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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Faculdade de Ciências Agronômicas - Câmpus de Botucatu


Departamento de Produção Vegetal

SUGESTÃO DE DISCURSO DIDÁTICO

Palestra: O papel da ciência e da tecnologia na modernização da agricultura

A importância da agricultura em nossas vidas


Imagine um mundo sem produtores rurais. Não teríamos roupas, estaríamos
famintos e provavelmente não teríamos remédios e nem mesmo livros. É difícil imaginar
um mundo assim.
Provavelmente, sem a agricultura estaríamos vivendo ainda como os homens do
período paleolítico, coletando e caçando para poder sobreviver. Quando a fome batesse,
não iríamos pegar o celular e pedir comida por um aplicativo. Teríamos que adentrar em
uma floresta e procurar pelo nosso alimento.
Certamente, não teríamos evoluído, nossos cérebros continuariam primitivos e
nem teríamos chegado tão longe. Me questiono: será que teríamos viajado para a lua, se
um dia, alguém, não tivesse pensado em cultivar o próprio alimento? Pois é...
Mas, os agricultores fazem muito mais por nós e nossas comunidades do que
apenas nos alimentar e nos vestir. Eles são os grandes “players” da economia global, cuja
atividade gera impostos que podem ser destinados à melhoria das nossas escolas e
universidades, da infraestrutura dos serviços básicos e transportes, entre tantos outros
segmentos. Mais ainda: eles são os grandes administradores da terra, cuja influência recaí
sobre os nossos recursos naturais, nossa fauna e flora.
Portanto, eu não quero imaginar um mundo sem produtores rurais. Estaríamos
condenados ao fim (pelo menos do mundo como conhecemos hoje).
Como agrônomos e demais profissionais correlatos, temos em nossas mãos a
capacidade de cuidar dos ecossistemas, de modificar a paisagem de forma a torná-la
agradável, funcional e produtiva.
Entretanto, como vocês sabem, estamos passando por problemas. Tratados
internacionais e debates presidenciais falam, a todo momento, sobre o meio ambiente,
sobre as mudanças climáticas e as consequências que estamos enfrentando e que iremos
enfrentar, caso medidas não sejam tomadas. Nossa influência e conhecimento não só
podem como devem trazer resoluções para o cenário atual e futuro.

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Então, com uma população que não para de crescer e diante dos desafios de hoje,
o que podemos fazer? Como a ciência e a tecnologia podem ajudar em nosso favor? Qual
o próximo passo? O que o futuro nos reserva? São tantas perguntas... E as resposta nem
sempre são simples, mas são questionamentos que vamos discutir hoje.

Ciência, pesquisa, tecnologia e inovação: são iguais?


Antes de tudo precisamos entender o que é ciência, pesquisa, tecnologia e
inovação. Vocês acham que são iguais? Não precisa responder, mas, mentalmente, faça
o exercício de se questionar sobre estes conceitos, se nunca o fez.
À primeira vista, pelo senso comum, podemos pensar que são semelhantes.
Veículos jornalísticos e a linguagem do dia a dia nos permitem a livre circulação entre
estes termos, utilizando-os como sinônimos.
Mas, entender a diferença entre eles é fundamental para nos posicionarmos em
qual segmento queremos atuar.

Segundo Michaelis, dicionário brasileiro de Língua Portuguesa:


Ci·ên·ci·a é a observação e classificação dos fatos inerentes a um determinado
grupo de fenômenos e formulação das leis gerais que o regem.
Pes·qui·sa é a série de atividades dedicadas a novas descobertas, abrangendo todas
as áreas de conhecimento.
Tec·no·lo·gi·a é o conhecimento técnico e científico e suas aplicações a um campo
particular.
E i·no·va·ção é o ato ou efeito de inovar.

Já na prática, podemos interpretar da seguinte maneira:


A ciência soma conhecimentos à uma área, busca generalizações e
universalidades. Extrapola, vai além das conclusões geradas na pesquisa.
Já pesquisa é uma atividade desenvolvida para responder perguntas, resolver
problemas. É parte das atividades do cientista. Mas nem toda pesquisa feita é garantia de
geração de ciência, porém, é um fato que não diminui sua utilidade de forma alguma.
A tecnologia é a aplicação prática dos conhecimentos gerados na ciência e na
pesquisa.
E inovação é tudo aquilo que chega de novo, e que, por vezes, revoluciona alguma
atividade ou segmento.

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Partindo do princípio que já sabemos o que cada uma é e sua importância de forma
isolada e em conjunto, é hora de entender como elas se aplicaram e como atuarão na
modernização da agricultura.

Quem ou o que dita os próximos avanços?


O que pra nós hoje é comum, em um passado, não muito distante, foi excepcional.
Pequenos avanços já eram grandes avanços.
Neste ponto: comentários livres sobre alguns marcos importantes da agricultura.
As tecnologias, mesmo rudimentares, permitiram a modernização da agricultura,
ainda que de forma gradual. As máquinas e implementos agrícolas, por exemplo, tiveram
seu “boom” de desenvolvimento somente no período da Revolução Industrial, para
atender a demanda por alimentos de uma população urbana que só crescia.
Olhando agora para nosso país: até o final de 60 o Brasil tinha pouca tecnologia
disponível para a agricultura e importava alimentos. Imaginem um país como o nosso,
com tal capacidade de produção, nesta realidade...
Neste ponto: comentários livres sobre alguns marcos importantes da agricultura
brasileira.
Foi só em meados de 1970, com o surgimento da Embrapa e a promoção de
assistência técnica e extensão rural, e a criação de universidades, que nosso cenário
agrícola mudou. Os cientistas e pesquisadores, espalhados pelo Brasil, começaram uma
verdadeira revolução no campo!
No Cerrado, duas safras foram produzidas no mesmo ano, algo inédito. Ainda,
diferentes sistemas de produção produziam mais com menos. E assim o Brasil passou a
ser destaque no cenário mundial.
De lá pra cá, pensem nas suas pesquisas, e vejam como o status do nosso país
mudou. Hoje temos um campo altamente tecnificado e somos referência no agro.
Isso tudo nos mostra que, quem dita o nosso próximo passo dentro deste contexto
de modernização da agricultura, são as necessidades. Elas geram demandas que nos
ajudam a resolver problemas.
Em nossos tempos modernos, podemos citar também os consumidores, que
buscam cada vez mais consumir produtos de marcas que se preocupam com o meio
ambiente e com o bem estar animal. Sem dúvidas, isso gera uma pressão que obriga o
setor a se modernizar, a investir em pesquisa e tecnologia.

