo concurso de sorteios de números, loterias, apostas, inclusive as realizadas
em reuniões hípicas, nos âmbitos federal, estadual, do Distrito Federal e municípios;

- renda líquida: total da arrecadação, deduzidos os valores destinados ao pagamento de prêmios, de


impostos e de despesas com a administração, conforme fixado em lei, que inclusive disciplinará o valor
dos direitos a serem pagos às entidades desportivas pelo uso de suas denominações e símbolos;

- Se realizada pelo Poder Público 100% da renda. Se realizada por particular 5% da movimentação global
– artigo 212 do Decreto 3048/99.

Outras receitas - além de tudo já narrado, temos ainda as multas, a atualização monetária e os juros
moratórios, a remuneração recebida por serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança prestados a
terceiros; as receitas provenientes de prestação de outros serviços e de fornecimento ou arrendamento de
bens; as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras; as doações, legados, subvenções e outras
receitas eventuais; 50% (cinquenta por cento) dos valores obtidos e aplicados na forma do parágrafo
único do art. 243 da Constituição Federal (tráfico ilícito de entorpecentes e drogas e afins); 40 (quarenta
por cento) do resultado dos leilões dos bens apreendidos pelo Departamento da Receita Federal; outras
receitas previstas em legislação específica; 50% do valor total do prêmio recolhido pelas seguradoras que
mantém o seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres
para repasse ao SUS; (DPVAT).

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Praticando

Prezado (a) aluno (a),

Para que você possa fixar o assunto estudado, veja a seguinte situação:

A folha de pagamento da empresa X é de R$ 50.000,00. Com a aplicação de alíquota de 20% sobre o total
dos salários o valor mensal devido é de R$ 10.000,00.

Mas, e se a atividade do segurado for de risco?

Quando a atividade do colaborador apresenta riscos a empresa acrescenta, além dos 20%, uma porcen-
tagem a mais sobre o valor total, variando de acordo com o risco, sendo 1% para risco leve, 2% para o
risco médio e 3% para o risco grave.

Sabe a razão?

Para que o governo possa arcar com os custos extras de um trabalhador que pode encerrar as atividades
mais cedo em razão do risco da sua atividade.

Guarde essa ideia!

A PEC nº 6, de 2019, pode ser aprovada e modificar o sistema de previdência social. Então, é importante se
manter atualizado (a)! Lembre-se que ela traz que “poderá disciplinar a cobertura de benefícios de riscos
não programados, inclusive os de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo Regime
Geral de Previdência Social e pelo setor privado”, previsto na minuta do § 10 do art. 201 da Constituição
de 1988 o que, ainda assim, não exonera o cumprimento da exação previdenciária contida no art. 22 da
Lei nº 8.212/91.

Pois é, percebe-se, assim, que existem diversas fontes de custeio, mas, se achou que tínhamos esgotado
o assunto, lembre-se que ainda há segurados pessoa física.

Continuando...

- O empregado, o doméstico e o avulso contribuem mediante a aplicação de uma alíquota progressiva e


não cumulativa sobre seu salário de contribuição.

Atenção aos que possuem atividades concomitantes, pois se soma o valor da remuneração para identificar
o percentual aplicado.

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Guarde essa ideia!

É obrigação do empregador descontar e realizar o pagamento! Para o segurado, basta a CTPS assinada
para que se presuma que os recolhimentos foram realizados. Mas atenção: Se o empregador desconta e
não repassa à Previdência está cometendo crime de apropriação indébita. Além disso, fique atento a uma
peculiaridade. O desconto sobre o 13° salário deve ser recolhido junto com a contribuição da empresa até
o dia 20/12.

Vamos em frente!

Contribuintes individuais e facultativos pagam 20% sobre o valor por ele declarado, lembrando que ele
escolhe o valor.

Guarde essa ideia!

Quando o contribuinte individual presta serviços à empresa, ela tem a obrigação de recolher a contribuição.

