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Geografia A

3 – Os espaços organizados pela população: áreas rurais


e urbanas
3.1 – As áreas rurais em mudança
3.1.1 – As fragilidades dos sistemas agrários e dos espaços rurais
3.1.1.1 – Contrastes espaciais
A importância da agricultura
A representatividade das explorações agrícolas é mais elevada no Alentejo, em muitos
concelhos do interior e da R. A. dos Açores, e mais baixa no litoral, com exceção do
Alentejo, em muitos concelhos do centro interior, no Algarve e na R. A. da Madeira.
O emprego agrícola é mais importante na generalidade das regiões do interior e no
extremo noroeste, e menos relevante na maioria das regiões do litoral.

As regiões agrárias e características físicas e humanas


• O clima é mais húmido nas regiões do
litoral, exceto no Alentejo e Algarve;
• A AVTA é maior nas regiões do interior;
• O relevo é mais acidentado nas regiões
do norte e nas Regiões Autónomas;
• As secas, as geadas, e os granizos e
trovoadas são mais regulares nas
regiões do interior e do sul;
• A exploração agrícola é maior no
Alentejo e no Algarve, e menor em
Entre Douro e Minho e na Beira Litoral;
• A densidade populacional é maior em
Entre Douro e Minho, no Ribatejo e
Oeste, e na R. A. da Madeira;
• A população é mais envelhecida em
Trás-os-Montes, na Beira Interior e no
Alentejo;
• A utilização das máquinas é maior no
Alentejo, no Ribatejo e Oeste, e na R. A.
dos Açores.

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Condicionalismos naturais
O clima e os recursos hídricos
A irregularidade da precipitação (espacial e temporal) prejudica a agricultura. Assim,
para compensar as secas em certas regiões, armazena-se a água nas albufeiras,
aumentando o potencial agrícola das regiões, ao permitir o regadio e uma maior
diversidade de culturas.

Os solos e o relevo
O relevo influencia a temperatura (quanto maior a altitude, menor a temperatura –
logo, menor é a produção agrícola). O declive influencia a fertilidade dos solos e limita a
utilização de máquinas. Nas planícies, o solo é mais fértil e mais propício à utilização de
máquinas.
Nas vertentes soalheiras das montanhas, a produção agrícola é maior devido à maior
insolação. A fertilidade dos solos pode ser natural (dependente das características
geológicas, do relevo e do clima) ou criada pelo Homem (fertilização e correção dos
solos).

Fatores humanos
Passado histórico
Norte – fragmentação da propriedade:

• O relevo acidentado;
• A abundância da água;
• A fertilidade natural dos solos;
• O caráter anárquico da Reconquista e o parcelamento de terras pelo clero e
nobreza;
• A elevada densidade populacional;
• A sucessiva partilha de heranças, beneficiando igualmente todos os filhos.
Sul – predomínio das grandes propriedades:

• O relevo mais ou menos aplanado;


• O clima mais seco;
• Menor fertilidade natural dos solos;
• A feição mais organizada da Reconquista e a doação de vastos domínios aos nobres
e às ordens religiosas e militares.

O objetivo da produção e as práticas utilizadas


• Autoconsumo – explorações de menor dimensão e utilização de técnicas
mais artesanais;
• Mercado – explorações de maior dimensão e mais especializadas, com utilização
de tecnologia moderna.

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As políticas agrícolas
As políticas agrícolas influenciam as opções dos agricultores, regulamentam práticas
agrícolas, criam incentivos financeiros, apoiam a formação dos agricultores e
a modernização das explorações, etc.

As paisagens agrárias
No espaço rural desenvolvem-se as atividades agrícolas, artesanato, turismo e produção
de energias renováveis. Nele destaca-se o espaço agrário – áreas ocupadas com
produção agrícola, pastagens, florestas, habitações dos agricultores, infraestruturas e
equipamentos associados à atividade agrícola. Neste individualizam-se:

• o espaço agrícola – área utilizada para a produção vegetal e/ ou animal;


• a superfície agrícola utilizada (SAU) – área do espaço agrícola ocupada com
culturas.

