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REPÚ BLICA DE ANGOLA

MINISTÉ RIO DA EDUCAÇÃ O

TEMA:

AUMENTO POPULACIONAL E O MEIO AMBIENTE

Nome: Má rcio das Neves Manuel Paulino

LOBITO, aos 03 de Março de 2019


DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho, aos nossos pais por terem participado neste trabalho
financeiramente e moralmente, a professora da cadeira por ter nos facultado e confiado o
tema para efeito de defesa

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AGRADECIMENTO

A DEUS, que na Sua inesgotá vel gratuidade, que nos fez participar da sua encarnaçã o e
muito providencialmente, continua a proporcionar-nos vida, saú de e inteligência. Também
os nossos reconhecimentos vã o a todos quantos de formas directas e indirectas
contribuíram para que este humilde trabalho se tornasse realidade.

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ÍNDICE
DEDICATÓRIA...............................................................................................................................3
AGRADECIMENTO........................................................................................................................4
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................6
CRESCIMENTO POPULACIONAL E MEIO AMBIENTE.....................................................................7
RELAÇÃO ENTRE CRESCIMENTO POPULACIONAL E MEIO AMBIENTE..........................................7
CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO EM ÁFRICA TRAVA DESENVOLVIMENTO, AFIRMA ESTUDO........8
O ESTADOS MAIS POBRES NÃO BENEFICIAM DOS INVESTIMENTOS PRIVADOS..........................9
DEBATE CONTROVERSO EM TORNO DO PLANEAMENTO FAMILIAR............................................9
INVESTIMENTO PRIORITÁRIO NA SAÚDE E EDUCAÇÃO.............................................................10
O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO E O FUTURO DE ÁFRICA.......................................................11
A EDUCAÇÕ AMBIENTAL EM ANGOLA.......................................................................................13
RECOMENDAÇÕES QUANTO AO AUMENTO POPULACIONA:.....................................................16
RECOMENDAÇÕES QUANTO AO MEIO AMBIENTE:....................................................................17
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................18

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I- INTRODUÇÃO

Nas ú ltimas décadas, a questã o ambiental evoluiu bastante diante da multiplicidade de


preocupaçõ es que passaram a ser incorporadas nessa temá tica. Com isso, a ideia de
impacto ambiental amadureceu, nã o se limitando mais à s consequências físicas da atuaçã o
humana, passando a levar em consideraçã o, também, os aspectos sociais, econô micos e
culturais nas diversas escalas de análise.

O conceito de ambiente, cada vez mais, tem sido apreendido sob diferentes
perspectivas. As Ciências Sociais demoraram muito para incorporar as questõ es
ambientais em seus respectivos temas de pesquisa e, apenas recentemente, é possível
perceber mais estudos sistemá ticos sobre populaçã o e ambiente.

Mas qual é a ligaçã o entre o crescimento populacional e impactos ambientais?


O presente trabalho foi elaborado afim de puder responder a estas questõ es.

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II- CRESCIMENTO POPULACIONAL
E MEIO AMBIENTE
Nã o há como falar de crescimento populacional sem se referir aos cuidados que devem 
ser tomados com o meio ambiente. O meio ambiente vem sofrendo perdas, pois seus
recursos naturais sã o a fonte necessá ria que permitem vida a todos os processos e acçõ es
realizados por empresas e organizaçõ es, pois somos todos dependentes de recursos como
madeira, papel, borracha, combustíveis, alimentos para realizaçã o de açõ es, produzir bens
e serviços.

O crescimento populacional afecta directamente o meio ambiente, o consumo que


deveria ocorrer de forma sustentá vel nã o está acontecendo como deveria e os recursos
naturais bá sicos como á gua, ar e alimentos já nã o sã o mais tã o abundantes como
antigamente.

