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INSTITUTO FEDERAL DA PARAÍBA – IFPB CAMPUS ITABAIANA

CAIO ANDRADE FARIAS

ENOC FERREIRA DA SILVA

JOSÉ KAUÊ ALVES

RENATO RODRIGES DO NASCIMENTO FILHO

REVOLUÇÕES AGRÍCOLAS:

EVOLUÇÃO DA AGRICULTURA ATÉ O SÉCULO XIX

ITABAIANA

2023
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Sumário
Apresentação................................................................................................................3

A Revolução Agrícola ou Revolução Neolítica: O surgimento da Agropecuária..........4

O desenvolvimento da agricultura nas sociedades hidráulicas....................................7

A agricultura na Mesopotâmia...................................................................................8

A agricultura no Antigo Egito...................................................................................10

A agricultura na Antiga China..................................................................................11

A evolução agrícola na Grécia....................................................................................12

O desenvolvimento dos métodos agrícolas no Império Romano...............................14

A Revolução agrícola na Idade Média........................................................................16

A revolução cientifica e suas ligações com as revoluções agrícolas.........................21

As inovações no contexto da Grã-Bretanha...............................................................23

Uma nova Revolução agrícola dentro do contexto de mudanças da Revolução


Industrial......................................................................................................................25

A questão ambiental durante a evolução histórica da agricultura..............................27

Conclusão....................................................................................................................28

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Apresentação

Desde os tempos antigos a agricultura tem ocupado grande destaque em


nossa história, do período neolítico até o século XIX a agricultura se tornou
gradativamente um importe meio para a sobrevivência da sociedade, tanto no
quesito alimentício e na produção de outros itens que usamos em nosso cotidiano,
quanto economicamente falando. Para se chegar a esse estado a agricultura teve
sua trajetória iniciada na Revolução Agrícola ou Revolução Neolítica, um processo
que marcou o surgimento da agricultura na sociedade humana, assim como a
mudança do modo de se viver nômade que as tribos adotavam para o surgimento de
um modo de vida em que o humano acabou se utilizando da agricultura para cultivar
o solo e arranjar um meio de sobrevivência. Ao decorrer deste trabalho será
desenvolvido a evolução da agricultura desde a Revolução Agrícola até o
famigerado século XIX, passando por diversos períodos compreendendo mais de mil
anos para apresentar os avanços e inovações, além das obvias mudanças em que o
meio de produção agrícola passou para se tornar um importante pilar da sociedade
global.

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A Revolução Agrícola ou Revolução Neolítica: O surgimento da
Agropecuária

Ao longo dos séculos a sociedade humana sofreu diversas


mudanças que impactaram todo modo de se viver. Desde o início dos
tempos em que os humanos começaram a caminhar e viver na imensidão do
mundo na Era Paleolítica havia muita dificuldade em razão do modo de se
viver da época. Originalmente os humanos viviam em tribos nômades,
vivendo em função da coleta de recursos e principalmente da caça,
acarretando deslocamentos das tribos por conta de problemas climáticos e
pela falta de recursos, migrando para outro área que houvesse melhores
condições para se viver. Esse era um modo difícil para se viver,
principalmente para as crianças que acabavam por depender
demasiadamente da atenção dos membros da comunidade nômade,
especialmente das mulheres. Por ser difícil o deslocamento a vida se
tornava um desafio notoriamente tortuoso.

Assim sendo, pode ser perceptível que o ser humano desde o


período Paleolítico estava em completa transição, o modo nômade de se
viver marcaria todo um período em específico da história, todavia isso
mudaria quando o homem tomaria outra linha de raciocínio. Tomando o
conhecimento da natureza ao seu redor, as primeiras atividades agrícolas
começaram a ser praticadas. Esse processo anos mais tarde se tornaria
conhecido nos dias de hoje como a Revolução Agrícola, ocorrida já no
período Neolítico. Esse processo de transformações e mudanças que
acarretaram no desenvolvimento da agricultura não ocorreu de maneira
unilateral em todo o globo, isso porque as atividades agrícolas só foram se
desenvolvendo de maneira gradual em cada sociedade da época, por
exemplo o primeiro registro de atividade agrícola da Europa é dado a cerca
de 6 mil anos atras, no continente Africano ocorreu de maneira ainda mais
tardia, com os arqueólogos estimando em 5 mil o registro da primeira
atividade agrícola em solo africano. Se levarmos em consideração que a
antiga Índia e a China tiveram um registro de atividades agrícolas muito

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antes de Europa e África pode se chegar à conclusão que o processo de
Revolução Agrícola não ocorreu de maneira unilateral nas diversas antigas
sociedades que estavam se formando ao redor do mundo.

A Revolução Agrícola Neolítica trouxe para a sociedade mudanças


em seu modo de viver e de se alimentar. A produção se iniciou focando na
criação de cereais, ou seja, trigo, cevada, milho e batata. Os seres humanos
da época provavelmente desenvolveram esse método aprimorando suas
técnicas para usar no plantio ao longo do tempo, se adaptando ao solo das
localidades para saber qual tipo de planta cresce em determinado local sob
alguma determinada consequência, mudando seu modo de viver que era
completamente nômade para um modo de viver sedentário.

Pode se dizer que a mudança que o desenvolvimento da agricultura


trouxe benefícios para a sociedade, entre eles um aumento significativo de
indivíduos na população mundial, que não precisava mais conviver com as
desenvolturas que a vida nômade proporcionava. Um exemplo das
mudanças são as crianças, enquanto no modo de viver nômade as crianças
sofriam diversos malefícios e eram fonte de preocupação constante pois
atrapalhavam a coletividade do grupo. No modo de viver da sociedade
sedentária as crianças poderiam receber funções e tinha uma expectativa de
vida maior sem as deslocações complexas ou o risco de ataque animal.

