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Condicionalismos naturais
O clima e os recursos hídricos
A irregularidade da precipitação (espacial e temporal) prejudica a agricultura. Assim,
para compensar as secas em certas regiões, armazena-se a água nas albufeiras,
aumentando o potencial agrícola das regiões, ao permitir o regadio e uma maior
diversidade de culturas.
Os solos e o relevo
O relevo influencia a temperatura (quanto maior a altitude, menor a temperatura –
logo, menor é a produção agrícola). O declive influencia a fertilidade dos solos e limita a
utilização de máquinas. Nas planícies, o solo é mais fértil e mais propício à utilização de
máquinas.
Nas vertentes soalheiras das montanhas, a produção agrícola é maior devido à maior
insolação. A fertilidade dos solos pode ser natural (dependente das características
geológicas, do relevo e do clima) ou criada pelo Homem (fertilização e correção dos
solos).
Fatores humanos
Passado histórico
Norte – fragmentação da propriedade:
• O relevo acidentado;
• A abundância da água;
• A fertilidade natural dos solos;
• O caráter anárquico da Reconquista e o parcelamento de terras pelo clero e
nobreza;
• A elevada densidade populacional;
• A sucessiva partilha de heranças, beneficiando igualmente todos os filhos.
Sul – predomínio das grandes propriedades:
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As políticas agrícolas
As políticas agrícolas influenciam as opções dos agricultores, regulamentam práticas
agrícolas, criam incentivos financeiros, apoiam a formação dos agricultores e
a modernização das explorações, etc.
As paisagens agrárias
No espaço rural desenvolvem-se as atividades agrícolas, artesanato, turismo e produção
de energias renováveis. Nele destaca-se o espaço agrário – áreas ocupadas com
produção agrícola, pastagens, florestas, habitações dos agricultores, infraestruturas e
equipamentos associados à atividade agrícola. Neste individualizam-se:
Sistemas de cultura
Ocupação do solo:
Culturas:
Necessidade de rega:
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Formas de povoamento
• Concentrado – em aldeias;
• Disperso – as casas estão construídas nos campos;
• Mistura – mistura das duas formas anteriores.
• Sistema extensivo;
• Monocultura;
• Sequeiro;
• Campos de média e grande dimensão, regulares e abertos.
• Sistema intensivo;
• Policultura;
• Regadio;
• Campos de pequena dimensão, irregulares e fechados.
Algarve (litoral):
• Sistema intensivo;
• Monocultura;
• Campos regulares e fechados.
R. A. dos Açores:
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devem-se à instabilidade dos preços dos cereais e às políticas nacionais e comunitárias
que tornaram a pecuária extensiva mais atrativa.
Podem considerar-se duas principais formas de exploração da SAU, por conta própria
ou por arrendamento.
Conta própria
• O produtor é o proprietário da terra;
• Predomina em todas as regiões agrárias;
• Contribui para a preservação dos solos;
• Facilita o investimento em melhoramentos fundiários;
• Contribui para a preservação da paisagem e das espécies autóctones, a prevenção
de fogos florestais, etc.
Arrendamento
• O produtor paga ao proprietário da terra pela sua utilização;
• É mais comum nos Açores;
• Pode contribuir para acentuar o esgotamento dos solos;
• Evita o abandono das terras.
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• O tomate para indústria, a beterraba sacarina e o girassol, são culturas industriais
– destinam-se à transformação industrial – sendo o Alentejo a apresentar maior
produção, pois inclui a Lezíria do Tejo.
A uma maior área de cultivo pode não corresponder maior produção, pois existem
diferenças no rendimento agrícola (relação entre a produção e a superfície cultivada),
que advêm das características das culturas, da fertilidade dos solos e das tecnologias
utilizadas.
• a adesão a inovações;
• a capacidade de investir e arriscar;
• a adaptação às normas comunitárias de produção e de comercialização.
Trabalho agrícola
A mão de obra agrícola portuguesa é essencialmente familiar. Porém, apenas
uma pequena parte trabalha a tempo completo na agricultura.
As regiões agrárias que empregam mais mão de obra não familiar são aquelas onde
predominam as explorações de grande dimensão.
A pluriatividade – trabalho na agricultura e noutras atividades, simultaneamente –
surge como alternativa para complementar o rendimento proveniente da agricultura. O
plurirrendimento – acumulação dos rendimentos provenientes da agricultura com os de
outras atividades – contribui para reduzir o abandono das áreas rurais.
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• Dificuldades de autofinanciamento e acesso ao crédito;
• Imagem dos produtos agrícolas portugueses pouco desenvolvida nos
mercados externos;
• Fraca ligação da produção agrícola e florestal à indústria;
• Abandono dos espaços rurais.
