Você está na página 1de 38

Agricultura em Portugal

A agricultura tem vindo a perder importância na população ativa e na economia portuguesa, Apesar da
modernização de alguns sistemas de produção, sobretudo após a integração da UE, a agricultura continua
a enfrentar problemas relacionados com as estruturas fundiárias, os níveis de rendimento e produtividade,
a qualificação profissional dos agricultores e a adequação do uso do solo às suas aptidões naturais.

A agricultura e a floresta ocupam uma importante área do território nacional e têm tido alguns
ajustamentos, nomeadamente o aumento da área das explorações e o aumento da mecanização, que
contribuíram para o aumento da produtividade, apesar de continuarem a disparidades ao nível regional.

Importância da agricultura
Nível nacional
Em Portugal, a atividade agrícola tem vindo a perder importância no emprego e na criação de riqueza, tal
como acontece noutros países da UE. Em 2012 a agricultura e a floresta detinham apenas 5,8% do PIB.
Embora o saldo comercial da balança agroalimentar seja negativo, o saldo do setor florestal é positivo.
O setor florestal integra atividade muito vocacionadas para a exportação, destacando-se a indústria do
papel e cartão e a indústria da cortiça que representam, em 2011, 59% do valor das exportações de base
florestal.

Nível regional
Em algumas regiões, a agricultura tem algum peso na criação de emprego e detém grande importância na
ocupação do espaço e na conservação da paisagem, constituindo a base económica de algumas áreas
predominantemente rurais.

Representatividade das explorações agrícolas na superfície dos concelhos


- mais elevada no Alentejo e áreas do Interior Norte e Centro.
- mais baixa nos concelhos do Litoral Ocidental (expecto Alentejo), Algarve e Madeira.

Peso do emprego agrícola no emprego total


- maior nas regiões do interior
- menor nas regiões do litoral

Fatores condicionantes da agricultura


1. Fatores naturais
O clima e os recursos hídricos
A irregularidade na distribuição da precipitação, que carateriza o clima português (Clima mediterrâneo),
condiciona fortemente a agricultura.
 Irregularidade anual - A coincidência da estação seca com a estação quente significa a falta de
água quando as temperaturas são mais elevadas e é maior o potencial de desenvolvimento
vegetativo para a maioria das culturas. Daí a necessidade de recorrer á rega no Verão, o que
encarece os custos de produção.
 Irregularidade interanual – anos muito secos sucedem-se a outros muito húmidos.
 Irregularidade espacial – existem regiões onde água é relativamente abundante (Norte Litoral) e
outras onde é mais escassa (Sul).

A existência de recursos hídricos (superficiais e subterrâneos) é fundamental para a produção agrícola,


sobretudo durante o Verão. No entanto, estes recursos distribuem-se de uma forma irregular: são mais
abundantes em áreas onde a precipitação é maior e mais regular.
O armazenamento de água nas albufeiras das barragens aumenta o potencial agrícola das regiões ao
permitir o regadio e uma maior diversidade de culturas.
Os solos
O solo é um fator de produção essencial na agricultura, pois é o principal fornecedor de nutrientes e de
água às plantas.
A fertilidade do solo influencia diretamente a produção, tanto em quantidade como em qualidade.
 A fertilidade natural de um solo depende das caraterísticas geológicas, do relevo e do clima.
 A fertilidade criada pelo Homem depende da fertilização e correção dos solos.

Os solos de natureza granítica e basáltica apresentam uma elevada fertilidade. Os solos xistosos e
arenosos têm uma fraca fertilidade.
Os solos das áreas mais planas, sobretudo nas planícies aluviais e fundos dos vales, apresentam-se mais
desenvolvidos e com maior aptidão agrícola.
Os solos das áreas de relevo mais acidentado são mais pobres (pouco espessos e pedregosos) e
desfavoráveis à prática agrícola.

Em Portugal, os solos são, em geral, pouco profundos e pouco férteis, o que condiciona a agricultura. Os
solos com uma boa aptidão agrícola são escassos.
As duas regiões agrárias cujos solos apresentam maior aptidão para fins agrícolas são a Beia Litoral e o
Ribatejo e Oeste.

Relevo
O relevo é também um fator muito relevante para a agricultura pelo(a):
 altitude, que influencia a temperatura. A diminuição da temperatura condiciona a escolha das
plantas a cultivar e obriga ao escalonamento de culturas.
 declive que influencia a fertilidade dos solos (quanto maior o declive mais intensa é a erosão) e
limita a utilização de máquinas.

 Nas áreas de relevo plano, em particular nas planícies de aluvião, a fertilidade dos solos é maior,
assim como a possibilidade de modernização das explorações – maior facilidade na introdução de
máquinas, na instalação de sistemas de rega, nos trabalhos agrícolas É o caso da Lezíria Ribatejana.

 Nas áreas de relevo mais acidentado a erosão é maior e os solos são mais pobres. A utilização de
tecnologia agrícola é mais condicionada: maior limitação no uso de maquinaria agrícola, no
aproveitamento e organização do espaço, os trabalhos agrícolas são mais dificultados.

Alguns dos condicionalismos impostos pelo clima e pelo relevo podem ser ultrapassados:
 A construção de socalcos torna possível a produção agrícola em áreas de relevo acidentado, como é
o caso da região do Douro (vinhas no Vale do Douro).
 A utilização de estufas permite cultivar espécies características de outros climas e cultivar certos
produtos fora da época natural de colheita.

Vantagens da utilização de estufas


As estufas permitem:
 controlar a influência do clima na agricultura, protegendo as culturas das temperaturas muitos
baixas e de fenómenos como a geada, granizo e do vento.
 proteger as plantas de pragas e doenças
 obter colheitas fora de época
 maiores rendimentos agrícolas (maior produção por ha)
 maior proteção dos solos, pois ficam menos expostos aos agentes erosivos
2. Fatores humanos
O passado histórico
 Os Árabes introduziram técnicas de rega (nora) e espécies como o arroz, linho, citrinos e a cultura
intensiva de hortícolas
 Os Descobrimento permitiram a introdução de espécies como o milho e a batata provenientes da
América;
 A ação do rei D. Dinis que mandou plantar o Pinhal de Leiria
 A criação da Região Demarcada do Douro (entre 1757 e 1761) por Marquês de Pombal;
 A adesão de Portugal à União Europeia em 1986

Aspetos como a maior ou menor densidade populacional e os processos históricos refletem-se nas atuais
estruturas fundiárias (dimensão e forma das propriedades rurais das diversas regiões).

Norte - grande fragmentação da propriedade favorecida por fatores como:


 Relevo acidentado;
 Clima - maior abundância de água e humidade, temperaturas mais amenas;
 Solos - a fertilidade natural dos solos;
 Passado histórico
 O parcelamento de terras pelo clero e pela nobreza associado ao processo da Reconquista;
 A elevada densidade populacional e as maiores taxas de natalidade;
 A sucessiva partilha de terras por herança, beneficiando igualmente todos os filhos (abolição
das leis do morgadio), que é acentuada pela maior densidade populacional

Sul - predomínio de grandes propriedades devido a fatores como:


 Relevo pouco acidentado predominando áreas mais ou menos planas;
 Clima mais seco e quente;
 Solo – fraca fertilidade natural dos solos;
 Passado histórico
 Forma mais organizada da Reconquista e a doação de vastos domínios aos nobres e às
ordens religiosas e militares.
 Fraca densidade populacional
 Aquisição de terras da nobreza e clero pela burguesia no século XIX

Objetivo da produção e as práticas utilizadas


 Quando a produção se destina ao autoconsumo, as explorações são geralmente de menor dimensão
e utilizam muitas vezes técnicas mais tradicionais.
 Se a produção se destina ao mercado, as explorações tendem a ser de maior dimensão e mais
especializadas, justificando o investimento em tecnologia moderna (máquinas, sistemas de rega,
estufas…), o que contribui para uma maior produtividade do trabalho e do solo.

Políticas agrícolas
As políticas agrícolas (orientações e medidas legislativas), quer nacionais quer comunitárias (UE) são
atualmente fatores de grande importância, pois:
 Influenciam as opções dos agricultores relativamente aos produtos cultivados;
 Regulamentam práticas agrícolas, como a utilização de produtos químicos
 Criam incentivos financeiros, apoiam a formação dos agricultores e a modernização das
explorações.
As paisagens agrárias
Espaço rural – espaço onde se desenvolvem as atividades agrícolas, mas também as atividades ligadas
à silvicultura, à pecuária, ao turismo, ao artesanato e à produção de energias renováveis.
Ocupa uma parte significativa do território nacional.

Espaço agrário - áreas ocupadas com a produção agrícola (vegetal e animal), pastagens, florestas,
habitações dos agricultores, infraestruturas e equipamentos associados à atividade agrícola (caminhos,
canais de rega, estábulos, armazéns…). Inclui:
- o Espaço Agrícola – área utilizada para a produção vegetal e/ou animal
- a Superfície Agrícola Utilizada (SAU) – área do espaço agrícola ocupada com culturas

No espaço rural, as diferentes culturas, a forma e o arranjo dos campos, a malha dos caminhos e o tipo de
povoamento dão origem a diferentes paisagens agrárias.

Sistema de Cultura
Os sistemas de cultura (conjunto de plantas cultivadas, forma como estas se associam e alternam
durante o ano e ainda as técnicas utilizadas no seu cultivo) são diferentes de região para região devido a
fatores humanos e naturais (como o relevo, o clima e os solos).

Rotação de culturas – superfície agrícola dividida em parcelas (folhas) que rotativamente são, em cada
ano, ocupadas com culturas diferentes.

Afolhamento - divisão dos campos em parcelas (folhas), cada uma cultivada com uma espécie diferente,
em sistema de rotação de culturas
 Afolhamento descontínuo - anualmente uma parcela fica em pousio
 Afolhamento contínuo - as folhas, em sistema rotativo, estão sempre cultivadas

Afolhamento bienal - campo de cultivo dividido em duas parcelas


exemplos 1º ano 2º ano

aveia trigo trigo aveia

Afolhamento trienal - campo de cultivo dividido em três parcelas


1º ano 2º ano 3º ano
aveia trigo pousio
pousio aveia trigo
trigo pousio aveia

Pousio - repouso vegetativo do solo. Parcela de terra que fica sem culturas durante um ou mais anos
agrícolas, com o objetivo de recuperar a fertilidade dos solos. Está associado à rotação de culturas.
Intensivo Extensivo

Aproveitamento
Ocupação intensiva – Ocupação contínua Ocupação extensiva – Ocupação descontinua
do solo durante todo o ano. Os campos do solo. Os campos agrícolas não estão

do solo
agrícolas encontram-se permanentemente permanentemente ocupados; produzem
ocupados com culturas, o que permite obter apenas durante uma parte do ano ou passam
um maior rendimento agrícola. um ou mais anos em pousio.
(agricultura intensiva) Os solos são frequentemente cultivados em
regime de afolhamento com rotação de culturas
e pousio. (agricultura extensiva)
Monocultura Policultura
Variedad

culturas

Cultivo de uma única espécie numa dada Cultivo simultâneo de diferentes espécies numa
e de

parcela de terreno. mesma parcela.

Regadio Sequeiro
Culturas de regadio - cultivo de plantas Culturas de sequeiro - cultivo de plantas sem
Necessidade

com recurso à rega. recurso à rega, desenvolvendo-se apenas com


de água

 Regadio de carência - é necessário a água das chuvas.


recorrer à rega para assegurar
sobrevivência das plantas
 Regadio de abundância - recorre-se à
rega para aumentar as produções
Com pousio Sem Pousio
Rotação

culturas

Afolhamento com pousio Afolhamento sem pousio


de

Sistemas Intensivos
 O solo é total e continuamente ocupado e as colheitas sucedem-se uma às ouras.
 Nos sistemas tradicionais é comum a policultura.
 Estão associado a culturas de regadio e à disponibilidade de água
 Praticado em áreas de solos mais férteis
 Predomina em áreas de povoamento disperso
 Mão-de-obra agrícola mais numerosa
Estes sistemas dominam nas regiões agrárias da Beira Litoral, Madeira e algumas ilhas dos Açores.

Sistema Extensivo
 Ocupação descontínua dos campos, solo sem ocupação permanente e contínua durante parte do ano
ou durante o ano
 Está geralmente associado ao regime de afolhamento com rotação de culturas. A superfície agrícola
é dividida em folhas, que rotativamente são, em cada ano, ocupadas com culturas diferentes,
alternando as culturas principais com espécies que permitem melhorar a qualidade do solo.
 Predomínio da monocultura (cultivo de um só produtos no mesmo campo)
 Praticado em áreas de solos pouco férteis e secos no Verão.
 Associado a áreas de fraca pluviosidade e culturas de sequeiro (com poucas necessidades de água)
 Predomina em áreas de povoamento concentrado.
Estes sistemas tradicionalmente dominam em Trás-os-Montes e no Alentejo.

Em algumas regiões verifica-se uma monocultura intensiva, em áreas de regadio, associada a pastagens
ou culturas destinadas à indústria, como o tomate e o milho, sobretudo no Ribatejo e Oeste e, mais
recentemente, no Alentejo.
Vantagens Desvantagens
Policultura  A diversidade de produção permite a Dificulta a mecanização
subsistência familiar
 Contribui para a conservação dos
solos que não se esgotam tão
facilmente
Monocultura  Simplificação das operações culturais Contribui para um esgotamento
 Facilita a mecanização e a mais fácil dos solos
especialização técnica

Regadio
Tipos de rega
 Rega por gravidade – a água é distribuída pelos terrenos agrícolas sem pressão, utilizando
apenas o desnível existente. Mais utilizada nas pastagens permanentes.
 Rega por aspersão – a água é distribuída uniformemente, com uma pressão apropriada, sob a
forma de chuva. Mais utilizada nas terras aráveis.
 Rega gota a gota – rega localizada em que a água é aplicada diretamente ao nível das raízes das
plantas, com débitos reduzidos e baixa pressão. Mais utilizada nas culturas permanentes.

Em Portugal, cerca de 50 % das explorações são exclusivamente de sequeiro. Verificou-se uma


diminuição da superfície regada nos últimos anos em todas as regiões, à exceção do Alentejo na
sequência dos investimentos no perímetro de rega do Alqueva.