A ocupação dos sistemas de cultura com a morfologia dos campos e as formas


de povoamento dá origem a diferentes paisagens agrárias.

Sistemas de cultura
Ocupação do solo:

• Sistema intensivo – o solo é total e continuamente ocupado;


• Sistema extensivo – não há uma ocupação permanente e contínua do solo;
pratica- se a rotação de culturas, por vezes, com recurso ao pousio.

Culturas:

• Policultura – mistura de culturas no mesmo campo, e colheitas que se sucedem


umas às outras, geralmente em áreas de solos férteis e irrigados;
• Monocultura – cultivo de um só produto no mesmo campo, associado a solos mais
pobres ou à moderna produção de mercado.

Necessidade de rega:

• Regadio – precisam de rega regular;


• Sequeiro – com pouca necessidade de água.

Morfologia dos campos


• De grande ou média dimensão, com uma forma regular e sem vedação (campo
aberto);
• De pequena ou média dimensão, com uma forma irregular e com vedação (campo
fechado).

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Formas de povoamento
• Concentrado – em aldeias;
• Disperso – as casas estão construídas nos campos;
• Mistura – mistura das duas formas anteriores.

As paisagens agrárias em Portugal


Trás-os-Montes, Beira Interior, Alentejo e Ribatejo:

• Sistema extensivo;
• Monocultura;
• Sequeiro;
• Campos de média e grande dimensão, regulares e abertos.

Entre Douro e Minho, Beira Litoral, R. A. da Madeira, Oeste e Algarve (serra)

• Sistema intensivo;
• Policultura;
• Regadio;
• Campos de pequena dimensão, irregulares e fechados.
Algarve (litoral):

• Sistema intensivo;
• Monocultura;
• Campos regulares e fechados.

R. A. dos Açores:

• São Miguel – sistema extensivo de monocultura em campos fechados e regulares


de média e grande dimensão;
• Pico – sistema intensivo de policultura em campos pequenos e irregulares.
Distribuição, estrutura e formas de exploração da SAU
A SAU é ocupada com diferentes culturas e engloba:

• terras aráveis (onde se podem praticar culturas temporárias e pousio);


• culturas permanentes;
• hortas familiares;
• pastagens permanentes.

A repartição da SAU apresenta uma distribuição regional muito heterogénea,


distinguindo-se o Alentejo com cerca de metade e a Madeira com 0,1%. A sua desigual
distribuição deve-se ao relevo e à ocupação humana.
A ocupação da SAU registou alterações significativas com o aumento da área ocupada
com pastagens permanentes e a diminuição das culturas temporárias. Tais mudanças

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devem-se à instabilidade dos preços dos cereais e às políticas nacionais e comunitárias
que tornaram a pecuária extensiva mais atrativa.
Podem considerar-se duas principais formas de exploração da SAU, por conta própria
ou por arrendamento.

Conta própria
• O produtor é o proprietário da terra;
• Predomina em todas as regiões agrárias;
• Contribui para a preservação dos solos;
• Facilita o investimento em melhoramentos fundiários;
• Contribui para a preservação da paisagem e das espécies autóctones, a prevenção
de fogos florestais, etc.

Arrendamento
• O produtor paga ao proprietário da terra pela sua utilização;
• É mais comum nos Açores;
• Pode contribuir para acentuar o esgotamento dos solos;
• Evita o abandono das terras.

Características das explorações agrícolas


Uma exploração agrícola é uma unidade técnico-económica que utiliza fatores de
produção comuns e que deve produzir produtos agrícolas, deve atingir ou ultrapassar
uma certa dimensão, deve estar submetida a uma gestão única, e deve estar localizada
num local bem determinado e identificável, As de grande dimensão são latifúndios, e as
de pequena dimensão são minifúndios.
O grande nº de pequenas explorações (que tem vindo a diminuir) condiciona o
desenvolvimento da agricultura, pois limita a modernização dos sistemas de produção
e reduz a dimensão económica das explorações. A especialização produtiva simplifica o
trabalho agrícola, exige menor diversidade de máquinas e equipamentos, reduz os
custos de produção e aumenta a produtividade e os rendimentos dos agricultores.