Há quem acredite que a á gua irá valer mais do que ouro e petró leo no futuro e hoje este
cená rio nã o é mais coisa de filme de ficçã o. Em muitos países a á gua mineral já é
considerada um artigo de luxo, pois a utilizaçã o rotineira provem de á gua reciclada que é
devidamente tratada pelas companhias responsá veis e disponibilizada para consumo, seja
para irrigaçã o, limpeza de moradias, higienizaçã o e até consumo.

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III- RELAÇÃO ENTRE CRESCIMENTO
POPULACIONAL E MEIO AMBIENTE
Actualmente com o avanço das tecnologias para se preservar e conservar a vida, o
crescimento da população têm se tornado cada vez mais admirável, mostrando números
realmente expressivos.

Mostrado recentemente em estatísticas, a população mundial ultrapassou os sete bilhões de


habitantes, afirmando assim, o grande avanço da medicina e dos centros urbanos para a
preservação da qualidade de vida.

Com um maior aumento no número populacional é preciso utilizar uma maior área
superficial para alocá-los devidamente. Com esse crescimento, o impacto causado na
preservação do meio ambiente foi negativo. O crescimento da população trouxe consigo o
aumento do consumo, exigindo assim, uma maior extracção das matérias-primas e recursos
oferecidos pela natureza.

A principal relação entre o meio ambiente e o crescimento populacional se dá pelo simples


fato da má utilização dos espaços geográficos para administrar de forma balanceada a população
mundial.

Os atuais sistemas económicos pregam a cultura da “maior aquisição de terras”, onde menos
pessoas possuem mais terras.

Um pensamento universal tem se levantado para fazer do meio ambiente um lugar mais bem
cuidado pela humanidade, onde o principal objectivo é reverter o quadro, até então praticado,
mostrando que é possível crescer em população sem reduzir o meio ambiente.

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IV - CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO
EM ÁFRICA TRAVA
DESENVOLVIMENTO, AFIRMA
ESTUDO

Á frica recebe mais assistência para o desenvolvimento do que qualquer outro


continente. Mas o apoio nã o serviu para reduzir a pobreza de forma decisiva. Um estudo
sul-africano recente tentou descobrir porquê.

Os nú meros ilustram o dilema: entre 1960 e 2015 foram canalizados para Á frica cerca
1,6 biliõ es de dó lares norte-americanos – mais do que para qualquer outra parte do
mundo. Segundo o estudo "Fertility, growth and the future of aid in sub-Saharan Africa" -
"Fertilidade, crescimento e o futuro da assistência na Á frica a sul do Saará ”, numa traduçã o
livre, o investimento nã o surtiu efeito. Mais de 40% da populaçã o continua pobre.

Em 2015 o rendimento médio per capita foi superior ao de 1974 em magros 200


dó lares. "A distâ ncia entre a Á frica e o resto do mundo cresce”, diz o autor do estudo,
Jakkie Cilliers.

Nã o se trata de uma constataçã o nova. Países doadores como a Alemanha decidiram por
isso fomentar os investimentos privados no continente. Nesse â mbito o governo federal
alemã o lançou, no ano passado, a iniciativa "Compact with Africa”. A teoria por detrá s
desta parceria é o aumento dos investimentos por parte de empresas alemã s que criará
postos de trabalho e prosperidade em Á frica.

1- O ESTADOS MAIS POBRES NÃO BENEFICIAM DOS


INVESTIMENTOS PRIVADOS

O estudo sul-africano confere a necessidade imperiosa de mais crescimento econó mico.


