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As condições históricas, naturais e económicas da agricultura

A agriculttura acompanhou o crescimento demográfico

Foi no Neolítico que as sociedades passaram gradualmente da colheita (simples apanha,


recolha dos produtos alimentares) e da caça à agricultura e à criação de gado. Esta mundança
de forma de vida ( a neolitização). Que resulta provavelmente de uma pressão demográfica,
não foi forçosamente geral. As economias recolectoras persistiram até à actualidade em
regiões como a Amazónia, onde o meio podia prover sem dificuldade às necessidade de uma
população restrita. A neolitização traduziu-se num domínio da natureza pelo homem, no
aparecimento de preocupações de ordem económica e provavelmente na guerra.

Toda a história da agricultura evidencia uma procura de diversificação da produção e de


aumento dos rendimentos (produção por hectare): passagem progressiva de uma agricultura
temporária e itinerante, para uma agricultura sedentária, a supressão progressiva do pousio
e a selecção das espécies animais e vegetais. Estes fenómenos ocorreram em épocas
diferentes, nos vários continentes.

A modernização da agricultura pode igualmente realizar-se pela força. Por exemplo, o


desaparecimento do nomadismo é, muitas vezes, «encorajado» pelos governo dos países em
desenvolvimento (sedentarização forçada), pouco interessados em ver a população atravessar
as suas fronteiras de acordo com as estações do ano.

O aumento das produções era acompanhado por um crescimento demográfico, sendo a


agricultura capaz de alimentar populações cada vez mais numerosas. Apesar disso, as crise de
subsistência manter-se-ão na Europa até ao século XIX. Estas violentas quedas da produção,
associadas a diferentes causas (intempéries, guerras…), irão desaparecendo progressivamente
com a revolução agrícola. No entanto, continuam a existir nos países em desenvolvimento.

Os progressos agrícola são indissociáveis dos progressos técnicos

Aagricultura e a criação de gado estão directamento associadas ao meios e principalmento ao


clima que determinou as grandes zonas agrícola. O factor mais importante é a existência de
água, mas as baixas temperaturas podem também ser um factor condicionante. O relevo é
igualmente importante: a agricultura nas resgiões montanhosas é, muitas vezes, uma agricultura
pobre. Mas o determinismo geográfico não é absoluto, já que é possível pratica a agricultura

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em regiões secas, através da irragação. As condições técnicas e socioeconómicas são
igualmente importantes. São elas que condicionam em grande parte os sistemas agrícola.

Os sistemas de cultura ou sistemas agrários (conjunto das prática de cultivo ou de criação


de gado) designam, em sentido restrito, a associação de produtos cultivados, a sua eventual
rotação no quadro do afolhamento e os calendários agrícolas. Num sentido mais lato, têm
também em consideração as técnicas utilizadas. Portanto, estes sistemas variam
consideravelmente em função de diversos factores, em particular de factores naturais e
económicos. Em sentido mais geral, a agricultura depende também das estruturas agrárias,
isto é, das condições sociais e naturais e do mercado.

A agricultura desenvolve-se, porntanto, num quadro técnico em plena evolução, embora nem
todas as regiões do mundo estejam da mesma forma, envolvidas. A revolução agrícola, que
acompanha a resolução industrial, iniciou-se em Inglaterra há mais de 200 anos. Ela conduziu
à supressão do pousio, criando-se prado artificiais, semeando, por exemplo,trevo, o que
permitia restituiro azoto à terra, levando à intensificação da produção e à mecanização.

A revolução verde, segunda revolução agrícola, caracterizou-se pelo aparecimento, nos anos
60, de plantas híbridas, como o «arroz híbrido», que permite um rendimento extraordinário.
Introduzidos nos países em desenvolvimento, estes híbridos deviam atenuar o problema de
fome no mundo. O agrónomo Norman Borlaug, inventor dos «trigos híbridos», recebeu em
1970 o prémio Nobel da paz. O sucesso desta revolução vende foi, no entanto, muitos
relativos, devido às condições socioeconómicas da agricultra dos países em desevolvimento.

Inciada em 1994, a «revolução duplamente verde» tende a conciliar o aumento dos


rendimento com a protecção do ambiente, tentando a adaptação às condições locais e
promovendo o desenvolvimento das áreas de fracas potencialidades agrícola.

O problema da propriedade da terra

As condições socioeconómicas da agricultura dependem de muitos factores. A herança


colonial, o poder das multinacionais agro-alimentares e a evolução dos preços nos mercados
mundiais são alguns dos factores externo. Em relação aos factores de ordem interna, o
principal problema é a da propriedade da terra, que condiciona, em larga medida, as paisagens
agrárias, mas também as produções e os rendimentos.

