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Tema: Áreas urbanas e Redes urbanas

A. Áreas urbanas: dinâmicas internas


1. Organização das áreas urbanas
1.1. Conceito de espaço urbano e cidade (critérios)
1.2. Tipos de Plantas
1.3. Funções das cidades
1.4. Organização funcional (áreas funcionais)

2. Expansão urbana
2.1. Crescimento urbano (suburbanização e periurbanização)
2.2. Áreas metropolitanas

3. Qualidade de vida Urbana


3.1. Problemas urbanos: urbanísticos, socioeconómicos, ambientais
3.2. Importância do Planeamento e ordenamento
3.3. Revitalização das cidades

B. Rede Urbana nacional


1. Caraterísticas da rede urbana
2. Reorganização da rede urbana
3. Parcerias entre as cidades e áreas rurais
1. ORGANIZAÇÃO DAS ÁREAS URBANAS
1.1. Conceito de espaço urbano e cidade (critérios)
Distinguir o espaço urbano de espaço rural
Antigamente a cidade distinguia-se perfeitamente do campo porque se encontrava, geralmente, rodeada de
muralhas, que a individualizavam das áreas rurais envolventes.

Atualmente, a delimitação do espaço urbano é cada vez mais difícil devido ao crescimento das cidades em extensão,
ocupando áreas rurais à volta com habitações e atividade económicas, em resultado do grande aumento da
população urbana e da evolução dos transportes. A distinção entre espaço rural e urbano tende a atenuar-se,
sobretudo nas áreas envolventes dos grandes aglomerados urbanos, devido:
 Expansão urbana
 Difusão espacial da indústria e dos serviços
 Desenvolvimento do comércio e das atividades turísticas
 Difusão do modo de vida urbano

Existem, no entanto, algumas características que permitem distinguir o espaço rural do espaço urbano. No quadro
seguinte encontram-se as principais diferenças entre o espaço rural e o espaço urbano.

Espaço rural Espaço urbano

Meios de produção Produção dispersa Produção concentrada

Ocupação do espaço Função produção (agrícola, Função residencial e de circulação


florestal, pecuária)
Concentração populacional Pequena Grande

Atividades económicas Sector I (agricultura, pecuária, Sectores II (indústria) e sobretudo III


dominantes silvicultura) (comércio e serviços)
Acessibilidade e redes de Menor acessibilidade e densidade Maior acessibilidade e densidade da
transporte da rede de transportes rede de transportes

Caraterísticas do espaço urbano


O espaço urbano apresenta caraterísticas que o individualizam na paisagem:
 Densa ocupação humana (elevada densidade populacional) e elevado índice de construção, com edifícios
de vários pisos (ocupação contínua e concentrada do solo);
 Grande fluxo de pessoas e veículos (trânsito intenso e congestionamentos frequentes);
 Predomínio de atividades do setor III, que empregam a maior parte da população urbana;
 Oferta de grande diversidade de serviços e comércio e elevado número de equipamentos sociais,
desportivos e culturais.

Classificação das áreas urbanas


 Lugar urbano – com mais de 2 000 habitantes.
 Centro Urbano – engloba as sedes de distrito e todos os aglomerados populacionais com mais de 10 000
habitantes.
 Cidade – estatuto de aglomerado populacional com base em critérios demográficos, funcionais e jurídico-
administrativos.
Definir cidade
Não existe um conceito universal de cidade, pois os critérios utilizados variam entre países e sofrem alterações ao
longo do tempo.

Principais critérios utilizados:


 Critério demográfico
Tem por base o número de habitantes e/ou a densidade populacional, definindo um limiar mínimo, a partir
do qual as aglomerações populacionais são consideradas cidades.
Levanta alguns problemas, uma vez que muitos aglomerados suburbanos têm um elevado número de
habitantes e grande densidade populacional mas não oferecem funções urbanas relevantes além da
residencial, funcionando essencialmente como dormitórios em relação a uma grande cidade próxima.

 Critério funcional
Tem em consideração as funções urbanas que servem a população e as áreas envolventes e os setores de
atividade que empregam a população, que devem ser maioritariamente dos setores secundário e terciário.
Muitas das cidades do interior e das Regiões Autónomas, apesar de terem um número de habitantes
relativamente reduzido, têm uma grande influência sobre as áreas envolventes ao oferecerem funções
urbanas importantes.

 Critério jurídico-administrativo
Tem por base caraterísticas que justificam o estatuto da cidade, valorizando aspetos históricos, culturais e
outros de interesse nacional presentes no aglomerado populacional, mesmo sem cumprir critérios
demográficos ou funcionais.
Em Portugal são exemplos as capitais de distrito, as sedes de bispado e as cidades criadas por vontade régia,
como forma de incentivar o povoamento, de recompensar serviços prestados ou de garantir a defesa de
regiões de fronteira.
Cidade em Portugal
Atualmente, em Portugal são a Assembleia da República e as Assembleias Regionais dos Açores e da Madeira que
legislam sobre a categoria das povoações (cidade e vila), conjugando o critério demográfico com o funcional e o
jurídico-administrativo (Artigo 13º). A lei em vigor admite também uma ponderação diferente em casos que, por
razões de natureza histórica, cultural e arquitetónica, possam justificar a elevação de uma vila a cidade (Artigo 14º).

Doc. 1 Lei nº11/82, de 2 de Junho

Artigo 13º

Demográfico
Uma vila só pode ser elevada à categoria de cidade quando conte
com um número de eleitores, em aglomerado populacional contínuo,
superior a 8000 e possua, pelo menos, metade dos seguintes
equipamentos coletivos:

a) instalações hospitalares com serviço de permanência;


b) farmácias;
c) corporação de bombeiros;
d) casa de espetáculos e centro cultural;

Funcional
e) museu e biblioteca;
f) instalações de hotelaria;
g) estabelecimentos de ensino, até ao nível secundário;
h) estabelecimentos de ensino pré-primário e infantários;
i) transportes públicos urbanos e suburbanos;
j) parques ou jardins públicos.
administrativo

Artigo 14º
Jurídico-

Importantes razões de natureza histórica, cultural e arquitetónica poderão


justificar uma ponderação diferente dos requisitos enumerados no artigo
13º.

As povoações que tiveram no passado funções prestigiantes (sedes de bispado, praças militares, funções
administrativas ou jurídicas) e que adquiriram então o título de vila ou de cidade não o perderam, existindo hoje
cidades e vilas com um reduzido nº de habitantes (Ex. Miranda do Douro com 2200 habitantes em 2011).
Em 2018, nas 159 cidades portuguesas
existentes a 31 de dezembro de 2018,
residiam cerca de 4,5 milhões de
indivíduos, o que correspondia a 43,3% do
total da população residente em Portugal.

Figura 1 - População a residir


em cidades, em Portugal
(2018)

O número de cidades aumentou significativamente nas últimas décadas, sobretudo nas áreas metropolitanas de
Lisboa e Porto.

Figura 2 - As cidades oficiais em Portugal e as suas datas de elevação, NUTS III, 2012
Portugal mais urbano
O indicador vulgarmente utilizado para o estudo do fenómeno urbano é a taxa de urbanização, que indica a
percentagem de população que vive em áreas predominantemente urbana, relativamente à população total.

população urbana População urbana – população residente


Taxa de Urbanização = x100 ......%
população total em áreas predominantemente urbanas.

A população a viver em áreas urbanas registou um grande


crescimento. Esse aumento da população urbana ocorreu em
praticamente todos os centros urbanos de Portugal
Continental, incluindo os situados no interior. No entanto,
tem sido maior nas áreas do litoral, particularmente nos
centros urbanos situados nas áreas envolventes de Lisboa e
Porto. Em 2011, mais de 60% da população residia em
lugares urbanos com mais de 5000 habitantes.

O ritmo de crescimento urbano foi particularmente intenso a


partir dos anos 70, com o aparecimento de novos centros
urbanos e aumento da sua dimensão, sobretudo no litoral e
nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

Figura 3 - Evolução da taxa de urbanização em Portugal

Apesar do crescimento significativo da taxa de urbanização, Portugal é, entre os países da União Europeia, um dos
que tem menor taxa de urbanização, devido a um processo de crescimento urbano mais tardio relacionado com um
desenvolvimento industrial mais recente e a manutenção da agricultura como principal atividade até à década de
60.

Figura 4 – Taxa de urbanização nos países da União Europeia (2014)


ESCOLA SECUNDÁRIA BRAAMCAMP FREIRE (2019/2020)
Geografia A 11º Ano (Prof. Ana Vicente)

FICHA 1 – Conceito de espaço urbano e cidade (critérios)

1. A delimitação do espaço da cidade é uma tarefa cada mais difícil.


1.1. Justifique a afirmação, apresentando argumentos que a validem.
1.2. Apresente algumas caraterísticas que distinguem o espaço urbano do espaço rural.
1.3. Defina espaço urbano.

2. Leia com atenção, o texto apresentado.

2.1. Apresente os critérios de definição de cidade,


tendo por base o documento.
2.2. Defina cidade em Portugal, referindo-se aos
critérios utilizados.
2.3. Distinga os conceitos de cidade de centro urbano.
2.4. Justifique o facto da percentagem de população a
viver em cidades em Portugal ser inferior à taxa de
urbanização.
2.5. Justifique o facto de Portugal apresentar taxas de urbanização inferiores relativamente a muitos países da União
Europeia.

3. Observe o mapa da Figura

3.1. Indique cinco localidades que tenham adquirido o


título de cidade à mais tempo.

3.2. Pesquise quais são as três cidades portuguesas


mais recentes.

3.3. Identifique as datas em que ocorreu um maior


acréscimo de aglomerados populacionais elevados a
cidade.

3.4. Indique onde se localizam as cidades mais


recentes.

3.5. Identifique as cidades que não cumprem o Artigo


13º da Lei nº11/82, de 2 de Junho.

3.6. Identifique as cidades da Área Metropolitana de


Lisboa e respetivas datas de elevação (Grande Lisboa e Península de Setúbal).

3.7. Descreva a distribuição das cidades em Portugal.

3.8. Justifique a atual distribuição das cidades em Portugal.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_cidades_em_Portugal
1.2. Organização morfológica do Espaço urbano (Tipos de Plantas)
Conceitos
Morfologia Urbana - Aspeto apresentado por um centro urbano no que diz respeito ao tipo de planta, à tipologia
dos edifícios, à arquitetura e às caraterísticas do lugar onde está edificado.

Planta Urbana - Mapa de grande escala de uma cidade ou parte dela que representa o traçado das ruas, avenidas
e a disposição dos edifícios.

Tipos de plantas
Embora cada cidade apresente uma morfologia própria, existem características comuns entre si relativamente à
forma e organização das ruas. De um modo geral, podem identificar-se três tipos de plantas: a irregular, a
radioconcêntrica e a ortogonal.

Planta irregular
As ruas são irregulares e estreitas, algumas sem saída, terminando em becos e pátios interiores, o que reflete um
crescimento desordenado e espontâneo sem obedecer a um planeamento urbanístico prévio.

É frequente nas cidades europeias antigas, de origem


medieval. A necessidade de defesa levou ao surgimento
de cidades muralhadas em locais de difícil acesso,
geralmente em sítios elevados. O relevo acidentado
implicava consequentemente a existência de ruas com
um traçado sinuoso.

Este tipo de planta atinge a sua máxima expressão nos


núcleos primitivos das cidades onde a influência
muçulmana foi acentuada. Em Lisboa é o caso dos
bairros antigos de Alfama e Mouraria.

As ruas estreitas e o traçado labiríntico dificultam um escoamento rápido do trânsito e muitas ruas dos centros
históricos das cidades tendem a ser fechadas ao trânsito, permitindo uma maior liberdade de circulação dos peões.

Planta radioconcêntrica

As cidades apresentam um núcleo central (praça, Évora


monumento, castelo…) em volta do qual se
desenvolvem artérias mais ou menos circulares
intersectadas por vias radiais de acesso ao centro.

Este tipo de planta resulta da evolução de muitas


cidades medievais cercadas por muralhas. Quando
ocorria a saturação demográfica do núcleo central e a
cidade necessitava de se expandir, destruía-se a
muralha que a cercava, construía-se outra de raio
maior, e no lugar da antiga muralha surgia uma artéria
de circulação que envolvia a cidade. Ao longo do
tempo, o processo repetia-se e surgiam vários anéis
concêntricos que envolviam a cidade (circulares) que
cortavam radialmente as artérias de acesso ao centro.

Este tipo de planta permite uma fácil circulação, ligando as diversas áreas da cidade sem passar pelo centro e,
simultaneamente, um acesso rápido ao centro.
Os inconvenientes prendem-se com o alongamento dos percursos nas vias circulares, pois as ruas são em arco, e
com a divisão dos terrenos em parcelas irregulares, que dificulta a organização dos espaços construídos e a
construir.

Planta ortogonal

Organização em quadrícula: ruas de traçado retilíneo, mais ou


menos longas e largas, e perpendiculares entre si, e as casas
agrupam-se em quarteirões.

A origem desta planta é antiga, remontando ao período romano. A


partir do século XVIII a planta ortogonal passou a ser a mais
difundida na Europa. Inúmeras cidades nasceram segundo um plano
ortogonal e muitas outras passaram a adotá-lo na construção de
seus novos bairros. A escolha deste tipo de planta prende-se com o
desenvolvimento dos transportes que exigem artérias largas e com
um traçado regular.

Como exemplo de cidades com este tipo de planta podem aponta


Espinho e Vila Real de Santo António

Em muitas cidades é possível encontrar, simultaneamente, vários tipos de plantas. A planta irregular surge
frequentemente no centro antigo da cidade. À volta desse núcleo encontram-se, por vezes, áreas com a forma
radioconcêntrica correspondentes ao alargamento das muralhas nas sucessivas fases do crescimento urbano. Por
fim, nos bairros residenciais mais recentes aparece a planta ortogonal.

Como exemplo temos o centro da cidade de Lisboa


(A parte mais antiga, junto ao castelo, apresenta
uma planta do tipo irregular. A Baixa Pombalina, à
direita, resultou de uma operação de reconstrução
após o terramoto de 1755 segundo um plano
ortogonal.

Planta do centro histórico da cidade de Lisboa.


1.3. Funções Urbanas
Função urbana – Atividade económica, político-administrativa ou social, que se desenvolve no interior das
cidades com vista à satisfação das necessidades da população.

As cidades tiveram no seu passado um motivo principal (função) que determinou o seu surgimento e crescimento:
a existência de um rio navegável (função comercial); a presença de indústrias (função industrial); um santuário
(função religiosa); um castelo (função de defesa).

Em muitas cidades, as funções primitivas desapareceram ou diminuíram de importância com o surgimento de


outras funções. Embora possa existir um conjunto de funções preponderantes, atualmente as cidades exercem
uma multiplicidade de funções.

• Função político-administrativa

Muitas cidades constituem centros de decisão política e de gestão e organização dos seus territórios,
nomeadamente as capitais nacionais e regionais. A capital de um país, como é o caso de Lisboa, concentra os
poderes do Estado: o parlamento nacional, os ministérios e outros organismos públicos. No caso das capitais
regionais, a sua função político-administrativa faz-se ao nível da gestão regional, assegurando a ligação entre a
região e os centros de decisão. Algumas cidades foram mesmo criadas para exercer estas funções, como é o caso
de Madrid (Espanha) ou Brasília (Brasil).

• Função defensiva

Até ao século XVIII, devido à necessidade de defesa, foram construídos inúmeros castelos, rodeados por
muralhas, situados em pontos estratégicos, geralmente em sítios elevados, onde as populações se refugiavam
em caso de perigo.

Posteriormente, muitos desses Bragança


locais deram origem a cidades. Esta
função foi depois perdendo
importância e as cidades cresceram
para fora das muralhas com outras
funções, apesar da parte antiga
conservar a sua importância
histórica e cultural. É o caso de
algumas das cidades portuguesas
junto à fronteira com Espanha,
como Bragança, Guarda ou Elvas.
• Função industrial

A fixação de indústrias num determinado local (devido à maior facilidade de acesso a matérias primas, água e
energia) vai atrair de mão-de-obra, outras indústrias subsidiárias e serviços complementares (bancos, seguros,
comércio, transportes), favorecendo o crescimento urbano.

Muitas cidades surgiram ligadas a uma função industrial, como a Covilhã, o Barreiro, Marinha Grande ou Paços
de Ferreira.