Agora, quando presta serviços por conta própria, ele próprio é o sujeito passivo da obrigação tributária.

E fique atento (a): Se o contribuinte individual prestar serviço a outro contribuinte individual equiparado
a empresa ou a produtor rural pessoa física ou a missão diplomática e repartição consular de carreira
estrangeiras, ele vai poder deduzir 45% da contribuição patronal do contratante de sua contribuição
mensal, devendo esta ser recolhida ou declarada, incidente sobre a remuneração que este lhe tenha pago,
no mesmo mês, limitada a 9% do salário de contribuição.

Continuando...

Plano Simplificado de Previdência (LC 123/2006) e Lei 12.470/2011: - Plano para inclusão do segurado
de baixa renda no sistema é um plano opcional no valor de um salário mínimo, onde não há o direito a
aposentadoria por tempo de contribuição e é para o contribuinte individual que não preste serviços a
empresas e o facultativo, poderão optar pelo recolhimento de: 11% no caso de contribuinte individual que
trabalhe por conta própria sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e segurado facultativo e
5% sobre o salário mínimo para microempreendedor individual (faturamento até 60 mil por ano) e dona
de casa.

Guarde essa ideia!

A dona de casa de baixa renda, que se dedica exclusivamente ao trabalho doméstico em sua residência,
tendo sua família renda de até 2 salários mínimos e inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais
do Governo Federal, é segurada facultativa sem renda própria.

15
Continuando...

Segurado especial é aquele que recolhe sobre a receita bruta o valor recebido pela comercialização da
produção. O percentual é de 2,1% (2,0% contribuição básica e 0,1% para custeio do seguro de acidentes
do trabalho SAT/RAT) e deve ser descontado do segurado e recolhido até o dia 20 do mês seguinte, salvo
se comercializar direto no varejo ao consumidor pessoa física, a outro segurado especial ou a produtor
rural pessoa física.

Visite a Página

Caro (a) aluno (a),

O link abaixo é específico sobre o tema contribuições na PEC 06 que está em


tramitação e, caso seja sancionada, modifica o sistema de previdência social,
estabelecendo regras de transição e disposições transitórias, e outras providências.

Acesse http://sereduc.com/1f9H0E e boa leitura!

DA ARRECADAÇÃO

Caro (a) aluno (a), agora, com a reforma da previdência, as alíquotas do RGPS e do RPPS foram unificadas,
e quem ganha mais passa a contribui com mais.

A alíquota passou a ser a mesma para trabalhadores RGPS e RPPS (ativos ou inativos), sendo que, para
os trabalhadores do regime geral, a contribuição incide até o teto que é atualmente de R$ 5839,45.

O salário do trabalhador é dividido em faixas e agora, sobre cada uma delas, teremos uma alíquota
diferente limitada a 22%. A alíquota final será composta por essas várias alíquotas incidentes nas
diferentes faixas.

Então, com a reforma, podemos dizer que cada trabalhador terá a sua própria alíquota, que vai variar de
acordo com o valor do seu salário de contribuição e, nos casos dos trabalhadores de regime geral, o valor
fica limitado ao teto.

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Guarde essa ideia!

Lembra que falamos que agora não há mais total liberdade de discriminação de verbas nos acordos
trabalhistas?

Pois é, a Lei 13.876, de 20 de setembro de 2019, visando reduzir o déficit previdenciário, trouxe a obrigação
de que, as sentenças e os acordos trabalhistas, trazem a necessidade de discriminação nas verbas
rescisórias com a fixação do salário mínimo ou do piso da categoria como menor verba remuneratória
possível.

Exemplo

Prezado (a) aluno (a),

Para que você possa fixar ainda mais o conteúdo que estamos trabalhando, vamos considerar a seguinte
situação: Você está fechando um acordo trabalhista de um empregado que trabalhou trinta meses. É
importante que você esteja atento (a) e saiba que as verbas rescisórias, ou seja, as verbas de natureza
salarial, não poderão ser menores que o valor do seu salário ou piso.