3.1.1.2 – Produção agrícola


A distribuição regional das produções está diretamente associada às características de
cada região:

• A batata cultiva-se mais no Norte (Trás-os-Montes) e Centro (Oeste e Beira Litoral);


• O trigo é um cereal de sequeiro que, tradicionalmente, se cultiva em todo o Interior
do país, sobretudo no Alentejo, onde a modernização agrícola permitiu tornar a sua
produção mais rentável;
• O milho é um cereal de regadio que tem uma maior produção no Alentejo;
• A cereja está bem adaptada à relativa secura do Interior Norte e Centro;
• A laranja está bem adaptada às temperaturas mais altas e ao sol do Algarve, que lhe
conferem menor acidez;

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• O tomate para indústria, a beterraba sacarina e o girassol, são culturas industriais
– destinam-se à transformação industrial – sendo o Alentejo a apresentar maior
produção, pois inclui a Lezíria do Tejo.
A uma maior área de cultivo pode não corresponder maior produção, pois existem
diferenças no rendimento agrícola (relação entre a produção e a superfície cultivada),
que advêm das características das culturas, da fertilidade dos solos e das tecnologias
utilizadas.

3.1.1.3 – A população agrícola


Com a modernização da agricultura e com as ofertas de emprego mais atrativas noutros
ramos de atividade, assiste-se a um êxodo agrícola – transferência da mão de
obra agrícola para outros setores.
Ao conjunto de pessoas que fazem parte do agregado doméstico do produtor agrícola
(agricultor responsável pela produção) chama-se população agrícola familiar. Esta
assume uma maior importância na população residente nas Regiões Autónomas e nas
regiões do interior.
A população que se dedica à agricultura é, de um modo geral, envelhecida, com baixos
níveis de instrução e sem formação profissional. Isto condiciona:

• a adesão a inovações;
• a capacidade de investir e arriscar;
• a adaptação às normas comunitárias de produção e de comercialização.
Trabalho agrícola
A mão de obra agrícola portuguesa é essencialmente familiar. Porém, apenas
uma pequena parte trabalha a tempo completo na agricultura.
As regiões agrárias que empregam mais mão de obra não familiar são aquelas onde
predominam as explorações de grande dimensão.
A pluriatividade – trabalho na agricultura e noutras atividades, simultaneamente –
surge como alternativa para complementar o rendimento proveniente da agricultura. O
plurirrendimento – acumulação dos rendimentos provenientes da agricultura com os de
outras atividades – contribui para reduzir o abandono das áreas rurais.

3.1.1.4 – Problemas estruturais da agricultura portuguesa


Principais pontos fracos
• Predomínio de explorações agrícolas de pequena dimensão;
• Baixa densidade populacional e envelhecimento demográfico nos meios rurais;
• Baixos níveis de instrução dos agricultores;
• Insuficiente nível de formação profissional dos
produtores. Tem como consequências:

• Baixo nível de adesão às TIC nas zonas rurais;


• Dificuldade em inovar e modernizar as explorações, ao nível da gestão, da
produção e da comercialização.

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• Dificuldades de autofinanciamento e acesso ao crédito;
• Imagem dos produtos agrícolas portugueses pouco desenvolvida nos
mercados externos;
• Fraca ligação da produção agrícola e florestal à indústria;
• Abandono dos espaços rurais.
Tem como consequências:

• Dificuldade em competir nos mercados europeu e mundial;


• Dificuldade em manter a viabilidade económica de muitas explorações;
• Fraca sustentabilidade social e económica das áreas rurais, e risco de desertificação.
Principais pontos fortes
• Condições climatéricas propícias para certos produtos;
• Boas condições de sanidade vegetal;
• Existência de recursos genéticos com vocação para o mercado;
• Aumento da especialização das explorações;
• Aumento da disponibilidade de água para rega;
• Existência de um nº significativo de denominações de origem;
• Potencial para produzir com qualidade e diferenciação;
• Aumento da vocação exportadora de alguns produtos;
• Pluriatividade da população agrícola – evita o abandono;
• Utilização crescente de modos de produção amigos do ambiente.