Além disso, houve surgiu um novo tipo de organização social


diferente do modo adotado pelos nômades. A sociedade continua sendo
voltada para as comunidades pequenas que dividiam o trabalho de maneira
igualitária, buscando plantar e produzir quantidades maiores de comida,
especialmente em épocas de inverno ou de seca, onde não haveria mais a
possibilidade de migrar para outro área, pois o novo modo de organização
das sociedades humanas era voltado para a sedentarização e deixar as
moradias e plantações para buscar algo totalmente incerto era inviável e
tolo.

No cotidiano de trabalho os homens ficavam responsáveis por


preparar a terra e cuidar da maior parte do trabalho braçal, já as mulheres se

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responsabilizaram pelo plantio em si das sementes na terra para o cotidiano
de plantio. Outro fator de grande importância foi a grande explosão
demográfica que o planeta sofreu naquele período, isso se deve pelo fato de
haver uma quantidade de alimentos maior, tal fato iria gerar grupos maiores
do que as pequenas tribos, surgindo mais tarde reinos, cidades e impérios
cujo nome seria conhecido até os dias de hoje. Sociedades tais como a
Antiga China, a Índia, O Egito Antigo e as diversas sociedades do crescente
fértil tiveram uma ajuda da Revolução Agrícola para surgir em sua
magnânima história.

Com a explosão demográfica da época, diversos grupos se


espalharam ao redor do globo, difundindo o conhecimento da produção
agrícola para diversas partes. Outro fator foi que se tornou possível a
domesticação dos animais para a criação, consequentemente sendo
possível coletar lã e couro para seus devidos usos, além da criação de
animais para o abate, não sendo mais necessário caçar para se obter carne.

Em termos gerais, a Revolução Agrícola no período neolítico foi


importante para o processo de sedentarização dos humanos, que
possibilitou o desenvolvimento das sociedades. Entretanto ainda existiam
grupos nômades, que preservavam seus costumes e continuavam com suas
respectivas culturas, um exemplo disso são os Mongóis.

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O desenvolvimento da agricultura nas sociedades hidráulicas

O termo “sociedade hidráulica” se refere as sociedades formadas na


antiguidade por volta de 3000 A.C ou 1000 A.C, ao entorno de rios. Essas
sociedades dependiam de seus rios para sobrevivência de seu povo,
formando centros políticos e sociais perto desses rios, e criando plantações
e lugares voltados para a criação de animais. Estas sociedades tinham
certas características em comum, tanto no quesito social quanto no político.
Foi nessas sociedades que a agricultura sofreu uma série de
transformações, pois a agricultura representava o maior fator econômico
dentro desses sistemas organizacionais.

Durante o apogeu destas sociedades a agricultura começou a ser


produzida em uma escala maior, a razão disso se deve porque a agricultura
além de ser importante para a sobrevivência dos indivíduos se tornou um
fator econômico importante dentro destas sociedades.

Para se aproveitar do solo fértil e tomando conhecimento das


enchentes e inundações, os espertos povos que habitavam ao entorno
destes rios fizeram construções e inovações para se adaptar a esses
flagelos contra sua sobrevivência. Essas construções aliadas com o
desenvolvimento agrícola renderam métodos de se burlar esses
contratempos, revolucionando a história da agricultura com o emprego de
novas técnicas para este meio de produção, dentre elas o método de
Irrigação.

Para efetivar suas medidas os indivíduos lá presentes construíram


estruturas complexas para os padrões da época, tais como diques
flutuantes, represas de madeira e tanques resistentes para reter o avanço
dos rios em épocas conturbadas. Entretanto mesmo como esse
planejamento era inviável e impossível reter a fúria de rios em épocas de
enchentes. De uma maneira um tanto quanto simples foi encontrado a
solução para tal martírio, simplesmente plantar somente em épocas
adequadas. Se quando descoberto o período em que os rios minguavam e

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quando os rios tinham enchentes, dessa forma os habitantes dessas
civilizações plantavam e colhiam quando o rio se tornava mais ameno, para
então durante as enchentes usufruir de seu esforço construindo palácios,
castelos e fazendo encontros com outras culturas.

Para entender de fato a evolução das práticas agrícolas vamos


observar as mudanças e inovações trazidas por três sociedades da
Antiguidade distintas: A sociedade da Mesopotâmia, O Antigo Egito e a
Sociedade Chinesa.

A agricultura na Mesopotâmia

Marcada na história como uma das principais sociedades da


Antiguidade, por onde se passavam vários povos com diferentes culturas,
tais como os Sumérios, os Caldeus, os Amoritas, e os Assírios. A
Mesopotâmia é uma região que compreende a chamada região do
Crescente Fértil, que vai até as proximidades do Antigo Egito até chegar aos
poderosos e históricos rios Tigres e Eufrates, no atual Iraque. Se utilizando
da prosperidade do solo, dos rios e das técnicas agrícolas a agricultura
passou por um período de desenvolvimento neste período, mesmo com a
dificuldade das enchentes, o emprego de técnicas para a irrigação das terras
foi extremamente inovador, criando um precedente na história da agricultura
que mais tarde se tornaria ainda mais importante.

Como comentado anteriormente, a agricultura ocupava papel de


grande destaque na sociedade, se tornando necessário o desenvolvimento
de práticas para produzir colheitas em larga escala. Com a fertilidade
garantida graças a proximidade dos Rios Eufrates e Tigres, os indivíduos só
precisavam se preocupar com os períodos de cheia e secagem dos rios para
adequar o plantio a esses períodos. Iniciando o processo de produção
agrícola no outono, era feito o processo de irrigação inicialmente, para
depois de maneiro minuciosa ser calculado a quantidade de sementes
utilizadas, além de ser feita separação de ferramentas agrícolas adequadas
de maneira que não fosse prejudicar o plantio. Dessa forma após ser feita a

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conclusão dos processos, a colheita ocorria para o benefício dos produtores,
onde as sacas de produtos eram armazenadas em armazéns fortificados
para utilizar no comércio ou guardá-las para oportunidades em que o
houvesse mais dificuldades, por exemplo em épocas de seca ou enchente
dos rios.