Tem como consequências:
Dependência externa
A balança alimentar portuguesa é deficitária, o que leva a uma forte dependência
externa. Tal acontece devido à insuficiência da produção, à livre circulação
de mercadorias na UE, à procura de diversidade de produtos, à facilidade de transporte,
e ao marketing.
A utilização do solo
O solo nem sempre é utilizado da forma que devia ser. Muitas vezes, desenvolvem-se
atividades agrícolas em solos pouco aptos para elas, e também se utilizam práticas
incorretas que afetam a fertilidade dos solos:
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• excessiva mobilização dos solos;
• ausência de estudos do solo.
A competitividade da agricultura portuguesa é ainda afetada por fatores como:
Problemas anteriores
• Produção agrícola insuficiente;
• Pouca representatividade da agricultura no emprego e no PIB dos países fundadores
da UE.
Objetivos da PAC
• Desenvolver a agricultura, melhorando a produtividade;
• Estabilizar os mercados;
• Melhorar o nível de vida dos agricultores;
• Assegurar preços acessíveis aos cidadãos;
• Garantir a segurança dos abastecimentos.
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Os primeiros anos da PAC – 1958 a 1980
Progressos
• Grande crescimento da população;
• Redução da superfície e da mão de obra;
• Aumento da produtividade agrícola e do rendimento dos agricultores.
Problemas
• Criação de excedentes agrícolas – custos muito elevados de armazenamento;
• Desajustamento entre a produção e as necessidades do mercado;
• Peso muito elevado da PAC no orçamento comunitário;
• Tensão entre os principais exportadores mundiais;
• Graves problemas ambientais.
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2ª reforma – 1999 (Agenda 2000)
Prioridades:
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Estas fragilidades da agricultura portuguesa foram reconhecidas no Programa de Pré-
adesão e no Tratado de Adesão, o que permitiu o benefício de condições especiais e
uma integração faseada:
• na 1ª fase de integração, até 1990, Portugal não esteve sujeito às regras de preços
e mercados da PAC, e usufruiu dos incentivos financeiros do PEDAP (Programa
Específico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa);
• na 2ª fase de integração, de 1990 a 1999, Portugal foi afetado pelas limitações
impostas à produção pela 1ª reforma da PAC em 1992, e pela concretização
do Mercado Comum em 1993 (exposição prematura do setor agrícola português
à concorrência externa).
O setor agrícola português confrontou-se com dificuldades:
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Reforçar a competitividade
• Modernizar as explorações através do investimento em tecnologia produtiva, da
melhoria das infraestruturas, e do aumento da dimensão das explorações, que pode
conseguir-se pelo emparcelamento;
• Apostar em produtos que podem ser certificados e produzi-los de acordo com as
respetivas normas de qualidade;
• Rejuvenescer a população agrícola ao conceder benefícios aos jovens que se
queiram dedicar à agricultura;
• Elevar o nível de instrução e de qualificação da população agrícola;
• Melhorar a organização e gestão das empresas agrícolas, o que permite a
concentração da oferta, o aumento do valor acrescentado e o escoamento da
produção;
• Diminuir o impacte ambiental da atividade agrícola ao prevenir a utilização
de produtos químicos, a utilização intensiva dos solos e a poluição causada
pelos efluentes pecuários;
• Promover a prática da agricultura biológica e do regadio, que permite
a regularização das produções agrícolas.
Potencialidades
• Património rico e diversificado;
• Tendência para a melhoria das infraestruturas coletivas;
• Valorização das energias renováveis;
• Baixos níveis de poluição e elevado grau de preservação ambiental;
• Saber-fazer tradicional;
• Crescente procura de produtos de qualidade e atividades de lazer;
• Importante valor paisagístico das culturas e de espécies florestais;
• Crescente preocupação com a preservação dos recursos naturais e do ambiente.
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3.1.3.2 – Valorização das potencialidades
Turismo
No turismo em espaço rural (TER) – conjunto de atividades e serviços de alojamento e
empreendimentos de natureza familiar, realizados e prestados a turistas, mediante
remuneração, no espaço rural – a principal oferta baseia-se na ligação aos valores
culturais, às práticas agrícolas, aos recursos naturais e paisagísticos, valorizando as
particularidades próprias de cada região. O TER é um fator importante para o
desenvolvimento das áreas rurais e tem tido um aumento na sua procura.