A agricultura de sequeiro predomina no Alentejo, em Trás-os-Montes e no Ribatejo e Oeste. A agricultura


de regadio destaca-se na Madeira, em Entre o Douro e Minho e Beira litoral devido às maiores
disponibilidades de água.

Técnicas Agrícolas
Conjunto de métodos e instrumentos utilizados nos trabalhos agrícolas
 Técnicas tradicionais - técnicas rudimentares, herdadas de tempos muito recuados, que
recorrem a instrumentos simples, em que o esforço despendido pelo Homem é considerável, o
tempo de execução é lento e o rendimento é fraco; normalmente associadas à agricultura de
subsistência.

 Técnicas modernas - resultam de investigação e experimentação científicas, exigem um


pequeno esforço do Homem e pretendem tirar da agricultura o máximo lucro possível.
Recorrem a fertilizantes químicos, pesticidas, maquinaria agrícola sofisticada, modernos
sistemas de irrigação, etc.

Morfologia Agrária
Aspeto dos campos no que respeita à forma e dimensão das parcelas e redes de caminhos.
Forma
 Campos abertos (ou openfield) - campos sem vedações a separá-los e geralmente com uma
forma geométrica regular.
 Campos fechados - campos separados por cercas, muros, vegetação (árvores, arbustos), com a
função de delimitar a propriedade e proteger as culturas do vento e da invasão do gado, que
apresentam geralmente uma forma geométrica irregular.

Dimensão
 Grande propriedade - o proprietário encontra-se quase sempre com a atividade de gestão,
enquanto os assalariados se encarregam dos trabalhos diretos no campo.
(latifúndios – exploração de grande dimensão, geralmente superior a 50 ha)
 Média propriedade - ainda trabalhada pelo agricultor e sua família, mas com um tamanho que
exige o emprego de assalariados ou uma divisão da área com parceiros ou arrendatários.
 Pequena propriedade - trabalhada essencialmente pelo proprietário e sua família
(minifúndio- exploração agrícola de pequena dimensão, geralmente inferior a 5ha)
 Explorações de pequena dimensão, constituídas por várias parcelas de forma irregular e quase
sempre vedadas (campos fechados - para delimitar a propriedade, proteger as culturas do vento e
invasão do gado). Predominam nas regiões de entre o Douro e Minho, Beira Litoral, Algarve,
Madeira e algumas ilhas dos Açores.

 Explorações de média e grande dimensão, com grandes parcelas de forma regular. Predominam
no Alentejo e no Ribatejo e Oeste. Tradicionalmente eram campos abertos e atualmente
encontram-se na sua maioria delimitados por vedações metálicas.

Povoamento Rural
Forma como as habitações se distribuem no espaço rural.

 Povoamento disperso - as casas encontram-se espalhadas pelos campos, isoladas ou em


pequenos grupos. Predomina no litoral (Beira Litoral e Entre Douro e Minho).

 Povoamento concentrado - as casas encontram-se juntas, num único aglomerado, geralmente


numa posição central relativamente ao espaço cultivado à volta. Os aglomerados de casas formam
aldeias, mais ou menos compactas. Predomina nas áreas do interior (Alentejo, Beira Interior e Trás os
Montes.

 Povoamento misto - povoamento simultaneamente disperso e concentrado


 dispersão ordenada - o povoamento estende-se para além da povoação principal, ao longo das vias
de comunicação e cursos de água. Predomina no Ribatejo.
 concentração com tendência para a dispersão - à volta da povoação principal surgem núcleos
rurais dispersos. Predomina no Oeste.

Sistema Social
Está relacionado com o regime de posse e de exploração da terra.

 Propriedade agrícola - corresponde à terra que se é proprietário


(Tipos de propriedade: Individual, Sociedade, Cooperativa, Estatal)
 Exploração agrícola - corresponde às terras cultivadas por um agricultor
Tipos de exploração:
 conta própria - o proprietário é quem explora a terra
 arrendamento - o produtor paga uma renda fixa (em dinheiro ou géneros) ao proprietário
 parceria - o produtor paga ao proprietário uma renda variável em função das produções (em
dinheiro ou géneros)

Sistema Económico
Está relacionado com o principal objetivo das produções agrícolas.
 Agricultura de subsistência - as produções agrícolas destinam-se sobretudo ao autoconsumo. O
agricultor e a sua família praticam uma policultura, com técnicas rudimentares, em pequenas
propriedades.
 Agricultura de mercado - as produções agrícolas destinam-se à venda. O produtor pratica uma
agricultura recorrendo a técnicas modernas em explorações de média e grande dimensão.

Rendimento - quantidade de produção obtida por hectare cultivado (Toneladas/hectare)

Produtividade - relação entre o total de produção e a mão-de-obra utilizada (Toneladas/trabalhador)

Fatores de produção - conjunto de meios e objetos necessários à produção (adubos, alfaias


agrícolas, gasóleo, sementes, etc.)
SAU (Superfície Agrícola Utilizada)
Área do espaço agrícola ocupada com culturas (destinada à produção vegetal). Exclui a produção florestal
e animal. Da área ocupada com produção agrícola e florestal, 78% corresponde à Superfície Agrícola
Utilizada.

Composição da SAU
Terras cultivadas Culturas temporárias
Terras aráveis destinadas à Aquelas cujo ciclo vegetativo não excede um ano
produção vegetal, (anuais) e as que não sendo anuais são ressemeadas
terras retiradas da com intervalos que não excedam os cinco anos. Ex.
produção, terras que Prados temporários e culturas forrageiras, culturas
sejam mantidas em industriais (tabaco, colza, girassol…), cereais para grão
boas condições (trigo, milho, centeio, cevada), leguminosas secas
agrícolas e ambientais (feijão, grão), batata, horticultura e floricultura.
e terras ocupadas por Pousio
estufas ou cobertas Áreas incluídas no afolhamento ou rotação, trabalhadas
por estruturas fixas ou ou não, sem fornecer colheita durante o ano agrícola,
móveis. tendo em vista o melhoramento das superfícies.
Culturas Ocupam o solo durante um longo período e fornecem repetidas colheitas, como
permanentes um olival, uma vinha, um pomar.
Pastagens Superfícies semeadas ou espontâneas, em geral herbáceas, destinadas à
permanentes alimentação do gado nesse local. Não estão incluídas numa rotação de culturas e
ocupam o solo por um período superior a 5 anos
Horta familiar Superfície ocupada com produtos hortícolas ou frutos destinados ao
autoconsumo, em superfícies de pequena dimensão.

Distribuição da SAU
A distribuição regional da SAU é heterogénea,
destacando-se o Alentejo com mais de 50% da SAU
nacional.
A desigual distribuição da SAU deve-se não apenas à
dimensão das regiões, mas também às caraterísticas
do relevo e da ocupação humana.
 O relevo aplanado, a fraca densidade populacional
e o povoamento concentrado permitem a
existência de vastas extensões de áreas
cultivadas, como no Alentejo.
 Nas regiões de relevo mais acidentado, maior
densidade populacional e povoamento disperso,
como a Madeira e a Beira Litoral e Entre o Douro e
Minho, a área ocupada pela SAU é menor.

Evolução da SAU
A ocupação da SAU registou alterações significativas
em Portugal, nos últimos anos:
 Aumento da área ocupada com pastagens
permanentes (ocupa cerca de metade da SAU);
 Diminuição das culturas temporárias.

As mudanças na composição da SAU devem-se:


 à instabilidade dos preços dos cereais;
 às políticas nacionais e comunitárias, que tornam
a pecuária extensiva mais atrativa em termos
económicos.
Assim, muitas terras aráveis foram convertidas em
pastagens permanentes, como é o caso do Alentejo.
Composição da SAU ao nível regional
Existem diferenças na composição da SAU ao nível regional devido à diferente natureza e qualidade dos
solos, diferenças climáticas, caraterísticas do relevo e fatores de ordem económica e social.
 As culturas temporárias ocupam mais de metade da SAU na Beira Litoral (ex. Milho e Batata),
Ribatejo e Oeste
 As pastagens permanentes têm um peso significativo no Alentejo e Açores *.
 As culturas permanentes destacam-se em Trás-os-Montes (vinha, olival, amendoeiras, castanheiros),
Algarve (pomares de citrinos e figueiras), Madeira (bananeiras e vinha).

* Nos Açores, as pastagens permanentes ocupam a quase totalidade da SAU devido às condições
climáticas favoráveis à formação de prados naturais destinados à criação de gado bovino. No Alentejo, o
aumento das pastagens permanentes reflete o investimento na criação de prados artificiais, com recurso a
modernos sistemas de rega, sobretudo para gado bovino.

Formas de exploração da SAU

Conta Própria Arrendamento


 O produtor é também o proprietário da terra;  O produtor paga um valor ao proprietário da
 Predomina em todas as regiões agrárias; terra pela sua utilização;
 Vantagens  É mais comum nos Açores;
 Contribui para a preservação dos solos, pois o  Vantagens
produtor procura preservar o que lhe pertence Evita o abandono das terras quando o
 Favorece o investimento em melhoramentos proprietário não tem condições para as tratar
fundiários, como a construção de redes de e gerir e, nesse sentido, também contribui
drenagem, colocação de instalações de rega para a preservação da paisagem e prevenção
permanentes, construção de acessos, etc. dos fogos.
 Contribui para a preservação da paisagem e
das espécies autóctones, a prevenção de Desvantagem
fogos florestais, etc. Pode contribuir para acentuar o esgotamento
 Favorece o desenvolvimento de atividades dos solos, pois o produtor procura tirar o
complementares à atividade agrícola, máximo proveito durante o contrato.
contribuindo para a diversidade económica.
Desvantagem
No caso de explorações de pequena dimensão,
pode haver dificuldade de inovação e
modernização das explorações agrícolas devido
à falta de meios técnicos e financeiros.

Em Portugal predominam as explorações por conta própria (83%)

Caraterísticas das explorações agrícolas

Exploração agrícola – unidade técnico-económica que utiliza fatores de produção comuns, tais como
mão-de-obra, máquinas, instalações, terrenos, entre outros e que devem satisfazer quatro condições:
1 – Produzir produtos agrícolas ou manter em boas condições agrícolas e ambientais as terras que já
não são utilizadas para fins produtivos;
2 – Atingir ou ultrapassar uma certa dimensão (área, nº de animais);
3 – Estar submetida a uma gestão única;
4 – Estar localizada num local bem determinado e identificável.
Evolução do número de explorações agrícolas
O número de explorações diminuiu em todas as regiões agrárias, com
destaque para a Beira Litoral, Ribatejo e Oeste e Algarve. A diminuição
menos acentuada (menor abandono agrícola) ocorreu na Madeira,
Alentejo e Trás-os-Montes.

A redução do número de explorações agrícolas verificou-se nas de menor


dimensão (inferior a 1ha). Isto significa que o abandono da atividade
agrícola deu-se nas explorações de pequena dimensão.
A redução do número de explorações agrícolas foi acompanhada pelo aumento da sua dimensão média
(absorção das superfícies das pequenas explorações agrícolas pelas de maior dimensão)

Distribuição do número de explorações agrícolas


Em Portugal, as explorações agrícolas estão distribuídas desigualmente pelas regiões agrárias.
 O maior nº de explorações verifica-se em Trás-os-Montes, Beira Litoral, Entre Douro e Minho.
 O menor número ocorre nos Açores, Madeira, Algarve e Alentejo.

Comparando a Beira Litoral e o Alentejo


 A Beira Litoral detém uma pequena parte da SAU nacional, mas tem um maior número de
explorações que o Alentejo, o que evidencia a pequena dimensão das explorações agrícolas
(2,5ha).
 O Alentejo, que detém 53% da SAU, tem um menor nº de explorações (apenas 10% das
explorações) o que significa explorações de maior dimensão (média de 61ha).

Dimensão das explorações


Em Portugal predominam as pequenas explorações agrícolas. Em 2009, cerca de 70% (3/4) das
explorações tinha menos de 5ha. Ao nível regional existem diferenças:
 As explorações de grande dimensão (latifúndios) predominam no Alentejo (média 61ha) e Ribatejo e
Oeste. Estas explorações estão vocacionadas para uma gestão empresarial.
 As explorações de pequena dimensão, que geralmente correspondem a minifúndios predominam nas
regiões agrárias da Beira Litoral (2,5ha), Entre Douro e Minho e nas regiões autónomas, sobretudo na
Madeira onde têm a menor dimensão do país. Estas explorações estão mais vocacionadas para o
autoconsumo.

Evolução da dimensão das explorações


Nos últimos anos registou-se uma diminuição das explorações agrícolas com menos de 1ha e um
aumento das que apresentam mais de 50 ha. O aumento da dimensão média das explorações agrícolas
traduz um redimensionamento das explorações agrícolas que potencializa a modernização da agricultura
nacional ao permitir:
 Aumento dos níveis de mecanização das explorações agrícolas
 Diminuição dos custos de produção através da obtenção de economias de escala
 Introdução de novas culturas, apenas mais rentáveis em explorações de maior dimensão.
 Aumento do rendimento e produtividade agrícola
 Melhoria dos níveis de rendimento dos agricultores

Síntese da Estrutura fundiária em Portugal


 A estrutura fundiária é caracterizada pelo predomínio de explorações de pequena dimensão
(predomínio do minifúndio), excessivamente fragmentadas (elevado nº de blocos) e geograficamente
dispersas (explorações constituídas por pequenas parcelas, geograficamente afastadas,
maioritariamente adquiridas por herança).

Bloco agrícola – parte das terras de uma exploração agrícola, rodeada de terras, águas, etc. não
pertencentes a essa mesma exploração agrícola.
Esta estrutura fundiária (o grande nº de pequenas explorações agrícolas e a dispersão e fragmentação
das terras por vários blocos agrícolas) tem condicionado a modernização da agricultura nacional:
 Limita a introdução de novas tecnologias e a modernização dos sistemas de produção (como a
mecanização);
 Traduz um aumento dos custos de produção, pois as deslocações, por exemplo, implicam sempre
perdas de tempo e maior consumo de combustível.
 Condiciona a dimensão económica das explorações.