Até 2030, 440 milhõ es de jovens entrarã o no mercado de trabalho africano. Mas o sector
privado investe o capital em países está veis ou em crescimento. Mais de metade dos
investimentos privados é actualmente canalizada para a Á frica do Sul e a Nigéria. O

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conceito nã o se aplica aos países verdadeiramente pobres, constatam os investigadores. E
concluem que estes Estados nã o deixarã o de ser dependentes de ajuda ao
desenvolvimento no século 21.
Cilliers concorda com os críticos que consideram a assistência ao desenvolvimento
desprovida de sentido. A ajuda contribuiu para reduzir a mortalidade infantil, prolongar a
expectativa de vida e permitir aos africanos frequentarem a escola por mais tempo, admite
o estudo. Mas nã o é o suficiente: Estimativas actuais indicam que 38% das pessoas
permanecerã o pobres até 2030. E pouco adianta que os doadores aumentem o
financiamento. "A assistência nã o consegue acompanhar o crescimento demográ fico”,
explica o investigador. Os cá lculos apontam para 2,5 mil milhõ es de pessoas em Á frica até
2050 – o dobro da populaçã o actual.

2- DEBATE CONTROVERSO EM TORNO DO PLANEAMENTO


FAMILIAR

Por isso, diz Cilliers, nã o basta fomentar o crescimento econó mico: "A Á frica tem que
enfrentar o desafio demográ fico”, afirma. Segundo pesquisas demográ ficas citadas pelo
estudo, impõ e-se uma reduçã o da natalidade no continente para alterar a relaçã o entre a
populaçã o que trabalha e os seus agregados familiares. Actualmente a média é de 4,8 filhos
por cada mulher.

O planeamento familiar provou ser um sucesso noutros países, que há 50 ou 60 anos


tinham os mesmos índices de pobreza que os Estados africanos. Em muitas naçõ es
asiá ticas aumenta a média da idade da populaçã o. Nesses países regista-se uma reduçã o
notá vel da pobreza. Na Índia, por exemplo, prevê-se um recuo da pobreza de 17% para
três porcento em 2030. "Trata-se de um debate controverso que ainda tem que ter lugar
em Á frica”, avisa Cilliers. Como muitos países nã o têm sistemas sociais, há casais que têm
uma prole numerosa para garantir a pró pria sobrevivência quando forem velhos.
No passado, os Estados africanos recusavam este debate por considerarem tratar-se de
uma ingerência do mundo ocidental nos seus assuntos internos. Apontavam ainda para a
família tradicional africana, que costuma ser numerosa. O presidente do Uganda, Yoweri
Museveni, dizia mesmo que só o crescimento demográ fico acelerado podia garantir o
desenvolvimento econó mico. Só nos ú ltimos tempos passou a ser mais reticente nas suas
afirmaçõ es.

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Muitas comunidades religiosas recusam igualmente a noçã o de um controle da
natalidade. "A Á frica é um continente muito religioso. Por isso temos que falar nã o apenas
com os líderes políticos, mas também com os líderes religiosos”, diz Frank Heinrich, vice-
director da comissã o para a Á frica da fracçã o  da Uniã o Cristã -Democrata (CDU) no
parlamento alemã o.

3- INVESTIMENTO PRIORITÁRIO NA SAÚDE E EDUCAÇÃO

O estudo sugere aos países doadores e aos governos africanos que invistam no sistema
de saú de e educaçã o. Porém, os Estados Unidos da América, que até recentemente eram os
maiores investidores no sector de saú de em todo o mundo, mudaram de estratégia. O
governo do Presidente Donald Trump só financia o trabalho de organizaçõ es de
assistência que rejeitem categoricamente a interrupçã o voluntá ria da gravidez.
Outros doadores nã o consideram a questã o demográ fica uma prioridade, diz o
presidente da Fundaçã o Alemã para a Á frica, Ingo Badoreck. O Fundo das Naçõ es Unidas
para a Populaçã o (FNUAP)  "tem um défice de financiamento que roça o absurdo”, diz
Badoreck. Também a Alemanha podia contribuir muito mais, conclui.

V- O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO E
O FUTURO DE ÁFRICA

Ultrapassá mos a barreira dos sete mil milhõ es de indivíduos. Sabemos que as marcas do
“boom” populacional trazem consigo incertezas acerca de como conseguimos suportar
tantas pessoas em condiçõ es decentes no futuro, quando estamos ainda muito aquém das
Metas do Desenvolvimento do Milénio para 2015.