Modalidades de turismo no espaço rural
• Turismo de habitação – em solares, casas apalaçadas ou residências de reconhecido
valor arquitetónico, e oferece um serviço de natureza familiar e de elevada
qualidade;
• Agroturismo – os visitantes podem observar e participar nas atividades agrícolas;
• Casas de campo – casas rústicas particulares, pequenas e com características
regionais, nas quais o proprietário pode morar e organizar as atividades dos
visitantes;
• Turismo de aldeia – empreendimentos que incluem, no mínimo, cinco casas
de campo inseridas em aldeias que mantêm, no seu conjunto, as características
arquitetónicas e paisagísticas tradicionais da região.
Outras atividades turísticas no espaço rural
• Turismo ambiental – proporciona o contacto com a Natureza e várias atividades ao
ar livre;
• Turismo fluvial;
• Turismo cultural – valoriza o património arqueológico, histórico e etnográfico local;
• Turismo gastronómico e enoturismo – também ligado à rota dos vinhos;
• Turismo cinegético (caça) e termal (aproveitamento das águas termais).
Sustentabilidade do turismo
As atividades turísticas devem ser planeadas no respeito pelo ambiente e pelos valores
culturais locais, preservando a diversidade biológica e cultural e promovendo a
qualidade da oferta, ajustando-a à capacidade de ocupação dos lugares.
Produtos tradicionais
Com a crescente procura de alimentos de qualidade, aumenta-se a venda de produtos
tradicionais, o que desenvolve as áreas rurais.
O artesanato constitui também uma forma de diversificar as atividades rurais e de criar
emprego, e é um elemento representativo da identidade cultural que importa
preservar.
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Indústria
Ao criar emprego, a indústria contribui para fixar e atrair população, gerando
importantes efeitos multiplicadores:
Serviços
Os serviços podem desenvolver as áreas rurais, pois:
Silvicultura
O setor florestal tem contribuído favoravelmente para a economia nacional e para a
preservação dos solos, da água e da biodiversidade.
Problemas
• A fragmentação da propriedade florestal;
• A baixa rendibilidade;
• O elevado risco da atividade, pelos incêndios florestais;
• O despovoamento;
• O abandono de práticas de pastorícia e de recolha de mato.
Soluções
• Criação de instrumentos de ordenamento e gestão florestal;
• Promoção do emparcelamento florestal;
• Promoção do associativismo;
• Simplificação dos processos de candidatura a programas de apoio à floresta;
• Diversificação das atividades nas explorações florestais;
• Reforço da prevenção de incêndios.
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Produção de energias renováveis
A produção de energia a partir de fontes renováveis é uma das formas de valorizar os
recursos disponíveis nas áreas rurais e de criar novas oportunidades de produção, o
que as desenvolve.
Biomassa-bioenergia
A biomassa é matéria orgânica, de origem vegetal ou animal, que pode ser utilizada
como fonte de energia (essa energia tem o nome de bioenergia). Pode resultar da
exploração florestal, da produção agrícola, dos resíduos das atividades agrícolas e da
pecuária.
Entre os biocombustíveis está o biogás, que é produzido a partir de efluentes
agropecuários, da agroindústria e urbanos. Resulta da degradação biológica
anaeróbica (sem oxigénio) da matéria orgânica. As explorações agropecuárias podem
tornar-se autossuficientes em termos energéticos devido ao biogás, e a sua produção
evita ainda problemas de poluição nos cursos de água.
Os biocombustíveis líquidos são produzidos a partir das culturas energéticas: obtém-
se biodiesel utilizando óleos de colza ou de girassol, e obtém-se etanol a partir da
fermentação de hidratos de carbono da cana-de-açúcar, da beterraba, e também dos
resíduos florestais e agrícolas.
A produção de biomassa pode contribuir para a diversificação da produção e do
rendimento agrícola.
Energia eólica
Os locais mais adequados para a produção de energia eólica situam-se, regra geral, em
áreas rurais. A instalação de parques eólicos contribui para aumentar a oferta de
emprego e para diversificar a base económica da população rural (o que aumenta a
prática da pluriatividade e do plurirrendimento).
Energia hídrica
A energia hídrica foi sempre muito utilizada nas áreas rurais, mas é também o recurso
nacional mais utilizado para a produção de eletricidade, nas centrais hidroelétricas.
Atualmente, aposta-se na construção de mini-hídricas que têm impactes ambientais
menores e que podem servir melhor pequenas localidades.
• as medidas agroambientais;
• as indemnizações compensatórias;
• os apoios à silvicultura;
• a iniciativa comunitária LEADER – Ligação Entre Ações de Desenvolvimento da
Economia Rural – que teve efeitos positivos nas Zonas de Intervenção
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