A agricultura compreendia um pilar de sustentação na sociedade da


antiga mesopotâmia, tendo o estado uma participação grande no processo
agrícola, construindo obras de grande utilidade para população como
barragens e diques para manter sob controle os períodos em que os rios
tinham enchentes e agiam de forma violenta. Obviamente o estado tinha
benefícios em relação à agricultura, porque a maior parte dos indivíduos que
produziam na agricultura trabalhava para seus reis e príncipes, além do
próprio estado receber do povo impostos que converteriam os ganhos em
favor do governo daquela localidade. Os principais produtos produzidos
eram: os cerais, legumes e o óleo de gergelim.

Assim sendo a agricultura contribuiu positivamente para o


desenvolvimento dessas sociedades, possibilitando a criação de um
comércio que funcionava através das trocas para se obter produtos que não
eram achados na localidade, como o marfim, o cobre para a criação de
ferramentas e armas, o estanho, a madeira entre outros. Essas trocas só
eram possível graças a produção agrícola que produzia itens que
despertavam o interesse de outros povos, como matérias-primas. Assim
sendo a agricultura possibilitou a criação de um comércio que por sua vez
possibilitou trocas culturais entre diferentes povos e a evolução gradual das
sociedades hidráulicas.

A agricultura no Antigo Egito

“O Egito é uma dádiva do Nilo” esta frase dita pelo famoso


historiador grego Heródoto (485 – 420 a.C) serve para simplificar o
questionamento de como poderia se construir uma sociedade em um lugar
tão deserto e arrido. O Nilo é um grande rio compreendendo uma área com

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tamanho bastante considerável, sendo praticamente o pilar que fez surgir a
sociedade egípcia e a fez florir até sua anexação por Alexandre Magno e
mais tarde pelos romanos.

Assim como nas sociedades mesopotâmicas a agricultura ocupava


grande destaque na sociedade, sendo a principal atividade econômica,
entretanto já naquela época existiam outras atividades econômicas, como
por exemplo, algumas pequenas industriais de criação de cerâmica e de
produtos têxteis.

Indo para a produção em si, todas as terras em que eram cultivadas


pertenciam ao faraó, sendo de responsabilidade dos militares e funcionários
de grande escalão administrar o trabalho dos escravos e trabalhadores livres
que tinham a função de cuidar do processo de plantio e colheita. Ainda
nessa época os produtos mais cultivados eram os cereais, trigo e cevada,
respectivamente. Assim sendo ainda eram plantados outros produtos, tais
como romãs, algodão, grão de bico, alho, tâmaras, papiro e até um tipo de
planta aquática que servia para a alimentação.

O modo de produção de agrícola dos egípcios se distinguia bastante


do praticado por outras sociedades do crescente fértil, primeiramente pelo
fato de que era usado uma nova técnica para deixar a terra pronta para o
plantio, onde era usado tração animal para puxar um arado que fazia um
processo bastante complicado se tornar mais simples, o encarregado de
puxar o arado geralmente era um boi.

Outra diferença era o fator que por conta do estado ser mais
centralizado, por conta da figura do Faraó que era praticamente um deus
dentro da cultura egípcia, isso tudo fazia com que boa parte da colheita
produzida pelos camponeses (maior parte da população) ficasse para os
ganhos da alta sociedade, enquanto a outra parte era de uso dos cidadãos
que não compartilhavam dos privilégios da alta sociedade.

Podemos citar outra contribuição para o desenvolvimento da


agricultura no Egito antigo, a criação de canais para bombear a água para as
plantações em épocas de cheias e até mesmo armazenar.
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A agricultura na Antiga China

Desde os primórdios da humanidade a China tem ocupado


destaque, servindo de exemplo para outros países da Ásia, como Japão e
Coreia. O desenvolvimento agrícola chinês teria se iniciado por volta de
7.500 a.C da mesma forma que outras sociedades como a Mesopotâmica o
desenvolvimento agrícola dependia de rios para funcionar seu sistema.

O território chinês é cortado por dois rios que fizeram florescer a


agricultura e o desenvolvimento para a formação da sociedade chinesa, o rio
Huang-Ho (conhecido no mundo como Rio Amarelo) e o menos notório,
porém ainda importante Yang-Tsé-Kiang. Ao longo do vale fértil do Yang-
Tsé-Kiang foi formado um importante centro cultural para a China, onde a
agricultura começou a mudar o cenário favorecendo o surgimento de
cidades e a construção de uma sociedade complexa.

Como dito anteriormente, mesmo após a Revolução Agrícola do


período neolítico ainda existiam grupos nômades ao redor do mundo, um
exemplo disso é a própria China. Por conta de sua geografia um tanto
peculiar, as zonas de produção agrícola ficavam concentradas no Leste,
onde havia vales férteis e os ditos rios, possibilitando um estilo de vida
voltado a sedentarização. Entretanto ao Oeste chinês se encontrava
condições geográficas um tanto mais problemáticas, muitas vezes era
rochoso e pobre em questão de fertilidade, outro fator problemática era a
falta de chuvas, estando longe dos grandiosos rios o único meio para manter
as plantações era as chuvas que eram raras de se acontecer, tendo
períodos de secas constantes, dessa forma os grupos que viviam nessas
áreas se voltavam para a caça e a coleta de itens para sua sobrevivência,
sendo praticamente indistinguíveis de exímios nômades.

Voltando ao leste, perto de suas sociedades construídas no entorno


de rios os chineses que lá viviam se voltavam para a agricultura, plantando
cereais e arroz para garantir seu modo de sobrevivência, mais tarde
construindo cidades, vilarejos e baluartes para montar uma sociedade que

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mais tarde quando Qin Sin Huang fundaria seu império ao se coroar como o
primeiro imperador da China, criando um império que marcaria a história da
Ásia. Podemos chegar a conclusão com isso de que a agricultura teve
grande importância no processo de formação do estado chinês, porque se
não fosse os processos agrícolas construídos ao longo do rio amarelo
provavelmente teríamos uma série de tribos nômades correndo desgarradas
em busca de sua sobrevivência por todo o território chinês durante muito
tempo.