Dependência externa
A balança alimentar portuguesa é deficitária, o que leva a uma forte dependência
externa. Tal acontece devido à insuficiência da produção, à livre circulação
de mercadorias na UE, à procura de diversidade de produtos, à facilidade de transporte,
e ao marketing.

Níveis de rendimento e produtividade


Os níveis de rendimento da atividade agrícola portuguesa têm crescido abaixo da
média comunitária. Para os avaliarem são habitualmente utilizados indicadores como o
Rendimento Empresarial Líquido (REL), cuja evolução tem sido positiva.
A produtividade da agricultura (relação entre o total de produção com a mão de obra
utilizada) portuguesa tem vindo a crescer significativamente.

A utilização do solo
O solo nem sempre é utilizado da forma que devia ser. Muitas vezes, desenvolvem-se
atividades agrícolas em solos pouco aptos para elas, e também se utilizam práticas
incorretas que afetam a fertilidade dos solos:

• utilização excessiva ou incorreta de fertilizantes;


• a prática da monocultura conduz ao empobrecimento e esgotamento de
determinados nutrientes do solo;

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• excessiva mobilização dos solos;
• ausência de estudos do solo.
A competitividade da agricultura portuguesa é ainda afetada por fatores como:

• as condições meteorológicas irregulares;


• as características da população agrícola;
• a utilização de técnicas tradicionais;
• o predomínio de explorações de pequena dimensão;
• os elevados custos de produção;
• os pesados encargos financeiros na modernização das explorações.
Assim, é fundamental acelerar o ajustamento estrutural do setor agrícola e apostar na
modernização e na orientação para o mercado.

3.1.2 – A agricultura portuguesa e a Política Agrícola Comum


3.1.2.1 – A Política Agrícola Comum
A Política Agrícola Comum (PAC) entrou em vigor a 1958 com o Tratado de Roma.

Problemas anteriores
• Produção agrícola insuficiente;
• Pouca representatividade da agricultura no emprego e no PIB dos países fundadores
da UE.

Objetivos da PAC
• Desenvolver a agricultura, melhorando a produtividade;
• Estabilizar os mercados;
• Melhorar o nível de vida dos agricultores;
• Assegurar preços acessíveis aos cidadãos;
• Garantir a segurança dos abastecimentos.

Princípios ou pilares da PAC


• Unicidade de mercado – estabelecer um mercado agrícola único – eliminar as
barreiras alfandegárias e harmonizar as regras sanitárias e as normas técnicas;
• Preferência comunitária – evitar a concorrência dos produtos estrangeiros,
estabelecendo preços mínimos para as importações e subsídios para as
exportações;
• Solidariedade financeira – FEOGA (Fundo Europeu de Orientação e Garantia
Agrícola) – melhorar as estruturas agrícolas e financiar as despesas de regulação dos
preços e dos mercados.

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Os primeiros anos da PAC – 1958 a 1980
Progressos
• Grande crescimento da população;
• Redução da superfície e da mão de obra;
• Aumento da produtividade agrícola e do rendimento dos agricultores.
Problemas
• Criação de excedentes agrícolas – custos muito elevados de armazenamento;
• Desajustamento entre a produção e as necessidades do mercado;
• Peso muito elevado da PAC no orçamento comunitário;
• Tensão entre os principais exportadores mundiais;
• Graves problemas ambientais.

Primeiras alterações e reformas da PAC


1984
• Sistema de quotas que estabeleceu um limite de produção para cada país.
1988
• Fixação de quantidades máximas garantidas;
• Retirada de terras de produção – set-aside;
• Cessão da atividade agrícola e reforma antecipada dos agricultores;
• Limitação da superfície de cultivo e do nº de animais;
• Reconversão dos produtos excedentários – prémios aos produtores que reduzem a
produção.
1ª reforma – 1992
Para reequilibrar a oferta e a procura:

• Diminuição dos preços agrícolas garantidos;


• Ajudas diretas aos produtores;
• Reformas antecipadas;
• Orientação da produção para novas produções;
• Incentivos à pluriatividade.
Para respeitar e preservar o ambiente:

• Promoção do pousio temporário;


• Incentivo à prática da agricultura biológica;
• Desenvolvimento da silvicultura.