Visite a Página

Prezado (a) estudante, antes de seguirmos com nosso conteúdo, é importante que
você leia o texto “Nova lei garante a arrecadação de contribuições sociais em ações
e acordos trabalhistas”, que explica que a Justiça deverá discriminar, nas rescisões,
quais são as verbas remuneratórias e as indenizatórias.

Acesse http://sereduc.com/jWu5nw e boa leitura!

DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA

O artigo 146 da CF confere à lei complementar a prerrogativa de estabelecer normas gerais em matéria
tributária. É importante destacar também que O Código Tributário, recepcionado pela Constituição
como lei complementar, nos traz, em seu Capítulo IV, o sujeito passivo da obrigação tributária e, além
disso, no artigo 124 trata da responsabilidade solidária. Vamos ao artigo!

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Art. 124. São solidariamente obrigadas:

I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação
principal;

II - as pessoas expressamente designadas por lei.

Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.

Logo no primeiro inciso, temos que são solidariamente responsáveis as pessoas que tenham interesse
comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. No segundo inciso temos que
são igualmente responsáveis solidárias as pessoas expressamente designadas por lei. Além disso,
temos ainda a lei 8.212/91 onde as empresas que integram o mesmo grupo econômico respondem de
forma solidária pelos débitos previdenciários. Veja:

Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Segu-
ridade Social obedecem às seguintes normas:

IX - as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidaria-
mente, pelas obrigações decorrentes desta Lei.

E, ainda o artigo 494 da Instrução Normativa 971/09, que dispõe sobre normas gerais de tributação
previdenciária e de arrecadação das contribuições previdenciária, encontramos o: “Art. 494. Carac-
teriza-se grupo econômico quando 2 (duas) ou mais empresas estiverem sob a direção, o controle ou
a administração de uma delas, compondo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade
econômica.”

Assim, quando duas ou mais empresas, ainda que tenham personalidade jurídica própria, estão sub-
metidas à direção e controle centralizados, temos um grupo econômico e, com isso, serão solidaria-
mente responsáveis. Mas, a reforma trabalhista chegou trazendo um conceito mais abrangente no
parágrafo 2º do Art. 2º, veja:

§ 2o Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica pró-
pria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando
cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obriga-
ções decorrentes da relação de emprego. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017).

Lembre-se que, para a CLT, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses
e a atuação conjunta das empresas dele integrantes fazem o grupo econômico. Mas, é importante
lembrar que a solidariedade não se presume. Se não for um grupo econômico formal, a solidariedade
precisará ser comprovada!

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Crédito da Seguridade

O crédito pode ser constituído de três formas seguindo o § 7º do Art. 33 da Lei. 8.212/91: notificação
de lançamento, auto de infração e confissão:

§ 7o  O crédito da seguridade social é constituído por meio de notificação de lançamento, de auto de
infração e de confissão de valores devidos e não recolhidos pelo contribuinte. (Redação dada pela Lei
nº 11.941, de 2009).

Guarde essa ideia!

Caro (a) aluno (a), é importante que você esteja ciente de que crédito da seguridade é uma coisa, cré-
dito previdenciário é outra!

O crédito da seguridade pertence ao ente estatal de seguro social, e o crédito previdenciário pertence
ao contribuinte. Entendeu a diferença?

O valor resultante de valores pagos a maior ou pagos de forma indevida pela empresa, ou ainda reten-
ção de INSS e pagamento de benefícios previdenciários aos empregados, que possam ser recuperados
por via judicial ou extrajudicial, são créditos previdenciários!

Prescrição e Decadência

Prescrição e decadência são tópicos básicos que devem nortear o trabalho diário do advogado em qualquer
ramo do direito. A prescrição pode ser encontrada no artigo 189 do Código Civil: “Art. 189. Violado o
direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem
os arts. 205 e 206” .