 As regiões com um maior nº de explorações agrícolas são também as que concentram explorações
agrícolas de menor dimensão.

 Verificou-se uma diminuição no número de explorações agrícolas (mais significativo nas de pequena
dimensão) e um aumento da dimensão média das explorações agrícolas.

 São as explorações de maior dimensão que apresentam também maior dimensão económica no valor
da produção agrícola total de cada região.

Principais produções agrícolas


Na estrutura da produção vegetal, algumas culturas podem ganhar importância devido às opções das
políticas agrícolas, nacional e comunitária, pelo seu papel na orientação dos produtores agrícolas,
sobretudo através dos subsídios.

As cinco principais produções vegetais nacionais são os frutos, produtos hortícolas, vinho, cereais e
plantas forrageiras. Em superfície ocupada destaca-se o olival e a vinha, seguido do milho.

Porém, uma maior área de cultivo pode não corresponder a uma maior produção devido às diferenças nos
rendimentos agrícolas, que dependem das características das culturas, da fertilidade dos solos e das
tecnologias utilizadas. As culturas industriais são as que apresentam maiores rendimentos (produção por
hectare).

Em 2009, verifica-se uma tendência de especialização da agricultura em Portugal: 67% das explorações
agrícolas dedicavam-se maioritariamente a uma única atividade ou cultura, embora com diferenças
regionais. A maior especialização regista-se no Algarve (citrinos), Vale do Douro (vinha), Alentejo e
Ribatejo. A menor especiação verifica.se na Beira Litoral e Entre Douro e Minho.

Vantagens da especialização produtiva:


 Simplifica o trabalho agrícola;
 Exige menor diversidade de máquinas e equipamentos;
 Reduz os custos de produção;
 Aumenta a produtividade e os rendimentos dos agricultores.

Principal especialização agrícola de cada região Regiões com maior especialização em:
 Entre Douro e Minho – bovinos  Olival – Trás-os-Montes, Beira Interior,
 Beira Litoral – culturas arvenses Ribatejo e Oeste e Alentejo
 Trás-os-Montes – Vinha  Vinha – todas, exceto Algarve a Açores
 Beira Interior – olival  Horticultura – Ribatejo e Oeste e Madeira
 Ribatejo e Oeste – vinha  Bovinos – Entre Douro e Minho, Beira
 Alentejo – olival Litoral, Alentejo e Açores
 Algarve – frutos  Frutos de Casca Rija – Trás-os-Montes e
 Açores – bovinos Algarve
 Madeira - horticultura
População Agrícola
A população ativa ocupada na agricultura tem vindo a diminuir devido á modernização da agricultura e às
ofertas de emprego mais atrativas em outros ramos de atividade.
A população agrícola tem registado:
 Uma diminuição
 Um envelhecimento
 Uma baixa instrução e formação profissional/qualificação

“O produtor agrícola tipo é homem, tem 63 anos, apenas completou o 1º ciclo do ensino básico, tem
formação agrícola exclusivamente prática e trabalha nas atividades agrícolas da exploração cerca de
22 horas por semana”.
INE, Recenseamentos agrícola 2009

 População Agrícola Familiar – Conjunto de pessoas que fazem parte do agregado doméstico do
produtor, quer trabalhem ou não na exploração, bem como os outros membros da família que, não
pertencendo ao agregado doméstico, participam regularmente nos trabalhos agrícolas da
exploração.

 Mão-de-obra agrícola não familiar – pessoas remuneradas pela exploração e ocupadas nos
trabalhos agrícolas da exploração que não sejam nem o produtor nem os membros da sua família.

Evolução da população agrícola


A população agrícola, em 2009 representava 7% da população residente em Portugal.
Em Portugal a mão-de-obra agrícola é essencialmente familiar (constituída pelo agricultor e sua família),
representando cerca de 80% (4/5) do volume de trabalho agrícola. A mão-de-obra agrícola não familiar
(trabalhadores permanentes e eventuais) é de cerca de 19%.

A população agrícola familiar tem vindo a diminuir devido:


 Diminuição do número de explorações (--27%), sobretudo de pequena dimensão
 Redução da dimensão média do agregado familiar do produtor agrícola
 Envelhecimento da população que trabalha na agricultura
 Melhoria dos índices de mecanização da agricultura
 Ofertas de emprego mais atrativas em outros ramos de atividade
 Pouca atratividade da agricultura para a população mais jovem

Verifica-se o êxodo agrícola – transferência de mão-de-obra agrícola para outros setores, ainda que
mantendo a residência as áreas rurais.

Distribuição da população agrícola


 A mão-de-obra familiar predomina nas regiões da Beira Litoral e Entre o Douro e Minho. As regiões
onde predominam as pequenas explorações agrícolas, de menor dimensão económica, menos
modernas, menos especializadas, são as que utilizam um maior volume de trabalho agrícola,
essencialmente familiar.

 A mão-de-obra não familiar é maior nas regiões do Alentejo e Ribatejo e Oeste - regiões onde
predominam as explorações de grande dimensão e simultaneamente mais mecanizadas. As grandes
explorações são as que apresentam menor volume de trabalho agrícola.

 O peso da população agrícola no total da população residente é maior nas regiões do Interior (Trás
os Montes 36%, Beira Interior 22%) e nos Açores e Madeira (cerca de 16%). A população agrícola
tem um menor peso nas áreas mais urbanizadas e industrializadas, nomeadamente Ribatejo e Oeste
(apenas 3% da população residente) e Entre Douro e Minho (7%),
Idade dos agricultores
O envelhecimento da população que se dedica à agricultura tem vindo a aumentar; em 2009, a idade
média era de 63 anos; apenas 2% tinha menos de 35 anos; quase metade tinha mais de 65 anos.

O Algarve e a Beira Interior apresentam a população agrícola familiar mais envelhecida. Os Açores são a
região onde a idade média dos agricultores é mais baixa, pois tem uma estrutura etária mais jovem que se
reflete na população agrícola.

Nível de instrução e formação profissional dos agricultores


 O nível de instrução dos agricultores, embora tenha vindo a aumentar, é baixo. Em 2009, 40%
frequentaram apenas o 1º ciclo e 22%.não possuíam qualquer grau de instrução. Só uma pequena
parte tem habilitações que vão além do ensino básico, correspondendo, em geral aos mais jovens,
associados às explorações de maior dimensão económica. Quanto maior a idade dos agricultores
menor é o seu grau de instrução.
Os Açores, devido à maior juventude da sua população, apresentam uma melhor taxa de
alfabetização. Madeira, Entre Douro e Minho e Algarve são as que apresentam piores taxas de
alfabetização.

 O nível de qualificação profissional dos agricultores é baixo. Cerca de 90% dos agricultores possuem
apenas conhecimentos práticos. A transmissão de conhecimentos de pais para filhos e experiência
quotidiana é ainda o principal modo de formação dos agricultores. São poucos os que beneficiaram
de formação profissional (11% em 2009).

O envelhecimento e os baixos níveis de instrução e qualificação dos agricultores constituem um obstáculo


à modernização da agricultura pois condicionam o(a):
 Adesão a inovações e utilização de tecnologia (métodos de cultivo, práticas amigas do ambiente…)
 Capacidade de investir e arriscar
 Adaptação às normas comunitárias de produção e comercialização dos produtos
 Manutenção do baixo rendimento e baixa produtividade agrícola
 Acesso à informação decorrente de políticas agrícolas como incentivos e subsídios

Origem dos rendimentos/ tempo dedicado à exploração

Pluriatividade – prática, em simultâneo, de trabalho na agricultura e noutras atividades – surge como


alternativa para complementar o rendimento proveniente da agricultura.

Plurirrendimento – acumulação dos rendimentos provenientes da agricultura com os de outras atividades –


contribui para reduzir o abandono nas áreas rurais.

Em Portugal, apenas uma pequena parte da população agrícola familiar se dedica a tempo completo à
agricultura (em 2009, apenas 21% dos produtores trabalhavam a tempo completo), o que significa que
exercem atividades fora da exploração e praticam uma agricultura a tempo parcial. A pluriatividade é mais
frequente nas regiões de pequena propriedade agrícola e próximo das áreas urbanas, onde há mais
oportunidades de emprego nos setores secundário e terciário.

O rendimento da maioria dos agregados familiares agrícolas provém de duas origens.


 As pensões e reformas são a principal origem dos rendimentos exteriores à exploração, o que se
explica pelas caraterísticas etárias dos agricultores.
 Outras atividades não agrícolas que complementam os rendimentos dos agricultores (ex. Turismo
rural, transformação de produtos agrícolas, produção florestal, prestação de serviços…)

A pluriatividade e plurirrendimento são importantes para a manutenção do espaço rural, permitindo travar
o abandono das atividades agrícolas e o êxodo rural.
Problemas estruturais da agricultura portuguesa
Apesar dos progressos do setor agrícola registados nas últimas décadas, sobretudo como consequência
da adesão à UE, continuam a persistir problemas estruturais que se relacionam principalmente com:
 Condicionalismos naturais – morfologia com declives muito acentuados, solos pobres e pouco
profundos, irregularidades na precipitação.
 Condicionalismos humanos
 Caraterísticas da população agrícola – envelhecimento e reduzido nível de instrução e
qualificação profissional.
 Estrutura fundiária das explorações - reduzida dimensão das explorações agrícolas e excessiva
fragmentação e dispersão dos blocos (sucessivas partilhas das terras por herança).
 Modo de exploração da terra.
Estas caraterísticas das explorações agrícolas e da população agrícola condicionam aspetos
técnicos, organizativos e de inserção nos mercados.

1. Dependência externa (balança comercial negativa)


A balança comercial agrícola é tradicionalmente negativa (as importações são superiores às exportações).
Nos últimos anos esse défice tem diminuído ligeiramente, com a redução das importações e o aumento
das exportações.
O país:
 é autossuficiente em vários produtos: leite, manteiga, vinho, ovos, arroz e azeitona.
 apresenta uma grande dependência externa em cereais, batata, girassol, leguminosas secas,
carne…
 possui um forte potencial de exportação de produtos como o vinho, azeite, hortícolas, flores, frutas e
concentrado de tomate.

Causas da balança comercial negativa


a) Insuficiência da produção agrícola
A produção agrícola não consegue satisfazer as necessidades de consumo interno e são poucos os
produtos alimentares em que o país tem capacidade de autoaprovisionamento. A balança alimentar
portuguesa é deficitária em grande parte dos produtos, mantendo uma forte dependência externa.
 Produtos em que o país é: mais deficitário (cereais, carne e produtos industriais); mais
excedentário (bebidas/vinho, tabaco e azeite)
 Produtos em que o país apresenta menor grau de aprovisionamento (açúcar, leguminosas secas e
cereais)
As variações do grau de aprovisionamento refletem as diferenças anuais de produção que resultam de:
 Maus anos agrícolas ou boas campanhas agrícolas.
 Alterações das políticas agrícolas, que têm impactos na reorientação da produção.

b) Livre Circulação de mercadorias no espaço comunitário


O mercado único e a livre circulação de mercadorias facilitam a importação de produtos agrícolas,
mesmo naqueles em que o país é autossuficiente.

c) Aumento da exigência dos consumidores na qualidade e diversidade de produtos


O consumidor procura diversidade e produtos com uma melhor relação qualidade/preço, surgindo
novos hábitos de consumo influenciados pela abertura do mercado europeu e pela globalização.

d) Maior competitividade de produtos oriundos de outros estados membros


Existem países com preços mais competitivos (como a Espanha e França), onde os agricultores
beneficiam de um menor custo dos fatores de produção (gasóleo, pesticidas, impostos…), sistemas de
produção mais modernos e de redes de distribuição mais organizadas e eficientes.

e) Melhoria das redes de transporte


As modernas facilidades de transporte facilitam a deslocação dos produtos.
2. Baixos Níveis de rendimento e produtividade

Rendimento
Rendimento empresarial líquido da agricultura (REL) – saldo contabilístico obtido adicionando ao
excedente líquido da exploração, os juros recebidos pelas unidades agrícolas constituídas em sociedade e
deduzindo as rendas (isto é, rendas de terrenos e parcerias) e os juros pagos. Mede a remuneração do
trabalho não assalariado, das terras pertencentes às unidades e o capital).

Os níveis de rendimento da atividade agrícola em Portugal mantêm-se abaixo da média comunitária e


decaíram na última década. Causas da diminuição do rendimento:
 Os apoios comentários influenciam positivamente o REL. Em 1986, Portugal começou a receber
subsídios da UE e, como consequência, o rendimento líquido dos agricultores (REL) aumentou
consideravelmente. Nos últimos anos diminuíram os subsídios aos produtos, o que contribuiu para a
diminuição do REL.
 Além disso, o REL é muito afetado pelas más condições meteorológicas e com o aumento dos custos
de produção.

Produtividade
Produtividade – relação entre a quantidade produzida e a mão-de-obra utilizada ou entre o valor da
produção e a mão-de-obra utilizada. Em termos estatísticos, a produtividade agrícola é medida dividindo o
Valor Acrescentado Bruto (VAB) pelo volume de mão-de-obra agrícola (VMOA).

A produtividade da agricultura relaciona o total de produção com a mão-de-obra utilizada e depende de


fatores como a formação da mão-de-obra, as tecnologias utilizadas, o grau de mecanização, mas também
as condições climatéricas.

A maioria doa agricultores apresenta idades avançadas, baixo grau de instrução, insuficiente formação
profissional e reduzido nível de associativismo e, muitas vezes, desconhecem os mecanismos de
mercado, o que se reflete numa produtividade baixa.

Nos últimos anos verificou-se um crescimento significativo da produtividade agrícola em Portugal devido
essencialmente à diminuição da mão-de-obra agrícola, enquanto o VAB se manteve estável. Em alguns
anos podem ocorrer quebras na produtividade devido às condições climatéricas adversas (secas, geada,
granizo) que afetam as produções agrícolas.

Nos últimos anos o parque de máquinas das explorações agrícolas tem aumentado devido à conjugação
de vários fatores:
 Diminuição da mão-de-obra disponível, mesmo a familiar
 Aumento dos custos da mão-de-obra
 Existência de apoios comunitários para pequenas explorações agrícolas, contribuído para sua
mecanização.