A evolução agrícola na Grécia

Saltando alguns anos na linha de tempo, podemos observar que as


cidades-estados gregas que compunham a sociedade da Grécia como um
todo ainda tinham dependência da agricultura me relação a economia,
porém outras atividades compunham a economia grega, como o artesanato
e a produção de peças de ferro, só que isso não tirava a importância da
agricultura dentro da polis grega.

Dentro da Grécia Antiga havia a Khóra, que era basicamente a parte


rural das cidades gregas, onde a maior parte dos camponeses exerciam seu
ofício, plantavam cereais, cevada, oliva, vinhas e alguns tipos de vegetais
que compunham a dieta daquela localidade. Na pecuária os gregos criavam
cavalos para seu uso próprio, fora do quesito militar, os gregos os usavam
para tração e para o arado, além para a locomoção é claro. Eles também
criavam aves e cabras para a alimentação.

Já durante aquela época as terras cultivais em sua maioria


pertenciam a elite aristocrata das cidades-estados que por conta de seu
estilo de vida que valorizava o ócio muitas vezes as cediam para que
agricultores menores em escala social plantassem em seu solo, para obter
algum lucro, criando uma relação entre proprietário e arrendatário. Como na
época o fato de se ter posse de terra ditava o status social do indivíduo,

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muitos camponeses buscavam o domínio de suas próprias terras, iniciando
conflitos e disputas políticas que tiveram consequência direta na política
interna da Grécia.

Foi na Grécia que a chamada Idade dos metais surtiu efeito na


agricultura, com a introdução de ferramentas de metais em detrimento das já
ultrapassadas ferramentas de cobre e bronze. Tudo isso aumentou a
produtividade e gerou um avanço nas tecnologias das ferramentas agrícolas,
com a criação, por exemplo, do aro de ferro, o que melhorou a qualidade do
arado.

Assim como nas sociedades hidráulicas fez o uso de técnicas de


irrigação e da criação de canais para resolver o problema das áreas com
escassez de chuva. Na Grécia foram desenvolvidas ferramentas
especializadas para adequar a produção a uma vertente mais qualificada.
Foi na Grécia que o emprego de adubos para a fertilização começou a ser
usados, esses adubos orgânicos melhoraram a qualidade do solo e
permitiram que o desenvolvimento agrícola usufruísse de uma drástica
melhora.

Outro fator de grande importância para a história da agricultura foi a


documentação e o registro das práticas agrícolas para a posteridade que os
gregos faziam, isso fez com o que o conhecimento que eles produziram e
criaram fosse passado para a frente. Escritores gregos como Hesíodo,
Teofrastro e Xenofonte fizeram registros a respeito das práticas agrícolas e
dicas de cultivo.

O desenvolvimento dos métodos agrícolas no Império Romano

O Império Romano desde muito tempo foi demasiado importante


para diversas áreas, seja no quesito cultural, militar, econômico ou até
mesmo na agropecuária. Levando em consideração o entendimento que os
historiadores atuais têm em seu poder, podemos dizer que o Império
Romano não era uma sociedade completamente agraria, ao contrário das

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sociedades que foram desenvolvidas aqui, entretanto a agricultura e a
pecuária ocupavam grande destaque na sociedade romana. Pelo fato de a
sociedade romano ter sua economia voltada ao comercio e aos bens de
consumo, as máquinas agrícolas da época era um tanto quanto rústica em
relação a de algumas outras culturas, porém precisamos entender que a
produção de tecnologia agrícola da época buscava apenas atender a
necessidade de trabalho dos romanos, e não fazer avanços estravagantes.
Porém tiveram alguns avanços significativos que surtiram efeito para
combater um dos maiores problemas do império: alimentar as milhões de
pessoas que lá viviam.

Assim como na Grécia boa parte das terras cultiváveis estava na


mão dos nobres, que compunham o alto escalão do Império, nesse caso o
nome dado a esse seleto grupo foi de patrícios. Á partir disso foi instalado
um método de trabalho parecido com o praticado na Grécia, onde era
contratado um feitor que exercia a função de controlar o trabalho dos
funcionários e escravos que faziam os trabalhos braçais. Nessa época, os
romanos utilizaram e aprimoraram a tecnologia do arado, usando ferro como
material para proporcionar uma maior resistência, esse tipo de arado poderia
ser puxado através da tração animal ou até mesmo por uma pessoa.

Como o Império era extenso e densamente povoado era necessária


uma demanda em grande escala para atender a necessidade do povo
romano, para isso contavam com o apoio das províncias africanas, na atual
Tunísia e Egito (que era uma região tão importante que estava ligada
diretamente ao controle de Roma) que continham solos férteis e boas
condições para o plantio. A produção de trigo e outros cereais era tão
massiva que se tornou possível criar grandes estoques para tempos difíceis,
em que ocorriam guerras, pragas e problemas climáticos.

Em relação aos avanços podemos dizer que as práticas agrícolas


empreendidas pelos romanos foram uma herança dos gregos, utilizando
dessas práticas foi possível criar com êxito uma produção em escala muito
maior do que as vistas anteriormente (talvez com a exceção da China). Uma
prova disso foi a implementação de complexas redes de irrigação para
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melhorar as plantações, esse sistema era feito por Aquedutos bastante
mecanizados. Outro aporte mecânico foi a utilização do moinho, que poderia
ser tanto a tração animal quanto humana no meio de produção agrícola,
havia moinhos de trigo e de azeite de oliva, esses fatores contribuíram
diretamente para o crescimento de produção. Outro grande avanço na área
da agricultura foi relacionado aos vinheiros, os romanos herdaram dos
gregos um grande gosto por vinho, então para atender a demanda foi
necessário efetivar um avanço nesta área da produção agrícola.