Grande parte do crescimento vai acontecer na Á frica Subsaariana, onde se espera


atingir, até 2050, os dois mil milhõ es, algo que nos eleva para o dobro, nã o apenas em
volume de pessoas, mas também em problemas. Se as previsõ es se confirmarem, o
continente passa a abrigar 35 por cento da populaçã o do planeta, pelo que até metade do
século uma em cada quatro pessoas é africana.

Em Á frica, a taxa de fertilidade média ronda os cinco filhos por família, enquanto em
Angola, revelam dados divulgados pelo Instituto de Bem-Estar da Populaçã o – IBEP (2008-
2009), a taxa por mulher é de 6,4, o que ultrapassa a maioria dos países africanos e em
nú mero muito superior ao registo mundial, que é de cerca 2,5 filhos por mulher.

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Este dado coloca Angola entre os países com maior crescimento populacional em Á frica,
com uma taxa de 8 por cento ao ano.

Presentemente já há 20.406.000 indivíduos, excluindo os 500 mil estrangeiros que


formam a mã o-de-obra expatriada, mas segundo as projecçõ es do World Population
Prospective, um relató rio das Naçõ es Unidas divulgado em 2010, Angola pode alcançar
41.800.000 habitantes até 2050, ou seja, o país pode duplicar a populaçã o nos pró ximos
40 anos.

Os factores que motivam o crescimento da populaçã o em Á frica nã o diferem dos


restantes a nível mundial: falta de planeamento familiar, elevadas condiçõ es de pobreza e
baixo nível de educaçã o, mas neste caso o aumento populacional ganha um carácter
especial quando incluímos a forte componente cultural.

Sabe-se que para muitas sociedades africanas o êxito de uma uniã o conjugal mede-se
pela quantidade de filhos que se traduz na capacidade destes perpetuarem a família. Outro
dado que contraria o equilíbrio do bem-estar reside na crença da mulher africana em que
os filhos representam prosperidade e amparo emocional na sua velhice.

A visã o cultural era apreciada se nã o possuíssemos um grande défice de recursos que se


traduzem nas mazelas sociais do continente africano. Apesar dos gastos com a saú de
terem aumentado na ú ltima década em toda Á frica Subsaariana, o patamar actual é de 72
dó lares per capita. A OMS admite que as políticas de contracepçã o cobrem apenas 15,8 por
cento do continente.
O resultado reflecte-se em novos nascimentos e numa taxa de prevalência de VIH de 5
por cento da populaçã o. Os desafios para sustentar os novos africanos que estã o por
nascer passam por tentar solucionar as questõ es dos que estã o já neste mundo através de
condiçõ es bá sicas de alimentaçã o, acesso a á gua, saneamento, habitaçã o e educaçã o.

Erradicar a fome é, neste momento, a maior bandeira do continente, mas a FAO admite
ser necessá rio que, até 2050, a produçã o de alimentos cresça entre 70 a 100 por cento
para responder à procura das famílias, pelo que a auto-suficiência alimentar é algo
distante.

Vivemos um modelo insustentá vel de agricultura, completamente dependente do


petró leo, onde os recursos naturais sã o levados à exaustã o através do uso, em grandes
quantidades, de pesticidas. Promover a duplicaçã o da produçã o alimentar conciliada com
a biodiversidade soa como uma divergência entre os especialistas.

Um gesto simples como lavar as mã os pode fazer cair a mortalidade em mais de 50 por
cento das crianças africanas, mas 37 por cento dos 884 milhõ es de pessoas que nã o tem
acesso à á gua potá vel, nem a condiçõ es sanitá rias, vivem em Á frica. O saldo traduz-se em
15 milhõ es de mortes por doenças infecto-contagiosas por ano. Quem o afirma é a
Organizaçã o Global Health Council.

