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O que é agricultura e quando surgiu

Devido o surgimento da agricultura, o homem parece experimentar algo


novo e “revolucionário” em suas relações físicas, organizativas do trabalho e da
comunidade. No início erámos caçadores e coletores, ao passo em que os
recursos naturais se tornavam escassos a comunidade se mudava para um
local de melhor abundancia de caça, frutos e temperaturas ideais. Existia
também uma “separação” de gênero no trabalho e relações de convivência.

Num dado momento a aproximadamente 12 mil anos atrás, algumas


linhas de estudos defendem que as mulheres, começaram a compreender que
domesticar um animal era mais proveitoso. Observaram sementes e
começaram a deixa-las crescer mais próximo e a maneja-las. Imagine naquela
época, uma semente que por exemplo sofre viviparidade (fenômeno de
germinação prematura), e nasce ali fora da terra ou de qualquer substrato.
Imagine a revolução. Então, o ser humano começou a aperfeiçoar essa
domesticação da fauna e da flora, surge nesse momento também os
melhoramentos vegetal e animal, ferramentas de manejo do solo e isso vai
dando aos seres humanos a capacidade de se assentarem e criarem as
primeiras relações de territorialidade, de uso e posse da terra e dos seus bens
naturais. Surge a agricultura.

A linha do tempo da agricultura começa aí, mas sofre inúmeras mudanças bem
como todo o planeta e a espécie humana, que se torna cada dia maior. Desde
eras antigas como no feudalismo, onde os senhores feudais que controlavam
territórios significantes, cobrava daqueles que viviam ali em suas terras
pagamentos absurdos sobre o que era produzido, dias de trabalho e etc. A
terra sempre foi ferramenta principal de riqueza, abundancia perpetuação e
desenvolvimento dos seres humanos. É através dela que traçamos
inesperados rumos na história e precisamos através dela buscar novamente
outros horizontes para viver e compartilhar esse planeta, ao mesmo passo que
vencemos grandes desafios como a fome mundial.
A agricultura tradicional, sua
implementação e surgimento de crises
Em meados da segunda metade do século XX, inúmeros países latino-
americanos se integraram na intitulada Revolução Verde, que foi um ideário de
produção agrícola desenvolvido e implantado por países desenvolvidos, logo
após a segunda guerra mundial. A meta era o aumento da produção e das
atividades agrícolas com base no uso intensivo de insumos químicos,
aprimoramento genético de cultivares para alto rendimento, irrigação otimizada
e motomecanizarão. Nacionalmente foram desenvolvidas políticas públicas,
onde alinhava-se pesquisa agrícola e a extensão rural difusionista ao crédito
agrícola subsidiado, essa implantação da chamada Revolução Verde, só foi
possível graças a esse pacote químico-tecnológico difusionista agrário.

Entretanto no Brasil, a partir da década de 1980, o padrão de agricultura


defendido e introduzido pela Revolução Verde, traz à tona gradualmente
menos consequências gloriosas, graças a inviabilização dos subsídios ao
crédito rural. Nos anos seguintes, as formas organizativas de produção e as
consequências desse ideário passa a ser contestado, trazendo em seu rastro
manifestações agrarias sociais que adquirem importância e legitimidade,
intensificam-se as críticas e os debates a partir de alguns fatos e movimentos
gerais, tais como:

A) Crise generalizada nos países de capitalismo periférico a partir de 1950.

b) As crises sociais, derivadas de diferentes desigualdades, como a


concentração de renda e de terra, o êxodo rural e as mais diferentes formas de
violência.

c) Uma crise ambiental, manifestada em diversas formas, a exemplo da


escassez e degradação dos recursos naturais e contaminação de alimentos.

