Você está na página 1de 10

REVOLUÇÃO

VERDE
Professora Allana
Capitalismo no campo
Segundo a FAO, desde o final da 2ª Guerra Mundial, até 2005, o incremento
da produção de alimentos do planeta superou o extraordinário aumento da
própria população humana.
A população global cresceu 111%. Enquanto a produção de cereais (grãos) – a
base da alimentação global - subiu 154%, a produção total de carne 280% a de
peixes,crustáceos e moluscos capturados nos mares e criados em cativeiro
227% .
Essa oferta de comida deve-se à Revolução Verde, que teve e tem como
fundamento o uso de sementes de alto rendimento, fertilizantes, pesticidas,
irrigação e mecanização.
Acredita-se que a fome renitente que assola o planeta é função da falta de
recursos para comprar comida, ou seja, da enorme injustiça social vigente,
não da falta de alimentos.
Segundo os pesquisadores o uso intenso da Terra é insustentável pois
provoca:
 Erosão e compactação do solo,
 Poluição do ar e do solo,
 Redução dos recursos hídricos (a agricultura é responsável por 70%
do consumo humano de água),
 Perda de matéria orgânica do solo,
 Inundação e salinização de terras irrigadas,
 Exploração excessiva dos recursos pesqueiros,
 Poluição dos mares etc.
Todos esses problemas têm contribuído para a desaceleração da taxa de
crescimento da produção alimentar. São elas:
É limitada a quantidade de fertilizantes que as atuais variedades agrícolas podem
assimilar.
A disponibilidade de água para irrigação ( a água também é obviamente limitada, a
irrigação está causando, no mundo inteiro, o rebaixamento, ou mesmo a secagem, de
rios e aquíferos). Em diversos lugares, comunidades disputam, crescentemente, a
água com fazendeiros.
As melhores terras do planeta já foram ou estão sendo exploradas.
A ampliação de terras destinadas ao plantio encontra, cada vez
mais,obstáculos, desde cidades, barragens, estradas e unidades de
conservação
Oposição de comunidades que rejeitam os danos decorrentes de grandes
áreas de monocultura.
Custos crescentes das terras.
Aplicação crescente de pesticidas (embora o uso de pesticidas tenha
aumentado, um número crescente de ervas daninhas, insetos e doenças
desenvolveram resistência a esses produtos.
• Torna-se cada vez mais evidente que a Revolução Verde é
insustentável. Ela polui o ambiente natural, com consequências
graves à saúde humana e ambiental, degrada ecossistemas nativos,
tende a esgotar os recursos hídricos e, do ponto de vista energético,
apresenta um saldo negativo.
• Mundialmente, cerca de 40% dos grãos colhidos alimentam
diretamente a pecuária (quase 80% da soja), o que significa uma
grande perda de energia alimentícia.
REVOLUÇÃO VERDE DENTRO DO
CONTEXTO CAPITALISTA

CONTEXTO HISTÓRICO
Ainda antes de terminar a Segunda Grande Guerra, instituições privadas, como a
Rockfeller e a Ford , vendo na agricultura uma boa chance para reprodução do
capital, começaram a investir em técnicas para o melhoramento de sementes,
denominadas Variedade de Alta Produtividade (VAP), no México e nas Filipinas.
Dentre as sementes, destacam-se o trigo, o milho e o arroz, sementes que são a
base da alimentação da população mundial.
Além disso, muitas indústrias químicas que abasteciam a indústria bélica norte-
americana começaram a produzir e a incentivar o uso de agrotóxico:
herbicida, fungicida, inseticida e fertilizantes químicos na produção agrícola para
eliminar fungos, insetos, ervas daninha.
Também a construção e adoção de um maquinário pesado, como: tratores,
colheitadeiras, utilizados nas diversas etapas da produção agrícola, marcou esse
período.
As inovações

Surgiram do grande capital imperialista monopolista do pós-guerra


mundial. Grandes empresários perceberam que um dos caminhos
do lucro permanente eram os alimentos. Possuindo grandes sobras
de material de guerra (indústria química e mecânica), direcionaram
tais sobras para a agricultura. Encarregaram as fundações Ford e
Rockfeller, o Banco Mundial, entre outros, para sistematizarem o
processo. Estes montaram a rede mundial GCPAI – Grupo
Consultivo de Pesquisa Internacional – que é, na realidade, o
somatório de centros de pesquisa e treinamento localizados em todo
o mundo (ZAMBERLAM; FRONCHET, 2001, p. 17).
Com base nessas informações percebemos que : Há um aumento da
produtividade, todavia a agricultura foi concebida como um meio
para reproduzir o capital, ao invés de colaborar para solucionar o
problema da fome.
• “Revolução verde – um jeito capitalista de dominar a
agricultura.” (ZAMBERLAM; FRONCHET, 2001, p. 13).
Segundo eles ficam claras as reais intenções da grande empresa na
modernização da agricultura, que são:
 a maximização do lucro através da monopolização de fatias cada
vez maiores do mercado.
 a aquisição de royalty por intermédio dos pacotes tecnológicos,
criando um círculo de dependência para o agricultor que só
adquiria os pacotes tecnológicos produzidos pelas transnacionais.
 ampliação do crédito por meio de convênios
intergovernamentais com o objetivo de financiar a importação de
insumos e de maquinário agrícola.
Dessa forma, com a nova fase do capital monopolista, ampliava-se e
redefinia-se o processo de sujeição da renda da terra camponesa ao
capital, em que o capital transforma a renda da terra em renda
capitalizada, sem, contudo expropriar o camponês da terra.
A produção de subsistência vai sendo substituída pela produção
mercantil visando atender as demandas urbanas cada vez mais intensas
e exigentes.
No modo de produção capitalista a terra do camponês já não é mais
suficiente.
Esse pequeno estabelecimento dará lugar ao grande estabelecimento
agrícola no qual serão produzidas as matérias-primas para abastecer a
indústria, bem como, os alimentos - carne e grãos - para a população
trabalhadora urbana.
O processo de substituição da produção de subsistência para a produção
mercantil, apesar de ter seu início na Idade Média, fora impulsionado
pelo modo de produção capitalista.
Com o avanço do capitalismo na agricultura os camponeses perderam o domínio do
seu principal meio de produção, a terra, seja pela guerra contra as estruturas feudais
como também pelos cercamentos(arrendamentos).
Os arrendatários capitalistas almejavam não a produção de subsistência, mas o
desenvolvimento da produção mercantil, oferecendo principalmente, às cidades os
alimentos que ela não conseguia produzir, como também a necessária produção de
matéria-prima em larga escala para abastecer a indústria, como a lã.
■ O desenvolvimento da forma capitalista de produção rompeu o nervo vital da
pequena exploração na agricultura; a pequena exploração agrícola está
decaindo e marcha irremediavelmente para a ruína”.
O campesinato que é uma forma não-capitalista de produção, baseado em outra
lógica na qual se trabalha não para acumular riquezas, mas sim para atender às
necessidades básicas da família” tende a desaparecer.

Você também pode gostar