Angola tem um défice de dois milhõ es de habitaçõ es sociais, sem contar com o ritmo de

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crescimento acelerado da populaçã o. Se essa lacuna fosse suprida, havia mais de 12
milhõ es de pessoas com acesso a habitaçã o condigna.

Tudo isto se reflecte naquilo em que o relató rio (IDH 2011), divulgado pelo PNUD na
primeira semana de Novembro, coloca Angola em 148º lugar, duas posiçõ es atrá s em
relaçã o ao ano passado, numa lista que inclui os 187 países membros da ONU. Três países
africanos estã o no final da lista: Repú blica Democrá tica do Congo, Níger e Burundi.

A situaçã o da saú de da populaçã o angolana encontra-se extremamente fragilizada pela


guerra, que destruiu ou danificou seriamente as redes de infra-estruturas sanitá rias e de
transportes, dificultando o acesso aos serviços de saú de. Também factores de natureza
transversal como a pobreza generalizada, a nã o disponibilidade de á gua potá vel, a falta de
saneamento, a exiguidade da informaçã o prestada e a insuficiente rede de distribuiçã o de
alimentos com valor nutritivo adequado contribuem para a situaçã o existente.

VI- A EDUCAÇÕ AMBIENTAL EM


ANGOLA

Angola é casa para cerca de 14 milhõ es de pessoas, das quais aproximadamente 50%
vive em á reas urbanas, particularmente na faixa litoral.

No entanto, a maioria da populaçã o vive ainda em á reas rurais, sendo que uma fatia
grande está a regressar à s suas terras de origem depois de terminada a guerra que
devastou o país. Essa populaçã o, particularmente nas zonas rurais, utiliza os recursos
naturais como sistema de suporte das suas vidas. O ambiente natural é, desta forma, a base
para o desenvolvimento da qualidade de vida dessas populaçõ es e das suas geraçõ es
futuras.

Recursos como a lenha, á reas para pastoreio e prá tica da agricultura e pecuá ria, a á gua,
fauna e flora, assim como os ecossistemas frá geis, estã o continuamente sob pressã o para
satisfazer as necessidades da populaçã o. Estes recursos estã o cada vez mais ameaçados
devido ao aumento populacional e à má distribuiçã o da riqueza, à pobreza extrema que

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afecta vá rias á reas do nosso país, concomitante com um consumismo irracional nalguns
sectores da sociedade. Aliado a isto, está a fraca qualidade de ensino e o deficiente acesso à
educaçã o já referidos.

É neste cená rio, e tendo por base a perspectiva de reconstruçã o nacional e de melhoria
da qualidade de vida das populaçõ es, que é vital o papel da educaçã o e sensibilizaçã o
ambiental de todos os angolanos.

Os processos de educaçã o ambiental no contexto descrito estã o intimamente ligados a


questõ es de sobrevivência, desenvolvimento, melhoria da qualidade da educaçã o e ao
modo de vida das pessoas.

É por esta razã o que os educadores ambientais em Angola têm trabalhado com
comunidades rurais, instituiçõ es ambientais, a juventude estudantil e a comunicaçã o
Relató rio do Estado Geral do Ambiente em Angola – MINUA 2006 Cap. 2, pá g. 26 social no
desenvolvimento das capacidades e conhecimentos dos cidadã os para responder a
mudanças ambientais e sociais e poderem desenvolver formas de vida mais sustentá veis.

A educaçã o ambiental pode considerar-se um processo contínuo, individual e colectivo


de troca e partilha de informaçõ es, conhecimentos e ideias, para promover a
transformaçã o e construçã o da sociedade, tendo em vista a protecçã o do ambiente e o
alcance de uma melhor qualidade de vida para todos os seres vivos (JEA, 2000).

Pode ser ainda definida como um processo educativo contínuo:

- Sobre o ambiente – com a transmissã o de conhecimentos e informaçã o ambiental; -


no ambiente – através da realizaçã o de actividades de campo e de pesquisa científica;

- E para o ambiente – com a realizaçã o de actividades com o objectivo de proteger o


ambiente no seu todo.