O indicador nº de tratores por 100 hectares de SAU está ligado à estrutura fundiária e aos sistemas
produtivos praticados.
 O valor mais elevado surge na Beira Litoral devido ao grande nº de explorações de pequena
dimensão.
 O valor mais baixo regista-se no Alentejo devido a: existência de um nº reduzido de explorações
face à sua dimensão; maior especialização; existência de sistemas de cultura mais extensivos.
3. Pequena Dimensão Económica das explorações

A dimensão económica das explorações é definida com base no Valor da Produção Padrão Total (VPPT)
da exploração (valor monetário total das atividades, obtido a partir dos preços de venda à porta da
exploração), sendo expresso em euros.

As explorações de muito pequena dimensão económica correspondem a 78,5% das explorações,


contribuindo apenas com 13% para o valor da produção total da agricultura nacional. As explorações de
grande dimensão económica correspondem apenas a 2,8% do total de explorações e localizam-se
predominantemente no Alentejo e no Ribatejo e Oeste.

A pequena dimensão económica das explorações traduz-se no(a):


 Fraca capacidade de modernização e aplicação de novas tecnologias
 Défice de gestão empresarial e desconhecimento dos mercados
 Dificuldades de autofinanciamento e de acesso ao crédito
 Fraca aposta no valor acrescentado dos produtos em resultado da insuficiente ligação da
agricultura à indústria
 Fraca aposta no marketing e publicidade dos produtos

O nível de especialização da agricultura é definida pela Orientação Técnico-Económica de uma


exploração (OTE) que avalia a contribuição de cada atividade para a soma do Valor de Produção Padrão
Total dessa exploração. Segundo o OTE, as explorações podem classificar-se em especializadas ou em
indiferenciadas/combinadas.

 Cerca de 86% das explorações são especializadas, isto é, o seu valor de Produção Padrão Total
(VPPT) provém maioritariamente de uma única atividade e o VPPT alcançado pelas explorações
especializadas corresponde, em média, ao triplo das explorações com atividades mistas ou
combinadas.
 As OTE mistas ou combinadas estão associadas a uma agricultura de pequena dimensão e
dominam na região de Entre o Douro e Minho e na Beira Litoral. Os VPPT mais elevados surgem
nas explorações especializadas em aves, suínos, bovinos de leite e horticultura.

Especialização regional das explorações


Horticultura e floricultura – Ribatejo e Oeste e Madeira
Viticultura – Trás-os-Montes (Douro) e Ribatejo e Oeste
Fruticultura – Trás-os-Montes, Ribatejo e Oeste
Olivicultura – Beira Interior e Alentejo mas também Trás-os-Montes
Bovinos de Leite - Açores e Entre o Douro e Minho e Beira Litoral
Aves e suínos – Beira Litoral e Ribatejo e Oeste

4. Gestão e Utilização do solo


Em Portugal, a maioria dos solos são desfavoráveis à atividade agrícola (66% são classificados de baixa
qualidade e apenas 25% apresenta boa aptidão agrícola. Embora 66% dos solos apresente boa aptidão
florestal, a sua utilização está muito muito abaixo deste valor.

Nos últimos anos ocorreram mudanças significativas nos usos do solo em Portugal. Diminuíram as áreas
ocupadas com floresta e agricultura e aumentaram os matos e pastagens, a ocupação urbana e outras.
Explicação:
 Diminuição da área florestal devido aos incêndios florestais
 Diminuição da área agrícola devido ao abandono de terras (envelhecimento da população)
 Aumento da expansão urbana decorrente da crescente urbanização difusa
 Aumento de matos e pastagens devido à desflorestação
 Aumento de “Outros” devido à construção de barragens, por exemplo, o Alqueva.
Problemas associados à utilização dos solos
1. Aptidão dos solos
Desajuste entre a utilização dos solos e a sua aptidão natural
 Embora os solos aráveis sejam protegidos pela Reserva Agrícola Nacional, alguns solos com aptidão
agrícola são utilizados para outros fins. A ocupação urbana de solos de elevada aptidão agrícola para
usos predominantemente residenciais e industriais, resultante da expansão dos núcleos urbanos e
dos processos de urbanização difusa ocorreu em várias áreas do país, sobretudo no litoral onde se
encontravam os melhores solos aráveis.
 Solos com limitações acentuadas são utilizados para a agricultura. A área ocupada com a atividade
agrícola é superior à dos solos com real aptidão agrícola O desenvolvimento de atividades agrícolas
em solos pouco aptos para a agricultura acaba por comprometer o rendimento da terra e dos
agricultores e a sustentabilidade económica das explorações.

Desadequação entre a aptidão do solo e a ocupação cultural


A ocupação dos solos com culturas para as quais estes não têm aptidão contribui para a sua
degradação. A ausência de estudos do solo, que permitam o ajustamento entre a aptidão e o seu uso
(isto é, uma boa adequação entre as culturas e as caraterísticas desse solo) ou que suportem as
decisões de fertilização, tem consequências no rendimento das culturas e favorece degradação dos
solos.

2. Práticas agrícolas desadequadas


Sistema de cultivo
 Sistema extensivo com pousio – quando nos pousios o solo fica sem proteção e diretamente exposto
aos agentes erosivos (chuva e vento) verifica-se a degradação/erosão dos solos.
 Sistema intensivo – a grande pressão de cultivo acaba por afetar a fertilidade dos solos.
 Sistema de Monocultura – a prática da monocultura conduz ao empobrecimento e esgotamento de
determinados nutrientes do solo, tornando os solos menos produtivos.
 A excessiva mobilização dos solos, sobretudo a utilização de máquinas pesadas, contribui para a
compactação dos solos

Uso excessivo de produtos químicos


A utilização excessiva ou incorreta de fertilizantes químicos e pesticidas degrada e polui os solos e
diminui a sua fertilidade, mas também afeta as qualidade das águas superficiais e subterrâneas.

3. Outros problemas - Desertificação e incêndios florestais


Uma parte significativa do território continental, sobretudo no interior e sul, apresenta tendência para a
desertificação, que é agravada pelos incêndios florestais.

Soluções
Importância do ordenamento territorial
Perante problemas como a redução da qualidade dos solos e a sua incorreta utilização, o ordenamento
territorial permitirá adequar as diferentes utilizações do solo às suas aptidões naturais, impedindo, por
exemplo, se continue a ocupar solos de grande qualidade e próprios para a agricultura com construção
urbana e industrial.

Reserva Agrícola Nacional (RAN)


Foi criada em 1989 com o objetivo de preservar os solos agrícolas e a capacidade nacional de produzir
bens agroalimentares, protegendo as áreas de maior potencial agrícola.
5. Transformação e organização das redes de distribuição e comercialização
Nível da transformação
O peso pouco significativo das indústrias agroalimentares nacionais não potencia o setor agrícola.

Nível das redes de distribuição e comercialização


A maior parte dos produtores agrícolas não está integrado num sistema de distribuição e comercialização
organizado e vocacionado para o mercado e que estruture a própria produção agrícola.
A fraca capacidade de cooperação e associativismo entre agricultores para potenciarem a comercialização
dos produtos tradicionais nos mercados interno e externo é notória.

Pontos fracos e fortes da agricultura portuguesa


Pontos Fracos
A competitividade a agricultura portuguesa é afetada por fatores como:
 Condições meteorológicas irregulares e desfavoráveis
 Elevada percentagem de solos com fraca aptidão agrícola
 Caraterísticas da mão-de-obra agrícola: envelhecida e com baixos níveis de instrução e formação
profissional, o que explica a fraca capacidade de inovação e de modernização e o défice de gestão
empresarial e de organização voltada para o mercado
 Utilização muito significativa de técnicas tradicionais
 Predomínio de explorações de pequena dimensão (minifúndios)
 Elevados custos de produção (como combustíveis e impostos), superiores aos da maioria dos países
da UE
 Elevados encargos financeiros do crédito suportados pelos agricultores para modernizar as suas
explorações/ dificuldade de autofinanciamento e de acesso ao crédito
 Baixa densidade populacional, o envelhecimento demográfico e abandono dos espaços rurais

Pontos Fortes
A competitividade da agricultura portuguesa passa por aproveitar as suas potencialidades:
 Condições climáticas favoráveis ao cultivo produtos mediterrânios
 Potencial de produção com qualidade diferenciada para o azeite, as hortofrutícolas, o vinho e
produtos da floresta
 Aumento da vocação exportadora de alguns produtos
 Existência de recursos genéticos com vocação para o mercado
 Aumento da disponibilidade de água para a rega (ex. Alqueva)
 Existência de um número significativo de denominações de origem (DOP)
 Utilização crescente de modos de produção sustentáveis e amigos do ambiente (ex. agricultura
biológica e em modo de produção integrada)
 A pluriatividade da população agrícola que ajuda a evitar o abandono das áreas rurais
A Agricultura Portuguesa e a Política Agrícola Comum

Os problemas da agricultura portuguesa e as perspetivas de desenvolvimento têm de ser compreendidas


e equacionadas no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC). A evolução da agricultura nacional está
condicionada pela PAC.

A agricultura foi considerada uma prioridade no Tratado de Roma, pois a produção agropecuária dos seis
países fundadores era insuficiente. No pós-guerra vivia-se na Europa situações de escassez de alimentos,
com o racionamento de alguns produtos alimentares básicos.

Os objetivos da PAC pretendiam responder às debilidades de uma agricultura pouco desenvolvida, com
uma fraca produtividade e que não garantia o abastecimento interno.

Objetivos da PAC
 Desenvolver a agricultura melhorando a produtividade
 Estabilizar os mercados relativamente aos preços dos produtos
 Garantir a segurança dos abastecimentos
 Melhorar o nível de vida dos agricultores
 Assegurar preços acessíveis aos consumidores

1. PAC em 1962
Em 1962 entra em vigor a Política Agrícola Comum assente em três princípios fundamentais, que
constituem o seu primeiro pilar.
Princípios do 1º Pilar da PAC:
 Unicidade do Mercado (livre circulação de produtos agrícolas no território dos estados-membros) –
estabelece um mercado agrícola único, eliminando as barreiras alfandegárias entre os estados-
membros e harmonizando as regras sanitárias e as normas técnicas.
 Preferência comunitária (proteção do mercado interno comunitário face aos produtos importados
de países terceiros, com a preços baixos, e face às grandes flutuações de preços no mercado
mundial) – evitar a concorrência dos produtos estrangeiros, estabelecendo preços mínimos para as
importações e subsídios para as exportações
 Solidariedade financeira (todas as despesas e gastos resultantes da aplicação da PAC são
suportadas pelo orçamento comunitário) – Criação de um Fundo Comunitário, o FEOGA (Fundo
Europeu de Orientação e Garantia Agrícola) para o financiamento das medidas da PAC.

O FEOGA constitui um fundo financeiro criado com o objetivo de financiar as medidas da PAC. Este apoio
financeiro à agricultura, que tinha um grande peso no orçamento comunitário, encontrava-se sub-dividido
em duas secções:
 FEOGA Orientação – destinado ao financiamento da componente estrutural da PAC - financia os
programas e projetos de desenvolvimento e reestruturação agrícola destinados a melhorar as
estruturas agrícolas (construção de infraestruturas agrícolas, redimensionamento das explorações,
etc.)
 FEOGA Garantia – que suporta as despesas decorrentes do financiamento da componente de
preços e mercados - financia as despesas de regulação dos preços e dos mercados (apoio direto aos
agricultores, despesas de armazenamento, restituições às exportações, etc.).

Em 2005, o FEOGA foi substituído pelo FEAGA (Fundo Europeu Agrícola de Garantia) e pelo FEADER
(Fundo Europeu Agrícola para o Desenvolvimento Rural).
2. Os primeiros anos da PAC
2.1. Progressos
Com os apoios financeiros provenientes do FEAGA, criado em 1962, a agricultura teve um grande
desenvolvimento nos primeiros anos de implementação da PAC, pois “quem mais produzia mais
ganhava”.
Principais progressos resultantes da implementação da PAC
 Grande aumento da produção agrícola, que triplicou devido à introdução de novos métodos
produtivos e à utilização de fertilizantes químicos, garantindo-se a autossuficiência alimentar.
 Redução da superfície e da mão-de-obra utilizada devido sobretudo à mecanização.
 Aumento da produtividade agrícola e do rendimento dos agricultores devido à crescente
mecanização, introdução de novas tecnologias e práticas de investigação científica.

2.2. Problemas
O grande desenvolvimento da agricultura teve, porém, algumas consequências negativas.
Principais problemas gerados pela aplicação da PAC
 Criação de excedentes agrícolas em quantidades impossíveis de escoar nos mercados internos. A
necessidade de retirar os excedentes do mercado para evitar um colapso dos preços no produtor
gerava custos muito elevados com o armazenamento e com os subsídios à exportação para países
terceiros (onde os preços eram mas baixos)
 Desajustamento entre a produção e as necessidades do mercado. A oferta tornou-se maior que a
procura. A existência de preços mínimos garantidos funcionava como estímulo à produção e levou os
agricultores a produzirem acima das necessidades de mercados.
 Elevado peso da PAC no orçamento comunitário (70% do orçamento comunitário destinava-se a
financiar a PAC), comprometendo o desenvolvimento de outras políticas.
 Tensões entre os principais exportadores mundiais devido às medidas protecionistas e à política de
incentivos à exportação (as exportações subsidiadas pela PAC criaram preços artificialmente baixos
dos produtos agrícolas europeus nos mercados mundiais).
 Graves problemas ambientais motivados pela intensificação das produções, com a utilização de
grandes quantidades de produtos químicos (fertilizantes e pesticidas) e sobre-exploração dos solos.

3. Primeiras reformas
O desajustamento da PAC face aos mercados e os seus custos de funcionamento levaram a sucessivas
alterações na Política Agrícola Comum, tendo sido tomadas algumas medidas de controlo da oferta.