Barreiro

Fábricas da CUF (Companhia União Fabril), no Barreiro, em 1938 e o Barreiro atualmente.

• Função comercial
Lisboa
Esta função esteve na origem e expansão de muitas
cidades, geralmente situadas ao longo do litoral,
junto de portos naturais, nas margens dos rios
navegáveis ou no cruzamento de estradas e de
caminhos-de-ferro. A facilidade de acesso permitiu
as trocas comerciais e favoreceu o crescimento
urbano. Lisboa exerceu, desde sempre, um
importante papel comercial pela sua posição
estratégica junto ao mar e na parte final navegável
do rio Tejo.

• Função cultural e científica Coimbra

Esta função encontra-se ligada à presença de


importantes universidades, centros culturais,
centros de investigação científica e tecnológica ou
monumentos históricos. No caso das cidades
universitárias, a atracão de professores e alunos e,
consequentemente, de uma série de serviços
levaram ao crescimento de muitas cidades, como
Coimbra e Évora.
• Função turística

A existência de boas condições naturais Albufeira


favoráveis a atividades de recreio e lazer (praias,
montanhas, termas…) podem originar cidades.
No caso das cidades balneares podem apontar-
se os casos da Figueira da Foz, Albufeira, Espinho
e Costa de Caparica.

As estâncias termais permitiram igualmente o


surgimento e o crescimento de algumas cidades,
como Caldas da Rainha, Chaves ou São Pedro do
Sul.

• Função religiosa

Está associada locais de peregrinação, como Fátima


santuários, mosteiros, catedrais e igrejas que
atraem milhares de pessoas que ali se deslocam.
Estes fluxos geram atividades ligadas ao comércio
e serviços (hotelaria e restaurantes) e com o
tempo surgem cidades mais ou menos
importantes, como é o caso de Fátima. Outras
cidades desempenham também funções
religiosas como Lamego, Braga ou Viana Do
Castelo.

• Função residencial

Todas as cidades apresentam esta função, que


ocupa a maior parte do espaço urbano. Algumas
cidades devem mesmo a sua existência ao facto
de terem desempenhado inicialmente o papel de
cidade-dormitório, como a Amadora, a Amora ou
o Cacém.

Amadora
ESCOLA SECUNDÁRIA BRAAMCAMP FREIRE (2019/2020)
Geografia A 11º Ano (Prof. Ana Vicente)
FICHA 2 – Plantas Urbanas e Funções Urbanas

1. Observe as figuras A, B e C referentes a cidades portuguesas.

A B C

1.1.Identifique o tipo de planta urbana representada em A, B e C.


1.2. Apresente as características morfológicas de cada tipo de planta.
1.3. Identifique a origem das cidades associada à planta A.
1.4. Apresente alguns dos inconvenientes associados à planta A.
1.5. Explique a origem da planta B, existente no centro antigo de algumas cidades.
1.6. Justifique o facto de a planta C ser atualmente a mais utilizada nas áreas urbanas recentes.
1.7. Indique uma cidade portuguesa onde se possa identificar cada um destes três tipos de planta.

2. As cidades portuguesas da atualidade são o resultado da evolução das várias funções urbanas.
2.1. Defina função urbana.
2.2. Apresente dois fatores que estiveram na origem de algumas cidades portuguesas, dando exemplos.
2.3. Identifique as três principais funções existentes nos perímetros urbanos.
2.4. Identifique uma cidade que se destaque em cada uma das funções apresentadas no seguinte quadro.

Função Cidade
a) Político-administrativa
b) Religiosa
c) Industrial
d) Residencial
e) Cultural
f) Turística
g) Comercial
h) Militar
1.4. Organização funcional do espaço urbano

Diferenciação funcional / áreas funcionais


O espaço urbano oferece uma grande diversidade de funções (comércio, serviços, indústria, habitação, etc.) que se
encontram geralmente organizadas no espaço, formando áreas funcionais – áreas mais ou menos homogéneas em
termos das funções que oferecem.

Na organização interna do espaço urbano identificam-se três tipos de áreas funcionais:


 Áreas terciárias – dominam atividades ligadas ao comércio e serviços;
 Áreas residenciais – ocupadas essencialmente por habitação;
 Áreas industriais – predominam atividades ligadas à indústria.

A distribuição/organização das áreas funcionais é condicionada pelo valor do solo urbano, isto é, pela renda
locativa (custo do solo urbano num dado local) que é muito influenciado pela distância ao centro e pela
acessibilidade.

Fatores que influenciam a renda locativa


 Distância ao centro
O centro da cidade, onde geralmente se cruzam e convergem vários eixos de transporte, particularmente os
transportes públicos, apresenta uma maior acessibilidade, podendo ser facilmente atingido a partir de outras
áreas da cidade.

É, por isso, a área mais atrativa para a localização de atividades terciárias que dependem de uma vasta clientela.
Por ser muito procurada para a instalação comércio e serviços especializadas, que tendem a servir uma vasta
população e que podem pagar rendas mais elevadas, centro é a zona mais cara da cidade.

A forte competição pelo espaço conduz a elevados preços do solo urbano, pois a procura é maior que a oferta.
Frequentemente, ocorrem aqui processos de especulação fundiária (sobrevalorização do custo do solo) pelo
facto de o espaço disponível ser escasso e haver uma procura muito superior à oferta, aumentando ainda mais
a renda locativa.

De um modo geral, o valor do solo urbano diminui


com a distância ao centro da cidade devido a:
 Diminuição da acessibilidade;
 Menor procura;
 Maior disponibilidade de terrenos.
Consequentemente, o preço do solo torna-se
mais baixo.

Variação do preço solo urbano


com a distância ao centro.
No entanto, a variação do preço do solo urbano do centro para a
periferia apresenta diferenças nas funções urbanas:

 Na função terciária (comércio e serviços), sobretudo para o


comércio a retalho especializado, o valor do solo diminui de forma
rápida com a distância ao centro, pois é no centro que existe uma
grande acessibilidade potencial.
 Na função industrial e residencial a diminuição do preço do solo
em direção à periferia faz-se mais lentamente, sobretudo a
residencial que não compete tanto para se localizar no centro.

 Acessibilidade
A variação da renda locativa com a distância ao centro não é
uniforme. As áreas afastadas do centro com boa acessibilidade,
interfaces de transportes públicos (metro, comboio, autocarros) ou
junto dos principais eixos de acesso ao centro da cidade,
apresentam aptidão para funções terciárias e registam uma renda
locativa mais alta. Surgem aqui centros comerciais, hotéis, comércio
e serviços especializados.

Existem outros fatores para além da distância ao centro e da acessibilidade que influenciam o valor do solo urbano/
renda locativa:
 Condições ambientais – exposição solar, relevo acidentado, a poluição sonora e atmosférica (proximidade
de indústrias), existência de espaços verdes;
 Aspetos sociais/urbanísticos – as caraterísticas socioeconómicas da população residente e qualidade
arquitetónica dos edifícios habitacionais e do espaço urbano;

Áreas terciárias
O CENTRO DA CIDADE
A área central da cidade, também designada por CBD (Central Business District), Down Town e em Portugal por
Baixa, apresenta uma elevada terciarização das atividades económicas que aí se desenvolvem.
Independentemente da sua dimensão, as cidades têm um centro onde o comércio e os serviços são atividades
principais. Em muitas cidades este centro corresponde ao centro histórico.

Caraterísticas do centro da cidade


1. Concentração de atividades terciárias (grande concentração de emprego)
Centralizam-se aqui as atividades terciárias especializadas, sobretudo comércio e serviços de nível mais
elevado (funções raras).
 Comércio, desde o mais especializado associado a bens raros e artigos de luxo (ex. confeção de alta costura
e grandes marcas internacionais), ao comércio vulgar e diversificado que serve a população em geral
(trabalhadores, visitantes e residentes).
 Serviços especializados, de nível elevado, ligados à administração pública (ministérios, tribunais superiores,
sedes do governo e do município), finanças e economia (sedes de bancos, companhias de seguros e outras
empresas, sociedades de investimento, bolsas de valores…), serviços de apoio às empresas (contabilidade,
marketing, apoio jurídico) e serviços de apoio ao cidadão (especialidades médicas, loja do cidadão…).
 Animação lúdica e cultural de qualidade, como teatros, cinemas, museus, galerias de exposições, mas
também animação de rua (de circulação pedonal)
 Hotéis e restauração, desde os mais luxuosos, aos vulgares cafés e restaurantes.
 Funções Raras – Bens ou serviços de utilização pouco frequente cuja oferta se concentra em lugares
centrais com uma grande acessibilidade. São funções que podem pagar rendas elevadas no centro da
cidade, pois atraem um grande número de pessoas e/ou têm uma oferta de elevado valor.
 Funções vulgares – Bens ou serviços de utilização muito frequente, que são fornecidos em qualquer lugar.

2. Elevado preço do solo urbano


As atividades terciárias com maior capacidade económica competem entre si pela localização no centro da
cidade, que determina elevados valores da renda locativa. A grande procura e competição por um espaço
numa área restrita central têm levado à substituição de edifícios antigos mais baixos por novas construções em
altura para maximizar o aproveitamento do terreno. As áreas centrais estão associadas à presença de edifícios
altos e a alterações funcionais nos edifícios existentes, com o decréscimo da função residencial para o
comércio e serviços.

3. Grande acessibilidade
Para o centro convergem os principais eixos de circulação da cidade, o que lhe confere grande acessibilidade e
centralidade. Verifica-se um intenso tráfego de veículos e peões durante o dia e nos dias úteis da semana, em
contraste com o reduzido número de pessoas durante a noite e aos fins-de-semana.

4. Reduzida população residente


Demograficamente, o centro da cidade caracteriza-se por:
 Uma população flutuante numerosa, presente durante o dia para trabalhar e aceder a bens e serviços, ou
ainda nas horas de espetáculos e outros eventos lúdicos e culturais;
 Um reduzido número de habitantes, essencialmente idosos de baixos recursos, que ocupam as casas
antigas de rendas baixas, e jovens adultos bem-sucedidos (os Yuppies – young urban professional) que vão
ocupando os edifícios renovados. A função residencial tende a tornar-se residual.

5. Diferenciação funcional na distribuição das funções


Diferenciação funcional – distribuição de determinadas funções urbanas em áreas mais ou menos homogéneas.
 Zonamento vertical
As funções mais nobres, raras ou que exigem um contato próximo com o público
(estabelecimentos comerciais de maior prestígio, comércio e serviços que
necessitam de maior contacto e proximidade aos consumidores/utilizadores)
ocupam o piso térreo dos edifícios nas ruas principais.
As funções mais comuns ou que exigem de menor contacto com o público ocupam
os pisos superiores (armazéns e escritórios nos andares intermédios; habitação nos
últimos pisos) e ruas secundárias.

Ocupação vertical nos edifícios da Rua Augusta (Baixa de Lisboa)

 Zonamento horizontal
Sobretudo nas cidades de maior dimensão, como Lisboa e Porto, existem áreas especializadas em termos
de funções terciárias:
 Centro administrativo/financeiro (bancos, seguradoras, bolsa de valores, sede de empresas…);
 Áreas de comércio, com o comércio retalhista (venda de bens diretamente ao consumidor) nas ruas
mais centrais e o comércio grossista (transação de bens entre o produtor e o retalhista) geralmente
nas margens do centro;
 Área de cultura e lazer (hotéis, restauração, teatros, bares…).

Exemplo de uma área especializada é a Avenida da Liberdade e Praça dos Restauradores em Lisboa, com
comércio de luxo (lojas de grandes marcas internacionais) e serviços de nível superior (escritórios de
advogados, instituições financeiras, empresas de consultadoria, hotéis de luxo…).
Comércio a retalho – venda de bens diretamente ao consumidor, em quantidades relativamente pequenas.
Comércio grossista – transação de bens, em grande quantidades, destinados a revenda pelos retalhistas.

6. Dinâmica funcional do CBD


O CBD é uma área dinâmica onde as funções se vão sucedendo no tempo.
 Numa primeira fase verificou-se a substituição das funções industrial e residencial pelo comércio e serviços.
 Posteriormente, iniciou-se uma tendência de descentralização das funções terciárias menos especializadas,
ou que ocupam mais espaço, em direção a outras áreas da cidade, mais distantes do centro, dando lugar a
funções mais especializadas e a funções turísticas. Esse afastamento de algumas funções do centro deve-se:
 À especulação fundiária (preço muito elevado da renda locativa);
 Ao congestionamento do centro (onde é difícil circular e estacionar);
 À diminuição da acessibilidade com o aumento do tráfego viário.

Principais características do Centro da Cidade


 Concentração de atividades terciárias (grande concentração de emprego)
 Preços muito elevados do solo urbano
 Grande acessibilidade
 Elevada intensidade de tráfego e de peões
 Reduzida população residente
 Escassa atividade industrial
 Tipologia das construções relacionada com a idade do núcleo primitivo: prédios antigos e baixos
nas cidades antigas; prédios altos e novos nas cidades mais recentes

NOVAS CENTRALIDADES NA CIDADE


Com o crescimento das cidades assiste-se à expansão e descentralização das atividades terciárias para outras áreas
da cidade, com mais espaço disponível, com boa acessibilidade (bem servidas de transportes públicos e junto aos
principais eixos de circulação), originando novas centralidades.
Esta deslocalização é influenciada pelos constrangimentos a que os centros das cidades estão sujeitos:
 A especulação fundiária e preços do solo muito elevados;
 A escassez de espaço para a expansão das atividades;
 A falta de infraestruturas compatíveis com as exigências de numerosas atividades terciárias;
 O congestionamento devido à elevada intensidade de tráfego;
 A falta de estacionamento.

A diminuição da acessibilidade nas áreas centrais favorece o aparecimento de novas e modernas áreas terciárias
que passam também a oferecer funções centrais e onde se fixam diversas atividades, como sedes de empresas,
serviços da administração pública, outros serviços e comércio especializado.

Na localização da função terciária passa-se de um modelo monocêntrico (no centro da cidade) para um modelo
policêntrico, com mais de uma centralidade no espaço urbano.
Novas centralidades – áreas de cidade com boa acessibilidade,
maior disponibilidade de espaço, infraestruturas modernas, oferta
de espaços residenciais e empresariais de qualidade, com boa
qualidade arquitetónica e urbanística e boa envolvente
paisagística e ambiental.

Exemplos de novos centros terciários:


 Em Lisboa: Área do Marquês de Pombal/Avenidas Novas; Amoreiras; Avenida José Malhoa/Praça de
Espanha; Parque das Nações.
 No Porto – Avenida da Boavista.
NOVAS ÁREAS DE SERVIÇOS E DE COMÉRCIO NA PERIFERIA DAS CIDADES
Na periferia das cidades surgem também novas áreas terciárias com boa acessibilidade rodoviária, facilidade de
estacionamento, servidas por autoestradas e outras vias rápidas, onde se instalam grandes hipermercados, centros
comerciais, superfícies de comércio especializado e serviços mais exigentes em espaço.

Serviços
O aumento e diversificação das atividades terciárias e as novas exigências de espaço e infraestruturas conduziram à
saída de muitos serviços do centro da cidade. Procuram novas localizações, com bons acessos e instalações
adequadas às suas funções, como parques de estacionamento e ligações às diferentes redes de fornecimento de
serviços (energia e telecomunicações).
Surgem, assim, novas áreas de serviços que dispõem também de funções de apoio às empresas, centros de
congressos, hotéis, espaços de restauração, galerias comerciais, etc.
Exemplos:
 Parques de escritórios (Office Park) Ex. Lagoas Park e Quinta da Fonte (Oeiras)
 Parques tecnológicos (direcionados para a investigação, ciência e tecnologia, com campus universitários,
incubadoras de empresas e serviços especializados de apoio a empresas - que associam empresas e
serviços de apoio a organismos de investigação e de ensino universitário). Ex. Taguspark (Oeiras)

Comércio
Nas últimas décadas verificou-se a expansão de novas formas de comércio, sobretudo estabelecimentos de grande
dimensão, como centros comerciais, hipermercados e grandes superfícies especializadas em produtos de desporto,
informática, telecomunicações, mobiliário, decoração, vestuário e calçado, materiais de construção e jardim, etc.
Estas formas de comércio associam-se, frequentemente, em zonas comerciais com hipermercados, que constituem
lojas “âncora”, restaurantes e outros serviços, como serviços pessoais ou cinemas.
O sucesso destas novas formas de comércio devem-se à acessibilidade, facilidade de estacionamento e maior
mobilidade ao nível das famílias (pelo uso do automóvel), contribuindo também para o aumento do emprego
jovem e feminino.