É importante realçar a educaçã o ambiental como um processo de ensino e


aprendizagem de transformaçã o social onde os vá rios intervenientes sã o considerados
como educadores e aprendizes. Isto significa que este tipo de processos a educaçã o
ambiental inclui uma abordagem crítica, holística e interdisciplinar sobre os vá rios
problemas que afectam a nossa sociedade. Desta forma, tanto os educadores como os
alunos têm a possibilidade de contribuir para a construçã o de um mundo melhor que
esteja direccionado para o alcance de sociedades mais equilibradas e sustentá veis.

A Lei de Bases do Ambiente (5/98 de 19 Junho) reconhece que a educaçã o ambiental é


uma das medidas de protecçã o do ambiente cujo objectivo é o “aumento progressivo de
conhecimentos da populaçã o sobre fenó menos ecoló gicos, sociais e econó micos que regem
a sociedade humana”.

Para facilitar o desenvolvimento de programas concretos nestas matérias é importante


identificar os três tipos de educaçã o ambiental internacionalmente reconhecidos. O
princípio 2 do Fó rum das ONG de 1992 realça que a educaçã o ambiental, seja ela formal,

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nã o formal ou informal, deve ter como base o pensamento crítico e inovador em qualquer
lugar ou época (NGO Fó rum Treaty, 1992). Com base neste princípio e em outros
documentos internacionais a Juventude Ecoló gica Angolana (JEA) faz a seguinte destrinça
entre os três tipos de educaçã o ambiental (JEA, 2000):

I) Educação Ambiental Formal – tem lugar de forma estruturada e dentro dos


sistemas formais de ensino (pré-escolar, ensino de base, ensino médio e ensino superior).
Consta do plano curricular e é geralmente implementada por professores ou educadores
nos estabelecimentos de ensino.

II) Educação Ambiental Não-Formal -– acontece geralmente fora do sistema de ensino


(através de programas comunitá rios, de alfabetizaçã o, clubes, associaçõ es), mas é
planeada e estruturada. Este tipo de educaçã o ambiental pode ter lugar em
estabelecimentos de ensino através da realizaçã o de palestras e actividades
extracurriculares.

III) Educação Ambiental Informal – é relativamente aplicada sem qualquer estrutura


ou planeamento e é geralmente transmitida através dos ó rgã os de comunicaçã o social
(programas de rá dio e televisã o, artigos e campanhas publicados em jornais, revistas e na
Internet) ou aprendida por meio de pesquisa e experiência pessoal/profissional.

Os anos intensos de conflito tiveram um grande impacto no tecido social angolano.


Assistiu-se à destruiçã o da maior parte das infra-estruturas sociais deixadas pelos colonos
simultaneamente com um crescimento populacional elevado. Ocorreu uma quase total
desagregaçã o de culturas, associada a um êxodo rural bastante intenso no período de
guerra, agravando ainda mais a vida nos principais centros urbanos.

O fraco investimento havido no sector social faz com que ainda hoje se verifiquem graus
acentuados de má nutriçã o, analfabetismo, desestruturaçã o social e outros, o que resulta
em elevadas taxas de mortalidade e morbilidade.

Os principais problemas ambientais que se verificam nos assentamentos humanos em


Angola resumem-se a:

- Zonas urbanizadas – infra-estruturas degradadas e obsoletas incapazes de responder


à demanda resultante do aumento de utentes;

- Zonas periurbanas – inexistência de infra-estruturas bá sicas de abastecimento de


á gua e saneamento, agravada pela predominâ ncia de pobreza extremam;

- Zonas rurais – inexistência de infra-estruturas de abastecimento de á gua e de


saneamento bá sico, associada a uma excessiva dependência dos recursos naturais param
sobrevivência.