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2ª reforma – 1999 (Agenda 2000)
Prioridades:

• Segurança alimentar e bem-estar animal;


• Agricultura sustentável/ preservação ambiental;
• Desenvolvimento rural – novo pilar da PAC.
Valorização da agricultura nas suas diferentes vertentes:

• Económica – pelo contributo da agricultura para o crescimento económico;


• Social – por ser a principal atividade e forma de sobrevivência de muitas aldeias;
• Ambiental – por conservar os espaços, proteger a biodiversidade e a paisagem;
• Ordenamento do território – porque ocupa grande parte do território e, por isso,
enquadra os restantes usos do solo.
3ª reforma – 2003
Orientação para a procura:

• Passa a ter em conta os interesses dos consumidores.


Pagamento único por exploração:

• Os agricultores recebem um pagamento por exploração, desligado da produção.


Princípio da condicionalidade:

• As ajudas ficam condicionadas ao respeito pelas normas ambientais.


4ª reforma – 2013
Objetivos:

• Económicos – produção alimentar viável;


• Ambientais – gestão sustentável dos recursos e ação climática;
• Territoriais – desenvolvimento territorial equilibrado.

3.1.2.2 – A agricultura portuguesa


A integração da agricultura portuguesa
A agricultura portuguesa caracterizava-se por um grande atraso em relação aos países
comunitários:

• a produtividade e o rendimento eram muito inferiores aos dos restantes países-


membros;
• o investimento era muito reduzido e as técnicas pouco evoluídas;
• as infraestruturas agrícolas eram insuficientes e as características das
estruturas fundiárias dificultavam o desenvolvimento do setor;
• havia pouca experiência de concorrência nos mercados interno e externo.

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Estas fragilidades da agricultura portuguesa foram reconhecidas no Programa de Pré-
adesão e no Tratado de Adesão, o que permitiu o benefício de condições especiais e
uma integração faseada:

• na 1ª fase de integração, até 1990, Portugal não esteve sujeito às regras de preços
e mercados da PAC, e usufruiu dos incentivos financeiros do PEDAP (Programa
Específico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa);
• na 2ª fase de integração, de 1990 a 1999, Portugal foi afetado pelas limitações
impostas à produção pela 1ª reforma da PAC em 1992, e pela concretização
do Mercado Comum em 1993 (exposição prematura do setor agrícola português
à concorrência externa).
O setor agrícola português confrontou-se com dificuldades:

• sofreu limitações à produção pelo sistema de quotas;


• foi desfavorecido pelo sistema de financiamento e de repartição dos apoios;
• os investimentos nos projetos cofinanciados por fundos comunitários levaram ao
endividamento de muitos agricultores.
Apesar disso, verificaram-se progressos:

• diminuição do nº de explorações agrícolas e aumento da sua dimensão média;


• redução da mão de obra agrícola;
• aumento da produção e da produtividade;
• crescimento do investimento em infraestruturas fundiárias, tecnologias e formação
profissional.

Potencializar o setor agrário nacional e o desenvolvimento rural


O financiamento da PAC é feito através de dois fundos que fazem parte do orçamento
da UE:

• o FEAGA – Fundo Europeu Agrícola de Garantia;


• o FEADER – Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural.
Foram definidas, pela PAC, seis prioridades da Política de Desenvolvimento Rural para
o período entre 2014 e 2020:
• promover a transferência de conhecimentos e a inovação nos setores agrícola e
florestal nas zonas rurais;
• melhorar a competitividade de todos os tipos de agricultura e reforçar a viabilidade
das explorações agrícolas;
• promover as cadeias alimentares e a gestão de risco na agricultura
• restaurar, preservar e melhorar os ecossistemas que dependem da agricultura e das
florestas;
• promover a utilização eficiente e ecológica dos recursos;
• inclusão social, redução da pobreza e desenvolvimento económico das zonas rurais.