Além disso, o Código Civil dispõe que violado um direito nasce para o titular a pretensão, a qual se
extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. Assim, passando um período
determinado pela lei, se a pessoa não ajuizar a ação cabível, não mais poderá fazer valer seu direito,
ou seja, a inércia do titular do direito faz o direito de exigir em juízo ser fulminado pela prescrição. A
pretensão morre, mas o direito subjetivo, embora desamparado das vias judiciais, continua vivo, pois,
ainda que prescrito, o pagamento realizado é válido.

Segundo o artigo 174 o CTN, o prazo da ação para cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos,
contados da data de sua constituição definitiva. Ou seja, após o débito constituído, não podendo mais
ser discutido administrativamente, a Fazenda tem 5 anos para a realização da cobrança Judicial. Assim,
durante todo o processo administrativo de discussão do crédito tributário (reclamações e recursos) não
corre a prescrição.

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??? Você sabia?

Caro (a) aluno (a), você deve estar se perguntando: e aquele prazo de 10 anos Art. 46 da Lei 8.212/91?
Esqueça! A Súmula vinculante, número 8 do STF, considerou inconstitucional o Art. 46 da Lei 8.212/91,
que dava o prazo prescricional de 10 anos para a cobrança dos créditos do INSS. Observe:

Súmula Vinculante 8

São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da


Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.

Guarde essa ideia!

A Lei 13.846/2019 trouxe o prazo prescricional contra menores. Assim, para os óbitos que ocorreram des-
de a entrada em vigência da MP 871/2019, os menores de 16 anos que deixarem de requerer o benefício
de pensão por morte em até 180 dias após o falecimento, só terão direito aos efeitos financeiros a partir
da data de entrada do requerimento administrativo.

Dica

Para facilitar o seu entendimento e a sua atuação, você deve sempre lembrar que: Não há prescrição do
fundo de direito quando se trata de concessão do benefício previdenciário.

Exemplo

Veja a decisão abaixo:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.

CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. ART. 103 CAPUT DA LEI
8.213/1991 APLICÁVEL AO ATO DE REVISÃO DO BENEFÍCIO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. No
presente caso, o benefício previdenciário ainda não foi concedido. O caput do art. 103 da Lei 8.213/1991
está voltado tão somente para o ato revisional de concessão do benefício. Prescrição do fundo de direito
não há, quando se trata de concessão de benefício previdenciário, inserido no rol dos direitos funda-
mentais. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 493.997 – PR
(2014/0070481-6).

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Já a decadência, esta está relacionada à extinção do próprio direito, pela ausência do seu exercício durante
o prazo de vigência. A previsão sobre decadência se encontra no caput do art. 103, da Lei 8.213/91, que
delimita a decadência para exercer o direito à revisão dos benefícios previdenciários, na seguinte forma:

Art. 103.  O prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato
de concessão, indeferimento, cancelamento ou cessação de benefício e do ato de deferimento, indeferi-
mento ou não concessão de revisão de benefício é de 10 (dez) anos, contado:                    (Redação dada
pela Lei nº 13.846, de 2019)

I - do dia primeiro do mês subsequente ao do recebimento da primeira prestação ou da data em que a


prestação deveria ter sido paga com o valor revisto; ou                   (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

II - do dia em que o segurado tomar conhecimento da decisão de indeferimento, cancelamento ou cessa-


ção do seu pedido de benefício ou da decisão de deferimento ou indeferimento de revisão de benefício,
no âmbito administrativo.                 (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

 Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e
qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela
Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil. 

Ou seja, tratando-se de crédito tributário de natureza previdenciária, a decadência é a extinção do direito


do Fisco em constituir um crédito tributário após 5 anos da data que a decisão anulatória por vício formal
do lançamento, anteriormente efetuado, torna-se definitiva, ou então, a contar do primeiro dia do exercício
seguinte àquele que poderia ter sido efetuado o lançamento.

Guarde essa ideia!

Com a nova redação, conferida pela Lei 13.846, há prazo decadencial para qualquer decisão administrativa
que vise a revisão de benefício previdenciário, não se aplicando mais a parte inicial da súmula nº 81, da
TNU.