1984  Criação de um sistema de quotas, inicialmente aplicado ao setor do leite, que


estabeleceu um limite de produção para cada país com penalizações em caso de
superação.
1988  Fixação de quantidades máximas garantidas (QMG) e de condições de descida
automática dos preços na proporção da quantidade excedida.
 Retirada, inicialmente voluntária e, depois, obrigatória de terras de produção, que
afetou sobretudo os cereais e as explorações com maior produção. Foi o chamado
Set-aside.
 Criação de incentivos à cessação da atividade agrícola e à reforma antecipada dos
agricultores
 Limitação da superfície de cultivo/número de animais para os quais o agricultor
tinha direito a subsídios
 Reconversão dos produtos excedentários, baseada na concessão de prémios aos
produtores que se comprometessem a reduzir a produção

A redução da área cultivada foi uma das formas encontradas para reduzir a produção excedentária. Com a
aplicação do set-aside (que visava reduzir a produção cerealífera e de sementes de oleaginosas a partir
da diminuição da área de cultivo) os agricultores eram compensados com um subsídio idêntico ao que
teriam caso as terras tivessem cultivadas, ou seja, o agricultor era pago para não produzir.
4. Reforma da PAC de 1992
Em 1992 ocorreu a primeira grande reforma da PAC, tendo como principais objetivos o reequilíbrio entre a
oferta, desencorajando a produção intensiva, e a promoção de um maior respeito pelo ambiente.

Reforma de 1992 (Sustentabilidade)

 Diminuição dos preços agrícolas garantidos


Reequilibrar a oferta e a procura  Ajudas diretas aos produtores, desligadas da produção
 Reformas antecipadas para os agricultores (com mais de 55
anos)
 Orientação da produção para novas produções industriais ou
energéticas
 Incentivos à pluriatividade da população agrícola
 Promoção do pousio temporário
 Florestação de solos agrícolas
 Incentivo financeiros à prática de uma agricultura menos
Respeitar e preservar o ambiente poluente e sustentável
 Promoção da agricultura biológica
 Apoio à reconversão de terras agrícolas em áreas florestais
(Estímulo ao desenvolvimento da silvicultura)

Objetivos da reforma da PAC de 1992


 Equilibrar a oferta e a procura de produtos agrícolas
 Redução de excedentes
 Estabilização dos rendimentos dos agricultores
 Diminuir os encargos comunitários com o setor agrícola
 Incentivar práticas agrícolas ambientalmente menos agressivas (Ex. conceder subsídios aos
agricultores que desenvolvam uma agricultura menos intensiva e que efetuem a florestação de
solo agrícola
 Proteger os produtos regionais e tradicionais (rótulo de qualidade)

Novos Critérios de ajuda


O apoio dado à produção (sistema de proteção assente nos preços – garantia dos preços) passa a
ser dado ao produtor (sistema compensatório aos rendimentos, com um rendimento garantido fixado
previamente em função da dimensão das explorações – subsídios por hectare ou por cabeça de
gado).

5. Mudanças mais recentes na PAC


Reforma da PAC de 1999
Embora a reforma de 1992 tenha tido alguns resultados positivos, mantiveram-se os problemas de fundo
como a *ineficiência na aplicação dos apoios, a* intensificação dos problemas ambientais e o *acentuar
das diferenças de rendimentos entre agricultores.

A persistência destes problemas de fundo, a perspetiva dos alargamentos da UE aos países da Europa
Central e Oriental, a perda de competitividade dos produtos europeus face a países terceiros e a ronda de
negociações da Organização Mundial de Comércio (para a liberalização do comércio mundial e o acabar
do protecionismo) conduziram a uma nova reforma da PAC em 1999, no âmbito da Agenda 2000, que
reforçou as medidas introduzidas na reforma da PAC de 1992.

É introduzido um modelo de desenvolvimento agrícola baseado no desenvolvimento rural sustentável,


articulando objetivos económicos, sociais e ambientais. Surge a política integrada de desenvolvimento
rural sustentável que visa uma maior coerência entre a política de preços e de mercado (1º Pilar da PAC)
e o desenvolvimento rural (que passa a constituir o 2º pilar da PAC). Este novo modelo assenta na
multifuncionalidade da atividade agrícola, valorizando as suas múltiplas vertentes para além da função
produtiva.
1999 – Agenda 2000 (Desenvolvimento Rural)

Prioridades  Segurança alimentar e bem-estar animal


 Agricultura sustentável/ preservação ambiental
 Desenvolvimento rural - novo pilar da PAC
Valorização da agricultura nas  Económica – pelo tradicional papel de produção e contributo para o
suas diferentes vertentes crescimento económico
 Social – por ser a principal atividade e forma de sobrevivência de
numerosas comunidades rurais
 Ambiental – pelo seu papel na conservação dos espaços de
proteção da biodiversidade e da salvaguarda da paisagem
 Ordenamento do território – porque ocupa grande parte do território
e, por isso, enquadra os restantes usos do solo.

Pretendeu-se com esta reforma da PAC:


 Reforçar a competitividade dos produtos agrícolas no mercado europeu e mundial
 Melhorar a quiralidade e segurança dos alimentos
 Reforçar a sustentabilidade da agricultura
 Promover um nível de vida equitativo e digno para a população agrícola
 Criar trabalho de substituição (pluriatividade) e outras fontes de rendimento (plurirrendimento) para os
agricultores
 Definir uma nova política de desenvolvimento rural (2º pilar da PAC)

O desenvolvimento rural que abrange o desenvolvimento económico, social e cultural do território rural da
UE passa a ser uma prioridade na PAC e é valorizado o papel dos agricultores nesse processo.
O desenvolvimento rural visa:
 A modernização das explorações agrícolas.
 Proporcionar rendimentos estáveis e equitativos entre os agricultores.
 Desenvolver atividades complementares e/ou alternativas para atenuar/impedir o êxodo rural
(promover a criação de emprego).
 Valorizar a população agrícola através do apoio à fixação de jovens agricultores, de reformas
antecipadas e formação.
 Melhoria das condições de vida, de bem-estar e de trabalho da população rural.

Reforma da PAC de 2003


As medidas implementadas em 1999 não foram, no entanto, suficientes para resolver problemas como a
*falta de competitividade no mercado mundial, a *desigualdade na repartição dos apoios entre produtores
e entre regiões e a *pressão ambiental resultante dos sistemas intensivos de produção.

Neste contexto, surge uma nova reforma em 2003 que veio aprofundar as metas da Agenda 2000 e
reforçar a política de desenvolvimento rural com a criação do FEADER (Fundo Europeu Agrícola de
Desenvolvimento Rural).

Reforma de 2003

Orientação para a procura A PAC passa a ter em conta os interesses dos consumidores e dos
contribuintes e, simultaneamente, confere aos agricultores a liberdade
de produzirem o que o mercado pretende
Princípio da dissociação Os agricultores passam a receber um pagamento único à exploração,
(Pagamento único por desligado da produção
exploração) No entanto, mantêm-se alguns apoios diretos, por opção de cada
Estado-membro (gestão flexível da PAC)
Princípio da condicionalidade As ajudas aos agricultores ficam condicionadas ao respeito pelas
normas ambientais, segurança alimentar, fitossanidade e bem-estar
animal e à manutenção das superfícies agrícolas em boas condições
agronómicas e ambientais.
Modulação Transferência, pelos estados membros, de parte dos pagamentos
diretos (medida de apoio ao mercado) para medidas agroambientais e
de desenvolvimento rural,

Dissociação – processo que consiste em separar os pagamentos de ajuda direta da produção agrícola
real, isto é, passa a não existir uma relação direta entre a quantidade produzida e o montante a receber.

2009 - “Exame de Saúde da PAC”


Em 2009, no contexto do “Exame de Saúde da PAC”, pretendeu-se:
 Responder aos novos desafios ambientais como a gestão dos recursos naturais e as alterações
climáticas.
 Remover as restrições aos agricultores, ajudando-os a reagir melhor aos sinais do mercado e a
enfrentar novos desafios.
 Maior dissociação das ajudas diretas (os pagamentos associados que ainda existiam passam a ser
transferidos para o Regime de Pagamento Único).
 Maior flexibilidade no Regime de Pagamento Único por parte de cada estado-membro.
 Maiores transferências de despesa para as medidas de desenvolvimento rural.

2009
“Exame de Saúde da PAC”
Luta contra as alterações climáticas Proteção da biodiversidade
Energias renováveis Gestão da água
Promoção da Inovação Reestruturação do setor leiteiro

A reforma de 2003 e as medidas de 2009 não resolveram a desigualdade na distribuição das ajudas aos
agricultores e manteve-se o desequilíbrio entre a política de preços e de mercado (1º Pilar da PAC) e a
política de desenvolvimento rural (2º Pilar da PAC). A política de preços e de mercado absorvia a grande
fatia do orçamento da PAC, principalmente as ajudas ao rendimento, que beneficiavam sobretudo os
agricultores mais competitivos.

Reforma da PAC de 2013


A última reforma da PAC, em 2013, veio reforçar os objetivos anteriores, em particular os ambientais,
introduzindo um objetivo transversal – a simplificação – para facilitar o acesso dos pequenos agricultores
aos fundos comunitários.

Objetivos da reforma de 2013


 Promoção de uma agricultura mais amiga do ambiente
 Garantia de uma distribuição mais justa dos fundos entre os agricultores de toda a UE
 Promover o desenvolvimento de áreas rurais dinâmicas
 Aumento da competitividade dos agricultores europeus perante países terceiros
 Simplificação dos instrumentos e dos mecanismos de pagamento e de controlo da política
agrícola, incluindo esquemas mais simples para os pequenos agricultores (menos burocracia na
distribuição dos fundos comunitários).

A nova PAC continua a considerar os dois pilares:


 Primeiro pilar – pagamentos diretos e política de mercados
 Segundo pilar – desenvolvimento rural
Reforma de 2013
Desafios Objetivos
Económicos Competitividade reforçada
 Segurança alimentar ⬇
 Instabilidade dos preços Produção alimentar viável
 Crise económica
Ambientais
 Emissão de gases com efeito de estufa Sustentabilidade melhorada
 Degradação dos solos ⬇
 Qualidade da água e do ar Gestão sustentável dos recursos e ação
 Habitats e biodiversidade climática
Territoriais Melhor eficácia
 Vitalidade das áreas rurais ⬇
 Diversidade da agricultura Desenvolvimento territorial equilibrado
A integração da Agricultura Portuguesa na PAC
A agricultura portuguesa apresentava um grande atraso (estrutural, técnico e organizativo) em relação aos
países comunitários quando iniciou o seu processo de adesão, em 1977:
 Contribuía com 17% para a formação do PIB e 30% para o emprego.
 A produtividade e o rendimento eram muito inferiores aos dos restantes países-membros.
 O investimento era muito reduzido e as técnicas pouco evoluídas;
 As infraestruturas agrícolas eram insuficientes e as características das estruturas fundiárias
dificultavam o desenvolvimento do setor.
 Havia pouca experiência de concorrência nos mercados interno e externo.
 Elevada dependência das importações de géneros alimentares essenciais

Estas fragilidades e especificidades da agricultura portuguesa foram reconhecidas no Programa de Pré-


adesão e no Tratado de Adesão, o que permitiu o benefício de condições especiais e uma integração
faseada.

Durante o período de transição de 10 anos /1986-1995) foi atribuído um programa de incentivos


financeiros (PEDAP - Programa Específico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa) com o objetivo
de ajudar a modernização do setor agrícola nacional nos primeiros após a adesão, tornando-o mais
competitivo e adaptá-lo à progressiva abertura ao mercado europeu.

Porém, a concretização do Mercado Único e as alterações da PAC levaram a uma exposição prematura
do mercado agrícola português à concorrência dos produtos de outros países que tinham preços mais
baixos, dificultando o escoamento dos produtos nacionais no mercado interno e externo.

 A política comunitária de redução dos preços agrícolas a partir da década de 80, como forma de
combater os excedentes e as derrapagens orçamentais, obrigou Portugal a fazer um esforço muito
maior para harmonizar os seus preços com os dos seus novos parceiros;

 A reforma da PAC de 1992, com um objetivo de desencorajar a produção, veio dar um sinal contrário
ao que os agricultores esperavam: baixar os preços, reduzir e tornar menos intensiva a produção,
quando a agricultura portuguesa precisava de aumentar a produção e produtividade para vencer o
seu atraso e diminuir as importações;

 O início do Mercado Único, em 1993, ao impor a livre circulação de produtos, confrontou


prematuramente o setor agrícola nacional com a concorrência externa.

Não esteve sujeito às regras de preços e mercados


da PAC
1ª Fase de integração Portugal beneficiou de Incentivos financeiros do PEDAP (Programa
(até 1990) condições especiais Específico de Desenvolvimento da Agricultura
Portuguesa), para corrigir as deficiências
estruturais da agricultura e melhorar as condições
de produção e comercialização dos produtos.

Limitações impostas á produção devidas ao


Reforma da PAC excesso de produção, contrastam com a
2ª Fase de integração (1992) necessidade de melhorar a produtividade agrícola
(1990 a 1999) em Portugal.
Concretização do Exposição prematura do setor agrícola português à
Mercado único (1993) concorrência externa.
Nos primeiros anos da sua integração, o setor agrícola português teve de se confrontar com dificuldades
acrescidas:
Dificuldades
 Sofreu limitações à produção, pelo sistema de quotas, na sequência de um excesso de
produção para o qual não havia contribuído (é o caso da produção de cereais, em que não era
autossuficiente)
 Foi desfavorecido pelo sistema de financiamento e de repartição dos apoios, feito com base
em função da produtividade agrícola, do rendimento médio e da área de exploração, que
beneficiava os países que mais produziam e os produtos que não tinham expressão em Portugal
 Os investimentos nos projetos cofinanciados por fundos comunitários levaram ao endividamento
de muitos agricultores, agravado pelas elevadas taxas de juro bancário (as mais elevadas da
UE).

No entanto, verificaram-se progressos na agricultura portuguesa que se devem, em grande parte, aos
apoios comunitários:
 PEDAP Programa Específico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa), até 1995
 PAMAF (Programa de Apoio à Modernização Agrícola e Florestal), entre 1994 e 1999
 Vários programas comunitários e fundos que têm beneficiado a agricultura e o desenvolvimento rural.