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Reforçar a competitividade
• Modernizar as explorações através do investimento em tecnologia produtiva, da
melhoria das infraestruturas, e do aumento da dimensão das explorações, que pode
conseguir-se pelo emparcelamento;
• Apostar em produtos que podem ser certificados e produzi-los de acordo com as
respetivas normas de qualidade;
• Rejuvenescer a população agrícola ao conceder benefícios aos jovens que se
queiram dedicar à agricultura;
• Elevar o nível de instrução e de qualificação da população agrícola;
• Melhorar a organização e gestão das empresas agrícolas, o que permite a
concentração da oferta, o aumento do valor acrescentado e o escoamento da
produção;
• Diminuir o impacte ambiental da atividade agrícola ao prevenir a utilização
de produtos químicos, a utilização intensiva dos solos e a poluição causada
pelos efluentes pecuários;
• Promover a prática da agricultura biológica e do regadio, que permite
a regularização das produções agrícolas.

3.1.3 – Novas oportunidades para as áreas rurais


3.1.3.1 – Diversidade e oportunidades nas áreas rurais
Pontos fracos
• Baixo nível de qualificação dos recursos humanos;
• Escassez de emprego;
• Perda e envelhecimento da população;
• Baixo poder de compra da população;
• Predomínio de explorações de pequena dimensão económica;
• Abandono de terras agrícolas e florestais;
• Carência de equipamentos sociais, culturais, recreativos e serviços de proximidade;
• Insuficiência das redes de transporte.

Potencialidades
• Património rico e diversificado;
• Tendência para a melhoria das infraestruturas coletivas;
• Valorização das energias renováveis;
• Baixos níveis de poluição e elevado grau de preservação ambiental;
• Saber-fazer tradicional;
• Crescente procura de produtos de qualidade e atividades de lazer;
• Importante valor paisagístico das culturas e de espécies florestais;
• Crescente preocupação com a preservação dos recursos naturais e do ambiente.

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3.1.3.2 – Valorização das potencialidades
Turismo
No turismo em espaço rural (TER) – conjunto de atividades e serviços de alojamento e
empreendimentos de natureza familiar, realizados e prestados a turistas, mediante
remuneração, no espaço rural – a principal oferta baseia-se na ligação aos valores
culturais, às práticas agrícolas, aos recursos naturais e paisagísticos, valorizando as
particularidades próprias de cada região. O TER é um fator importante para o
desenvolvimento das áreas rurais e tem tido um aumento na sua procura.
Modalidades de turismo no espaço rural
• Turismo de habitação – em solares, casas apalaçadas ou residências de reconhecido
valor arquitetónico, e oferece um serviço de natureza familiar e de elevada
qualidade;
• Agroturismo – os visitantes podem observar e participar nas atividades agrícolas;
• Casas de campo – casas rústicas particulares, pequenas e com características
regionais, nas quais o proprietário pode morar e organizar as atividades dos
visitantes;
• Turismo de aldeia – empreendimentos que incluem, no mínimo, cinco casas
de campo inseridas em aldeias que mantêm, no seu conjunto, as características
arquitetónicas e paisagísticas tradicionais da região.
Outras atividades turísticas no espaço rural
• Turismo ambiental – proporciona o contacto com a Natureza e várias atividades ao
ar livre;
• Turismo fluvial;
• Turismo cultural – valoriza o património arqueológico, histórico e etnográfico local;
• Turismo gastronómico e enoturismo – também ligado à rota dos vinhos;
• Turismo cinegético (caça) e termal (aproveitamento das águas termais).
Sustentabilidade do turismo
As atividades turísticas devem ser planeadas no respeito pelo ambiente e pelos valores
culturais locais, preservando a diversidade biológica e cultural e promovendo a
qualidade da oferta, ajustando-a à capacidade de ocupação dos lugares.

Produtos tradicionais
Com a crescente procura de alimentos de qualidade, aumenta-se a venda de produtos
tradicionais, o que desenvolve as áreas rurais.
O artesanato constitui também uma forma de diversificar as atividades rurais e de criar
emprego, e é um elemento representativo da identidade cultural que importa
preservar.