O Governo está presentemente a promover esquemas de reassentamentos em vá rias


zonas do país. Existe uma pressã o crescente para, através de processos de ordenamento
do territó rio, promover novos assentamentos para fins agrícolas. É indiscutível a
importâ ncia de tais iniciativas para o desenvolvimento nacional, mas é preciso ter
presentes as implicaçõ es ambientais de tais processos.

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Contudo, paralelamente, as á reas urbanas encontram-se em expansã o em funçã o do
rá pido crescimento da populaçã o residente e da contínua chegada de pessoas. De facto a
concentraçã o de bens e serviços nas zonas urbanizadas (o que já se verificava antes da
independência), bem como o desenvolvimento desequilibrado entre as diferentes cidades
e entre as cidades e o campo, constituem factores que têm desencorajado o regresso dos
deslocados para as zonas de origem apó s a assinatura do ú ltimo acordo de paz, o que
permitiria o descongestionamento das grandes cidades, onde as infra-estruturas (de
saneamento, de comunicaçã o, de saú de, de educaçã o, etc.) estã o degradadas e incapazes
de responder à procura resultante do aumento da populaçã o.

Conhece-se pouco sobre os impactes específicos dos diversos focos de poluiçã o em


Angola e em particular sobre a sua ameaça à saú de pú blica. Algumas manifestaçõ es dos
efeitos da poluiçã o urbana sã o, de um modo geral, as seguintes:

- Declínio da qualidade das á guas superficiais e subterrâ neas. Muitas cidades e vilas
situam-se ao longo da costa marítima ou nas margens dos rios. A á gua drenada das
superfícies compactas das zonas urbanas e canalizada através dos sistemas de drenagem,
desemboca nos sistemas aquá ticos adjacentes, afectando-os negativamente, provocando
gases malcheirosos e centros de reproduçã o de vectores de malá ria;

- Aumento das doenças infecto-contagiosas, como por exemplo disenteria e có lera,


derivado da falta de gestã o de resíduos e á guas residuais;

- Aumento da eutrofizaçã o. A inadequada gestã o de resíduos domésticos e tratamento


de á guas residuais quer urbanas quer industriais, pode causar a sobrecarga do meio
aquá tico em matéria orgâ nica, nutrientes e bactérias. A eutrofizaçã o, além de promover o
crescimento das plantas indesejá veis como as Azolla sp., Salvinia molesta e Eichhornia
crassipes, diminuem drasticamente a disponibilidade da á gua tanto para uso doméstico
como industrial;

- Resíduos só lidos acumulados que reduzem o valor estético de muitas á reas nas
cidades.

1- RECOMENDAÇÕES QUANTO AO AUMENTO POPULACIONAL:

• Perspectivar uma política de natalidade coerente com as aspiraçõ es das comunidades;

• Promover maior entrosamento entre os vá rios sectores de actividade para a resoluçã o


comum dos problemas que afectam a sociedade;

• Estabelecer uma política ou estratégia com linhas mestras de orientaçã o para o


ordenamento do territó rio e para programas de desenvolvimento provincial;

• Recolher e integrar os planos sectoriais fragmentados existentes, com vista a elaboraçã o


de planos globais de desenvolvimento territorial;

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• Promover estudos e pesquisas contínuas e aprofundadas sobre assentamentos humanos,
respectivo saneamento e abastecimento de á gua, saú de e educaçã o, de forma a suprir a
actual carência de informaçã o neste campo;

• Ampliaçã o de programas de combate à pobreza, tendo em conta as características e


condiçõ es sociais das comunidades;

• Política de emprego coerente com a procura, através da reactivaçã o de muitos dos


sectores que se encontram paralisados, sem descriminaçã o de sexo, etnia ou religiã o;

• Criaçã o de incentivos em á reas remotas para atracçã o da populaçã o por forma a


descongestionar os principais centros urbanos;

• Maior investimento no sector social a todos os níveis: infra-estruturas bá sicas de


educaçã o, saú de, comunicaçã o, habitaçã o, saneamento, etc., e na formaçã o e qualificaçã o
profissional da populaçã o, sobretudo nas províncias;