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Os grandes tipos de agricultura do mundo

Agricultura de sequeiro e agricultura irrigado

A distribuição da água é um factor fudamental para a agricultura e criação de gado. Uma


quantidade excessiva de água no solo obriga à sua extracção, quer dizer, á drenagem, que
pode fazer-se através de drenos ou por meio de trabalhos especiais, denominados camalhões,
que formam cavidades, servindo de sulcos. Um caso muito especial é o dos pólderes. São
terrenos conquistados ao mar através da construção de diques. A drenagem das terras, que se
segue à contrução dos diques, é acampanhada por uma dessalinização progressiva da água.

A irrigação é o conjunto das técnicas que permitem fornecer água , no momento desejado, a
várias culturas. Nalgumas regiões secas é indispensável: é a rega de carência. Noutras
zonas, ela fornece um acréscimo de água, principalmente na estação seca: é a irrigação de
complemento. Convém distinguir, antes de mais, as técnicas de inundação das técnicas de
irrigação propriamente dita. A irrigação pressupõe poder conduzir a água no momento que se
deseja. A inundação é a simples utilização, para fins agrícolas, das águas de uma cheia, que
são, por exemplo, retidas nos tabuleiro, isso é, em campos rodeados por pequeno diques. O
arquétipo da culturas de inundação era a dos camponeses egípcios antes da entrada em
funcionamento da barragem de Assuão. A construção da barragem permitiu a passagem para
uma culturas irrigada.

No que respira às técnicas, a captação da água pode fazer-se a partir de um rio «ao longo da
corrente», de um lençol de água, através da abertura de poços, ou construido uma barragem. O
transporta séra depois feito por meio de canais, aéreos ou subterrâneos fogga-ras no Sara,
qanat no Irão, que conduzem a água. Finalmente, a distribuição da água no campo pode ser
feita por aspersão, em que a água é lançada sob a forma de chuva ou por submersão, em que o
campo é completamente coberto de água, ou, ainda, por gota a gota, quando se rega apenas o
pé das plantas.

Todas estas técnicas foram estudadas pelos geógrafos: arrozais asiáticos, sistemas de irrigação
pré-colombianos dos Andes e canais das margens do sara. De facto todas elas criam não só
uma agricultura e paisagens específicas, mas, também, uma sociedade com características
própria, visto que a distribuição de água impõe o trabalho comunitário.

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Agricultura intensiva e agricultura extensiva

A agricultura intensiva, caracterizada por rendimentos elevados, opõe-se à agricultura


extensiva, pouco produtiva, devido a condições naturais difíceis ou a fracos investimentos.

É frequente contrapor os países ricos de agricultura intensiva aos países pobres de agricultura
extensiva. É verdade que os países pobre sofrem de um atraso técnico e os métodos de
cultivo ou de criação de gado são, por vezes, primitivos.

Deste modo, a agricultura itinerante, em que os agricultores se deslocam de acordo com o


ritmo das estações, continua a existir nas margens dos desertos, assim como a cultura
temporária sobre queimadas (os terrenos baldios são incendiados e, desta forma,
fertilizados cultivados durante vários anos consecutivos até ao esgotamento do solo ). De uma
forma geral, a agricultura seca sedentárias, isto é, não irrigada, tem em África ou nos altos
planaltos dos Andes rendimentos muito baixo. A herença da colonização contribui também
para a agricultura extensiva. Assim, os latifúndios da América do Sul, de muitos milhares de
hectares, são geralmente subaproveitados.

São múltiplos os factores que intervêm numa agricultura intensiva, nomeadamente técnicos,
mas, também, económicos e até políticos. A mecanização, a dimensão das explorações e a
utilização de fertilizante são alguns dos factores fundamentais. A irrigação em zonas ou
período secos, a drenagem em zonas húmidas e a cultura em estufas também têm influência.
Instrumentos de moderação das restrições climáticas podem até permitir alguns paradoxos: a
Islândia produz a 65º de latitude norte bananas e melões de forma intensiva.

A prática de uma agricultura intensiva está frequentemente relacionada com o objectivo da


agricultura. A agricultura extensiva destina-se ao autoconsumo: trata-se de uma agricultura
alimentar ou de subsistência. O armazenamento e a comercialização são raros, excepto, por
exemplo, no caso da criação extensiva de bovinos, no Oeste americano. Pelo contrário, a
agricultura intensiva produz excedentes que são comercializados. É, portanto, uma agricultura
de mercado que se destina a dar lucro. Um exemplo paradigmático deste tipo de agricultura é-
nos dado pelas huertas espanhola, que produzem quantidades consideráveis de frutos e
legumes. A agricultura tem, deste modo, um papel económico local, mas também
internacional. Ela pode ser um instrumento da geopolítica mundial.