ESTAGNAÇÃO/ DECLÍNIO e REVITALIZAÇÃO DAS ÁREAS CENTRAIS


Se no passado as áreas centrais eram um local de grande prestígio e muito procuradas, com o aparecimento de
novas centralidades, a descentralização de atividades e a degradação dos edifícios antigos, os centros das cidades
perderam competitividade na atração de comércio, serviços e população residente.
Para contrariar esta tendência de declínio, as políticas urbanísticas têm procurado promover a revitalização das
áreas centrais antigas e aumentar a sua atratividade.

Medidas de revitalização
 Gestão do trânsito, melhoria dos transportes públicos e de espaços de estacionamento.
 Criação de áreas pedonais com o encerramento ao trânsito de ruas e praças, permitindo a circulação de peões
em segurança e o surgimento de esplanadas e animação lúdica e cultural de rua.
 Programas de reabilitação de edifícios e requalificação de espaços envolventes.
 Dinamização de eventos culturais e de projetos que potenciem a afluência de visitantes/turistas
 Apoios à instalação de novas funções e atividades de comércio, restauração e lazer.

AS ÁREAS RESIDENCIAIS
A função residencial ocupa a maior parte do espaço urbano e distribui-se por toda a cidade, desde o centro à
periferia. Na distribuição e organização das áreas residenciais existem grandes contrastes que evidenciam as
caraterísticas socioecónomicas da população residente.
O preço do solo urbano, a qualidade ambiental/paisagística e a qualidade urbanística e dos edifícios refletem-se na
individualização de diferentes áreas residenciais ocupadas por grupos socioeconómicos diferentes. Existe uma
segregação espacial nas áreas residenciais, com áreas de grande homogeneidade interna e forte desigualdade
entre si.
1. Classes de maiores recursos
As áreas residenciais das classes mais favorecidas ocupam locais prestigiados em termos sociais, com boa
acessibilidade, boa envolvente ambiental e paisagística (boa exposição solar, vista panorâmica, afastados de
indústrias, com espaços verdes aprazíveis, baixos índices de poluição). Localizam-se em áreas históricas e tranquilas
da cidade ou nas novas centralidades. Os preços das habitações atingem valores elevados.
São constituídas por moradias e apartamentos, com boa qualidade de construção e arquitetura diferenciada, por
vezes em condomínios fechados (com jardim e piscina, que proporcionam segurança, conforto e estatuto social). As
atividades económicas apresentam-se pouco concentradas, correspondendo, quase sempre, a serviços de
proximidade e comércio sofisticado. Ex. Parque das Nações e Restelo.
Surgem também em lugares na periferia da cidade, em áreas de grande qualidade urbanística e paisagística em
termos de espaço envolvente, próximo do campo ou do mar, mas com ligações rápidas à cidade. Ex. Quinta da
Marinha (Cascais).

2. Classes médias
As áreas das classes médias ocupam grande parte do espaço urbano e encontram-se em áreas menos centrais da
cidade ou nas periferias (áreas suburbanas), onde o custo do solo urbano é menos elevado e há oferta de
transportes públicos ou boa acessibilidade rodoviária.
São constituídas sobretudo por prédios de apartamentos (habitação plurifamiliar) com alguma qualidade de
construção e uma arquitetura marcada pela uniformidade. São servidas por atividades terciárias e equipamentos
públicos sociais como escolas, centros de saúde, espaços desportivos, etc.
Áreas suburbanas
O desenvolvimento dos transportes e o uso regular do automóvel particular nas deslocações permitiu que na
periferia das cidades surgissem extensas áreas residenciais, de arquitetura geralmente uniforme, onde residem
as classes médias, sobretudo populações mais jovens. Encontram aqui apartamentos modernos, mais
espaçosos, melhor equipados e com custos inferiores aos da cidade. Há uma tendência generalizada para a
aquisição de casa própria devido ao fraco dinamismo do mercado de arrendamento. A dispersão da residência
acompanha também a dispersão do emprego e da oferta de bens e serviços.
Áreas periurbanas
Verifica-se também uma tendência para uma parte da classe média trocar os apartamentos, na cidade e nas
áreas suburbanas, por moradias nos arredores das áreas suburbanas e em localidades próximas
tradicionalmente rurais, com boas acessibilidades à cidade em resultado da construção de autoestradas e vias
rápidas. O uso generalizado do automóvel permite residir mais afastado do local de emprego, beneficiando de
uma habitação de melhor qualidade e um ambiente mais aprazível.

Na periferia, o custo do solo está associado à distância à cidade e à acessibilidade.


 Nas áreas servidas por vias de comunicação de menor qualidade e menor frequência de transportes
públicos, os preços da habitação são, em geral, mais baixos.
 Nas áreas beneficiadas por novas e melhores redes viárias, os preços da habitação tendem a aumentar.

3. Classes de menores recursos


A população de menores recursos reside nas áreas antigas da cidade, em bairros de habitação precária e bairros de
habitação social.
Áreas antigas da cidade
 Habitações degradadas, em edifícios antigos, por vezes em risco de derrocada, onde vive uma população idosa
de fracos recursos, que paga rendas muito baixas, e se sente muitas vezes pressionada para sair do local onde
viveu toda a vida.
 Casas devolutas, em edifícios muito degradados, ocupados ilegalmente por imigrantes pobres.

Bairros de habitação precária – habitualmente designados por “bairros de lata” surgem na periferia das grandes
cidades, com poucas condições de salubridade, sem acesso legal às redes públicas de água, energia e saneamento
básico, em solos ocupados ilegalmente. São habitados por uma população de escassos recursos, baixos níveis de
escolaridade, dificuldades no acesso ao mercado de trabalho, sobretudo imigrantes.
Localizam-se geralmente em solos expectantes (desocupados) das autarquias ou de particulares, muitas vezes sem
aptidão para construção (em leitos de cheia, encostas de grande declive e geologicamente instáveis).
Em Portugal, a habitação precária é residual, tendo sido praticamente erradicada através do realojamento em
bairros de habitação social.
Solos expectantes – espaços desocupados da cidade que podem ter um elevado potencial de
utilização ou transformação.

Bairros de habitação social – construídos pelo Estado e autarquias, destinam-se a realojar população de fracos
recursos, geralmente residente em bairros de habitação precária, ou desalojada por catástrofes naturais,
oferecendo-se um alojamento digno.
São constituídos por edifícios idênticos, de arquitetura simples, construção económica, com apartamentos de
pequena dimensão para albergar um grande número de famílias. Muitos bairros mais antigos e com fraca
qualidade de construção apresentam-se degradados, resultando daí uma perda de qualidade de vida da população
residente que potencia formas de exclusão e segregação social.
Para fomentar a integração e a promoção social da população são oferecidos serviços de assistência social, creches,
escolas, espaços desportivos e de convívio. Atualmente evita-se construir grandes bairros de habitação social,
optando-se pela sua dispersão espacial, em bairros de menor dimensão, e a sua integração em áreas residenciais
das classes médias, como é o caso da Alta de Lisboa.

Bairros de génese ilegal – localizados na periferia das grandes cidades, principalmente de Lisboa e Porto, surgiram a
partir da década de 60, sobretudo depois de 1974. Foram construídos ilegalmente em terrenos sem projeto de
urbanização e durante vários anos não tiveram qualquer tipo de infraestruturas. Atualmente, estes bairros já se
encontram, na sua maioria, legalizados e ligados a redes públicas de água, saneamento básico e fornecimento de
energia. Predomina a habitação unifamiliar própria (Ex. Casal de Cambra, Brandoa, Quinta do Conde, Fernão
Ferro…).
A localização destes bairros está relacionada com a disponibilidade de terrenos baldios, proximidade de áreas de
emprego, infraestruturas de transporte e limites concelhios (com menor fiscalização). Na área metropolitana de
Lisboa apresentam grande dimensão, sobretudo nos concelhos da margem sul do Tejo, onde surgiram extensos
loteamentos em terrenos florestais.
Numa primeira fase, as populações aqui residentes, com empregos precários e mal remunerados, não tinham
possibilidade de acesso a outro tipo de alojamento. Posteriormente, a construção clandestina passou a ser
encarada como uma opção no acesso a uma primeira ou segunda habitação própria, do tipo moradia, e está
relacionada com o aumento dos rendimentos familiares depois de 1974.

A delimitação de áreas residenciais com base nas caraterísticas socioeconómicas dos seus habitantes e a
segregação social do espaço urbano nem sempre é evidente e tem vindo a sofrer alterações:
 Nos bairros do centro da cidade assiste-se à mistura de população relativamente jovem e de maiores recursos
(yuppies) com outra mais pobre e idosa. A reabilitação de edifícios degradados, mas de valor arquitetónico e
histórico, atraiu uma população mais jovem e de maior capacidade económica para áreas onde reside uma
população mais pobre e envelhecida, originando a nobilitação e a gentrificação dos centros históricos.

Nobilitação – Revalorização das áreas centrais decorrente da recuperação de imóveis com interesse
arquitetónico e da sua ocupação por população de rendimentos mais elevados.

Gentrificação – Processo de transferência de população de elevado nível de rendimentos para bairros


antigos, na sequência de estratégias de reabilitação do parque habitacional. O centro da cidade
tornou-se atrativo para novos residentes de classe social mais elevada e com estilos de vida que
valorizam o ambiente urbano do centro das cidades.
(Gentry – expressão que em Inglês denomina grupos sociais de elevado rendimento)
 Em algumas novas áreas residenciais procurou-se promover a integração social, conjugando espaços de
habitação de maior qualidade com outros de habitação social ou de habitação de custos controlados.
Tem-se como exemplo a Alta de Lisboa.

Habitação de custos controlados - habitações que respeitam as normas de qualidade e segurança evitando-
se gastos supérfluos, facilitando a aquisição de habitação própria a famílias de menores recursos.

AS ÁREAS INDUSTRIAIS
Deslocalização de indústrias do centro para a periferia
A função industrial, que esteve inicialmente associada ao interior das cidades, tem vindo a perder importância e a
ser substituída pela função terciária. A atual dinâmica funcional e a evolução do tecido urbano levaram muitas
indústrias a deixar a cidade devido a fatores como:
 A grande exigência de espaço, pela maioria das indústrias;
 O elevado preço do solo urbano dentro da cidade e o aumento da pressão imobiliária;
 O congestionamento do tráfego no interior da cidade (dificuldades no transporte de matérias primas e
produtos finais, geralmente em veículos pesados e mais poluentes) e dificuldade de estacionamento;
 A elevada poluição atmosférica e sonora associada às indústrias, incompatível com a função residencial;
 A segmentação do processo produtivo, que permite a separação da gestão e direção da produção, com
relocalização da unidade produtiva na periferia, mantendo-se as áreas de direção, gestão e escritórios na
cidade por serem dependentes de mão-de-obra mais ou menos qualificada;
 O desenvolvimento das redes de transporte e comunicação que melhora a acessibilidade em áreas da
periferia.

O planeamento urbano e o ordenamento do território contemplam áreas destinadas à indústria, em zonas


industriais/parques industriais e parques empresariais (indústria e terciário), quer na periferia das cidades quer
em áreas rurais próximas, com boa acessibilidade. Estas áreas apresentam várias vantagens que vão ao encontro
das necessidades das empresas na procura de terreno, na obtenção de licenças e de projetos de construção de
novas instalações, favorecendo a deslocalização das indústrias.
 Oferta de espaços a preços mais baixos e devidamente infraestruturados (redes de energia,
telecomunicações, água, saneamento…);
 Boas acessibilidades, reduzindo o tempo e o custo no transporte;
 Disponibilidade de mão-de-obra com diferentes níveis de qualificação e residente em áreas suburbanas
próximas.

Indústrias com vantagens no interior das cidades


Algumas indústrias de bens de consumo de pequena dimensão, muito dependentes da proximidade do mercado
consumidor, permanecem no interior ou mesmo no centro da cidade, localizando-se, por exemplo, nas traseiras de
lojas ou em andares superiores dos edifícios.
São geralmente:
 Unidades de pequena dimensão, que exigem pouco espaço;
 Pouco poluentes e que necessitam de reduzidas quantidades de energia;
 Utilizam matérias-primas leves e pouco volumosas;
 Exigem um contacto frequente com o cliente ou oferecem bens de consumo diário, como tipografias,
panificadoras, reparação automóvel;
 Trabalham por encomenda, como a confeção de alta-costura ou as artes gráficas;
 Produzem bens raros associados a produtos especializados de elevado valor, como a joalharia ou a
confeção de alta-costura.
A cidade continua ser atrativa para novas indústrias, que tendem a instalar-se em espaços utilizados por várias
empresas ligadas à Investigação e Desenvolvimento (I&D). Trata-se de pequenas e médias empresas de setores
inovadores, na fronteira entre a indústria e os serviços (audiovisual, moda, software...), atraídas por mão-de-obra
especializada e qualificada, presença de clientes importantes, proximidade de universidades, laboratórios de (I&D)
e centros de investigação.

Os antigos espaços industriais são regra geral, reconvertidos em espaços com novas funcionalidades ligadas à
residência, ao comércio, aos serviços, à cultura e lazer, como é o caso do Parque das Nações. Alguns edifícios
industriais passam a ter novos usos.

Museu da Eletricidade em Belém Edifício de apartamentos na Av. 24 de Julho


(antiga central termoelétrica) (antiga fábrica lâmpadas Osram)
ESCOLA SECUNDÁRIA BRAAMCAMP FREIRE (2019/2020)
Geografia A 11º Ano (Prof. Ana Vicente)

FICHA 3 – Áreas Funcionais

1. Observe a figura que representa a variação do preço


do solo urbano com a distância ao centro.

1.1. Identifique os fatores que explicam a variação do preço do solo urbano.

1.2. Justifique a diminuição do valor do solo urbano com a distância ao centro.

1.3. Justifique a existência de locais, mais afastados do centro, onde se regista um aumento da renda
locativa, assinalados na figura por 1.

1.4. Caraterize em termos funcionais as áreas da cidade assinaladas na figura por 1.

1.5. Identifique a função urbana que apresenta valores mais elevados de renda locativa.

2. Complete as definições, atribuindo-lhes o respetivo conceito.

A. ______________ é quando há um desequilíbrio entre a oferta e a procura. Quando a procura é


bastante superior à oferta, os preços do solo atingem valores muito elevados e muito superiores ao
seu valor real.
B. ______________ é o espaço que se encontra à espera de ocupação, de uma intervenção.
C. ______________ é uma teoria económica, base de modelos geográficos, que determina que as rendas
ou valores do solo urbano diminuem com a distância ao centro.

3. Leia atentamente o seguinte texto.

3.1. Explique a utilização do termo “Baixa” para designar o centro das cidades em Portugal.
3.2. Caraterize o centro da cidade do ponto de vista funcional.

3.3. Caraterize o centro de uma cidade do ponto de vista demográfico.

3.4. Apresente outras características da área central ou Baixa das cidades portuguesas.

3.5. Refira os fatores responsáveis pelos elevados valores da renda locativa no centro da cidade.

4. A figura seguinte representa um exemplo de


diferenciação funcional vertical dos edifícios.

4.1. Caraterize o zonamento vertical na área central de uma cidade tendo por base a figura apresentada.

4.2. Justifique a repartição das funções nesse zonamento.

5. Leia o seguinte
documento.

5.1. Identifique, de acordo com o documento, dois tipos de funções urbanas localizadas na Avenida da
Liberdade.

5.2. Apresente duas razões que justificam o elevado preço do solo por m2 em avenidas com caraterísticas
semelhantes à da Avenida da Liberdade.

5.3. Refira duas caraterísticas da função residencial nas áreas centrais das cidades, como a de Lisboa.
6. A figura seguinte mostra a localização e os eixos
de expansão do terciário, na cidade de Lisboa.

6.1. Refira as principais vantagens que as novas centralidades proporcionam para a expansão e
descentralização das atividades terciárias do centro da cidade, como o Parque das Nações, em Lisboa.