Então podemos dizer que o período da agricultura romana não foi


extremamente revolucionário, mas contém importância na historiografia da
agropecuária. A pecuária era também importante naquela época,
especialmente a criação de ovelhas, pois o fabrico de lã era demasiado
importante para a sociedade romana, eram também criadas cabras, galinhas
etc.

A Revolução agrícola na Idade Média

Durante centenas de anos a Europa esteve sob o julgo de aço do


Império Romano. Como mencionado anteriormente, o sistema de produção
agrícola romano apesar da pouca inovação conseguia produzir em larga
escala a ponto de conseguir alimentar sua população e ainda estocar para
períodos de dificuldade. Entretanto o império entrou em declínio e com isso
vieram as guerras e incursões dos povos germânicos. Os anglo-saxões, os
visicodos, os godos, os francos fincaram o último prego no caixão romano,
assim sendo o mundo romano foi aberto e completamente arruinado pelas
guerras e imigrações que os povos anteriormente chamados de bárbaros
afligiram.

Os anos após a queda do Império romano do ocidente (o império


oriental continuou existindo se tornando mais tarde o famigerado Império
Bizantino) foram de completo caos, as cidades romanas foram passadas na
tocha e a população se dividiu e se isolou sob o domínio de senhores da
guerra germânicos. A Europa sofreu um período de ruralização, com uma
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explosão demográfica da população rural que praticava a agricultura para
sua sobrevivência. A principal diferença que podemos observar neste
contexto era o desaparecimento do trabalho compulsório escravocrata, que
seria erradicado gradualmente na Europa, somente no século XII que essa
questão seria considerada errática, problemática e desnecessária.

A crise se afundava no processo de produção agrícola na Idade


média, a falta de mão de obra (anteriormente escrava), a crise nas relações
de trabalho, a disputa constante pelas terras férteis fizera a produção
agrícola minguar e a fome se propagar em uma velocidade assustadora.

Os medievos da época tiveram que lidar com o inimigo que não


poderia ser vencido facilmente, este inimigo era o declínio das temperaturas
que fez até mesmo segundo cronistas da idade média alegarem que o sol
emitia uma luz pálida, este período compreendeu de 536 até 660 d.C, neste
meio tempo obter uma colheita era uma tarefa sôfrega, as técnicas agrícolas
que tanto ajudaram os gregos e romanos, perderam a eficácia do dia para a
noite. Outro problema era o solo, enquanto seus vizinhos bizantinos
possuíam um solo adequado para o emprego de técnicas agrícolas dos
antigos romanos, os europeus não partilhavam deste privilégio, o solo muitas
vezes precisa de um arado maior por conta das partes rochosas e
montanhas que muitas vezes eram parte do solo comum da continente
europeu. Até mesmo seu sistema de produção era um problema a ser
combatido, ao contrário dos bizantinos que baseavam sua economia no
comercio e tinham uma estrutura adequada para dar suporte a sua produção
agrícola, assim garantindo um fluxo constante de lucros para sua população
agrícola, entretanto isso não era possível por conta do caos recorrente das
guerras e epidemias de doenças que cercavam a paisagem da Europa
medieval como ervas-daninhas.

Outro fator prejudicial para se ter uma produção agrícola continua


era as guerras e conflitos, muitas vezes as aldeias e castros onde a
população trabalhava com vigor para praticar atividades agrícolas era alvo
de algum saque brutal que teria feito até mesmo o imperador Nero torcer o
nariz. Essa brutalidade continuaria afetando vários setores da vida, mas a
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agricultura e a pecuária seriam grandes prejudicadas nisso. Para entender
essas práticas de corso e saque basta olhar para um evento infortúnio do
continente europeu chamado de Guerras dos Cem Anos (1337 – 1422),
onde o Rei Eduardo III e seu filho o condecorado cavaleiro Eduardo de
Woodstock afligiram uma técnica de guerra chamada terra arrasada para
impor um flagelo a produção agrícola das vilas e castros para prejudicar seu
inimigo direto, o Reino da França.

O declínio que os atos de violência impuseram na produção agrícola


tiveram uma leve pause recorrente ao Movimento da Paz e Trégua de Deus
que teve seu início por volta de 989, como uma resposta da igreja católica
para a violência que os nobres feudais faziam constantemente. O
renascimento da agrícola medieval veio súbito igual ao nascer do sol, com o
chamado Período Quente medieval (950 – 1250) que foi ótimo para as
colheitas e como dito anteriormente foi um dos fatores para que a produção
surgisse de novo com grande impacto naquele período. Porém outro fator de
grande importância para a produção agrícola da época, foi a redescoberta
de conhecimento agrícola antigo que foi aprimorado para atender os
problemas daquela época, a troca cultural também foi importante, pois
significou o aprimoramento das práticas da agropecuária, isso somado ao
esforço e diligência dos bravos indivíduos que caminhavam de maneira
sôfrega naquele continente possibilitaram o renascimento da produção
agrícola europeia.

O processo de plantio era realizado dentro do sistema de produção


feudal, onde as famílias adotaram um processo de alternação de plantio,
onde parte da terra era reservada para as plantações, enquanto outra ficava
responsável de ser pasto para os animais, a terra descansava por 1 ano e
era fertilizada ao longo desse período, mantendo um ciclo constante que
mais tarde evoluiria para o conhecido sistema de Rotação trienal de culturas,
onde apenas duas partes da terra eram cultivadas, enquanto outra ficava
sob repouso, assim sendo o processo agrícola estavam passando por um
processo de modernização constante naquele contexto.