d) Uma crise econômica, deflagada a partir da diminuição dos níveis médios de


renda, e a realidade de que inúmeros produtos agrícolas incentivados por essa
modernização agrícola, perde sua atratividade, inclusive no que diz respeito a
commodities.
Logo no ano de 2008, surgem contornos importantes na discussão sobre a
famigerada "crise alimentar" mundial a qual traz consigo vários argumentos
sobre o debate. Como plano de fundo, surge na cabeça de muitos a seguinte
hipótese: - A existência de uma crise alimentar indica também uma crise no
padrão de desenvolvimento caracterizado pela agricultura imposta nos últimos
40 anos. Portanto, ainda que esse modelo agrícola ostente na literatura e
muitas vezes nos meios de comunicação, um aumento espetacular da
produtividade nesses últimos anos, o fato é que as crises mencionadas
anteriormente geraram inúmeros impasses que por sua vez dificultaram a
manutenção desse modo de produção "moderno'. No plano econômico
destaca-se a elevação dos custos de produção e a queda real dos preços
pagos aos agricultores, essa distorção ocorre nos países onde os governos são
incapazes de manter subsídios aos agricultores e assegurar "preços sociais"
dos alimentos que fosse compatível com a renda dos consumidores final.
Essas são algumas das motivações que passaram a inserir nos últimos 20
anos modelos de produção diferentes das experiências introduzidas pela
revolução verde, atraindo por tanto a atenção dos profissionais das ciências
agrárias, outras áreas do conhecimento, de autoridades governamentais e de
inúmeros camponeses no Brasil e no mundo. Esse "movimento” cresce e
assume maior complexidade, hoje é denominado de várias maneiras,
caracterizando suas faces técnicas, sociais e produtivas, na qual a
agroecologia toma destaque.

O futuro da alimentação
O futuro da alimentação depende sem sombra alguma de dúvida de um
modelo de produção agrícola, capaz de produzir alimentos saudáveis,
acessível e o suficiente para todos ao mesmo passo em que se preserva os
solos, os seres vivos e os recursos naturais. Esse futuro está num modelo
agronômico com objetivo produtivo e social que adote tecnologias que otimize
o trabalho humano e as interações sociais sem usar de forma predatória
nossas biodiversidades. É um modelo que busca elencar um padrão produtivo
que viabiliza integralmente o equilíbrio entre objetivos sociais, ambientais e
econômicos que permeiam a questão agrária brasileira.
Quando falamos em alimento para todos, pisamos logicamente em diversos
territórios tais como o da economia, e quando lançamos mão da preservação
dos solos, de um olhar mais inclusivo do meio ambiente e também do homem
dentro dos agroecossistemas, precisamos percorrer o caminho das ciências, da
tecnologia e das relações humanas.

A agroecologia é um modelo de produção agricola que busca


estabelecer esse equilíbrio entre os seres vivos a terra e a natureza que os
cercam, a modo não de se apenas preservar, mas fazer parte, construir,
estabelecer a vida e obter êxito na produção agrícola de forma sustentável. A
transição de um modelo tradicional agronômico para um modelo agroecológico
demanda apropriação das ciências agrárias, valoração dos saberes empíricos
para inclusive haver a otimização dos saberes técnicos e científicos para
consequentemente surgirem tecnologias (ciência e técnica) de base para o
desenvolvimento da base. A agroecologia busca a valoração humana,
daqueles e daquelas que compõem as bases da sociedade, os camponeses e
os trabalhadores rurais e urbanos.

A sustentabilidade agronômica: A agroecologia, seus desafios


e limitações

Se de um lado precisamos pensar, desenvolver e aplicar um modelo de


produção agrícola menos predatório, por outro lado devemos compreender que
essa nova forma de se fazer agricultura, uma que seja então mais sustentável,
traz sobre tudo muitos desafios.