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Uma função económica e política importante
 O peso económico da agricultura

O papel da agricultura numa económia local pode ser muito relevante. O exemplo da
viticultura francesa é o símbolo de uma agricultura regional que adquire uma reputação
mundial e um poder económico que ultrapassa a dimensão local. Mas a agricultura tem cada
vez mais um papel económico a nível mundial.

Este desenvolvimento das culturas comerciais está relacionado com a internacionalização da


economicas e o desenvolvimento da cadeia agro-alimentar. Se o terno agrobusiness designa
toda a actividade agrícola fortemente capitalista, as expressões fileira agro-alimentar ou
complexo agro-alimentar englobam os sectores localizados a montante da produção agrícola
(por exemplo, as indústrias químicas para os produtos fitossanitários) e a jusante: a agricultura
e a criação de gado estão cada vez mais ligadas às indústrias agro-alimentares (IAA), que
transformam os produtos vegetais ou animais, assim como asseguram a rede de distribuição.
Estas empresas, realizando contratos com os agricultores, podem ser verdadeiras
multinacionais estabelecidas nos cinco continentes.

Devido às indústrias agro-alimentares, o sector agrícola é economicamente primordial. Além


disso, a agricultura e a pecuária continuam a ser fundamentais para alguns países
desenvolvidos, como acontece com a Austrália ou a Nova Zelândia, que possui quinze vezes
mais carneiros que habitantes, o que é excepcional. Dum modo geral, a agricultura pode
possibilitar a obtenção de maiores lucros se internacionalizar. À escala dos Estados e num
mundo industrial e até pós-industrial, a agricultura propriamente dita ainda ocupa um lugar
importante, embora devido ao aumento da produtividade e da concorrência internacional, o
número de agricultores tenha tendência a diminuir nos países desenvolvidos.

Este facto explica que muitos países ou alguns grupos de países tenham uma política agrícola.
A Política Agrícola Comum (PAC), Criada no contexto da Comunidade Económica
Europeia, virias, após 1962, a fixar os os preços, as ajudas aos agricultores e a contribuir para
a passagem da agricultura de subsistência para uma agricultura comercial especializada de
sucesso. Praticando o princípio da «preferência comunitária», isto é, um proteccionismo de
facto, ela contrario outros organismo internacionais, particularmente o GATT/OMC. Do
mesmo modo, os Estados europeus acompanham estas políticas económicas com medidas
sociais, por exemplo, encorajando os agricultores idosos, supostamente menos produtivos, a

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reformarem-se. É o que em França se chama de IVD (Indemnização Vitalícia de Saída),
prémio substancial de saída, reformulado em 1980 para IAD (Indemnização Anual de Saída).

Estas internacionalização da agricultura está na origem de fluxos e de transacções


importantes. O principal é o do trigo. Envolvendo mais de com milhões de toneladas por ano,
necessita de meio de transporte gigantescos, pratica-se à escala mundial e tem consequências
políticas.

A agricultura tem um papel geopolítico cada vez mais importante

Globalmente, os países desenvolvidos são excedentários. Pelo contrário, muitos países em


desenvolvimento debatem-se com um duplo problema: um crescimento demográfico elevado
e uma agricultura pouco desenvolvidas. Embora a fome, propriamento dita, esteja em
regressão, a subnutrição continua a ser uma das características mais importantes deste países.
Foram posto em prática programas de ajuda (donativos ou venda a baixos preços) em diversas
áreas: cooperação inter-Estados, acordos regionais e , no quadro da ONU, a FAO (food and
Agriculture Organization ou Organização para a Alimentação e Agricultura).

Mas esta ajuda é considerada uma arma, a arma alimentar (denominada food power nos
Estados Unidos). Há dois motivos para isso: pode ser um meio para escoar uma
superprodução e pode constituir uma dependência.

Dependência cultural, pelas mudanças de hábitos alimentares que provoca: os cereais da


região, por exemplo, o milho, são, a pouco e pouco, substituídos pelo cereal dos países
desenvolvido – o trigo. Dependência económica, porque os países envolvidos são obrigados a
mudar para uma agricultura comercial, para obter as divisas necessárias a esta transformação.
A outro nível, verificamos, por exemplo, que o embargo económico decretado pela ONU, em
1990, ao Iraque constitui uma perigosa arma alimentar para as populações deste país, que
ainda não terminou passados nove anos…

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Nome do ficheiro: As condições históricas G.E.S 003
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Autor: encantobrando
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Data de criação: 26/11/2023 21:12:00
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Guardado pela última vez em: 26/11/2023 21:41:00
Guardado pela última vez por: encantobrando
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