Progressos
 Diminuição do número de explorações agrícolas, sobretudo de pequena dimensão, e aumento da
sua dimensão média
 Aumento do valor da produção e da produtividade.
 Redução da mão-de-obra agrícola.
 Crescimento do investimento em infraestruturas fundiárias, tecnologias e formação profissional.
 Incremento da agricultura biológica e a valorização dos produtos tradicionais nacionais

Potencializar o setor agrícola nacional e o desenvolvimento rural

A modernização do setor agrícola português continua a beneficiar de apoios financeiros comunitários:


 Os fundos do financiamento da PAC
 FEAGA (Fundo Europeu Agrícola de Garantia) que apoia o rendimento dos agricultores através de
pagamentos diretos e medidas para responder às oscilações do mercado
 FEADER (Fundo Europeu Agrícola para o Desenvolvimento Rural) que financia os programas de
desenvolvimento rural de cada um dos países.
 Os Fundos Estruturais
 FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Económico Regional)
 FSE (Fundo Social Europeu)

Foram definidas pela PAC seis Prioridades da Política de Desenvolvimento Rural para o período 2014-
2020, associadas as várias medidas que servem de base à elaboração dos programas de
desenvolvimento rural dos Estados-membros e ao respetivo financiamento comunitário.

1. Promover a transferência de conhecimentos e a inovação nos setores agrícola e florestal


e nas zonas rurais.
2. Melhorar a competitividade de todos os tipos de agricultura e reforçar a viabilidade das
explorações agrícolas.
3. Promover as cadeias alimentares e a gestão do risco na agricultura.
4. Restaurar, preservar e melhorar os ecossistemas que dependem da agricultura e das
florestas.
5. Promover a utilização eficiente dos recursos e apoiar a passagem para uma economia
de baixo teor de carbono e resistente às alterações climáticas nos setores agrícola,
alimentar e florestal.
6. Inclusão social, redução da pobreza e desenvolvimento económico das zonas rurais.

Em Portugal, o desenvolvimento rural assenta em três programas, respetivamente para o Continente, a


Região Autónoma dos Açores e a Região Autónoma da Madeira, integrando a Rede Rural Nacional.
Estratégia de Desenvolvimento Rural 2014-2020
A estratégia nacional para a agricultura e desenvolvimento rural pretende:
 Orientar para a autossuficiência o setor agroalimentar (melhorar o grau de autoaprovisionamento
alimentar e corrigir o desequilíbrio da balança comercial nacional)
 Promover a sustentabilidade de todo o território nacional através do papel da agricultura na
produção de bens públicos de caráter ambiental e social (na segurança alimentar, na preservação
dos recursos naturais como a água e o solo, na preservação da biodiversidade, na estabilidade
climática (sumidouro de CO2) e na preservação da paisagem).

A agricultura tem importância não apenas no seu valor intrínseco mas também nos benefícios económicos
induzidos, contribuindo para a dinamização de outras atividades económicas em meio rural (turismo,
gastronomia, lazer..) e para a criação de empregos e fixação de populações.

A estratégia de desenvolvimento rural apresenta três objetivos operacionais


 Competitividade – privilegiar as opções produtivas da iniciativa privada com vista à criação de
valor acrescentado
 Organização estrutural – promover o aumento da dimensão e abrangência das organizações de
produtores e estruturas de concertação ao longo da cadeia alimentar
 Sustentabilidade – promover boas práticas e utilização sustentável dos recursos e a valorização
dos territórios rurais.

Reforçar a competitividade
1. Modernizar as explorações
A modernização dos meios de produção e de transformação é uma condição essencial para aumentar
a competitividade do setor agrícola português no mercado externo, de modo a reduzir os custos de
produção e aumentar o valor acrescentado.
 Investimento em tecnologia produtiva (máquinas, material de transporte, sistemas de rega,
controlo da temperatura e humidade em estufas…)
 Melhoria das infraestruturas, como sistemas de drenagem, caminhos, armazenamento e
distribuição de água, etc.
 Aumento da dimensão das explorações, que pode conseguir-se pelo emparcelamento
(agrupamento de parcelas ao nível da propriedade, do direito de uso ou do cultivo) de modo a
melhorar a organização da produção, rendibilizar os fatores de produção e aumentar a
produtividade.

2. Produzir com qualidade


Produzir com qualidade é uma forma de afirmação no mercado interno e externo dada a crescente
exigência dos consumidores.
A potencialização do setor agrícola passa pela produção de alimentos e produtos florestais em
quantidade e qualidade para os quais o país tem forte aptidão. Deve apostar na produção de produtos
estratégicos cujo valor acrescentado permita reduzir o défice da balança comercial neste setor.

Especialização produtiva
De acordo com as condições naturais das diferentes regiões (aptidões naturais) e com a procura do
mercado deve-se apostar na introdução de novas culturas (ex. mirtilos, framboesas, kiwis…) ou no
desenvolvimento de culturas tradicionais (ex. pera, maça, cereja…) que permitam aumentar o
rendimento dos agricultores.

Produtos certificados
A aposta em produtos certificados, produzindo-os de acordo com as respetivas normas de qualidade é
uma forma de ganhar competitividade.
Vantagens da certificação de produtos
 O sistema de qualidade criado em 1992 (rótulo de qualidade) ajuda a proteger e promover produtos
agrícolas e alimentares tradicionais e o trabalho artesanal de muito produtores, permitindo preservar
o património rural da UE.
 O rótulo de qualidade permite ainda aos consumidores comprar alimentos de confiança.

O sistema de qualidade para os produtos agrícolas e tradicionais tem três tipos de rótulos:
 Denominações de Origem Protegida (DOP) – produtos agrícolas e alimentares produzidos,
transformados e preparados numa determinada área geográfica, respeitando um saber
reconhecido.
 Indicações Geográficas Protegidas (IGP) – produtos agrícolas e alimentares estreitamente ligados
à produção numa determinada área geográfica. Pelo menos uma das fases de produção,
transformação ou preparação ocorre na área identificada para o efeito.

 Especialidades Tradicionais Garantidas (ETG) – produtos que garantem o caráter tradicional, quer
ao nível da composição quer dos métodos de produção.

Exemplos em Portugal:
DOP – Queijo de S. Jorge (Açores), presunto de Barrancos (Alentejo), Pera rocha do Oeste.
IGP – batata-doce de Aljezur, cereja da Cova da Beira, arroz carolino das lezírias ribatejanas
ETG – alheira de Mirandela, bacalhau de cura tradicional portuguesa, carne de bovino tradicional de
montado

A produção deverá:
 Ser orientada para as necessidades de mercado.
 Respeitar as preferências dos consumidores.
 Explorar vantagens e complementaridades.
 Apresentar novos produtos ou revalorizando produtos tradicionais.
 Apostar em produtos que podem ser certificados.

3. Valorizar os recursos humanos


O rejuvenescimento da população agrícola e o aumento do seu nível de instrução e qualificação
profissional são fundamentais para aumentar a competitividade, pois a atividade agrícola exige cada vez
mais uma grande diversidade de competências, como por exemplo,
 O uso de novas tecnologias,
 A capacidade de arriscar e inovar
 A necessidade de preencher formulários de candidatura às ajudas, crédito e subsídios,
 Apresentar projetos para obter financiamento
 Capacidade de negociação com parceiros comerciais

Medidas para promover o rejuvenescimento da população agrícola


 Criação de condições de vida atrativas à fixação da população jovem nas áreas rurais.
 Disponibilização de ajudas e incentivos para que os jovens se possam dedicar à atividade
agrícola, total ou parcialmente.
 Incentivo às reformas antecipadas para agricultores que pretendam passar a gestão da
exploração para jovens.
 Agilização do processo de instalação de novos empresários, privilegiando os mais jovens.

Medidas para promover o aumento do nível de instrução e qualificação


 Promoção do conhecimento e desenvolvimento de competências.
 Criação de polos de ensino profissional adequados às necessidades regionais
 Promoção do desenvolvimento de competências no domínio das TIC.

Nos últimos anos, a agricultura tem tido uma procura crescente por jovens que a procuram como
atividade principal ou como fonte adicional de rendimento.

4. Melhorar a organização
Outra forma de aumentar a competitividade é melhorar a organização e gestão das empresas
agrícolas, o que se torna mais fácil através da associação dos produtores.

As organizações de produtores permitem:


 Concentração da oferta.
 Aumento do valor acrescentado.
 Escoamento da produção dos seus membros.
 Aumento da capacidade de negociação nos mercados.
 Defender os interesses dos produtores
 Aumentar a informação sobre os mercados e a adaptação da produção à procura (em termos de
quantidade e qualidade)
 Melhorar a promoção dos produtos e a sua comercialização
 Otimizar recursos e equipamentos
 Facilitar o acesso ao crédito e aquisição de tecnologia
 Facilitar o acompanhamento técnico
 Proporcionar informação sobre novas técnicas e práticas de produção e sobre a possibilidade de
aceder a projetos e programas de apoios financeiros.
5. Garantir a sustentabilidade
O impacto ambiental dos sistemas de produção agrícola e pecuários é muito elevado e difícil de controlar
por se fazer de uma forma muito difusa e pouco visível, refletindo-se na qualidade dos solos e dos
recursos hídricos.

Impacte ambiental da atividade agrícola


 Utilização de produtos químicos
A utilização de inseticidas e pesticidas e a fertilização do solo com nitratos e fosfatos, sobretudo em
áreas de agricultura mais intensiva, contamina os solos e os recursos hídricos, superficiais (por
escorrência) e subterrâneos (por infiltração).

 Utilização intensiva dos solos


O menor recurso ao pousio e a maior frequência de mobilização dos solos e da utilização de
maquinaria mais potente contribuem para a erosão dos solos e a diminuição da qualidade dos
habitats de muitas espécies.

 Efluentes pecuários
Na pecuária, sobretudo nas explorações de regime intensivo, os dejetos sólidos e líquidos e as águas
de lavagem têm graves impactes, sobretudo nos cursos de água para onde, muitas vezes, são
lançados sem qualquer tratamento.

É necessário promover sistemas de produção amigos do ambiente para garantir a proteção dos recursos
naturais (água, solos, ar…) mas também produtos de qualidade. Neste âmbito destaca-se o sistema de
produção biológico apoiado pela PAC.

Agricultura Biológica
A prática da agricultura biológica integra-se na perspetiva de produzir com mais qualidade, preservando os
recursos e protegendo o meio natural, ou seja, de forma sustentável.
A agricultura biológica baseia-se:
 Em processos naturais e numa tecnologia moderna não poluente e apoiada na investigação científica
 Não utiliza adubos e pesticidas químicos, visando manter e melhorar a fertilidade dos solos, o
equilíbrio e a diversidade do ecossistema agrícola, a qualidade ambiental, a produção de alimentos
de elevada qualidade nutritiva e a proteção da saúde humana.

A agricultura biológica assume-se como uma oportunidade para a agricultura nacional e para o
desenvolvimento rural sustentável:
 Produção diferenciada de alimentos com elevado valor acrescentado e procura nos mercados
interno e sobretudo externo
 Utiliza métodos e práticas que permitem a proteção e gestão sustentável do ambiente e paisagem.
 É um modo de produção incentivado e apoiado financeiramente pela PAC
 Contribui para criação de emprego ao nível da produção e transformação e para a fixação de
população.

O número de produtores que aderiram a este modo de produção tem vindo a aumentar em Portugal. A
área ocupada em modo de produção biológica atinge valores mais altos nos Alentejo (56,9%) e Beira
Interior (21,7%). Em termos de ocupação cultural predominam as pastagens permanentes (com 69% da
área) para a produção animal em modo de biológico.

Regadio
O regadio permite a regularização das produções agrícolas e o aumento das produções, diminuindo a
dependência dos ciclos climáticos. É um fator de sustentabilidade ambiental pois assegura a conservação
da biodiversidade, a mitigação e adaptação às alterações climáticas e a valorização das paisagens rurais.

Exemplo:
A barragem do Alqueva e os 130 mil hectares irrigados proporcionou um aumento assinalável da produção
agrícola no Alentejo. O grande reservatório de água ajuda a mitigar as consequências das alterações
climáticas.
Com a reforma da PAC de 2013 e com o novo quadro para o período 2013-2020, Portugal irá beneficiar de
apoios europeus a projetos de regadio, o que permite o financiamento da última fase do projeto Alqueva.
Novas oportunidades para as áreas rurais
Multifuncionalidade do espaço rural
As áreas rurais, onde vive cerca de 30% da população, ocupam a maior parte do território nacional e
apresentam uma grande riqueza e diversidade de recursos naturais, humanos e culturais
(potencialidades). No entanto a maior parte destas áreas estão classificadas como regiões desfavorecidas,
pois apresentam problemas comuns que acentuam os contrastes de desenvolvimento entre estas e os
espaços urbanos.

O potencial endógeno dos territórios rurais deve ser valorizado de forma a gerar riqueza e contribuir para a
qualidade de vida e bem-estar das populações, preservando e potencializando os valores ambientais e
socioeconómicos numa perspetiva de sustentabilidade. Este será o caminho para travar o despovoamento
destas regiões e reduzir as assimetrias regionais no país.

O processo de valorização das áreas rurais deve ser implementado no âmbito da multifuncionalidade, o
que implica a pluriatividade (atividades complementares ou alternativas que potencializem os recursos
locais) e contribui para o plurirrendimento e para a melhoria das condições de vida das populações. A
multifuncionalidade implica também o reconhecimento do papel essencial da população rural na
preservação dos valores, da cultura e do património material e ambiental.

Multifuncionalidade – utilização do espaço rural para outras atividades para além da agricultura,
nomeadamente a industria, o turismo, os serviços de apoio e a valorização do património.

Diversidade das áreas rurais portuguesas. Debilidades e potencialidades


As áreas rurais próximas dos centros urbanos e as do litoral apresentam maior dinamismo económico e
demográfico, beneficiando do dinamismo das áreas urbanas e delas dependendo em termos de emprego
e de serviços. Muitas são ocupadas por atividades económicas e população urbana, surgindo espaços
periurbanos, onde se torna difícil distinguir o espaço rural do espaço urbano. A agricultura aqui praticada é
mais moderna e voltada para o mercado.