6.2. Identifique três fatores responsáveis pelo declínio de algumas áreas centrais de cidades portuguesas.

6.3. Enumere algumas medidas que podem ajudar à revitalização dessas áreas centrais em declínio.

6.4. Indique outro tipo de áreas que competem com o centro antigo das cidades.

6.5. Relacione a crescente utilização do automóvel com o aparecimento de centros terciários na periferia das
cidades.

7. As figuras seguintes, A e B, exemplificam dois tipos de áreas residenciais existentes nas cidades.

A (Porto) B (Lisboa, Sete-Rios)


7.1. Identifique a classe social associada a cada uma das áreas residenciais da Figura A e B.

7.2. Apresente as principais caraterísticas das áreas residenciais como as representadas nas figuras A e B,
em termos de localização, nível socioeconómicos da população residente, qualidade arquitetónicas dos
edifícios e de materiais de construção das habitações.

7.3. Justifique a segregação espacial/social ao nível da função residencial.

7.4. Identifique alguns problemas associados a bairros residenciais como o da Figura A.

7.5. Apresente algumas medidas que possam minorar esses problemas mencionados na questão anterior.
8. Leia o seguinte documento.

8.1. Apresente algumas das características associadas aos condomínios fechados.

8.2. Justifique o crescimento da oferta de condomínios fechados no interior da cidade e na sua periferia.

8.3. Apresente três exemplos de condomínios fechados na periferia da cidade de lisboa e justifique essa
localização.

9. Leia o seguinte documento.

9.1. Justifique a afirmação destacada no texto.

9.2. Apresente o perfil dos novos residentes das áreas centrais das cidades.

9.3. Avalie a importância da nobilitação e da gentrificação na revitalização das áreas centrais antigas.

10. Dos seguintes fatores selecione 6 que são


responsáveis pelo abandono da função
residencial do centro das cidades.
11. Leia o documento.

11.1. Refira os fatores que têm levado à deslocalização da indústria do centro das cidades para a periferia.

11.2. Explique de que forma a criação de parques industriais podem dar resposta à necessidade de
relocalização da indústria nas áreas urbanas.

11.3. Caraterize a função industrial ainda presente no centro das cidades.

11.4. Reflita sobre a necessidade de resolver o problema da desocupação das antigas áreas industriais no
interior da cidade, apresentando exemplos de usos que podem ser dados aos antigos edifícios industriais.
EXPANSÃO URBANA
Expansão Urbana

O crescimento espacial das cidades está relacionado com o dinamismo demográfico, económico e a melhoria das
acessibilidades, o que leva à saída de parte da população e das atividades económicas para a periferia.
A expansão da mancha urbana em torno da cidade segue as principais vias de acesso à cidade, numa forte relação
entre o traçado dos eixos de circulação e a densidade da construção (expansão tentacular).

Os fatores que contribuem para a expansão urbana são: o desenvolvimento dos transportes e das vias de
comunicação; as elevadas rendas locativas na cidade; a oferta de habitação mais moderna e barata na periferia; a
oferta de emprego em áreas mais afastadas do centro.

Fases de expansão das cidades


No processo de crescimento das cidades identificam-se duas fases:
 Fase centrípeta – numa fase inicial, as cidades atraem população rural e atividades económicas, que se fixam no
interior do perímetro urbano (fase de concentração urbana). A inexistência de transportes coletivos obriga à
proximidade entre o local de residência e de trabalho e origina uma malha urbana compacta, de limites
definidos (movimento convergente).
 Fase centrifuga – posteriormente, o aumento do preço do solo urbano, disputado pelas atividades terciárias de
nível mais alto e o desenvolvimento das redes de transportes levam à deslocação, para a periferia, de
população, indústrias e algumas funções terciárias mais exigentes em espaço (fase de desconcentração urbana),
ocupando progressivamente o espaço rural envolvente.
A urbanização deixa de ter limites definidos e ocupa grandes extensões territoriais, sem continuidade de
ocupação do espaço físico (movimento divergente).
Cidade satélite
À volta da cidade principal podem surgir cidades de pequena dimensão (cidades-satélite) cuja origem se encontra
ligada ao crescimento da cidade principal. O aumento da população urbana, os elevados preços do solo urbano e a
dificuldade em adquirir habitações no interior das grandes cidades, associado ao desenvolvimento dos transportes
e das vias de comunicação levam ao crescimento de pequenos centros em torno da cidade-mãe, para os quais
migra população, indústrias, armazéns e comércio. Apesar de terem algum emprego e uma certa autonomia em
termos de oferta de bens e serviços, estes centros urbanos mais pequenos dependem funcionalmente da cidade-
mãe em termos de bens e serviços de nível superior e de emprego.
Este é o caso das cidades de Odivelas, Amadora e Almada, situadas próximo da cidade de Lisboa, ou de Vila Nova
de Gaia, Maia e Matosinhos junto à cidade do Porto.

Suburbanização
É o processo de expansão urbana para as áreas periféricas à volta de uma cidade, ocupando as áreas rurais
envolventes com outras funções (residencial, industrial e terciária). O crescimento da cidade para a sua periferia
resulta do(a):
 Aumento populacional devido ao saldo natural e/ou migratório;
 Elevadas rendas locativas no interior das cidades, o que leva à saída de residentes para a periferia, onde o
custo das habitações é menor;
 Surgimento de atividades económicas grandes consumidoras de espaço na periferia das cidades, criando aí
emprego;
 Desenvolvimento dos transportes públicos e de vias de comunicação na periferia, o que aumenta a
acessibilidade e diminui os tempos e os custos das deslocações e abre novas frentes de urbanização;
 Procura de habitações fora dos aglomerados densos, em áreas com uma boa acessibilidade e que
beneficiem de determinadas caraterísticas ambientais;
 Dinâmica da construção civil, quer no parque habitacional quer em espaços destinados às atividades
económicas;
 Aumento da taxa de motorização das famílias, com a vulgarização do acesso ao transporte individual, o que
permite deslocações pendulares cada vez mais dispersas e a maiores distâncias.

Taxa de motorização – relação entre o nº de automóveis e o de habitantes (expressa-se no nº de


automóveis por 1000 habitantes)

Subúrbios – área periférica de uma cidade, mais ou menos urbanizada, dependendo funcionalmente da cidade em
termos de comércio, serviços e de emprego. Grande parte da população aqui residente trabalha na cidade,
verificando-se importantes movimentos pendulares entre o local de trabalho ou de estudo, na cidade, e a área de
residência, na periferia.

Em Portugal, o processo de suburbanização foi muito significativo a partir dos anos 50 do século XX, com a
intensificação do êxodo rural sobretudo a partir dos anos 70, responsável pelo aumento rápido da população
urbana nas áreas urbanas do litoral, particularmente em torno de Lisboa e do Porto, em resultado da
industrialização.
 Numa fase inicial, os subúrbios cresceram de uma forma pouco planeada, baseada em função residencial
(bairros dormitório), com a construção de blocos de apartamentos em urbanizações de forte densidade de
construção, localizadas essencialmente ao longo das principais vias de comunicação. Núcleos populacionais
próximos, com maior acessibilidade e oferta de habitação a menor custo, foram incluídos nessa expansão
urbana.
 Posteriormente, o aumento demográfico e o desenvolvimento das atividades económicas nos subúrbios
(criação de emprego e diversidade de funções) permitiram que muitas áreas suburbanas ganhassem vida
própria. As de maior dinamismo demográfico e funcional foram elevadas à categoria de cidade.
A construção de modernas vias de comunicação para ligar os vários centros urbanos da periferia e o
aumento das taxas de motorização fizeram aumentar as relações de complementaridade e interdependência
e levaram ao aparecimento de novas centralidades na periferia, principalmente no cruzamento das principais
vias de comunicação – processo de urbanização policêntrico.
 Mais recentemente, a melhoria das condições de vida das famílias, a opção crescente por habitação própria
unifamiliar e a vulgarização da utilização do automóvel na mobilidade pendular individual originaram um
crescimento urbano extensivo, pouco denso e descontínuo. Assiste-se hoje ao aumento dos perímetros
urbanos, caraterizados pela diminuição da densidade populacional.

Periurbanização e rurbanização
 A periurbanização é o processo de expansão urbana para além da cintura suburbana, em espaços rurais
relativamente próximos da cidade.
Nas áreas contiguas à cintura suburbana (áreas periurbanas), para lá da coroa suburbana, vão surgindo funções
urbanas como indústrias e serviços de armazenagem que induzem ao aparecimento de outras atividades e de
áreas residenciais, num padrão de localização descontínua e difusa, intercalado com áreas de ocupação rural.
As áreas periurbanas caraterizam-se pela:
 Implantação dispersa/difusa de habitação urbana, unidades industriais e atividades comerciais;
 Predomínio de baixas densidades de ocupação do espaço;
 Alterações na estrutura fundiária e abandono progressivo da agricultura.
Espaço periurbano – espaço exterior à coroa suburbana, onde os usos e as estruturas urbanas se misturam
com as rurais, não havendo uma distinção nítida entre espaço rural e espaço urbano.

 A rurbanização é a deslocação de pessoas e atividades económicas das grandes cidades para pequenas
povoações e/ou pequenas cidades e vilas situadas a maior distância e com caraterísticas marcadamente rurais.
Está ligado ao conceito de êxodo urbano e à procura de espaços com caraterísticas rurais associadas a uma
maior qualidade de vida (proximidade da natureza, tranquilidade, novos valores e tradições de comunidades
mais pequenas…)

Estes processos de expansão urbana…


 Resultam da expansão da rede viária (aumento da acessibilidade), do uso diário/frequente do automóvel e
da oferta de habitação a preços mais baixos na periferia.
 Estão relacionados com a qualidade ambiental e paisagística, marcada pela existência de espaços verdes e
baixos índices de poluição que atraem uma população citadina que procura conciliar um modo de vida
urbano e rural
 Dão origem à localização dispersa da função residencial e das atividades económicas e intensificam os
movimentos pendulares.
Impactes negativos da expansão urbana
Os processos de suburbanização, periurbanização e rurbanização têm impactos sociais ambientais e territoriais:
 A intensificação dos movimentos pendulares, cada vez mais distantes e complexos (para a cidade e diferentes
áreas que a envolvem), aumenta o consumo de combustível e a poluição atmosférica;
 Pressão sobre os transportes urbanos e suburbanos;
 Aumento dos custos e tempos das deslocações diárias, com consequências negativas na saúde (fadiga, stress)
e efeitos negativos na vida das famílias;
 Oferta de serviços e equipamentos coletivos insuficientes na periferia;
 Custo elevado das redes de distribuição de água, energia e saneamento devido à dispersão do povoamento
periurbano;
 Pressão urbanística nas áreas florestais e rurais (ocupação de solos agrícolas e florestais) e redução da
biodiversidade.

Mais recentemente, o planeamento e ordenamento do território vieram permitir reorganizar o crescimento de


alguns subúrbios e alterar a imagem associada à desorganização urbanística, à insuficiência de infraestruturas, à
função exclusivamente “dormitório” e à predominância de residentes de menores recursos.
Conjugando boas acessibilidades, qualidade ambiental e a oferta de serviços diferenciados, criaram-se novas
centralidades com elevado poder atrativo, que promoveram a fixação de população de classes mais favorecidas.

ÁREAS METROPOLITANAS (AM) DE LISBOA E PORTO


O intenso processo de suburbanização em torno das cidades de Lisboa e do Porto levou ao crescimento de
aglomerados periféricos. A expansão de atividades económicas gerou emprego, crescimento demográfico e atraiu
grande diversidade de serviços e comércio e muitos aglomerados urbanos foram elevados à categoria de cidade.

Este processo levou ao surgimento das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, que constituem extensas áreas
urbanizadas, dinamizadas pela cidade principal que exerce um efeito polarizador sobre as aglomerações urbanas à
volta. As fortes relações de dependência das áreas suburbanas face à cidade principal evoluíram e transformaram-
se em relações de complementaridade entre as diversas áreas suburbanas, criando novas dinâmicas territoriais.

As áreas metropolitanas formam hoje um sistema


urbano policêntrico ligado por relações de
complementaridade que reforçam a coesão do
território e promovem um maior dinamismo
económico e social.

Fases de expansão urbana (no tempo e no espaço)

No interior das duas AM desenvolvem-se atualmente intensas relações de complementaridade. Passou-se de uma
estrutura funcional monocêntrica (centrada na grande cidade) e radiocêntrica (do ponto de vista da rede viária)
para uma estrutura policêntrica em que os diferentes centros urbanos se complementam e se encontram
interligados em termos de rede viária.

As áreas metropolitanas destacam-se pelos seguintes aspetos:


 Polarização do território devido o seu dinamismo económico que atrai população e empresas;
 Intensos fluxos de pessoas e bens, intraurbanos e interurbanos, por motivos variados (trabalho, ensino,
cultura, desporto…);
 Intensos movimentos pendulares;
 Diminuição da população nas áreas centrais da cidade principal;
 Desconcentração das atividades ligadas aos setores secundário e terciário;
As Áreas Metropolitanas (AM) de Lisboa (com 18
concelhos) e do Porto (com 17 concelhos) foram
criadas em 1991, tendo em vista a articulação de
investimento e de serviços entre os concelhos que as
integram.
Estas AM têm atualmente um conjunto de
competências definidas na Lei nº 75/2013,
nomeadamente:
 Participar na elaboração dos planos e programas
de investimento públicos na área metropolitana;
 Promover o planeamento e a gestão da
estratégia de desenvolvimento económico, social
e ambiental da AM;
 Participar na definição de redes de serviços e
equipamentos de âmbito metropolitano;
 Participar em entidades públicas de âmbito
metropolitano, no domínio dos transportes,
águas, energia e tratamento de resíduos sólidos.

As vantagens da associação destes concelhos em áreas metropolitanas são a possibilidade de articular


investimentos e de definir um conjunto de redes de serviços de uma forma mais eficaz, se efetuados ao nível
metropolitano. Além disso, a existência de relações complementaridade nas AM exige a concertação dos
municípios na tomada de decisões e na resolução de problemas comuns que ultrapassam os limites dos concelhos.
As AM têm, porém, ficado aquém do cumprimento destes objetivos, pois não apresentam orçamento e
competências próprias, nem órgãos diretamente eleitos pelo que padecem de défice de legitimidade política e de
eficácia na gestão territorial.

Dinamismo Demográfico
Nas últimas décadas, as duas AM aumentaram
a população residente e o dinamismo
demográfico nas áreas metropolitanas de
Lisboa e Porto evidencia-se pela elevada
concentração populacional (AML – 25,2%;
AMP – 15,6% da população nacional em 2011).
Em conjunto concentram mais de 40% da
população residente em Portugal, o que
demonstra o seu caráter polarizador.
Evolução demográfica das Áreas metropolitanas de Lisboa e Porto

A densidade populacional das


duas AM é muito superior à
nacional, embora com
disparidades entre concelhos.
Porto, Lisboa, Amadora e
Odivelas são os concelhos mais
densamente povoados.

Densidade populacional por concelho, nas Áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, 2012
A grande concentração populacional resulta de um forte dinamismo económico, oferta de emprego, maior
quantidade e diversidade de serviços e boas vias de comunicação, que atraem a população para estas regiões.
A dinâmica demográfica recente apresenta algumas diferenças entre municípios.
 Os concelhos da periferia registaram um maior crescimento demográfico. A melhoria das acessibilidades,
aliada à disponibilidade de espaço para construção e o menor custo da habitação favoreceram o
crescimento demográfico, intensificando os processos de suburbanização e periurbanização. Destacam-se
os casos de Sintra, Seixal e Mafra (AML) e Vila Nova de Gaia, Maia e Matosinhos (AMP).
 Os municípios centrais registaram uma perda demográfica. O elevado preço das habitações e do solo
urbano favorecem o processo de terciarização e a saída de população para a periferia, sobretudo
população jovem, levando ao envelhecimento da população. É o caso dos concelhos de Lisboa, Amadora e
do Porto. A estagnação demográfica de alguns concelhos pode dever-se ao facto de já não poderem crescer
muito mais e/ou menor acessibilidade.

Variação da população residente nos municípios


das AM de Lisboa e Porto, 2001 -2011.

No nível etário e grau de instrução, as AM caraterizam-se por uma população mais jovem e, de um modo geral,
mais instruída e qualificada, sobretudo nos concelhos centrais. Este é um ponto forte que torna as AM mais
competitivas em domínios como a inovação cultural, tecnológica e económica.