É importante salientar que a interrupção do prazo decadencial é prevista no inciso II do art. 103 para os
casos onde houver a postulação administrativa do pedido de revisão, desconsiderando todo o prazo já
percorrido até o requerimento administrativo e reiniciando a contagem, a partir da ciência da decisão
de indeferimento, cancelamento ou cessação do pedido de benefício ou da decisão de deferimento ou
indeferimento da revisão.

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Exemplo

Caro (a) aluno (a),

Em caso de benefício previdenciário derivado de outro benefício, como por exemplo, a revisão da pensão
por morte, o início do prazo decadencial passa a contar somente após o deferimento do benefício, a partir
da aplicação do princípio da actio nata, considerando que é somente após o falecimento do segurado
que surge a legitimidade do pensionista de requerer a revisão, afinal, só aí ele passa a ser o “dono” do
benefício. Veja:

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO NO  RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE


PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE. PENSÃO DERIVADA DE APOSENTADORIA OBTIDA JUNTO
AO INSS. VIÚVA TITULAR DE PENSÃO POR MORTE DE MARIDO APOSENTADO. MAJORAÇÃO DA PENSÃO
MEDIANTE A REVISÃO DA RENDA MENSAL INICIAL (RMI) DA PRETÉRITA APOSENTAÇÃO. PRINCÍPIO DA
ACTIO NATA.

HONORÁRIOS RECURSAIS. NÃO CABIMENTO. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A


DECISÃO ATACADA. APLICAÇÃO DE MULTA. ART. 1.021, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015.
DESCABIMENTO.

I – Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal
será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional impugnado. In casu, aplica-se o
Código de Processo Civil de 2015. II – A Autora, somente com o falecimento do titular da aposentadoria,
e, consequentemente, com a concessão da pensão por morte, adquiriu legitimidade para questionar o
ato de concessão do benefício originário recebido pelo falecido marido, cujos reflexos financeiros afetam
diretamente o cálculo da renda mensal inicial do benefício derivado – pensão por morte. III – De acordo
com o princípio da actio nata, não há falar em decadência em relação à pretensão da parte autora de
revisão da pensão por morte por intermédio da revisão da renda mensal inicial da aposentadoria, se
proposta a ação antes de decorridos 10 anos contados do ato de concessão do benefício derivado. IV

– O prazo extintivo do direito só pode ser imputado àquele que se manteve silente e inerte no decorrer
do tempo quando poderia ter atuado. Logo, a inércia do titular da aposentadoria não pode prejudicar o
titular do benefício derivado em buscar a revisão da renda mensal inicial da pensão morte por intermédio
da revisão do benefício originário de aposentadoria, porque, antes do óbito do segurado, a pensionista,
por óbvio, não possuía legitimidade para discutir o ato de concessão da aposentadoria e seus efeitos
patrimoniais no benefício derivado. V – No caso em tela, entre a data de concessão da pensão por
morte que a Autora pretende ver recalculada (DIB em abril/2000) e o ajuizamento da presente ação (em
fevereiro/2010) não transcorreu o prazo decadencial previsto no art. 103, caput, da Lei n. 8.213/91. VI –
Não apresentação de argumentos suficientes para desconstituir a decisão recorrida (…) (AgInt no REsp
1546751/RS, 1ª Turma, DJe 14/05/2018)

22
Dicas

No caso de falecimento de um dos cônjuges, o direito do (a) pensionista a revisão só nasce quando passa
a ser o titular do benefício. Assim, não vamos tratar da prescrição considerando a data de concessão do
benefício ao falecido, mas sim da data em que o cônjuge passou a recebê-lo.