As restantes áreas rurais afastadas dos grandes centros urbanos, sobretudo as mais periféricas,
apresentam problemas, como o envelhecimento demográfico, o despovoamento, o baixo nível de
instrução e qualificação da mão-de-obra, a oferta insuficiente de serviços e equipamentos e o baixo nível
de vida da população. Como consequência destes problemas, verifica-se um progressivo:
 Abandono da atividade agrícola
 Desvitalização económica das regiões
 Diminuição da capacidade de atrair e fixar população.

Apesar dos problemas que as áreas rurais enfrentam, estas apresentam também recursos endógenos
(recursos naturais e humanos próprios de um determinado território) que constituem vantagens relativas
para o seu desenvolvimento (potencialidades).

Fragilidades das áreas rurais periféricas


 Baixo nível de qualificação dos recursos humanos
 Escassez de emprego
 Perda e envelhecimento da população
 Predomínio de explorações de pequena dimensão económica
 Abandono de terras agrícolas e florestais
 Carência de equipamentos sociais, culturais, recreativos e serviços de proximidade
 Insuficiência das redes de transporte

Aspetos potencializadores do desenvolvimento das áreas rurais


 Património histórico, arqueológico, natural e paisagístico rico e diversificado
 Tendência para a melhoria das infraestruturas coletivas (equipamentos sociais, rede de
acessibilidades, etc.,)
 Valorização das energias renováveis que podem ser produzidas no espaço rural ou a partir de
produtos de origem agroflorestal
 Baixos níveis de poluição e, em geral, elevado grau de preservação ambiental
 Saber-fazer tradicional que valoriza os recursos naturais da região
 Crescente procura de produtos de qualidade e atividades de lazer associadas a diferentes regiões e
paisagens rurais
 Importante valor paisagístico das culturas (vinha, olival, pomar) e de espécies florestais, como o
montado ou os soutos.
 Crescente preocupação com a preservação dos recursos naturais e do ambiente.

O espaço rural no âmbito da política de desenvolvimento rural (2º Pilar da PAC) deve ser entendido como:
 Espaço de produção agrícola, pecuária e silvícola
 Espaço de conservação da Natureza e da qualidade ambiental
 Espaço de identidade e do património cultural
 Espaço de lazer, turismo, atividades industriais e serviços

A diminuição do risco de marginalização de muitas áreas rurais e a viabilidade de muitas comunidades


rurais passa por uma estratégia integrada de diversificação da base económica a partir das suas
potencialidades naturais e humanas e pela aquisição de novas competências por parte das populações
locais para criar novas oportunidades de emprego e de desenvolvimento.

São várias as atividades, para além da agricultura, que constituem novas oportunidades para as áreas
rurais, como a silvicultura, o turismo, a indústria, o artesanato, produções locais de qualidade, energias
renováveis e de outras atividades por estas induzidas.

O espaço rural tem de ser encarado como um espaço atrativo e sustentável. A diversidade associada à
multifuncionalidade traduz: a manutenção da biodiversidade; a criação de emprego; a fixação de
população; a criação de riqueza através de novas oportunidades de negócio.

No quadro das políticas de desenvolvimento rural, os agricultores são chamados a assumir o papel de
“Guardiões da paisagem”, através da preservação/valorização dos recursos ambientais paisagísticos e
patrimoniais das áreas rurais. A prestação dos serviços ambientais é também uma forma de promover o
desenvolvimento rural de uma forma sustentável.

Turismo em Espaço Rural (TER)


Turismo – deslocações para lazer com duração superior a 24 horas.

Turismo em Espaço Rural – conjunto de atividades e serviços de alojamento e animação em


empreendimentos de natureza familiar, realizados e prestados a turistas, mediante remuneração, no
espaço rural.

O turismo e outras atividades recreativas e de lazer nas áreas rurais têm vindo a assumir uma maior
importância ao nível nacional. O TER proporciona a oportunidade de os turistas conviverem com as
práticas, as tradições e os valores da sociedade rural, valorizando as particularidades dessas regiões,
desde a paisagem, à gastronomia e aos costumes.

Caraterísticas do TER
 Situa-se em espaços cujo ambiente ou paisagem sejam marcadamente rurais e/ou com fortes
ligações à agricultura.
 Implica a existência de serviços remunerados de hospedagem, associados a atividades e serviços
complementares de animação turística.
 Preserva as caraterísticas arquitetónicas e dos materiais de construção típicos da região e uma
dimensão que não põe em causa a escala rural
 Implica o acolhimento personalizado e de acordo com a tradição de bem receber da comunidade em
que se insere.

TER - fator de desenvolvimento das áreas rurais


O TER é uma atividade que contribui para a revitalização do tecido económico rural, potenciado os
recursos endógenos, a história, as tradições e a cultura de cada região. É um fator de diversificação das
atividades agrícolas e de pluriatividade através da dinamização de um conjunto de outras atividades
económicas, como o artesanato, os produtos tradicionais (produtos agrícolas e géneros alimentícios
certificados), os serviços de transporte, de animação, de guias, etc.
O TER apresenta impactos positivos, quer financeiros, quer pelo seu contributo para:
 A pluriatividade e a sustentação do rendimento dos agricultores, associado à diversificação das
atividades ligadas à exploração agrícola
 A manutenção, a criação e a diversificação de empregos, contribuindo também para a fixação de
população
 O desenvolvimento de novos serviços (de informação, de transporte, de comunicação, de animação,
etc.)
 A preservação e a melhoria da natureza e do ambiente paisagístico e a recuperação do património
histórico
 A sobrevivência dos pequenos agregados populacionais e o incremento do papel das mulheres e
dos idosos
 O apoio à arte e ao artesanato rural e a dinamização de iniciativas culturais
 A revitalização das coletividades, através do surgimento de novas dinâmicas, ideias e iniciativas.
 Construção/melhoria das infraestruturas e equipamentos para servir o TER mas também a
população em geral, contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida (ex. vias de
comunicação, distribuição de água e energia, saneamento básico…)
 A dinamização de outras atividades associadas ao turismo, quer a montante, quer a jusante.

Capacidade de alojamento do TER


A tendência crescente de aumento da procura de TER tem sido correspondida com o aumento da oferta
de alojamento, com impactos económicos relevantes em termos de emprego e de volume de negócios das
empresas do TER.
A maior capacidade de alojamento de TER verifica-se no Norte (41%), Alentejo (25%) e Centro (23%); a
menor capacidade ocorre em Lisboa (5%) e Algarve (6%). As duas modalidades do TER mais importantes
são as casas de campo (41%) e o turismo de habitação (22%).

Modalidades de turismo em espaço rural


 Turismo de habitação – serviço de hospedagem de natureza familiar, de elevada qualidade, em
solares, casas apalaçadas ou residências de reconhecido valor arquitetónico, histórico ou artístico,
com dimensões adequadas e mobiliário e decoração de qualidade.

 Turismo rural – serviço de hospedagem prestado a turistas em casas rústicas particulares que,
pela sua traça, materiais construtivos e demais caraterísticas se integrem na arquitetura típica rural.
São habitadas pelo proprietário, que ajuda a dinamizar a estadia dos hóspedes.

 Agroturismo – serviço de hospedagem em casas particulares, integradas em explorações


agrícolas, permitindo aos hóspedes conhecer, acompanhar e participar nas atividades agrícolas, em
tarefas como a vindima, a apanha de fruta, a desfolhada, a ordenha, a alimentação de animais, o
fabrico de queijo, vinho e mel.

 Casas de campo – Serviço de hospedagem em casas rústicas particulares localizadas em aldeias


e espaços rurais que se integram, pela sua traça e materiais de construção, na arquitetura e
ambiente característicos da região. Têm, geralmente, pequenas dimensões e mobiliário simples e
podem ser utilizadas como habitação do proprietário.

 Hotel rural – serviço de hospedagem em estabelecimentos hoteleiros situados em espaços rurais


que, pela sua traça arquitetónica e materiais de construção respeitam as caraterísticas dominantes
da região onde estão inseridos.

 Turismo de Aldeia - O turismo de aldeia desenvolve-se em empreendimentos que incluem, no


mínimo, cinco casas de campo inseridas em aldeias que mantêm, no seu conjunto, as
características arquitetónicas e paisagísticas tradicionais da região. Esta forma de turismo é uma
das que melhor pode promover a conservação e a valorização do património edificado, melhorar a
acessibilidade de aldeias quase isoladas, promover o emprego local e combater o despovoamento.

Outras modalidades turísticas em espaço rural


A diversidade de recursos e as potencialidades das áreas rurais originaram uma grande variedade de
ofertas turísticas que geram emprego e dinamizam as áreas rurais.

 Turismo ambiental - O turismo ambiental é cada vez mais procurado, pela aventura, pelo contacto
com a Natureza e pela multiplicidade de atividades ao ar livre (ex. canoagem, rafting, parapente,
balonismo, BTT, escalada, pesca, percursos pedestres (pedestrianismo), corrida de orientação, etc.).
Atrai cada vez mais uma clientela jovem e urbana que gosta da prática de atividades em contacto
com a natureza. Tem promovido a criação de centros de interpretação ambiental, a formação de
pessoal especializado para o acompanhamento de visitantes, a definição de trilhos e áreas
específicas para o desenvolvimento destas atividades. As áreas protegidas são espaços privilegiados
para o turismo ambiental.

 Turismo fluvial - O turismo fluvial valoriza a importância da água como fonte de lazer. Tem sido
acompanhado de programas de valorização das áreas ribeirinhas para a prática da atividade balnear
através do aproveitamento dos espelhos de água, mas também para a valorização ambiental e
paisagística.

 Turismo cultural - O turismo cultural valoriza o património arqueológico, histórico e etnográfico local,
castelos, solares, templos, museus, romarias, recriação de atividades tradicionais, etc.

 Enoturismo - O enoturismo tira proveito da grande diversidade e qualidade dos vinhos regionais.
Desde 1996, têm vindo a ser constituídas as rotas dos vinhos, que representam um conjunto de locais
organizados em rede, numa região vinícola demarcada com interesse turístico.

 Turismo gastronómico - O turismo gastronómico tira proveito da grande diversidade e qualidade da


gastronomia regional.

 Turismo cinegético - O turismo cinegético cria emprego nas atividades de preservação do ambiente,
nas zonas de caça turística e associativa.

 Turismo termal - As termas aproveitam as características específicas das águas subterrâneas e são,
desde sempre, elementos importantes na dinamização turística de muitas áreas rurais do nosso país.
Inicialmente ligado ao tratamento de problemas de saúde, está atualmente também associado ao
lazer e bem-estar e a fuga ao stress urbano com a oferta de serviços como spa (saúde pela água).

Sustentabilidade do turismo
Turismo sustentável – é o que concilia as necessidades dos turistas e das regiões de acolhimento e,
simultaneamente, protege e cria oportunidades para o futuro, contribuindo para a preservação dos valores
ambientais e culturais e assegurando, no longo prazo, a viabilidade económica das atividades que lhe
estão associadas, promovendo a justa distribuição dos benéficos socioeconómicos, gerando empregos
estáveis e contribuindo para o desenvolvimento das comunidades locais.
O TER deve ser encarado numa perspetiva de sustentabilidade, assente na gestão integrada e racional
dos recursos e como um complemento às atividades tradicionais.

As atividades turísticas nas áreas rurais:


 Devem ser planeadas no respeito pelo ambiente e pelos valores culturais locais, preservando a
diversidade biológica e cultural e promovendo a qualidade da oferta, ajustando-a à capacidade de
ocupação dos lugares;
 Devem ser um complemento das restantes atividades económicas que se desenvolvem nas áreas
rurais, em equilíbrio com as atividades tradicionais, e inseridas num modelo de desenvolvimento
integrado.

Desenvolver produtos de qualidade


Produtos alimentares tradicionais
A grande variedade de produções animais e vegetais tradicionais específicas das várias regiões (presunto,
enchidos queijos, carnes, vinhos, azeite, frutas e doces) devem ser preservadas e potencializadas.
A maioria dos produtos tradicionais é obtida através de matérias-primas de qualidade e preparada de
forma cuidada, o que, a juntar a uma imagem regional, contribui para a sua valorização, sendo
reconhecidos como produtos de qualidade (Ex. Queijos de São Jorge e da Serra da Estrela, carne
Barrosã, azeite de Moura, maça de Alcobaça, Vinho do Porto e da Madeira, vinho verde de Monção,
presento de Barrancos…)

O interesse pelos produtos agroalimentares típicos ou locais de qualidade tem vindo a aumentar. A
crescente procura de produtos com história e identidade e mais seguros para a saúde, abre oportunidades
para o desenvolvimento das áreas rurais. São considerados uma mais-valia no quadro da diversificação
da economia rural, estando na base da criação de empresas e emprego. As feiras e mostra de produtos
tradicionais de qualidade conquistam um número crescente de visitantes e, simultaneamente, incentivam
novos produtores e a produção local.
Certificação de produtos agroalimentares
Para proteger a riqueza e a variedade de produtos alimentares e tradicionais, a UE criou, em 1992, um
sistema de certificação e valorização, com três tipos de rótulos:
 Denominações de Origem Protegida (DOP) – produtos agrícolas e alimentares produzidos,
transformados e preparados numa determinada área geográfica, respeitando um saber fazer
reconhecido.

 Indicações Geográficas Protegidas (IGP) – produtos agrícolas e alimentares estreitamente ligados


à produção numa determinada área geográfica. Pelo menos uma das fases de produção,
transformação ou preparação ocorre na área identificada para o efeito.

 Especialidades Tradicionais Garantidas (ETG) – produtos que garantem o caráter tradicional, quer
ao nível da composição quer dos métodos de produção, embora sem fazer referência a uma
origem.

Artesanato
O artesanato constitui também uma forma de diversificar as atividades rurais e de criar emprego, para
além de ser um elemento representativo da identidade cultural que importa preservar. O incentivo ao
artesanato gera emprego e preserva saberes tradicionais que são marcas de identidade local e regional.
A recuperação de ofícios artesanais deve ser promovida para evitar a perda do saber-fazer tradicional, em
muitos casos desenvolvido por idosos.