Dinamismo Económico
As duas áreas metropolitanas apresentam vantagens do ponto de vista físico (localização litoral, com acessibilidade
natural, amenidade do clima, relevo pouco acidentado, sobretudo na AML), demográfico (uma população mais
jovem, instruída e qualificada) e das estruturas produtivas (maior número e diversidade de infraestruturas e
equipamentos, sistema produtivo diversificado, sedes de empresas e organismos internacionais…).

No conjunto concentram cerca de 44% do emprego e produzem quase 42% do PIB nacional. Apresentam um maior
PIB/capita, uma maior produtividade, capacidade para gerar valor acrescentado, maior investimento em Inovação e
Desenvolvimento (I&D) e uma qualificação mais elevada dos trabalhadores, sobretudo na AML.
Embora predomine o setor III, em termos de estrutura do emprego existem diferenças nas duas AM.
 Na AML o setor III predomina em todos os concelhos, exceto em Palmela, onde domina o setor II;
 Na AMP o setor II predomina em dez dos dezassete concelhos.

Em síntese: As áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto são aglomerações urbanas de grande dinamismo e
polarizadoras do desenvolvimento regional e nacional, constituindo os principais polos dinamizadores da economia
nacional.
A INDÚSTRIA NAS ÁREAS METROPOLITANAS DE LISBOA E PORTO
O dinamismo económico destas áreas deve-se, sobretudo, à atividade industrial que beneficia de algumas vantagens:
 Complementaridade entre diferentes ramos industriais;
 Existência de infraestruturas e serviços diversos;
 Disponibilidade de mão-de-obra (qualificada e especializada)
 Acessibilidade aos mercados nacional e internacional.

Tem-se assistido à deslocalização da indústria das cinturas industriais para áreas mais periféricas em resultado da
melhoria das redes de transporte, disponibilidade de espaços bem infraestruturados, proximidade de serviços e
centros de Investigação & Desenvolvimento, incentivado pelas políticas públicas para o ordenamento do território.

A atividade industrial tem vindo a perder emprego e importância relativa devido ao processo de terciarização da
economia, que é aqui mais rápido a acentuado do que no resto do país, mas também devido à reestruturação do
setor e a processos de deslocalização industrial.

Na comparação das duas AM existem algumas diferenças nas caraterísticas da atividade industrial. Na região Norte
predomina a indústria intensiva em mão de obra. Na região de Lisboa tem grande importância a indústria intensiva
em tecnologia.

Indústria na AML
 Tecido industrial muito diverso (indústria química, petroquímica, siderúrgica, reparação e construção naval,
farmacêutica, automóvel, mas também indústrias alimentares, bebidas e tabaco);
 Predomínio das indústrias de bens de equipamento e de bens intermédios, intensivas em capital;
 Utilização de mão-de-obra muito qualificada e especializada;
 Maior dimensão das empresas, que apresentam maior volume de negócios e de VAB e níveis de
produtividade mais elevados;
 Localiza-se, principalmente, nos concelhos periféricos, num padrão disperso que segue os grandes eixos de
circulação rodoviária e ferroviária (maior disponibilidade de terrenos a preços mais acessíveis e boas vias
de comunicação que garantem numa boa acessibilidade);
 Tendência para a associação da indústria aos serviços de armazenagem, distribuição e ao comércio por
grosso, sobretudo em parques empresariais.

A indústria na AMP
 Predomínio da indústria de bens de consumo tradicionais e indústrias intensivas em mão de obra ligadas ao
têxtil, vestuário e calçado, madeira, cortiça, com alguma especialização e aposta na criação de marcas para
exportação, sobretudo pela inovação e qualidade do design e dos materiais;
 Tendência recente para a diversificação de indústrias, mais baseadas na investigação e tecnologia, com a
aposta na inovação científica e tecnológica, apoiada em alguns parques científico-tecnológicos, como os da
Maia (TecMaia), Santa Maria da Feira (Europarque) e Porto (Parque de Ciência e Tecnologia);
 Predomínio de pequenas e médias empresas;
 Alguma concentração à volta do concelho do Porto e uma localização dispersa no restante território,
embora com tendência para localizações segundo os principais eixos viários.

As duas áreas metropolitanas no seu conjunto:


Nível Demográfico Nível Económico
 Concentram 44,3% da população total  Oferecem cerca de 63% do emprego total
 Têm uma população:  Produzem 61,4% do VAB nacional e quase
 menos envelhecida e com mais ativos 70% do valor das exportações do país
 mais instruída e qualificada  Incluem 67% das grandes empresas
 com mais doutorados em ciência e nacionais
tecnologia  Obtêm 41,7% do PIB Nacional
 Investem mais em I&D
ESCOLA SECUNDÁRIA BRAAMCAMP FREIRE (2019/2020)
Geografia A 11º Ano (Prof. Ana Vicente)

FICHA 4 – Expansão Urbana /Áreas metropolitanas de Lisboa e Porto

1. Leia o seguinte documento.

1.1. Identifique as duas fases associadas à expansão urbana, transcrevendo as expressões do texto que
as exemplifiquem.

1.2. Apresente as causas associadas à expansão física da cidade.

1.3. Explicite o conceito de suburbanização.

1.4. Mencione alguns dos impactes económicos, sociais e ambientais da suburbanização.

1.5. Justifique a perda de população em algumas freguesias centrais de Lisboa e Porto.

2. Comente a seguinte afirmação: “A dependência das áreas urbanas face à grande cidade diminui à
medida que crescem as relações de complementaridade.”

3. Observe a figura 1.

3.1. Defina, a partir da imagem, “espaço periurbano.

3.2. Distinga periurbanização de rurbanização.

3.3. Refira dois fatores que estão na origem ou facilitam o processo da


rurbanização.

3.4. Mencione três dos impactes da periurbanização.

Figura 1 – Área periurbana de Vila Nova de Gaia.


4. Considere o seguinte documento.

4.1. Indique, com base no documento, os fatores que conduziram à criação das áreas metropolitanas
de Lisboa e Porto.

4.2. Indique três das atribuições e competências das áreas metropolitanas, segundo a Lei nº 75/2013.

4.3. Justifique a seguinte afirmação: “As áreas metropolitanas de Lisboa e Porto passaram, em
termos funcionais, de uma estrutura monocêntrica para um sistema urbano policêntrico.”

5. Observe a figura 2.

Figura 2 – Evolução da população total em alguns concelhos da AML e da AMP.

5.1. Identifique os concelhos que, em cada área metropolitana, de 1991 para 2011:

a) ganharam população

b) perderam população.

5.2. Justifique a evolução registada, em termos de perda ou ganho populacional nesses concelhos.

5.3. Caraterize a população das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto em termos de estrutura
etária e nível de instrução.

5.4. Indique as vantagens que as caraterísticas demográficas poderão representar para as áreas
metropolitanas.

5.5. Justifique a seguinte afirmação: As principais áreas metropolitanas de Lisboa e Porto são os
principais polos dinamizadores da economia nacional.

5.6. Caraterize a atividade industrial nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, apresentando as
principais diferenças.

5.7. Apresente os fatores que justificam a seguinte afirmação: Os municípios periféricos da AML são
os mais atrativos para a indústria.
3. QUALIDADE DE VIDA URBANA

3.1. PROBLEMAS URBANOS E CONDIÇÕES DE VIDA URBANA


Nas últimas décadas, o grande crescimento das áreas urbanas e a ausência de planeamento deram origem a
desequilíbrios entre as infraestruturas urbanas existentes e as necessidades da população, resultando daí um
conjunto de problemas urbanísticos, ambientais e sociais que afetam a qualidade de vida urbana.
Alguns dos problemas mais comuns das grandes cidades são: a degradação dos edifícios, a existência de áreas
degradadas, a poluição atmosférica, o congestionamento do trânsito, a exposição ao ruído, situações de pobreza e
marginalidade.

3.1.1. PROBLEMAS URBANÍSTICOS


Saturação das infraestruturas e equipamentos
O rápido crescimento da população urbana não foi acompanhado pelo crescimento adequado dos equipamentos,
infraestruturas e serviços, conduzindo à saturação dos existentes, que se tornam incapazes de satisfazer as
necessidades de uma população urbana que cresce e se dispersa espacialmente.
 O crescente aumento da produção de resíduos urbanos (sólidos e líquidos) gera desafios em termos de
resposta para a sua recolha e tratamento;
 Prolongados tempos de espera no acesso aos serviços públicos da administração, de saúde, justiça, etc.
 As redes de transportes não acompanham as necessidades da população;
 Transportes públicos insuficientes sobretudo na ligação entre os vários pontos da periferia (insuficiência
de carreiras e percursos, elevados tempos de espera nas paragens, ausência de serviços noturnos);
 A crescente utilização do transporte individual na mobilidade diária (movimentos pendulares) agrava o
congestionamento do trânsito, aumenta as dificuldades de estacionamento e eleva os índices de ruído e
poluição atmosférica, sobretudo nas áreas metropolitanas.

Dificuldades no acesso à habitação


Degradação dos edifícios nos bairros antigos
O elevado estado de degradação de muitos edifícios habitacionais nas áreas antigas, com más condições de
habitabilidade no seu interior, é comum em muitas cidades. As causas são várias.
 Grande parte dos prédios antigos do centro das cidades são arrendados, com rendas muito baixas e
mantidas durante muitos anos, o que dificulta a realização de obras por parte dos proprietários, não
garantido rendimento suficiente para proceder à recuperação dos edifícios.
 Os proprietários que habitam essas casas são na maioria idosos com fracos rendimentos para proceder a
obras de beneficiação.
 Com o abandono das casas devido à saída de população para a periferia ou falecimento dos residentes mais
idosos, muitas casas devolutas ficam em risco de derrocada. Quando estes edifícios ficam desocupados e
não se procede à sua demolição ou recuperação, são frequentemente ocupados por população de recursos
ainda mais escassos, sobretudo imigrantes oriundos da Ásia e de África.
Especulação Imobiliária
O aumento do turismo está a expulsar das cidades os habitantes com menos recursos devido à subida das rendas
motivada pela grande procura de espaços, sem que existam políticas de arrendamento acessível.
Proliferação de bairros degradados
Ocupados por uma população de baixos recursos, sobretudo imigrantes de origem africana, estes bairros de
barracas formam bolsas de habitação precária sem infraestruturas básicas e condições de habitabilidade e onde se
associam a pobreza e a marginalidade. A partir dos anos 80, as autarquias iniciaram uma política de habitação com
a construção de bairros sociais.

Proliferação de bairros de génese ilegal (clandestina)


A chegada de muita população rural de baixos recursos às cidades de Lisboa e Porto, nas décadas de 70 e 80 do
século XX, e os elevados custos da habitação nestas cidades (quer para arrendamento quer compra) deram origem
a extensas áreas de construção clandestina nas periferias, inicialmente sem equipamentos e infraestruturas. A
qualidade de vida nestes bairros é muitas vezes condicionada pela falta de serviços, locais de estacionamento,
equipamentos coletivos, espaços verdes, etc. A recuperação e a legalização destes bairros (na maioria dos casos já
iniciada ou concluída nas AM) constituem um desafio face à dispersão da propriedade, que atrasa e encarece os
processos de execução das infraestruturas.

3.1.2. PROBLEMAS SOCIOECONÓMICOS

Aumento da fadiga e do stresse


A qualidade de vida das populações urbanas é afetada por deslocações pendulares efetuadas a distâncias cada vez
maiores, pelas muitas horas passadas em filas de trânsito, dificuldades em arranjar estacionamento, falta de tempo
para a família, demora no acesso aos serviços públicos. Estas situações geram o aumento da fadiga, do stresse e
doenças do sistema nervoso, como a depressão e o esgotamento.
DOC. A
O comboio estava abarrotado de suburbanos, esgotados pelo longo dia de trabalho. De pé, colados
uns aos outros, sem se poderem deslocar um centímetro, sacudidos pelas trepidações
ensurdecedoras, sofriam em silêncio o seu pesadelo diário.
B. Gros, Quatre heurs de transport par jour

Envelhecimento e solidão
Nas últimas décadas o centro das cidades tem sofrido um esvaziamento populacional contínuo. A saída das
gerações mais jovens em direção às periferias urbanas, onde encontram habitações de melhor qualidade e a preços
mais baixos, tem provocado o contínuo envelhecimento do centro das cidades. Ficam aqui os mais velhos, com
mobilidade reduzida e de fracos recursos económicos. O envelhecimento da população levanta problemas sociais
de abandono e solidão.
Nas áreas suburbanas são as crianças e adolescentes que sofrem outra solidão (a ausência dos pais) ficando todo o
dia ficam entregues a si próprios. Esta forma de abandono reflete-se na indisciplina, no insucesso escolar e no risco
de consumo e dependência de drogas e álcool, podendo gerar situações de delinquência.
A cidade é um espaço onde as pessoas se cruzam, mas raramente se encontram e se conhecem. Este anonimato é
um fator de independência e liberdade, mas também de solidão, acentuado pela ausência de relações de
vizinhança.

Pobreza e exclusão social


A precaridade do emprego e o desemprego prolongado tem levado a um acréscimo de situações de pobreza e de
exclusão social. Estes problemas são particularmente graves nas cidades, onde a sobrevivência das famílias
depende apenas dos salários. O desemprego assume aqui uma dimensão mais preocupante pelo facto de o
relacionamento social e os laços de solidariedade se encontrarem mais esbatidos do que nos meios rurais.
 O desemprego provoca problemas económicos, aumentando o risco de pobreza e de exclusão social, a
diminuição dos contactos sociais e da autoestima, com consequências como a depressão e o alcoolismo ou
ainda a criminalidade e a mendicidade.
 A pobreza urbana inclui: idosos com baixas pensões de reforma; desempregados; trabalhadores mal
remunerados; famílias monoparentais só com um salário; grupos étnicos e culturais minoritários; pessoas
sem-abrigo (devido ao desemprego, ao abandono familiar, toxicodependência, etc.)

Nas sociedades muito urbanizadas, a pobreza e a exclusão social reforçam-se mutuamente: o desemprego gera
pobreza e esta impede o acesso a bens e serviços, contribuindo para a exclusão social.

Insegurança e criminalidade
Num contexto de crise económica, desemprego e degradação das condições socioeconómicas das populações
regista-se maior insegurança dos cidadãos e maiores índices de criminalidade nas grandes áreas urbanas.
As elevadas densidades de construção sobretudo em áreas onde se localizam alguns dos bairros sociais mais
problemáticos, com insuficiente oferta de equipamentos sociais para a integração dos jovens, muitas vezes com
altas taxas abandono escolar, geram situações de marginalidade e insegurança.
Dificuldades de integração de imigrantes e minorias étnicas potenciam problemas de exclusão social.

3.1.3. PROBLEMAS AMBIENTAIS


A grande concentração populacional e de atividades económicas, os transportes e o modo de vida urbano fazem
das cidades os principais consumidores de recursos naturais e de energia e os maiores produtores de resíduos,
exercendo uma forte pressão sobre o ambiente.

Ruído e poluição do ar - A poluição sonora e do ar constituem um problema de saúde pública que condiciona a
qualidade de vida das populações que vivem em áreas urbanas.
 As principais fontes de ruído relacionam-se com o crescente tráfego rodoviário, com a atividade industrial e
algumas atividades comerciais e de lazer, especialmente no período noturno.
 A poluição atmosférica atinge principalmente os grandes centros urbanos e industriais com tráfego intenso
de veículos. A degradação da qualidade do ar afeta a saúde das populações, principalmente a de grupos
sensíveis como as crianças e os idosos.

Mapa do ruído do concelho de Almada


Aumento da temperatura – “ilha de calor” - No interior das grandes cidades verifica-se o aumento da temperatura
(“ilha de calor” urbana) devido:
 Forte concentração de gases poluentes com efeito de estufa em consequência do tráfego urbano;
 Utilização de materiais de construção e pavimentação com forte capacidade de absorção da radiação solar
(alcatrão, fibrocimento);
 Forte densidade de construção que condiciona a
circulação do ar;
 Climatização artificial e a iluminação dos
edifícios e ruas;
 Calor gerado pelos transportes.

Impermeabilização dos solos - As construções urbanas levam à impermeabilização dos solos, diminuindo a
infiltração da água das chuvas e a recarga dos aquíferos e, consequentemente, o aumento do escoamento
superficial, potenciador do risco de inundação.