• Formular um programa de saneamento para que, no mínimo, 50% da populaçã o tenha


acesso a sistemas de abastecimento da á gua potá vel;

• Reabilitar os sistemas de esgotos municipais e construçã o de novos sistemas de


saneamento que incluam estaçõ es de tratamento de á guas residuais (ETAR) para
tratamento de efluentes domésticos e adequados sistemas de drenagem de á guas pluviais;

• Projectar casas e/ou residências econó micas, adequadas do ponto de vista geográ fico,
energeticamente eficientes;

Para minimizar o impacte negativo dos assentamentos humanos e respectivas infra-


estruturas no ambiente, sã o ainda recomendadas as seguintes medidas:

• Rever e desenvolver uma política de uso das terras urbanas para distinguir as á reas
consignadas a vá rios usos específicos e implementar as correspondentes normas
ambientais;

• Estabelecer uma autoridade eficiente de gestã o de bacias hidrográ ficas e uso da terra
encarregue de formular e reforçar a gestã o e desenvolvimento das bacias hidrográ ficas
para todos os maiores sistemas de rios;

• Fortalecer o MINUA nos aspectos de planificaçã o e zonamento urbano e através do


reforço da lei.

2- RECOMENDAÇÕES QUANTO AO MEIO AMBIENTE:

• Efectuar avaliaçõ es e aná lises de impacte ambiental nas á reas propostas para os
reassentamentos humanos;

• Aumentar o nú mero de projectos de investigaçã o só cio ambiental. Para isto torna-se


necessá rio recrutar quadros com formaçã o superior, desenvolver condiçõ es propícias de
trabalho e facilitar o estabelecimento de parcerias com instituiçõ es regionais ou

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internacionais, em paralelo com o desenvolvimento da capacidade das instituiçõ es
nacionais de formaçã o. O desenvolvimento profissional e a formaçã o devem estar
estreitamente ligados ao treino e formaçã o ao nível comunitá rio para responder
efectivamente à s necessidades locais e desenvolver a capacidade de gestã o dos recursos
ao nível das comunidades;

• Incluir numa ú nica estrutura o organismo de planeamento da política ambiental e o de


monitorizaçã o do ambiente. Paralelamente, deve promover-se a cooperaçã o inter-
ministerial;

• Estabelecer uma rede de pontos focais para o ambiente, um ponto focal em cada
ministério, governo provincial e administraçã o municipal, para assegurar que as questõ es
ambientais sejam devidamente considerados e que a legislaçã o e política seja respeitada
no desenvolvimento e implementaçã o de projectos;

• Reforçar o sector formal e nã o formal da educaçã o ambiental e a coordenaçã o entre o


Ministério da Educaçã o e o MINUA;

• Reforço da educaçã o cívica ambiental da populaçã o.

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VII- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento sustentá vel nã o deve ser apresentado como um slogan político. As
condiçõ es ambientais já estã o bastante prejudicadas pelo padrã o de desenvolvimento e
consumo actual, deste modo, o desenvolvimento sustentá vel pode ser uma resposta aos
anseios da sociedade.

A sustentabilidade consiste em encontrar meios de produçã o, distribuiçã o e consumo


dos recursos existentes de forma mais coesiva, economicamente eficaz e ecologicamente
viá vel.

Um dos desafios da sustentabilidade ambiental urbana é a conscientizaçã o de que esta é


um processo a ser percorrido e nã o algo definitivo a ser alcançado. A busca por uma
conceituaçã o urbana sustentá vel trá s consigo uma série de proposiçõ es e estratégias que
buscam actuar em níveis tanto locais quanto globais.

Priorizar o desenvolvimento social e humano com capacidade de suporte ambiental,


gerando cidades produtoras com actividades que podem ser acessadas por todos é uma
forma de valorizaçã o do espaço incorporando os elementos naturais e sociais.

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