Indústria e desenvolvimento rural


A indústria funciona como um motor de desenvolvimento para qualquer região. Nas áreas rurais as
indústrias têm importantes efeitos multiplicadores:
 Contribuem para a valorização dos recursos naturais/endógenos
 Promovem, a montante, o desenvolvimento das atividades produtoras da matéria-prima,
nomeadamente a agricultura, a pecuária, a silvicultura e as rochas ornamentais
 Desenvolvem, a jusante, outras atividades, nomeadamente indústrias complementares e diferentes
serviços.
 Criam emprego, direta e indiretamente, e contribuem para fixar e atrair população
 Aumentam a riqueza produzida, pois o valor acrescentado às matérias-primas reverte, pelo menos
em parte, a favor das regiões onde se instala.

Nas áreas rurais, são mais frequentes as indústrias associadas à:


 produção agropecuária – conservas de fruta e vegetais, transformação de tomate, lacticínios e
carne, lanifícios, vestuário, couro;
 exploração florestal- serrações, carpintarias, corticeiras, mobiliário;
 extração e transformação de rochas e minerais.

Fatores de atração da indústria


A promoção da implantação de indústrias em áreas rurais deve passar pelo(a):
 Formação e qualificação profissional da mão-de-obra local
 Criação de parques e áreas industriais, servidas por infraestruturas de redes de transporte, de
telecomunicações, de abastecimento de água e energia e de tratamento de resíduos e efluentes, com
lotes industriais a preços atrativos
 Apoio a iniciativas inovadoras que estimulem o empreendedorismo e a competitividade
 Atribuição de benefícios fiscais e subsídios e oferta de serviços de apoio à atividade produtiva.

Apesar da importância da indústria em meios rurais, a implantação de indústrias no interior do país tem um
peso reduzido, predominando pequenas unidades, normalmente de mão-de-obra intensiva e de gestão
familiar relacionadas com o ramo alimentar, bebidas e produtos minerais não metálicos utilizados na
construção civil. Nos últimos anos tem havido um esforço por parte de alguns concelhos rurais do país
para atrair investimento industrial com a construção de parques industriais dotados de boas infraestruturas
cujos lotes são muitas vezes comercializados a preços simbólicos.
O papel dinamizador dos serviços
O incremento dos serviços é fundamental para o desenvolvimento das regiões mais desfavorecidas, onde
assumem um duplo papel, promovendo a melhoria da qualidade de vida e criando postos de trabalho.

 Serviços à População
A oferta de bens e serviços de proximidade (abastecimento de água, eletricidade, telefone, saúde,
apoio a jovens e a idosos) e de outros como a cultura, o lazer e o desporto garantem uma melhor
qualidade de vida às populações rurais e constituem um estímulo essencial à sua permanência,
podendo também ser uma forma de cativar novos habitantes.

 Serviços às empresas
Os serviços (ao nível administrativo, financeiro, logístico…) de apoio às atividades económicas,
como a agricultura, o turismo e a indústria, ou os ligados à formação profissional e às atividades
tradicionais são fundamentais para a dinamização das empresas e o desenvolvimento das áreas
rurais. É o caso dos serviços de apoio às associações de produtores agroflorestais, que oferecem
informação técnica, económica e legislativa e facilitam as relações com as entidades oficiais.

A implantação e a diversificação dos serviços nas áreas rurais são fundamentais para melhorar as
condições de vida da população, para gerar a criação de emprego e para servirem de suporte ao
desenvolvimento de novas atividades, nomeadamente as ligadas ao turismo e indústria.

O Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020 reconhece a importância dos serviços e prevê apoio
financeiro para projetos de prestação de serviços de aconselhamento e acompanhamento técnico das
explorações agrícolas e florestais. Também a PAC, ao valorizar o papel do agricultor como agente de
conservação ambiental, incentiva a criação de novos serviços na área do ambiente, proporcionando
rendimentos aos agricultores.

Desenvolver a silvicultura

A floresta é um recurso natural renovável capaz de gerar riqueza ambiental, social e económica, essencial
ao desenvolvimento sustentável dos espaços rurais, proporcionando rendimentos complementares e,
assim, contribuir para a melhoria do nível de vida das populações e para a sua fixação.

As áreas de floresta, que constituem uma parte significativa dos espaços rurais em Portugal,
desempenham várias funções:
 Função económica – a floresta contribui para a criação de emprego e diversificação das atividades
económicas nas áreas rurais. O conceito de “floresta multifuncional” está associado a vários usos:
produção de madeira e cortiça, resina, pastorícia, apicultura, plantas aromáticas e medicinais, frutos
silvestres e cogumelos, caça, pesca.
 Função ambiental – as florestas desempenham um papel importante na preservação dos solos, na
conservação da água, na regulação do ciclo hidrológico, no armazenamento do carbono e na
proteção da biodiversidade
 Função social – as florestas são consideradas espaços de turismo e de lazer.
A floresta deve ser utilizada no seu todo e de forma sustentável contribuindo para o desenvolvimento dos
espaços rurais.

A floresta em Portugal é dominada por três espécies:


 Eucalipto – espécie de crescimento rápido, muito utilizada na produção de pasta do papel, registou
um aumento na sua área de produção. O esgotamento dos solos e a diminuição das reservas hídricas
provocados pela expansão desta espécie tem gerado alguma polémica.
 Sobreiro – Portugal é o maior produtor mundial de cortiça, pelo que esta espécie tem um peso
relevante na exportação de produtos da floresta.
 Pinheiro Bravo – ocupava as maiores manchas florestais em Portugal, mas tem sido muito afetado
pelos incêndios florestais e por doenças e pragas. Constitui o suporte da indústria de serração e
aglomerados.

Problemas
São vários os problemas que contribuem para a degradação da floresta e para o desinvestimento no setor:
 Estrutura fundiária – fragmentação e pequena dimensão da propriedade florestal e o frequente
desconhecimento dos seus limites pelos proprietários, o que dificulta a gestão dos espaços
florestais
 Gestão e ordenamento da floresta
– Falta de planeamento na gestão dos recursos florestais, associado ao abandono das propriedades
e à falta de qualificação dos proprietários, o que dificulta a introdução de novas tecnologias e
técnicas
- Surgimento de extensos povoamentos monoculturas de espécies exóticas de crescimento rápido
(como o eucalipto) em substituição de espécies autóctones de crescimento mais lento (ex: sobreiro
e carvalho)
 Risco de incêndio – o despovoamento das áreas rurais e o abandono de práticas de pastorícia e de
recolha do mato que permitiam manter a limpeza das florestas potenciam o risco de ocorrência de
incêndios, frequentes no verão.

Soluções
 Criação de instrumentos de ordenamento e gestão florestal, contrariando o abandono florestal
 Reorganização da estrutura fundiária com a promoção do emparcelamento florestal através de
incentivos e da simplificação jurídica e fiscal
 Promoção do associativismo, da formação profissional e da investigação florestal.
 Simplificação dos processos de candidatura a programas de apoio à floresta.
 Diversificação das atividades nas explorações florestais e agroflorestais.
 Reflorestação – plantação de novas árvores mais resistentes às pragas e incêndios, após o abate
ou a queima do coberto florestal.
 Reforço da prevenção de incêndios
 Limpeza de matos, povoamentos e desbastes
 Melhoria da rede viária e de linhas de corta-fogo
 Otimização dos pontos de água
 Aquisição e otimização de máquinas e materiais para limpeza e desmatação
 Campanhas de sensibilização sobre práticas de bom uso do fogo
 Melhoria da coordenação dos meios de deteção e combate de fogos

Produzir energias renováveis


A produção de energias renováveis é uma das formas de valorizar os recursos disponíveis nas áreas
rurais e de criar novas oportunidades de produção, com o cultivo de espécies destinadas à produção de
energia.
Vantagens das energias renováveis
 Contribuem para a criação de emprego e de riqueza nas áreas rurais
 Respondem às preocupações das políticas nacionais e comunitárias em matéria de ambiente
(redução das emissões de gases com efeito de estufa e aumento da quota da energia proveniente de
fontes renováveis)
 Redução da dependência energética do exterior em termos de combustíveis fósseis

1. Biomassa – bioenergia
A biomassa pode contribuir para a diversificação da produção e do rendimento agrícola.
Biomassa: matéria orgânica de origem vegetal e animal que pode ser utilizada como fonte de
energia. Todos os resíduos orgânicos podem ser utilizados para a produção de energia
(bioenergia).

 Biocombustíveis sólidos
Os produtos e resíduos da floresta e da agricultura, resultantes de podas, desbastes ou cortes,
podem ser utilizados para fins energéticos, nomeadamente no aquecimento doméstico e na produção
de eletricidade, existindo já alguns projetos para o seu aproveitamento. A maior central termoelétrica
é a de Mortágua, a funcionar desde 1999, que labora com base na queima de resíduos florestais. O
aproveitamento da biomassa florestal incentiva os proprietários florestais a manterem as florestas e
as matas limpas podendo, assim, contribuir para a diminuição dos incêndios.

 Biocombustíveis líquidos
Englobam o biodiesel e o bioetanol produzidos a partir das culturas energéticas:
 O biodiesel é obtido a partir dos óleos de colza ou de girassol
 O bioetanol resulta da fermentação de hidratos de carbono provenientes da cana-de-açúcar, da
beterraba e ainda de resíduos florestais e agrícolas
A produção destas culturas pode contribuir para diversificar a produção e o rendimento dos
agricultores.
 Biocombustíveis gasosos
O biogás resulta da decomposição de matéria orgânica obtida a partir de efluentes agropecuários, da
agroindústria e urbanos (lamas das ETAR) e ainda dos aterros. Pode ser utilizado como combustível,
em substituição do gás natural, ou para a produção de eletricidade.
No caso das explorações agropecuárias, estas podem tornar-se autossuficientes em termos
energéticos e os resíduos sólidos resultantes da decomposição podem ser ainda utilizados como
fertilizantes, evitando a poluição das águas superficiais e subterrâneas, um problema recorrente
associado principalmente às suiniculturas.

2. Energia Eólica
O vento tem sido, desde sempre, aproveitado nas áreas rurais para produção de energia através dos
moinhos de vento.
Existem boas condições para a produção de energia eólica numa vasta área do nosso país e os locais
mais adequados situam-se, regra geral, em áreas rurais, contribuindo para diversificar a sua base
económica.
Tem havido uma forte aposta na construção de parques eólicos, um pouco por todo o país, o que faz com
que Portugal seja, atualmente, o segundo país da União Europeia com maior participação de energia
eólica na produção da eletricidade consumida.

3. Energia hídrica
A energia hídrica tem sido, desde sempre, muito utilizada nas áreas rurais, para moagem dos cereais e da
azeitona, mas constitui, também, o recurso nacional mais utilizado para a produção de eletricidade, nas
centrais hidroelétricas.
Atualmente aposta-se também na construção de mini-hídricas, cujos impactes ambientais são menores,
podendo ser planeadas e construídas de acordo com os interesses locais.

Estratégias de desenvolvimento rural


As estratégias de desenvolvimento rural passam por potenciar os recursos endógenos de cada região,
numa perspetiva de desenvolvimento sustentável que melhore as condições de vida das populações nas
áreas rurais, que aumente a competitividade do setor agroflorestal e que garanta a preservação do
património ambiental e paisagístico.

O desenvolvimento rural tem sido alvo de uma crescente preocupação nas políticas de desenvolvimento
regional da União Europeia. Desde a Agenda 2000, têm vindo a ser aprofundadas medidas de apoio ao
desenvolvimento rural (consagrado no 2º Pilar da PAC), tendo presentes os objetivos da competitividade
económica, sustentabilidade ambiental e equilíbrio territorial.

Com a nova PAC, os estados-membros passaram a dispor de um conjunto de medidas flexíveis,


financiadas pelo FEADER, e selecionam as que melhor se adequam à especificidade das suas áreas
rurais. Em Portugal essas medidas estão incluídas nos programas de desenvolvimento rural e integram a
Rede Rural Nacional.

A Rede Europeia de Desenvolvimento Rural, constituída no âmbito da política de


desenvolvimento rural da União Europeia, pretende contribuir para a implementação das
estratégias de desenvolvimento rural através do envolvimento de diferentes parceiros,
instituições e organização ligadas a diferentes sectores de atividade. Esta rede apoia-se
no funcionamento de redes rurais em cada estado-membro.
Em Portugal foi constituída a Rede Rural Nacional com a finalidade de facilitar a
partilha de experiências, conhecimento e informação entre os diferentes intervenientes
do desenvolvimento rural, assim como o apoio à implementação e avaliação das políticas
com incidência neste setor.

Iniciativa comunitária LEADER


Os objetivos do Programa de Desenvolvimento Rural da UE são apoiados pela Iniciativa LEADER –
Ligação Entre Ações de Desenvolvimento da Economia Rural – que incentiva projetos de desenvolvimento
rural integrado. Pressupõem-se que a dinamização do potencial endógeno deve ser realizada através de
abordagens que privilegiam as experiências e iniciativas locais e o apoio comunitário ao desenvolvimento
rural.
A aplicação desta iniciativa, desde 1991 (LEADER I, LEADER II e LEADER+), teve efeitos positivos nas
Zonas de Intervenção, que cobrem quase todas as áreas rurais do país, permitindo a criação de
estratégias de desenvolvimento das áreas rurais pelas comunidades rurais a longo prazo.

Vantagens da abordagem LEADER para o desenvolvimento rural


O LEADER pressupõe uma abordagem integrada e multissetorial, em que os projetos apoiados envolvam
as comunidades locais na definição de estratégias de desenvolvimento de forma sustentável. Desenvolve-
se a partir dos Grupos de Ação Local (GAL), em parceria com o setor privado que, refletindo sobre as
potencialidades endógenas, se candidatam à iniciativa e se encarregam de elaborar e aplicar Estratégias
de Desenvolvimento Local para a área rural que representam, através dos Planos de Desenvolvimento
Local (PDL).

Os projetos LEADER propõem estratégias variadas e inovadoras que visam, entre outras, a melhoria da
qualidade de vida nas áreas rurais, a valorização dos produtos locais e dos recursos naturais e culturais, a
utilização de novos conhecimentos e novas tecnologias para tornar mais competitivos os produtos e
serviços rurais

Você também pode gostar