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Com a modernização dos processos agrícolas, se tornou possível
transformar a produção em algo mais duradouro e aumentar a quantidade de
alimentos para as pessoas. O trigo e a cevada ainda eram campeões
isolados no quesito de serem os mais cultivados, porém aveia e outros
vegetais se tornaram muito importantes. A criação de animais também tinha
sua importância, onde galinhas e vacas eram vistas por toda a parte, cabras
e ovelhas também tinha seu espaço. Aos bois era reservado a tarefa de
puxar o arado, por um certo momento, até serem substituídos por cavalos
que possuíam um físico melhor para essa tarefa. A criação de cavalos neste
período era deveras importante, com vários senhores feudais tendo
rebanhos equinos em seus territórios, seja para as tarefas agrícolas, para
transporte ou até mesmo para as artes da guerra, pois naqueles tempos a
cavalaria era a espinha dorsal da maior parte dos exércitos medievos.

Um aliado improvável do sistema agrícola nessa história toda foi o


ferro e mais tarde o aço. A razão disso se dá através do aprimoramento das
ferramentas agrícolas daquela época vigente ao aprimoramento das artes de
manuseio de ferro, que contou com o aprimoramento de seus meios de
produção, por conta da substituição do antigo martelo por martelos
hidráulicos e eólicos. Outra invenção que contribuiu para o aprimoramento
das ferramentas foi a criação do alto-forno, no século XIII que permitiu inserir
ar de pressão nas câmaras de fundição interna. Dessa forma houve um
avanço tremendo nas múltiplas áreas da produção agrícola, surgindo assim
arados, foices, enxadas e machados de aço com qualidade muito
aprimorada, sendo possível cultivar os solos pedregosos, os planaltos e os
terrenos montanhosos que desenhavam a paisagem característica da
Europa da Idade média. Esse desenvolvimento tecnológico somado a
explosão demográfica rural da época permitiu ser criado uma produção
agrícola em larga escala, pois o aço das novas ferramentas praticamente
obliterava todos os obstáculos em seu caminho, infelizmente aumentando o
desflorestamento.

Foi nesse período que a terra se tornou sinônimo de riqueza, tanto


para as nobrezas locais quanto para a igreja, que segundo historiadores a

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Igreja Apostólica Romana chegou a controlar 1/3 das terras cultiváveis da
Europa. Todo o sistema agrícola estava envolto do sistema feudal, um
sistema de produção característico da época. Porém as relações entre os
senhores feudais e os camponeses responsáveis pela produção agrícola
eram notavelmente tempestuosas, isso não era tão perceptível no período
da Alta idade média quando o sistema feudal estava firme e forte,
praticamente enraizado na cultura europeia. Entretanto as relações entre
senhor e camponeses se tornaria menos amenas, já no período da Baixa
Idade média, os camponeses buscavam romper relações com seus
senhores vigente os impostos abusivos na produção agrícola, se rebelando
e causando problemas dentro do feudo. Os camponeses buscavam obter
liberdade para sua produção agrícola, gerando rebeliões e conflitos muitas
vezes descritos como prejudiciais a agropecuária por conta da tendencia
violenta que infelizmente os europeus compartilham em demasiada
intensidade. Para entender esse declínio nas relações dentro do feudo basta
olhar para a Revolução Camponesa de 1381, durante o reinado do jovem
Ricardo II da Inglaterra, que em um resumo básico foi ocasionada por
problemas entre os camponeses e os senhores de terra, mostrando assim
com as relações já naquele período se encontrava lentamente entrando em
um abismo que demarcaria o fim deste sistema de produção ligado a
agropecuária.

Mais tarde, próximo ao fim da Baixa Idade Média e o declínio do


feudalismo, a produção agrícola havia se consolidado de maneira que seu
maior problema agora era os martírios impostos pelas epidemias de Peste
Negra e pelas guerras que vez ou outra surgiam para perturbar a paz nada
duradoura que os europeus tanto se habituaram.

Por fim, a revolução agrícola na Idade média contribuiu bastante


para o avanço da agropecuária, tendo ocasionado um avanço na produção
agrícola que possibilitou uma explosão demográfica no continente que havia
sofrido por fome, guerra e doenças. A revolução agrícola teve efeito nos
costumes sociais da época e na ascensão de uma importante classe social
que ganharia relevância muito tempo mais tarde, a burguesia que surgiu de

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comerciante que vendiam produtos agrícolas. Entretanto nem tudo são
flores, a revolução agrícola que mudou e revolucionou o sistema agrícola da
época abriu brecha para a disputa das terras férteis e pelo controle de
produção dos campos entre os agora estados europeus, isso mais tarde
teria consequência na expansão mercantilista. Mas deixando isso de lado, a
mudança dos métodos agrícolas foi de demasiada importância para a
humanidade que com diligencia e esperteza revolucionou o sistema agrícola
e conseguiu superar as crises, claro que havia fome me diversos locais,
principalmente no norte da Europa, onde os russos se ativaram aos
pescoços uns dos outros em busca de poder, entretanto esse
desenvolvimento agrícola abriria brecha para o avanço continuo da produção
agrícola na Idade moderna.

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A revolução cientifica e suas ligações com as revoluções agrícolas

Durante o século XVI se iniciou um fato histórico que seria de


tremenda importância para a história da agropecuária, a Revolução
cientifica, que se prolongaria até meados dos séculos XVIII.

Com esse fenômeno a história teria uma grande evolução em


diversas áreas do conhecimento, como astronomia, física, matemática,
biologia e química. Nomes como Nicolau Copérnica, Galilei Galileu, Isaac
Newton, Renê Descartes e Louis Pasteur ganharam destaque e marcaram
seu nome na história.

A Revolução Cientifica se liga a agropecuária através dos grandes


empreendimentos e avanços feitos em tecnologia, por exemplo, que mais
tarde influenciaria no conhecimento agrícola, gerando descobertas que mais
tarde ajudaria a desenvolver uma agricultura melhor e mais produtiva.
Levando em consideração que naquela época o mercantilismo reinava solto
e afobado, os produtores precisavam manter uma produção constante para
conseguir lucros, então as descobertas realizadas eram um prato cheio para
atingir tal objetivo. Podemos usar como exemplo a compreensão dos
nutrientes do solo e a criação de fertilizantes mais adequadas que foi feita
nessa época.