Ocupação de áreas sensíveis - A pressão urbanística e o fraco ordenamento do território levam à ocupação de
solos com elevada aptidão agrícola e de áreas sensíveis do ponto de vista ambiental (zonas ribeirinhas, leitos de
cheia, encostas com elevada inclinação).

Recolha e tratamento dos resíduos - A crescente produção de resíduos urbanos obriga à construção de
equipamentos de deposição e tratamento de lixos e águas residuais (aterros sanitários, incineradoras, ETAR), com
custos elevados.

Falta de espaços verdes e lazer - A forte pressão construtiva aliada ao elevado custo do solo nas áreas urbanas e à
especulação fundiária levaram a uma massificação de construções e à falta de zonas verdes que possibilitem o lazer
e o convívio. Estes espaços são muito importantes na qualidade de vida das cidades:
 Utilização como espaços de recreio e lazer, incorporando, por exemplo, equipamentos desportivos e
culturais;
 Proteção em relação às infraestruturas de transporte e instalações industriais, atenuando o ruído e retendo
gases, fumos e poeiras;
 Melhoria da qualidade estética da cidade pela sua função de embelezamento de ruas, praças, avenidas,
dando-lhes um aspeto mais agradável;
 Purificação do ar, absorvendo o dióxido de carbono e libertando oxigénio;
 Regularização microclimática, particularmente no Verão, ao amenizar as temperaturas elevadas.

Para poderem desempenhar as suas funções, é necessário que os espaços verdes sejam planeados tendo em conta
a dimensão e as necessidades da população (a superfície verde deve ser proporcional ao número de habitantes,
no mínimo 40m2 por habitante) e distribuir-se de uma forma equilibrada no espaço urbano de modo que toda a
população da cidade tenha um acesso fácil a esses espaços, sobretudo aqueles que são concebidos para uma
utilização diária.

Falta de qualidade urbanística e estética e a degradação dos edifícios - A falta de estética no desenho dos espaços
urbanos construídos e dos edifícios, a degradação de edifícios históricos ou ainda a existência de aparelhos de ar
condicionado nas fachadas dos edifícios, marquises nas fachadas, etc. afetam a imagem da cidade.
3.2. A IMPORTÂNCIA DO PLANEAMENTO E ORDENAMANTO DO TERRITÓRIO
O planeamento é um processo essencial na prevenção e
resolução dos problemas urbanos. Partindo do
conhecimento da realidade existente (física e humana),
procura gerir a utilização do espaço de forma
equilibrada, de modo a aproveitar as potencialidades e a
criar condições de vida adequadas.

A melhoria das condições de vida urbana passa pela


aplicação de políticas de ordenamento do território e
urbanismo, assente num sistema de gestão territorial
organizado em 3 escalas de intervenção (nacional,
regional e municipal) e num conjunto de Instrumentos de
Gestão do Território (Planos).

Instrumentos de Gestão Territorial


 Planos Intermunicipais de Ordenamento do Território
Instrumentos de desenvolvimento territorial, aprovados pelos municípios, que asseguram a articulação entre o
plano regional e os planos municipais de ordenamento do território nas áreas que necessitam de uma
coordenação integrada.

 Planos Municipais de Ordenamento do Território (PMOT)


Instrumentos de gestão territorial que servem de base aos municípios na definição de planos de ocupação do solo
de todo o seu território. Integram os planos Diretores Municipais (PDM), os Planos de Urbanização (PU) e os Planos
do Pormenor (PP). O PMOT é definido através de um regulamento, que é traduzido num conjunto de plantas: uma
planta de ordenamento e uma planta de condicionantes.

 Planos Diretores Municipais (PDM)


Instrumento de gestão territorial de nível local que fixa as linhas gerais de ocupação do território municipal. Têm
um caráter dinâmico, com uma permanente avaliação e definição de estratégias para responder a novas
necessidades ou potencializar novas oportunidades. Tem um prazo de vigência de 10 anos, findo os quais tem de
ser revisto.

 Planos de Urbanização (PU)


Definem a ocupação do solo e a organização espacial de uma área do perímetro urbano do território municipal
onde seja necessária uma intervenção (por exemplo, a definição da rede viária estruturante, a localização de
equipamentos coletivo, a estrutura ecológica, o sistema urbano de circulação e transportes, etc.). São planos
municipais de ordenamento, integrados no PDM, de escala intermédia entre os PDM e os Planos do Pormenor (PP).

 Planos de Pormenor (PP)


Desenvolvem e concretizam, com detalhe, propostas de organização e ocupação espacial de qualquer área
específica do concelho. Servem de base aos projetos de infraestruturas, da arquitetura dos edifícios e dos espaços
exteriores, de acordo com as prioridades estabelecidas nos PDM e nos PU.
3.3. RECUPERAR E REVITALIZAR AS CIDADES
A revitalização do centro das cidades – dinamização do tecido económico e social - é fundamental para a
manutenção da centralidade e o repovoamento desse espaço. Motivada por interesses económicos e sociais, é a
forma de tornar o centro mais competitivo face às novas centralidades e de travar a saída de habitantes.

A revitalização inclui diferentes tipos de intervenções:


 Reabilitação urbana – processo de recuperação integrada de uma determinada área em que se pretende
manter e salvaguardar as funções aí existentes. Envolve o restauro ou a conservação de um edifício ou
conjunto edificado, dotando-o de melhores condições de habitabilidade ou utilização (reabilitação física),
mantendo o estatuto dos residentes e os usos das atividades aí instaladas (reabilitação funcional).
Pretende-se manter um bairro ou uma área da cidade com as suas características funcionais, o que implica:
 Melhoria das condições físicas do interior e do exterior dos edifícios (a partir do restauro e conservação
dos imóveis) e também dos espaços públicos;
 Manutenção do estatuto socioeconómico dos moradores;
 Dinamização das atividades existentes, de forma a tornar uma área mais atrativa.

Em Lisboa e no Porto, a reabilitação urbana tem sido impulsionada pelo investimento em alojamentos
turísticos e pela procura de habitação de luxo, gerando um processo de gentrificação (substituição de
residentes de menores recursos por outros de maior poder económico). Esta mudança poderá
descaraterizar, em termos sociais, os bairros antigos e típicos destas cidades, sendo necessária uma política
urbana que previna este problema.

Edifício no Porto (antes e depois) Edifício em Leiria (antes e depois)

 Requalificação urbana – recuperação de edifícios e espaços urbanos com alteração das antigas funções,
procedendo ao ordenamento das áreas degradadas ou desocupadas, com a redistribuição da população e
das atividades económicas. Pretende-se a valorização do espaço urbano nos domínios urbanístico, social e
ambiental, melhorando a atratividade e competitividade das cidades.

Praça de Lisboa, na cidade do Porto (antes e depois)


 Renovação urbana - Demolição total ou parcial de edifícios e estruturas antigas e degradadas, de um dado
território urbano, e construção de novos imóveis e espaços destinados a novas funções urbanas, diferentes
das anteriores, e classes mais favorecidas.
 Leva ao surgimento de uma nova área moderna e atrativa, melhor equipada e com boas
acessibilidades, associada a uma mudança de:
 Estatuto socioeconómico - com a construção de novos e modernos edifícios ocupados por classes
sociais mais favorecidas.
 Estatuto funcional – ocupação com novas
funções terciárias de nível superior (bancos,
comércio de luxo…)
 Incide em áreas degradadas ou subaproveitadas e
as intervenções obedecem geralmente a um
processo de planeamento urbanístico decidido
pelo poder político. É exemplo o Parque das
Nações que deu origem a uma nova centralidade
numa área degradada da cidade.

 Regeneração urbana - Conjunto de intervenções socio urbanísticas em áreas urbanas marcadas pela
degradação do edificado e do espaço público, pela insuficiência de equipamentos sociais elementares e por
processos crescentes de exclusão social. Foram aprovados vários projetos de regeneração urbana no
âmbito da Política de Cidades POLIS XXI

PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO URBANA

Para responder aos inúmeros problemas e desafios das áreas urbanas, Portugal tem implementado vários programas
e medidas de apoio, enquadradas por políticas da União Europeia.

Cronologia dos programas de intervenção urbana


No âmbito da reabilitação urbana
 PRAUD (Programa de Recuperação de áreas Urbanas
Degradadas) pretendia promover, em parceria com as
autarquias, operações de reabilitação ou renovação de
áreas urbanas degradadas, comparticipando nos custos
dessas intervenções.

A reabilitação urbana conta ainda com apoios fiscais e
de natureza financeira através de vários programas sob
a forma de empréstimos ou comparticipações a fundo
perdido:
 RECRIA (Regime Especial de Comparticipação na
Recuperação de Imóveis Arrendados)
 REHABITA (Regime de apoio à recuperação Intervenção do PRAUD na cidade de
habitacional em áreas urbanas antigas). Coimbra: antes (A) e depois (B).

Desde 2008, com a iniciativa JESSICA (Joint European Support for Sustainable in City Areas) são utilizadas
verbas dos fundos estruturais, como o FEDER, para apoiar projetos de reabilitação urbana e planos
integrados de desenvolvimento sustentável. Os resultados destes programas são visíveis na recuperação do
património edificado e na dinamização do tecido socioeconómico em diferentes áreas como
Alfama/Mouraria (em Lisboa) e Ribeira e Sé (no Porto).

No âmbito da requalificação
 O Programa POLIS (Programa Nacional de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades),
criado em 2000, teve como objetivos melhorar a qualidade de vida urbana e a atratividade e competitividade
das cidades, apoiando intervenções urbanísticas com uma forte componente ambiental e/ou patrimonial.
Estas intervenções foram desenvolvidas com base em parcerias entre as autarquias locais e a administração
central, aproveitando os fundos disponibilizados pela UE.

O POLIS tem como objetivos específicos:


 Desenvolver operações integradas de
requalificação urbana baseada na valorização
ambiental para melhorar a qualidade do
ambiente urbano: valorizar elementos
ambientais estruturantes, como frentes de rio
ou costa; aumentar as zonas verdes; promover
áreas pedonais e condicionar o trânsito
automóvel em centros urbanos;
 Desenvolver ações para a requalificação dos
centros históricos que promovam a sua
multifuncionalidade.

O POLIS permitiu recuperar, transformar e


revalorizar a paisagem de muitas cidades
portuguesas, tornando-as mais atrativas e
melhorando a qualidade de vida da população.
Cidades intervencionadas pelo Programa Polis
 O programa POLIS XXI procura responder aos desafios dos problemas das cidades, disponibilizando verbas do
FEDER para financiar programas de ação integrados de regeneração de um território específico da cidade, e
com os objetivos de:
 Valorizar áreas de excelência urbana, como centros históricos e frentes ribeirinhas e marítimas;
 Requalificação de periferias urbanas e outros espaços relevantes para a estruturação urbana;
 Renovação das funções e usos das áreas abandonadas ou com usos desqualificados;
 Requalificação e reintegração urbana de bairros críticos, combatendo a segregação territorial.

No âmbito da renovação urbana


A renovação urbana pode implicar o realojamento da população a viver em edifícios ou bairros degradados,
problema que assume maiores proporções nas AM de Lisboa e do Porto.
 Programa Especial de Realojamento (PER) – foi criado em 1993 para promover a erradicação de bairros de
habitação precária na AML e AMP, concedendo apoios aos municípios para o realojamento de famílias em
habitações de custos controlados ou habitações sociais. Para complementar e acelerar este processo de
realojamento, foi criado o PER-FAMÍLIAS, que apoia as famílias na compra de casa própria ou em obras de
reabilitação numa habitação que tenham noutro local.
O realojamento de moradores de bairros de habitação precária é uma forma de combater a marginalidade e
diminuir as situações de risco para os jovens, proporcionando-lhes melhores condições de vida.
 Iniciativa URBAN I e URBAN II – tinha como objetivo apresentar e aplicar estratégias inovadoras de revitalização
socioeconómica sustentável. Beneficiou, desde 1994, muitas áreas urbanas críticas, com problemas de
desemprego, pobreza, exclusão social, criminalidade, etc., permitindo a qualificação social e urbanística dessas
áreas.

MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA URBANA


A valorização das cidades, como espaços de vivência com o qual os cidadãos se sintam identificados, passa por
ações que contribuam para melhorar a qualidade de vida urbana:
 Melhorar a mobilidade e a gestão do tráfego urbano (construção de parques de estacionamento na entrada
das cidades em articulação com os transportes públicos, promover a utilização e melhorar a eficácia dos
transportes públicos, urbanos e suburbanos, criando interfaces adequados às necessidades dos utilizadores
para desincentivar a utilização do automóvel particular;
 Alargar os serviços de acompanhamento de crianças e jovens (ocupação de tempos livres, salas de estudo,
equipamentos desportivos, bibliotecas…), para prevenir e reduzir as situações de risco social;
 Aumentar e melhorar os espaços verdes, espaços de lazer que reforçam o equilíbrio urbanístico e a proteção
ecológica e ambiental (purificação do ar, amenização climática, redução da poluição sonora, atração da
avifauna);
 Construir e otimizar equipamentos coletivos, nomeadamente os de cultura, lazer e desportivos, que
promovam o encontro e o convívio da população urbana;
 Desenvolver estruturas e serviços de apoio à população idosa que promovam a inclusão de idosos com
diferentes necessidades e graus de capacidade, diminuindo as situações de isolamento e solidão (Políticas de
envelhecimento ativo);
 Promover o empreendedorismo – o desemprego, particularmente o desemprego jovem, poderá ser
combatido através de programas de apoio à criação de emprego e empresas no centro da cidade. As
atividades relacionadas com o turismo (hotelaria, restauração, comércio, serviços) têm sido muito importantes
na criação de emprego nas grandes cidades.
 Promover o planeamento e ordenamento urbanístico, definindo localizações urbanas adequadas para as várias
funções (distribuição equilibrada das funções de habitação, trabalho, cultura e lazer), revitalizar os centros
históricos e os elementos do património cultural e recuperar áreas degradadas.
ESCOLA SECUNDÁRIA BRAAMCAMP FREIRE (2019/2020)
Geografia A 11º Ano (Prof. Ana Vicente)

FICHA 5 – Problemas urbanos e condições de vida urbana

1. Leia a afirmação.

1.1. Classifique os seguintes problemas: A – Urbanísticos; B - Socioeconómicos; C – Ambientais

1. Aumento do ruído e da poluição atmosférica 9. Saturação das infraestruturas e equipamentos


2. Proliferação de bairros degradados 10. Recolha e tratamento dos resíduos
3. Aumento da fadiga e do stresse 11. Desertificação dos centros históricos
4. Pobreza e exclusão social 12. Falta de espaços verdes e lazer
5. Degradação dos edifícios nos bairros antigos 13. Aumento da temperatura – “ilha de calor”
6. Impermeabilização dos solos 14. Especulação Imobiliária
7. Insegurança e criminalidade 15. Falta de qualidade urbanística e estética
8. Ocupação de áreas sensíveis como os leitos 16. Proliferação de bairros de génese ilegal
de cheia (clandestina

1.2. Explique a importância dos espaços verdes na qualidade de vida das cidades.
1.3. Explique a origem da ilha de calor no interior das grandes cidades.
1.4. Justifique o aumento de situações de pobreza e exclusão social nas grandes cidades.
1.5. Justifique a degradação de muitos edifícios habitacionais nos bairros antigos das cidades.
1.6. Explique a importância do planeamento na prevenção dos problemas urbanos.

2. Leia o seguinte documento.

2.1. Apresente o conceito de Baixa.


2.2. Refira dois aspetos que caraterizam as áreas mais centrais das cidades, como é o caso da Baixa
do Porto.
2.3. Indique duas razões que possam justificar a perda de dinamismo da Baixa da cidade do Porto.
2.4. Apresente o conceito de revitalização.
2.5. Relacione as ações de revitalização com as alterações do preço do solo urbano na Baixa do Porto.
3. Leia a informação e observe a imagem referente à área das Amoreiras, em Lisboa.
O antigo terminal da Carris deu lugar a uma área de luxo nas Amoreiras, em Lisboa.

3.1. Identifique a forma de intervenção urbana associada às figuras.


3.2. Explique em que consiste essa intervenção urbana.
3.3. Apresente as diferenças entre este tipo de intervenção e o processo de reabilitação urbana.
3.4. Explique a importância dessa intervenção para a cidade de Lisboa.