Desafio econômico: A agricultura é uma atividade que pode gerar, a curto,


médio e a longos prazos, produtos de valor comercial que aumenta quanto
maior for o valor agregado. O desafio nessa área está na elaboração de um
sistema de cultivo que minimize perdas e desperdícios e que desencadeie
produtividade que seja compatível com os investimentos aplicados na
atividade. Está também na criação de mecanismos que assegurem
competitividade dos produtos agrícolas, no mercado interno ou externo,
buscando, portanto, uma economicidade na qualidade do produto e da cadeia
produtiva.
Desafio social: A agricultura tem uma grande capacidade de gerar empregos
diretos e indiretos, isso contribui para a contenção do êxodo rural. O desafio
consiste em desenvolver-se métodos produtivos que assegurem a geração de
renda para os trabalhadores rurais, praticas que auxiliem na sucessão rural e
principalmente uma remuneração que seja compatível com sua importância no
processo produtivo alinhado com condições humanas e dignas de trabalho.
Tendo em vista o número crescente de famintos no brasil e no mundo é
necessário que o modelo de produção agrícola seja pautado na segurança
alimentar e nutricional. Para tal e considerando que esse contexto social não
seja externo ou de curto prazo dentro do processo produtivo, por tanto é
necessário a implantação de novos padrões na organização social da produção
agrícola, por meio da implantação da reforma agrária que seja equivalente com
as necessidades locais.

Desafio tecnológico: Sabemos que a agricultura é totalmente dependente de


tecnologias, atualmente ligadas ao aumento de produção e da produtividade do
trabalho, e que muitas dessas tecnologias causam imensos impactos
ambientais, por isso é urgente que sejam desenvolvidos novos processos
produtivos onde as tecnologias aplicadas sejam menos agressivas
ambientalmente, mantendo uma relação adequada entre a produção e a
produtividade.

Desafio territorial: A agricultura é uma atividade potencialmente capaz de


interagir e se integrar a outras atividades rurais, como desafio é necessário
viabilizar uma integração agrícola efetiva com o espaço rural, através de uma
pluriatividade e multifuncionalidade desses espaços. Quem eu sou, onde estou.

Desafio ambiental; A implantação de agrossistemas impacta diretamente no


meio ambiente, isso porque a criação destes significa criar sistemas
agronômicos que substituem espécies vegetais nativas e parte do ecossistema
local por cultivares em sua maioria "invasoras" apenas visando os valores
econômicos. Portanto é preciso implantação de modelos de produção agrícolas
que visem a criação de agroecossistemas, sendo este um ambiente de
produção agronômico adaptado ao ambiente e consequentemente depende
menos de insumos externos e usa com maior racionalidade ecológica os
recursos naturais não renováveis.

A produção agrícola deixou de ser uma questão puramente técnica, passando a ser vista como um
processo condicionado por dimensões sociais, culturais, políticas e econômicas (Conway e Barbier,
1990).

Só uma compreensão mais profunda da ecologia humana dos sistemas agrícolas pode levar a
medidas coerentes com uma agricultura realmente sustentável. Assim, a emergência da agroecologia
como uma nova e dinâmica ciência representa um enorme salto na direção certa. A agroecologia
fornece os princípios ecológicos básicos para o estudo e tratamento de ecossistemas tanto produtivos
quanto preservadores dos recursos naturais, e que sejam culturalmente sensíveis, socialmente justos e
economicamente viáveis (Altieri, 1987)

Atualmente muitos avanços tecnológicos vêm sendo integrado com o foco na


substituição de insumos agroquímicos de alto valor e degradantes do ambiente
em insumos de tecnologias brandas, baixo preço e uso de insumos internos.
Contudo essa solução desvia a atenção dos fatores limitantes e olha apenas
para os sintomas. Portanto conclui-se que novos agroecossistemas
verdadeiramente sustentáveis devem também implementar mudanças dos
fatores socioecomicos que governam o que se é produzido, por quem e para
quem. É preciso estabelecer parâmetros que permitam mudanças em políticas
e ações que devem estar focada nessa formula para que tal sustentabilidade
seja de fato alcançada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

AGRICULTURA URBANA AGROECOLÓGICA - ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA


SAÚDE E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL Revista Brasileira em
Promoção da Saúde, vol. 25, núm. , 2012, pp. 381-388 Universidade de Fortaleza
Fortaleza-Ceará, Brasil.

ALTIERE, Miguel. “Agroecologia, a dinâmica produtiva da agricultura sustentável”.


Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto alegre – Brasil.

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