Na pecuária podemos citar o avanço da medicina veterinária, que foi


possível graças a uma maior compreensão da anatomia e fisiologia dos
animais. Isso impactou na melhoria das ações veterinárias do cuidado do
gado, por exemplo, consequentemente aumentando sua produtividade.

É preciso levar em conta outro fator histórico relacionado a esse


contexto, nessa época estava acontecendo um crescimento demográfico
grande em diversas partes do mundo, sendo assim era necessária uma
produção alimentícia maior para atender a fome de todas aquelas pessoas.
A produção agrícola tinha conseguido importantes aliados para atender
tamanha tarefa, o conhecimento científico somado as inovações
tecnológicas fizeram isso se tornar possível.
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Em termos gerais, a Revolução cientifica ajudou a criar uma série de
inovações que foram importantes para o avanço gradual da agropecuária,
preparando o terreno como um bom arado para o evento que mudaria a
história da agricultura no século seguinte, a Revolução Industrial viria anos
mais tarde para mudar a história do mundo, e criar uma Revolução agrícola
para aprimorar todo o conhecimento que era empregado até então. De fato,
a historiografia desse período sugere que a revolução cientifica surtiu efeito
gradual em diversas áreas do conhecimento, na agricultura e na pecuária
não foi diferente ajudando a criar uma produção em escala cada vez maior.

As inovações no contexto da Grã-Bretanha

Desde o declínio dos portugueses e dos espanhóis após suas


respectivas eras de domínio nas Grandes Navegações, entretanto o domínio
inglês emergiu e governou solitário, com alguns poucos tolos que tentaram
se opor a sua poderosa frota real.

Para entender os efeitos das inovações e dos avanços que a


Revolução Cientifica teve na agricultura vamos observar o contexto de
desenvolvimento agrícola que estava surgindo na Inglaterra naquele fatídico
século XVII. As transformações na Inglaterra começaram a surgir com o fim
da Guerra das Rosas (evento que marcou o fim da Idade média na
Inglaterra), desde então os avanços foram surgindo aos poucos naquele
contexto, passando por momentos de conturbações, como nos eventos
tristes durante a Dinastia Tudor, entretanto o êxito veio e com ele longos
séculos de transformações e controle de diversas partes do mundo.

Os avanços foram surgindo assim criando um precedente para o


aprimoramento da agricultura, surgindo assim grandes avanços na indústria
da agropecuária. Um exemplo disso foi o aperfeiçoamento técnico das
ferramentas, para melhorar a qualidade das colheitas. Com o estudo
aprimorado da qualidade do solo foram surgindo diversas maneiras de

22
cultivar o solo de maneira adequada, chegando ao consenso da utilização
da Rotação de Culturas com 4 campos, uma técnica utilizada para criar uma
alternância preventiva e coordenada do cultivo de vegetais e outros produtos
em determinadas épocas do ano, com base no conhecimento local, a prática
tem o intuito de amenizar o desgaste do solo ao longo do ano. Para surtir
efeito na produção agrícola local foi criada uma série de leis para criar
cercamentos com o fim dos direitos comunais dos camponeses, uma medida
um tanto drástica, mas que alcançou seu objetivo, com um desgaste em
relação a alguns grupos agrícolas.

Para melhorar seu mercado agrícola interno o governo adotou uma


série de medidas para desenvolver melhor sua produção interna. Criando
um mercado nacional sem tarifas ou outros impostos, algo que animou os
produtores agrícolas que agora teriam mais lucro em âmbito nacional,
aumentando a demanda por produtos como batata e outros produtos
alimentícios produzidos por grandes e pequenos produtores agrícola.

As melhoras do sistema agrícola foram patrocinadas e


impulsionadas pelo sistema capitalista, que no período estava se
fortalecendo e se tornando cada vez mais proeminente, buscando lucros e
aportes financeiros não só na indústria, mas também nas atividades da
agropecuária, é importante lembrar que estamos no contexto da primeira
revolução industrial, no qual era necessária buscar matérias-primas para a
industrial têxtil que rendia bons lucros ao Império Britânico. Vale lembrar que
esses efeitos também surtiram efeito nas colônias inglesas na Ásia e África.

Contudo, um fator de grande importância para a necessidade de


produção agrícola foi a grande explosão demográfica que a Inglaterra estava
passando, aumentando a necessidade de transformar a produção em algo
maior, algo em larga escala para atender as necessidades do povo inglês
que crescia cada vez mais, em virtude disso o Estado criou medidas, como
vimos anteriormente para resolver tais problemas, aumenta a produção da
agropecuária nacional. Todavia, para se chegar a esse aumento foi
necessário fazer uma mudança drásticas no método de produção agrícola
local. O sistema de produção agrícola adotado pelos ingleses naquele
23
período era extensivo, isso estava longe de atender os objetivos dos
aristocratas e burgueses que buscavam aumentar seus lucros cada vez
mais, a própria lei do cercamento de terras foi um exemplo disso, pois várias
terras acabaram no controle dos ricos aristocratas que atuavam na produção
local, como dito anteriormente. Para se aumentar a produção foi necessário
mudar aquele sistema de extensivo para intensivo, assim aumentando a
produção que atendia a demanda do país.

Para prosseguir com a evolução foi necessário acima como no caso


da Idade Média o maquinário adequado, por conta disso a situação da
produção agrícola foi beneficiada pelo período de evoluções tecnológicas da
época. Um dos grandes nomes desse desenvolvimento foi Jethro Tull (1674
– 1741, considerado um dos pioneiros da agricultura cientifica, foi um
importante agricultor que foi o responsável por inventar a semeadeira
mecânica, uma máquina que possibilitava espalhar a semente em filas bem
espaçadas em uma profundidade determinada pelo fazendeiro.