4. Leia a seguinte afirmação.

4.1. Identifique a forma de intervenção presente na afirmação.


4.2. Apresente os objetivos associados e a esse tipo de intervenção.
4.3. Explicite a finalidade do programa POLIS, enquadrando os seus objetivos no âmbito deste tipo de intervenção.
4.4. Considerando os planos de ordenamento do território, refira os que estão na base da elaboração do programa
POLIS.

5. Leia o seguinte
documento.

5.1. Refira duas possíveis causas do declínio da área central da cidade de Vila Real.
5.2. Apresente as medidas tomadas pela Câmara Municipal para inverter esse declínio.
5.3. Identifique o tipo de intervenção apresentada no documento.
5.4. Explique em que consiste este tipo de intervenção.
5.5. Justifique a implementação deste tipo de ações com vista ao repovoamento das áreas centrais.

6. Associe os programas de intervenção urbana às ações de intervenção urbana

A – Reabilitação 1. Iniciativa JESSICA


2. Programa Especial de Realojamento (PER)
B – Requalificação 3. Iniciativa URBAN
4. REHABITA
C – Renovação 5. PRAUD
6. Programa POLIS
4. REDE URBANA NACIONAL / NOVAS RELAÇÕES CIDADE-CAMPO

Rede urbana ou sistema urbano – corresponde ao conjunto de cidades e suas periferias, integradas num dado
território (à escala regional, nacional ou internacional), que estabelecem relações de dependência e
complementaridade entre si, geralmente com uma certa ordem hierárquica.
Por exemplo, as cidades das AM de Lisboa e do Porto constituem redes urbanas regionais, integradas na rede
urbana nacional, que por sua vez, faz parte da rede de cidades europeias.

Uma rede urbana caracteriza-se:


 Distribuição espacial das cidades;
 Dimensão (número de habitantes);
 Importância (funções que oferece e sua área de influência).

4.1. CARATERÍSTICAS DA REDE URBANA NACIONAL


Tendo em conta a distribuição, dimensão e importância, a rede urbana portuguesa apresenta-se desequilibrada.

4.1.1. DIMENSÃO DEMOGRÁFICA


A rede urbana tem sido marcada pelo grande peso da Área Metropolitana de Lisboa em termos demográfico (maior
número de habitantes), mas sobretudo pela importância funcional em termos da diversificação e qualidade das
funções que oferece – Rede urbana monocêntrica (Sistema macrocéfalo).
Mais recentemente, o modelo macrocéfalo tem dado lugar a um sistema bicéfalo com a emergência da Área
Metropolitana do Porto que tem procurado afirmar-se num contexto Ibérico através das relações privilegiadas com
a Galiza.
Rede urbana monocêntrica – forte concentração de população e de atividades numa cidade principal,
polarizadora do território em que se integra.
Sistema macrocéfalo – sistema urbano com uma cidade muito destacada.
Sistema bicéfalo – sistema urbano com duas cidades muito destacadas

 Duas grandes cidades (Lisboa e Porto), com


destaque para Lisboa - bipolarização
 Poucas cidades com mais de 100 mil
habitantes (apenas 7 – Lisboa, Porto,
Amadora, Vila Nova de Gaia, Amadora,
Braga, Funchal e Coimbra)
 Reduzido nº de cidades de média dimensão
(entre 20 mil e 100 mil habitantes)
 Predomínio de cidades de pequena
dimensão.
Número de cidades segundo a dimensão populacional
4.1.2. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL
Em Portugal Continental, as cidades distribuem-se de forma
irregular, com um forte contraste entre o litoral e o interior.
Esta distribuição das cidades está relacionada com o processo
de litoralização do povoamento e da economia, coincidindo
com as áreas de maior dinamismo demográfico, económico e
social.
 No interior e litoral alentejano – Menor número de
cidades e com menor dimensão, embora se verifique
algum crescimento urbano resultante da atração exercida
por várias cidades sobre as áreas rurais envolventes (ex.
Évora, Viseu, Vila Real)
 A maioria das cidades localiza-se no litoral ocidental, entre
Setúbal e Viana do Castelo, e no litoral algarvio
(Litoralização).
 Grande concentração de cidades nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto (Bipolarização), embora com
estruturas territoriais diferentes na expansão urbana:
 na AMP a expansão urbana é mais extensiva e dispersa;
 na AML existe uma maior concentração dos lugares urbanos, num modelo mais compacto de
expansão metropolitana.

Nas regiões autónomas as cidades cresceram a partir de portos marítimos, localizando-se todas junto à costa.
Destacam-se Ponta Delgada (Açores) e Funchal (Madeira) com mais de 100 mil habitantes.

Rede urbana portuguesa segundo a dimensão das suas cidades, em número de habitantes (2011).
População residente nos centros urbanos com 2000 ou mais habitantes em Portugal, em 2011

O processo de urbanização recente conduziu a um sistema urbano caracterizado por quatro tendências:
 A estabilização do peso das áreas metropolitanas no total da população residente;
 O reforço das cidades médias, com destaque para os centros urbanos do litoral;
 A afirmação do dinamismo de alguns centros do interior em contexto de despovoamento rural;
 O reforço do policentrismo funcional e da suburbanizalºa0nno intervir das áreas metropolitanas.

4.1.3. HIERARQUIA FUNCIONAL


As cidades, como espaços de oferta de bens e serviços, são consideradas lugares centrais e têm um papel
fundamental na organização de um território que encontra funcionalmente dependente para acesso a um
determinado número de funções.
Lugar central – lugar que oferece bens e serviços a uma área de influência, tendo capacidade de atrair
população.
Área de influência ou hinterland - área sobre a qual a cidade exerce a sua ação, atraindo população e
oferecendo bens, serviços e emprego.

Cada cidade apresenta uma área de influência, à qual corresponde uma distância máxima que um habitante está
disposto a percorrer para adquirir, nessa cidade, um determinado bem ou serviço. A área de influência depende
do tipo de produtos e do grau de desenvolvimento dos transportes.

 Em termos de tipo de produtos, a área de influência de uma cidade será tanto maior quanto a raridade das
funções que oferece. Os bens de consumo mais raros só aparecem em cidades maiores, onde o número de
habitantes justifique a sua oferta.
 Quanto ao desenvolvimento dos transportes e das vias de comunicação, de um modo geral, a área de
influência de uma cidade tende a aumentar com a melhoria da acessibilidade.

A centralidade de um lugar reflete a facilidade de acesso (acessibilidade) e o nível de funções que oferece. Quanto
maior a acessibilidade a um lugar e maior a quantidade e raridade dos bens e funções que oferece maior será a
dimensão da área de Influência e centralidade.
Classificação das funções:
 Funções de nível superior – oferecem bens e serviços mais raros e especializados (ex. hospital central,
universidades, centro de investigação); estão presentes num menor número de centros urbanos, geralmente
com dimensão e maior área de influência.
 Funções de nível inferior – bens e serviços mais frequentes que necessitam de estar próximo da população (ex.
farmácia, minimercado, padaria); estão presentes em grande número de lugares, com uma menor área de
influência.
Classificação dos produtos e serviços:
 Bens centrais – só podem ser adquiridos em determinados locais (lugares centrais); as atividades que os
fornecem classificam-se de funções centrais.
 Bens dispersos – que são distribuídos à população, como a água e a eletricidade.
 Bens vulgares – de utilização frequente, presentes em muitos lugares, sem exigirem deslocações significativas.
 Bens raros – de utilização pouco frequente, presentes apenas em certos lugares, o que exige, geralmente,
maiores deslocações.
Entre cidades estabelecem-se relações de interdependência. As cidades de maior dimensão possuem uma maior
variedade e nível de oferta de bens e serviços (funções) que as mais pequenas não apresentam. Como
consequência, a população residente em cidades menos populosas têm necessidade de recorrer às cidades mais
próximas de maior dimensão para a aquisição de bens e serviços mais raros e especializados, que a sua cidade não
oferece.

Distribuição das funções


Outro aspeto que evidencia o desequilíbrio da rede urbana portuguesa é a concentração de funções muito
especializadas num reduzido número de centros urbanos, existindo grandes contrastes regionais.
 Litoral ocidental (a Norte de Setúbal) e litoral algarvio
 maior número e maior diversidade de funções.
 A distribuição de funções é mais complexa e organizada em torno de vários centros urbanos.
 Interior e litoral alentejano
 Menor número e menor diversidade de funções
 Está funcionalmente organizado em torno de um número reduzido de centros urbanos

Estrutura de fluxos para acesso a funções pouco Estrutura de fluxos para acesso a funções muito
especializadas especializadas
Hierarquia funcional
As cidades enquanto lugares centrais podem ser hierarquizadas de acordo com o tipo de bens que oferecem e as
funções que desempenham. A posição hierárquica das cidades mede-se utilizando vários indicadores: dimensão
demográfica; capacidade para atrair população; importância das funções que contribuem para o seu dinamismo
(ex. função universitária); qualificação da mão-de-obra; relevância das atividades de investigação e
desenvolvimento.

A dimensão demográfica é uma das mais utilizadas. De um modo geral, quanto maior a dimensão de uma cidade
maior será a oferta de bens e serviços, maior a área de influência e maior a sua posição na hierarquia funcional de
uma rede urbana.
Hierarquia dos lugares centrais em Portugal
 1º - AM de Lisboa e AM do Porto, com grande número e diversidade de funções e alto nível de
acessibilidade.
 2º - Litoral do Norte, Centro e Algarve, com uma boa oferta funcional e acessibilidade média a alta,
destacando-se Coimbra.
 3º - Interior Norte, Centro e Alentejo, com menor oferta funcional e acessibilidade média a baixa,
destacando-se Bragança, Viseu, Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Évora e Beja.
 4º - Regiões autónomas, com fraca oferta funcional, exceto Funchal e Ponta Delgada.

4.1.4. VANTAGENS E LIMITAÇÕES DA CONCENTRAÇÃO URBANA


Economias de aglomeração
Às áreas do litoral, que apresentam um maior dinamismo demográfico, opõem-se um interior despovoado e em
perda demográfica. Estes contrastes estão associados a diferentes dinâmicas de ocupação do espaço.

As atividades económicas dos setores secundário e terciário tendem a localizar-se nas aglomerações urbanas mais
desenvolvidas, onde dispõem de mão-de-obra abundante e qualificada e de números serviços, infraestruturas e
equipamentos. As aglomerações urbanas atraem as atividades económicas e estas, por sua vez, contribuem para a
expansão das áreas urbanas, pois criam emprego, atraem população e ajudam a diversificar e a aumentar os
serviços, equipamentos e infraestruturas disponíveis nessas aglomerações.

As grandes aglomerações urbanas permitem à população e às atividades económicas beneficiar do princípio das
economias de escala que consiste na redução do custo unitário de um bem à medida que aumenta a sua
utilização/consumo. No caso das aglomerações urbanas, a aplicação destes princípios designa-se por economias de
aglomeração. A concentração de população e atividades económicas que utilizam as mesmas redes de transporte,
comunicação, distribuição de água e energia, etc. permite minimizar o custo unitário de serviços e infraestruturas.

Tendo em conta a racionalidade económica dos investimentos, só é possível rentabilizar determinados


investimentos em equipamentos e infraestruturas quando existe um grande número de utilizadores que o
justifique, o que acontece nas grandes concentrações urbanas. Em áreas de povoamento disperso não existem
estas vantagens, o que explica a ausência ou fraca oferta de alguns serviços e infraestruturas, o que condiciona a
qualidade de vida da população e o dinamismo económico e contribui para o contínuo despovoamento. Assim se
explica o encerramento de muitos serviços públicos nestas áreas.

Deseconomias de aglomeração
As vantagens da aglomeração só se verificam até determinado limite de utilização (ótimo populacional), a partir do
qual a concentração passa a ser desvantajosa. O contínuo crescimento da população e do número de empresas
conduz à saturação dos espaços, equipamentos e infraestruturas que não conseguem responder de forma
adequada à procura de que são alvo.
Os problemas resultantes da excessiva aglomeração de população e atividades refletem-se no aumento dos custos
das atividades económicas e afetam a qualidade de vida da população. Por exemplo:
 as filas de espera nos serviços da administração pública, médicos, hospitais, (…)
 o congestionamento do trânsito, com grandes custos económicos, sociais e ambientais, afetando a
produtividade das empresas e a saúde às pessoas.

As soluções para estes problemas passam por novos investimentos para melhorar a oferta de infraestruturas,
equipamentos e serviços para responder às novas necessidades, o que implica frequentemente investimentos
demasiado elevados face aos benefícios que daí advêm.

Quando as desvantagens da concentração se tornam superiores às vantagens, gera-se uma deseconomia de


aglomeração – a concentração excessiva gera problemas de saturação de infraestruturas e serviços e os custos da
concentração passam a ser superiores aos seus benefícios.

Relação entre o custo unitário de


um bem ou serviço e a
população de uma aglomeração

Os efeitos da deseconomia de aglomeração verificam-se em muitos centros urbanos do litoral e podem ser
minimizados com o desenvolvimento de outras aglomerações urbanas não congestionadas. Medidas que possam
atrair habitantes, atividades económicas e criar emprego em áreas não congestionadas permite a redistribuição da
população no território e contribui para um maior equilíbrio da rede urbana nacional.

4.2. REORGANIZAÇÃO DA REDE URBANA


A forte polarização em torno das duas maiores cidades (Lisboa e Porto) e a tendência para uma urbanização difusa
em algumas regiões são causa e, simultaneamente, efeito do desequilíbrio da rede urbana que se manifesta
também por uma fraca representatividade das cidades médias. As assimetrias territoriais, assim como os
desequilíbrios da rede urbana nacional potenciam problemas como a má ocupação do espaço e as deseconomias
de aglomeração.

4.2.1. O PAPEL DAS CIDADES MÉDIAS


Conceito de cidade média: Cidade com uma dimensão ótima, económica e socialmente equilibrada, com vantagens
das economias de aglomeração. A dimensão demográfica varia consoante o país, não existindo um critério
universal. Os critérios utilizados podem ser demográficos mas também de natureza funcional, conjugando um valor
populacional mínimo e um conjunto de caraterísticas qualitativas em termos de funções desempenhadas.
Em Portugal considera-se de dimensão média uma cidade com 20 mil a 100 mil habitantes.
De acordo com os limiares estabelecidos pela Comissão Europeia (100 000 a 250 000 habitantes) existiriam muito
poucas cidades médias em Portugal segundo este critério.
Distribuição das cidades médias
As cidades médias têm uma pequena representatividade em Portugal devido à
forte polarização em torno das duas maiores cidades do país e à tendência para
uma urbanização difusa em algumas regiões.

A maioria das cidades médias localiza-se no litoral, verificando-se um menor


número e maior dispersão das cidades médias do interior. Esta distribuição
acompanha o desequilíbrio da rede urbana nacional.

No entanto, desenham-se alguns subsistemas urbanos polarizados por cidades


médias com ligações várias que facilitam os contactos e o desenvolvimento
económico em áreas do interior.

Importância das cidades médias


 Constituem polos de desenvolvimento regional e de dinamização de toda a sua área de influência. O seu
contributo é fundamental para criar dinamismo económico e social nas suas regiões, proporcionando as
vantagens das economias de aglomeração. Atraem as atividades económicas e criam condições para a fixação
populacional sem as desvantagens da concentração excessiva. São também importantes no âmbito de uma
estratégia de valorização dos recursos regionais.
 São importantes na reorganização e consolidação da rede urbana, na perspetiva de um desenvolvimento
equilibrado do território nacional. São essenciais para uma rede urbana mais policêntrica, contribuindo para
atenuar a tendência de crescimento das grandes aglomerações metropolitanas e dos problemas associados.

Os centros urbanos de média dimensão têm um papel fundamental na redução das assimetrias territoriais e na
redistribuição da população e atividades económicas, pois…
 Atraem população, atividades económicas e de criam emprego.
 Disponibilizam de bens e serviços qualificados em áreas como a saúde, educação, inovação e formação
profissional, essenciais para a qualidade de vida da população e para
o desempenho das empresas.
 Beneficiam o espaço rural envolvente, estendendo os benefícios do
seu desenvolvimento às áreas rurais à volta, e dinamizam as
respetivas áreas de influência.
Assim, o crescimento das cidades médias é fundamental para o
desenvolvimento regional e para a coesão territorial.