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O novo contexto e o futuro da agricultura
No cenário atual, estamos saindo de uma pandemia que mudou significativamente
a economia global e as transações comerciais. O setor se manteve estável e foi resiliente,
mas isso não quer dizer que desafios não existam, e o conflito geopolítico Ucrânia e
Rússia não nos deixa mentir. Além deste, existem muitos outros pontos a se discutir.
Podemos citar:

a) aumento populacional e longevidade da população;


b) Não-renovação da mão de obra no campo e intensificação da urbanização;

c) Aumento nas demandar por água, fibras, energia e alimentos;


Antes de pensar global, vamos começar falando das projeções para a agricultura
brasileira. Posso dizer de antemão: teremos uma dimensão da importância que se somará
ao setor, adicionando não só muitas milhões de toneladas às estatísticas, mas gerando em
nós um sentimento de orgulho e muita responsabilidade.
Neste ponto: comentários livres sobre os gráficos apresentados.
A pergunta que fica é como chegaremos lá. De fato, temos um longo e árduo
caminho a trilhar nesta jornada.

Continua...
d) Aumento do poder aquisitivo;
e) Mudanças no clima e riscos para a agricultura;
f) Intensificação e sustentabilidade nos sistemas de produção agrícola.

Pensar como a agricultura irá se comportar diante deles e superá-los é uma tarefa
iminente, e deverá ser uma ação conjunta entre estado, iniciativa privada e população.

Tendências: o que tem sido feito e o que poderemos esperar


Chegamos no ápice da nossa conversa de hoje. A hora de vermos o que tem sido
feito, e as novas tendências, que se utilizam da ciência, da pesquisa, da tecnologia e da
inovação (conceitos que vimos anteriormente), para modernizar a agricultura, e assim
enfrentarmos, munidos de muito conhecimento, os desafios do panorama futuro.
Neste ponto: comentários livres sobre os exemplos apresentados.

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Fazendas verticais
O que são: produção de hortaliças, legumes e frutas dentro de centros urbanos e
industriais, em sistemas hidropônicos e com luz artificial. Exige cuidados na
luminosidade, umidade e na solução nutritiva, pois cada planta possui uma ecofisiologia.
Benefícios: não há desperdício de água, há muita economia de espaço e não gera
desequilíbrios na natureza, pela interferência da atividade humana.
Desafios, de acordo com os produtores desta modalidade: sementes não adaptadas
a este tipo de cultivo.

Bioeconomia
O que é: de forma simplificada, é a observação dos sistemas biológicos e troca de
experiência com agricultores locais na busca de plantas com potencial econômico e
produtivo. Na Amazônia tem crescido o número de produtores que trocaram os sistemas
intensivos por soluções mais sustentáveis.
Desafios: mudar a mentalidade dos produtores, treinamentos técnicos, mão-de-
obra qualificada e legislação específica.

Agricultura regenerativa
O que é: conjunto de ideias que recebem o mesmo nome. Visa a produção de
alimentos ao mesmo que visa retomar o equilíbrio natural do solo, aumentar o teor de
matéria orgânica, sequestrar carbono (na busca pela reversão das mudanças climáticas),
entre outros benefícios. Podemos aplicar o plantio direto e a rotação de culturas nesta
técnica.
É o próximo grande passo depois dos orgânicos e da sustentabilidade.

Melhoramento genético e transgenia


O que são: busca por variedade mais produtivas, mais resistentes à estresses de
caráter abiótico gerados pelas mudanças climáticas, mais tolerantes às pragas e doenças,
e até mesmo ao vento - condição climática muito comum nos EUA, onde tempestades
acabam por destruir lavouras.
Desafios: o processo de lançamento de novas cultivares que atendam as demandas
do mercado é lento e oneroso. Além disso, combinar vários genes de interesse em uma
mesma planta não é uma tarefa fácil.

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Insumos naturais à base de bactérias e fungos
O que são: este tópico em particular é um mundo cheio de possibilidades. São
produtos que geram uma economia anual de bilhões de dólares, tem um custo pequeno e
são benéficas ao meio ambiente.
Desafio: encontrar cepas mais adaptadas a cada espécie de planta, ou seja,
especificidade.

Mercado de crédito de carbono


O que é: conjunto de técnicas para reduzir a emissão de gases do efeito estufa por
uma atividade de forma certificada, gerando créditos que são comercializados.
Desafio: desenvolvimento de um modelo para a agricultura tropical.

Máquinas autônomas, drones e inteligências artificiais


O que são: máquinas e programas sofisticados, da mais alta tecnologia, para
aumentar a precisão no uso de insumos, sempre buscando economia de recursos.
Desafio: nem sempre disponível a todos os produtores.

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