O silêncio do falecido não pode prejudicar a revisão por aquele que passou a fazer jus ao recebimento,
mesmo porque até a morte, o pensionista não tinha legitimidade para pedir qualquer revisão. Dessa
maneira:

A tese fixada pelo STF, na Repercussão Geral Tema 313, é aplicada. Com isso, as novas estipulações sobre
decadência só valeriam após 10 anos para as decisões administrativas anteriores à mudança legislativa,
tendo como marco inicial o dia 18/01/2019 ou 01/03/2019. Ainda, sustentam que a nova lei continua não
atingindo revisões que não envolvam decisões administrativas, como aquelas com questões não aprecia-
das pela Administração no ato da concessão, bem como o pedido de retroação da DER, salvo a existência
de decisão administrativa denegatória (CASTRO; LAZZARI, 2019, p. 881).

Crimes Contra a Seguridade Social

A Seguridade Social é um sistema de proteção social e é de interesse de todos que seja assegurado o
cumprimento da relação de custeio e garantido o funcionamento do sistema.

Por isso, foram tipificadas condutas que podem ser consideradas ilícitas. O intuito é evitar a sonegação e
o desvio das contribuições, assegurando os direitos da sociedade em relação à assistência social, à saúde
e à previdência social.

As medidas visam forçar o contribuinte a efetuar, regularmente, as contribuições sociais e, se não fizer,
poderá ser condenado criminalmente. Temos que ter em mente que os crimes previdenciários atingem
toda a coletividade. Vamos dividir em dois grupos:

1. Estelionato e Falsificação de documentos (Código Penal);


2. Sonegação e Apropriação indevida de tributos (lei nº 8.137/90).

Os crimes contra a seguridade social, normalmente, são acompanhados de outros tipos penais, vamos
aos mais importantes:

- APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA

A apropriação indébita é encontrada no art 168-A, CP:

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo
e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

23
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Assim, o ilícito se configura com o não repasse das contribuições recolhidas dos contribuintes no prazo
legal, a previdência social. O bem tutelado é o patrimônio da previdência social. É um crime próprio.

Quem comete é o responsável pelo repasse à Previdência Social. É um crime contra o Estado, pois ele é
o responsável pela Previdência Social. Lembre-se de que a punibilidade é extinta quando o contribuinte
efetua o pagamento dos débitos.

- SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA

O crime de sonegação de contribuição previdenciária está previsto no artigo 337-A do Código Penal Bra-
sileiro, que tipifica a sonegação. Veja:

  Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as
seguintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

        I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação
previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este
equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

        II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias
descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; (Incluído pela
Lei nº 9.983, de 2000)

        III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas
e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
        Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000).

Admite-se a tentativa, mas não existe a possibilidade de figura culposa. É importante destacar que o
crime se configura com a supressão, com a redução de contribuição previdenciária e a consumação ocorre
no momento em que a GFIP ou GPS for recebida pelo órgão arrecadador. Observamos nos incisos que o
crime se tipifica da seguinte forma: omitir na folha de pagamento, ausência de lançamento contábil e
subtração de receitas e lucros. Você deve saber que quem pratica é o contribuinte ou outra pessoa que
tem o dever legal de cumprir com a obrigação. Agora, se o agente de forma voluntária confessa e declara
os valores devidos, há a possibilidade de perdão judicial, se o valor não for elevado.

- FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO

Prezado (a) aluno (a),

Essa classificação foi regulada pela lei 9.983/2000, e foi introduzido no código penal em seu artigo 297
que assevera:

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Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:

§ 3º - Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:

I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a
previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;

II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito
perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;

III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa
perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.

§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3º, nome do segurado
e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.

Não se esqueça de que comete o crime quem falsifica, seja fabricando ou alterando. Não estamos falando
do material impresso, mas da conduta do falsificador. É um crime comum, pois, qualquer pessoa pode
praticá-lo. O bem jurídico tutelado é a fé pública, que decorre do valor probante dos documentos públicos.

- INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES

Com os avanços tecnológicos, os crimes virtuais têm recebido cada vez mais atenção do legislador. A
edição da Lei 9983/00 acrescentou o artigo 313-A ao Código Penal:

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública
com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000))

        Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Nesse caso, estamos falando de crime próprio e formal, pois, somente funcionário público autorizado para
inclusão de dados no sistema pode praticar; e não precisa de resultado para sua consumação, embora o
dolo seja específico. Cabe tentativa, pois é composto de vários atos.

- ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO

O crime de estelionato contra a previdência social foi o único a não ser alterado pela Lei nº. 9983/00 e
continua previsto no § 3º do artigo 171, do Código Penal. É praticado mediante guias falsas de recolhimento
à previdência social e apenas será julgado na Justiça Federal se houver configurada lesão ao INSS. Veja:

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

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       Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.    (Vide Lei
nº 7.209, de 1984)

 § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito


público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

Esse crime se configura quando o agente tenta obter vantagem ilícita, por meio de outra pessoa, mediante
mentiras e a vítima, voluntariamente, entrega o bem buscado pelo estelionatário. No momento em que
o agente obtém vantagem ilícita em desfavor da previdência, recebendo benefícios previdenciários
mediante fraude, está configurado o crime.

??? Você sabia?

Em casos de estelionato previdenciário não deverá ser aplicado o princípio da insignificância. O ministro
Reynaldo Soares da Fonseca, no julgamento do AREsp 682.583, explicou que é “inaplicável o princípio da
insignificância ao crime de estelionato previdenciário, pois a conduta é altamente reprovável, ofendendo
o patrimônio público, a moral administrativa e a fé pública”.

Estudo de Caso (Case)

Em um caso real, uma senhora, objetivando fraudar o sistema, procurou um médico para produzir um falso
laudo de leucemia e apresentou os documentos que levaram a concessão de benefício auxilio-doença.
Com isso, desviou R$ 5.000,00 ao todo.

Ao ser descoberta, Maria buscou a aplicação do princípio da insignificância, apontando a pouca


ofensividade da conduta ao bem jurídico tutelado. Vamos a decisão!

Resposta:

“Quanto ao reconhecimento do estelionato privilegiado, o valor do prejuízo sofrido pelo ente público,
ao contrário do alegado, é bem expressivo (aproximadamente R$ 5.000,00), bastante superior ao salário
mínimo vigente à época dos fatos, utilizado como parâmetro nesses casos”,

Vamos imaginar que mil pessoas no país inteiro tenham feito procedimentos deste tipo. Estamos falan-
do de um desvio de R$ 5.000.000! Isso mesmo!

- Seria insignificante falar que alguém desviou 5 vezes o valor de um empregado que trabalhou
por todo mês e recebeu por isso um salário mínimo ?

- Seria insignificante dizer que o sistema foi fraudado?

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- E se a descoberta ocorresse em 10 anos? Seria insignificante dizer que R$ 120000,00 foi gasto
com benefício a quem não precisa?

Por isso, todas as informações devem ser analisadas e consideradas da forma mais transparente possí-
vel.

Palavras do Professor

Caro (a) aluno (a),

Chegamos ao final da nossa segunda unidade. Ao longo do nosso material, entre outros temas, você
aprendeu sobre o Custeio da seguridade social, Natureza jurídica da contribuição e a arrecadação.

Agora descanse um pouco e depois retorne na terceira unidade. Não se esqueça de realizar as atividades
avaliativas referentes a este primeiro momento.

Bons estudos e até a próxima unidade!

Referências Bibliográficas

MARTINS, Julio. A pensão por morte mudou com as regras da reforma da previdência. E agora?. Revista
Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 24, n. 5990, 25 nov. 2019. Disponível em: https://jus.com.
br/artigos/77906. Acesso em: 28 dez. 2019.
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 22 ed. Rio
de janeiro: Forense, 2019.
SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário esquematizado. Coord. Pedro Lenza. 6. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016.
CUNHA, Rogerio Sanches. Manual de Direito Penal - Parte Especial. 7ª ed. Ver., atual. e ampl. - Salvador,
Jus PODlVM, 2015.

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