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Indústria
Ao criar emprego, a indústria contribui para fixar e atrair população, gerando
importantes efeitos multiplicadores:

• promove o desenvolvimento das atividades produtoras da matéria-prima;


• desenvolve outras indústrias complementares e diferentes serviços;
• aumenta a riqueza produzida.
A instalação de indústrias em áreas rurais pode ser promovida pela oferta de:

• mão de obra relativamente barata;


• infraestruturas e boas acessibilidades;
• serviços de apoio à atividade produtiva;
• proximidade de mercados regionais com alguma importância;
• medidas de política local e central.

Serviços
Os serviços podem desenvolver as áreas rurais, pois:

• proporcionam melhor qualidade de vida;


• criam emprego, promovendo a fixação da população;
• apoiam outras atividades económicas.
A PAC, ao valorizar o papel do agricultor como agente de conservação
ambiental, incentiva a criação de novos serviços na área do ambiente.

Silvicultura
O setor florestal tem contribuído favoravelmente para a economia nacional e para a
preservação dos solos, da água e da biodiversidade.
Problemas
• A fragmentação da propriedade florestal;
• A baixa rendibilidade;
• O elevado risco da atividade, pelos incêndios florestais;
• O despovoamento;
• O abandono de práticas de pastorícia e de recolha de mato.
Soluções
• Criação de instrumentos de ordenamento e gestão florestal;
• Promoção do emparcelamento florestal;
• Promoção do associativismo;
• Simplificação dos processos de candidatura a programas de apoio à floresta;
• Diversificação das atividades nas explorações florestais;
• Reforço da prevenção de incêndios.

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Produção de energias renováveis
A produção de energia a partir de fontes renováveis é uma das formas de valorizar os
recursos disponíveis nas áreas rurais e de criar novas oportunidades de produção, o
que as desenvolve.

Biomassa-bioenergia
A biomassa é matéria orgânica, de origem vegetal ou animal, que pode ser utilizada
como fonte de energia (essa energia tem o nome de bioenergia). Pode resultar da
exploração florestal, da produção agrícola, dos resíduos das atividades agrícolas e da
pecuária.
Entre os biocombustíveis está o biogás, que é produzido a partir de efluentes
agropecuários, da agroindústria e urbanos. Resulta da degradação biológica
anaeróbica (sem oxigénio) da matéria orgânica. As explorações agropecuárias podem
tornar-se autossuficientes em termos energéticos devido ao biogás, e a sua produção
evita ainda problemas de poluição nos cursos de água.
Os biocombustíveis líquidos são produzidos a partir das culturas energéticas: obtém-
se biodiesel utilizando óleos de colza ou de girassol, e obtém-se etanol a partir da
fermentação de hidratos de carbono da cana-de-açúcar, da beterraba, e também dos
resíduos florestais e agrícolas.
A produção de biomassa pode contribuir para a diversificação da produção e do
rendimento agrícola.

Energia eólica
Os locais mais adequados para a produção de energia eólica situam-se, regra geral, em
áreas rurais. A instalação de parques eólicos contribui para aumentar a oferta de
emprego e para diversificar a base económica da população rural (o que aumenta a
prática da pluriatividade e do plurirrendimento).
Energia hídrica
A energia hídrica foi sempre muito utilizada nas áreas rurais, mas é também o recurso
nacional mais utilizado para a produção de eletricidade, nas centrais hidroelétricas.
Atualmente, aposta-se na construção de mini-hídricas que têm impactes ambientais
menores e que podem servir melhor pequenas localidades.

3.1.3.3 – Estratégias de desenvolvimento rural


Entre as principais medidas de apoio ao desenvolvimento rural, destacam-se:

• as medidas agroambientais;
• as indemnizações compensatórias;
• os apoios à silvicultura;
• a iniciativa comunitária LEADER – Ligação Entre Ações de Desenvolvimento da
Economia Rural – que teve efeitos positivos nas Zonas de Intervenção

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