Toda essa evolução trouxe diversos avanços significativos para a


agricultura e a pecuária, gerando uma série de desenvolvimentos que mais
tarde trariam a luz uma segunda Revolução agrícola, além de ser um grande
catalisador para o avanço do capitalismo que moveria a era do Imperialismo
e geraria uma disputa intensa entre as nações que apesar de seus
malefícios que trouxe para o mundo, acabou por trazer avanços
significativos para a indústria da agropecuária. As mudanças na produção
agrícola trouxeram ao fim da mentalidade retrasada dos agricultores, que
agora vinham a agricultura como um negócio que poderia entregar lucros.

A expansão demográfica foi também impulsionada em grande parte


pelo desenvolvimento agrícola da época na Inglaterra, trazendo uma
exigência maior para a produção e ajudando a gerar mais mão de obra, que
seria o excedente perfeito para os burgueses e aristocratas ricos buscarem
mão de obra para suas indústrias, gerando uma nova fase da opulenta
Revolução Industrial.

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Uma nova Revolução agrícola dentro do contexto de mudanças da
Revolução Industrial

O século XIX foi de transformações não só das atividades agrícolas,


mas de vários segmentos da sociedade. Foi um período de mudanças no
contexto global, com o imperialismo e a ascensão do capitalismo. A
população também cresceu, se tornando inviável não aumentar a produção
da agropecuária, nesse novo mundo os produtores buscavam o lucro. As
consequências dessa segunda revolução industrial foram sentidas em
demasia na agricultura que precisou se adaptar ao crescente avanço
tecnológico.

Um aspecto que devemos ressaltar naquele período foi a


implementação de maquinário no contexto de produção agrícola, como
citado anteriormente a semeadeira mecânica foi um importante aliado nos
processos agrícolas. Outros avanços foram importantes para o avanço da
agropecuária, como a cientificação dos conhecimentos relacionados a
agricultura, com a criação de fertilizantes químicos usados no solo e a
produção de maquinário para tornar atividades árduas mais fáceis no
trabalho, e consequentemente fazer a produção se tornar mais rápida e
eficiente.

Naquela altura, a paisagem tinha se modificado grandemente, com


ferrovias e estradas por todos os lados, isso também surtiu efeito na
produção agrícola, pois com os meios de transporte e infraestrutura se
tornou possível se obter mais lucro nos empreendimentos dos produtores
agrícolas.

Os efeitos na agropecuária foram também importantes, o meio de


reprodução por escolha, no qual era possível aumentar os rebanhos com
muito mais eficácia e o estudo para o avanço da medicina veterinária não
pode ser desconsiderados. A indústria têxtil se aprimorou também no século,
assim a pecuária que produzia a lã também foi forçada a seguir esse ritmo.

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Por fim, podemos concluir que as Revoluções agrícolas foram um
dos principais responsáveis para o surgimento da Revolução Industrial e a
urbanização de alguns locais, tendo efeito direto nos meios de produção da
época, além de ter contribuído bastante para o aumento populacional da
época. No século XIX a agricultura sofreu diversas mudanças e foi de
extrema importância para o contexto do período, não só para a Inglaterra,
mas para boa parte do mundo, isso também inclui o Brasil, que infelizmente
sofreu tardiamente esses processos de evolução agrícola por conta do
estado de colônia de Portugal e mais tarde pela conturbação do Primeiro
Reinado. Entretanto o desenvolvimento agrícola acabou sendo conhecido
em terras brasileiras, principalmente na indústria do café, que durante todo o
Segundo Reinado e por boa parte do período conhecido como República
Velha.

A questão ambiental durante a evolução histórica da agricultura

Durante todo esse processo de evolução da agricultura e da


pecuária podemos observar que a questão ambiental sempre esteve de fora
do centro das atenções dos produtores agrícolas, entendível por conta do
contexto que estamos analisando, até porque um camponês medieval não
teria tempo nem o conhecimento adequado para se importar com tais
problemas, que mal tinham questionamentos naqueles períodos.

Entretanto podemos ressaltar o grande efeito que a exploração


agrícola teve na natureza desde tempos antigos até o século XIX, período no
qual estamos analisando neste trabalho. O desmatamento e o uso
exagerado foram práticas comuns, que mais tarde teriam efeitos no contexto
histórico. As pessoas da época utilizavam essas práticas em virtude de
práticas agrícolas e da pecuária algo que mais tarde cobraria seu preço,
muito mais tarde.

Na Revolução Industrial os efeitos no meio-ambiente também foram


grandes, boa parte por conta das indústrias em si, todavia a agricultura
também teve papel nisso, pois para atender a demanda de produção global
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foi necessário o aumento do controle sob as áreas cultiváveis, assim
gerando desmatamento em florestas. Esses efeitos seriam sentidos ainda
mais no século XX, onde por incrível que pareça a produção agrícola
cresceu ainda mais e surgiram algumas práticas prejudiciais não só ao meio-
ambiente, mas a saúde do ser humano, todavia não é nosso mérito entrar
nesses assuntos contundentes.

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Conclusão

Por fim, concluímos o trabalho com o entendimento acerca dos


costumes agrícolas desde o Período Neolítico até meados do século XIX,
podendo conhecer a importância do conhecimento agrícola. Tivemos ciência
do complexo processo de evolução da agricultura e como ele é importante
para diversos setores da sociedade, e da história como um todo, um
exemplo disso é a Revolução industrial que foi impulsionada pelos
constantes avanços da agropecuária. A evolução da agricultura também
representou um importante fator para o aumento populacional e alguns
casos foi a luz que guiou a humanidade a sobrevivência, como naqueles
anos de fome e crise na Idade média. A evolução agrícola ainda vai
continuar e sofrer outro processo de evolução tempos mais tarde na
chamada Revolução Verde, mas não é nosso mérito desenvolver a respeito
disso, pois isso só veio a acontecer já no século XX.

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Referências

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