Coesão territorial – Desenvolvimento sustentável do território, no seu


todo, reduzindo ao mínimo as disparidades e valorizando os recursos
endógenos e as caraterísticas da região de modo a criar melhores
oportunidades para a população e para as empresas.

Para um sistema urbano mais policêntrico é necessário reforçar a dimensão


das cidades de tamanho intermédio através da constituição de eixos urbanos
ou constelações urbanas, isto é, aglomerados que partilhem equipamentos e
adotem uma estratégia de desenvolvimento comum (cooperação
interurbana).
Rede urbana / Sistema Policêntrico
Instrumentos de apoio às cidades médias:
 Programa Polis
 PROSIURB (Programa de Consolidação do Sistema Urbano Nacional e de Apoio à Execução dos Planos
Diretores Municipais) de 1994 a 1998.
Foi um instrumento de intervenção e dinamização das cidades médias, financiando ações de qualificação
urbana e ambiental, permitindo melhorar os equipamentos coletivos (desporto, cultura, lazer) e as
infraestruturas básicas (sistema viário, abastecimento de água, saneamento básico, etc.), promovendo a
reabilitação e renovação urbana.

4.2.2. PROMOVER UMA REDE URBANA POLICÊNTRICA

Um maior equilíbrio territorial exige a reorganização e o desenvolvimento de uma rede urbana policêntrica e
equilibrada, com uma articulação e complementaridade funcional de proximidade entre centros urbanos de
diferentes dimensões.

Importância dos transportes


As redes de transporte ferroviário e rodoviário desempenham um papel fundamental na articulação e na
complementaridade dos centros urbanos, favorecendo a circulação no interior das regiões e a acessibilidade entre
centros urbanos próximos.
O aumento das acessibilidades interurbanas é fundamental para…
 Uma gestão mais eficaz dos recursos disponíveis, nomeadamente das funções raras;
 A complementaridade dos centros urbanos, em redes de proximidade, através de funções
interdependentes que conduzam a economias de escala.

Nas áreas do interior é necessário investir no aumento da oferta de funções dos centros urbanos ou de eixos
urbanos que possam servir de âncoras de desenvolvimento regional, de modo a afirmarem-se como patamares
intermédios entre as duas regiões metropolitanas e o grande número de centros de nível regional ou sub-regional.
Deve dar-se prioridade aos centros urbanos que, pelas suas estratégias de agregação interurbana e de
especialização económica, têm melhores condições para oferecerem essas funções, tornando-se fundamental
melhorar as acessibilidades dentro das regiões.

Objetivos para o sistema urbano nacional


Contrariar a tendência para a urbanização contínua ao longo da faixa litoral e reforçar uma organização mais
policêntrica do sistema urbano e elevar o nível de internacionalização de algumas cidades.
 Promover redes de cidades e sistemas urbanos sub-regionais policêntricos, sobretudo no interior, numa
perspetiva de complementaridade e especialização na oferta de serviços à população e atividades económicas,
que constituam polos de competitividade regional.
 Reforçar o papel das cidades médias para reduzir as assimetrias territoriais pelo seu desenvolvimento e
dinamismo que promovem nas suas áreas de influência.
 Potenciar a acessibilidade a infraestruturas e equipamentos coletivos em função de um maior equilíbrio no
acesso às funções urbanas de nível superior, melhorando a mobilidade em termos de redes de transporte.
 Valorizar a diversidade dos territórios e suas potencialidades e promover a articulação dos centros urbanos
com as áreas rurais, garantindo a todos o acesso a equipamentos, infraestruturas e serviços coletivos, com
boas condições de mobilidade.
 Desenvolver redes de conectividade urbana à escala ibérica e europeia e valorizar o papel estratégico de
algumas cidades e regiões urbanas para a afirmação internacional de Portugal (região metropolitana de Lisboa,
aglomeração urbano-industrial do Noroeste, eixo Leiria-Coimbra-Aveiro, regiões turísticas do Algarve e
Madeira)
 Elevar o nível e internacionalização das cidades portuguesas através da participação em redes internacionais
de cooperação urbana; organização de eventos e feiras de nível internacional; apostar no reforço da projeção
económica através de um esforço de promoção e marketing urbano. A dinâmica económica das regiões
depende muito da capacidade que as cidades têm para se afirmarem internacionalmente, projetando a região
e o país.
 Promover as cidades médias a nível nacional e internacional: Aveiro, Braga e Coimbra, com a aposta na
inovação e desenvolvimento científico, ligada aos núcleos universitários; Faro e Funchal, com dinâmicas e
eventos de promoção do turismo; outras cidades com a participação em redes como as cidades sustentáveis
ou as cidades solidárias, a nível comunitário.

Formas de promoção das cidades e respetivas regiões


 Estabelecimento de alianças interurbanas regionais numa perspetiva de articulação e complementaridade
funcional de proximidade entre centros urbanos de diferentes dimensões.
 Aumentar a oferta de serviços e equipamentos ao nível dos sistemas urbanos de nível regional e sub-
regional para melhorar a qualidade de vida das população e facilitar a instalação de empresas, tornando as
regiões mais atrativas para a fixação de população.
 Participação em redes internacionais de cooperação interurbana e organizar eventos de âmbito
internacional para promover a internacionalização das cidades e dos seus produtos e serviços e torna-las
mais atrativas para o turismo e para o investimento estrangeiro.
 Valorizar e promover os recursos endógenos e as potencialidades regionais para atrair investimento e
desenvolver atividades económicas como a indústria (exploração e transformação de recursos da floresta,
do subsolo e produtos agrícolas e pecuários) ou o turismo.
 Completar/melhorar as ligações da rede viária para melhorar a circulação no interior da região e aumentar
a acessibilidade aos centros urbanos a partir das respetivas áreas de influência.
 Promover a revitalização dos centros das cidades (pela reabilitação de edifícios, requalificação de
equipamentos e espaços e renovação de áreas degradadas) para melhorar o ambiente urbano e tornar as
cidades mais atrativas e sustentáveis.
 Criar parcerias de cooperação entre as autarquias, polos de ensino superior, empresas e entidades locais
para aumentar a capacidade de investigação e inovação e gerar novas dinâmicas de desenvolvimento local
e regional.
4.2.3. A INSERÇÃO DA REDE URBANA NACIONAL NO CONTEXTO EUROPEU

A rede urbana nacional no contexto europeu


No contexto europeu, Portugal está entre os países cuja rede urbana mais se
aproxima de um sistema urbano monocêntrico, face ao sistema policêntrico dos
países mais desenvolvidos.

Sistema Urbano policêntrico – a população e as funções urbanas distribuem-se


por muitas aglomerações urbanas, de dimensão idêntica, e distribuídas
espacialmente, o que proporciona um maior desenvolvimento regional.
Sistema urbano monocêntrico – a população e as funções urbanas concentram-
se numa área urbana que se destaca claramente de outras. Também se designa
de macrocéfalo.

O sistema urbano nacional apresenta um claro domínio de duas cidades de grande


dimensão, com funções de nível hierárquico superior, que estendem a sua
influência a todo o país, com Lisboa a destacar-se das restantes.

Percentagem da população residente na maior área


urbana face ao total, em alguns países europeus.

Áreas metropolitanas nos países europeus Localização das maiores cidades, em alguns países europeus

A rede urbana europeia carateriza-se por elevados níveis de urbanização, por um padrão de distribuição de cidades
denso e equilibrado, particularmente na região da Dorsal Europeia, e pela metropolização. As grandes cidades são
mais atrativas para o investimento e concentram grande parte da inovação tecnológica.
Em termos de política para as cidades, a orientação da UE vai no sentido da adoção de modelos policêntricos de
desenvolvimento territorial, como forma de aumentar a coesão económica e social da União Europeia.
Internacionalização das cidades portuguesas
Existem vários indicadores para avaliar o nível de internacionalização e a projeção externa das cidades:
 A abertura económica ao exterior (expressa pelo valor das importações e exportações e pelo movimento dos
portos e aeroportos), que reflete o dinamismo económico da cidade e da sua região. Lisboa e Porto têm uma
posição modesta. A posição geográfica periférica dificulta a interação com outras cidades e regiões europeias.
 A organização de eventos, feiras e exposições internacionais, que reflete o grau de visibilidade das cidades, a
sua capacidade organizativa e a sua capacidade ao nível de equipamentos e das infraestruturas. Lisboa tem
vindo a afirmar-se na organização de eventos de caráter internacional.
 A capacidade de atrair sedes de empresas multinacionais, que é pouco significativa em Lisboa e no Porto.
Lisboa é ainda a única cidade portuguesa representada no ranking das melhores cidades para localização de
empresas, embora surgindo a meio da tabela nas melhores cidades europeias para negócios.

A internacionalização do sistema urbano nacional é reduzida. Num contexto internacional…


 As regiões metropolitanas portuguesas ocupam ainda uma posição relativamente modesta;
 Os centros urbanos de média dimensão têm uma especialização reduzida ou mesmo nula em funções de
nível internacional;
 A interação transfronteiriça é ainda reduzida (mesmo na Euroregião Norte /Galiza);
 A cooperação interurbana em termos de participação nas redes internacionais tem pouca expressão.

Posição internacional de Lisboa e Porto


Na rede urbana da União Europeia, o sistema urbano português destaca-se apenas pelas cidades de Lisboa e Porto,
no que se refere ao nível de internacionalização e às estruturas económicas.
• No contexto europeu, a posição geográfica periférica dificulta a interação com outras cidades ou regiões ou a
integração em dinâmicas de regiões urbanas mais desenvolvidas. Portugal não possui nenhuma cidade com
um nível de internacionalização elevado no contexto europeu, com Lisboa e Porto a ocuparem posições
secundárias.
• No sistema ibérico, Lisboa e Porto têm uma posição relevante, sobretudo Lisboa. Madrid é a cidade
dominante, com dimensão relevante no sistema urbano europeu.

Nível de internacionalização das cidades Sistema urbano ibérico


portuguesas.
Síntese:
O desequilíbrio da rede urbana portuguesa evidencia-se pelo contraste:
 Na dimensão dos centros urbanos – predomínio de pequenas cidades, fraca representatividade das
de média dimensão e dois grandes centros urbanos – Lisboa e Porto, com as suas áreas
metropolitanas;
 Na repartição geográfica – forte concentração urbana no litoral;
 No nível de funções – predomínio das funções de nível superior nas principais áreas urbanas do
litoral, com destaque para Lisboa e Porto.

Consequências do desequilíbrio da rede urbana nacional


 Fraca capacidade de inserção das economias regionais na economia nacional.
 Reduzidas relações de complementaridade entre os diferentes centros urbanos, o que limita o
dinamismo económico e social.
 Limitação da competitividade nacional no contexto europeu e mundial, pela perda de sinergias que
uma rede urbana equilibrada proporciona.

O papel das cidades médias


 A existência de cidades de media dimensão é fundamental para criar dinamismo económico e
implantar equipamentos.
 Os centros de média dimensão podem proporcionar as vantagens das economias de aglomeração,
atraindo atividades económicas e criando condições para a fixação da população.
 As cidades médias podem contribuir para reduzir as assimetrias territoriais pelo seu desenvolvimento
e dinamismo que promovem nas suas áreas de influência.
 O reforço da qualificação e competitividade das cidades de média dimensão passa pela:
- Oferta de maior número e diversidade de bens e serviços qualificados;
- Criação de postos de trabalho.
 O Polis e o PROSIURB foram instrumentos de intervenção nas cidades médias, apoiando ações de
qualificação e dinamização dos centros urbanos da rede complementar.

Reorganização e consolidação da rede urbana nacional


 A reorganização e consolidação da rede urbana tornam-se indispensáveis uma vez que as cidades são
centros organizadores do território.
 O desenvolvimento de uma rede urbana policêntrica e equilibrada depende da(s):
- Acessibilidade interurbanas,
- Especialização dos diferentes centros,
- Coordenação entre os diversos níveis de decisão e de ordenamento do território.
 No contexto internacional, as cidades portuguesas ocupam uma posição relativamente modesta.
 Torna-se necessário reforçar a projeção económica e cultural das duas maiores aglomerações urbanas
e desenvolver as restantes cidades para que se tornem mais competitivas.
 A afirmação dos centros de média dimensão passa pelo estabelecimento de alianças interurbanas
regionais e pela participação em redes internacionais de cooperação interurbana.
 O ordenamento do território é fundamental para promover um maior equilíbrio da rede urbana,
tomando-se medidas que:
 Reforcem a complementaridade entre os diversos centros urbanos;
 Promovam o desenvolvimento de cidades e sistemas urbanos nas áreas do interior;
 Potencializem as especificidades regionais.
4.3. PARCERIAS ENTRE ÁREAS URBANAS E AS ÁREAS RURAIS

As cidades e as áreas rurais são consideradas como espaços complementares, estabelecendo entre si relações de
interdependência.

Tradicionalmente, as cidades necessitam, para o seu funcionamento, de alimentos, matérias-primas, energia, água e
mão-de-obra, fornecidos pelas áreas rurais à volta. Por sua vez, a cidade constitui um lugar central, concentrando e
fornecendo bens, serviços, emprego, informação e inovações às áreas rurais circundantes. Estabelecem-se, deste
modo, relações de troca, isto é, relações de interdependência entre a cidade e o campo, em vários domínios.

Nas últimas décadas surgiram novas interações urbano-rurais, as relações intensificaram-se e tornaram-se mais
complexas:
 Mistura de funções urbanas e rurais, sobretudo nas áreas de periurbanização e rurbanização (fixação de
atividades industriais e terciárias);
 Surgimento de residências urbanas em aldeias e vilas com caraterísticas rurais (habitação principal ou
secundária);
 Serviços de recreio e lazer no espaço rural, destinados sobretudo para os citadinos;
 Maior complexidade da mobilidade traduzida num aumento das bacias de emprego e na oferta de emprego
em resultado das empresas que se instalam nas áreas rurais;
 As áreas rurais oferecem novos produtos de atividades tradicionais recuperadas e das novas atividades
instaladas.

Os processos de crescente urbanização traduzem-se também na modificação das práticas quotidianas e dos
consumos da população rural, cada vez mais próximos dos da população urbana e motivados por vários fatores:
• Difusão dos meios de informação e comunicação;
• Alargamento das redes de transporte e aumento da mobilidade individual;
• Proliferação das grandes superfícies comerciais nas periferias dos centros urbanos;
• Crescente interação entre a cidade e o espaço rural (aumento da deslocação diária da população rural para
estudar e trabalhar nos centros urbanos) levou à aquisição de referências culturais idênticas às da
sociedade urbana.

Esta nova realidade exige estratégias de desenvolvimento territorial assentes no fortalecimento das parcerias
urbano-rurais, nomeadamente nas dimensões da cooperação funcional e institucional, num novo quadro de
relações entre a cidade e o campo.

As parecerias urbano-rurais:
 Envolvem autarquias, empresas, universidades e outras organizações da sociedade civil na definição de
objetivos e formas concertadas de ação comuns, desenvolvendo sinergias que potenciam o
desenvolvimento regional.
 Visam alcançar objetivos de desenvolvimento económico e social de uma região, tendo em conta a
proteção dos recursos naturais e do ambiente através de uma gestão eficiente e sustentável dos recursos
naturais, humanos e materiais.
COMPLEMENTARIDADES FUNCIONAIS
O aumento das acessibilidades (com a construção e melhoria das infraestruturas de transporte) tem permitido o
alargamento das áreas de influência das cidades de regiões predominantemente rurais e o acentuar dos
movimentos pendulares, envolvendo os espaços rurais próximos dos centros urbanos.

O reforço das parcerias urbano/rurais pode melhorar a qualidade de vida e aumentar as oportunidades nas
pequenas cidades e áreas rurais, passando por:
• Desenvolver serviços de qualidade nos centros urbanos de pequena e média dimensão;
• Revitalizar, diversificar e valorizar as economias rurais;
• Proteger e valorizar o património natural e cultural;
• Promover a complementaridade de competências e especializações que aumentam a integração e a
competitividade, gerando coesão territorial.

Desenvolve Complementaridades ativas entre


espaços rurais e espaços urbanos
Região funcional
Promove Integração entre espaços rurais e
espaços urbanos

COMPLEMENTARIDADES INSTITUCIONAIS
As relações de complementaridade e cooperação institucional rural/urbano são fundamentais para promover as
especificidades locais e encontrar soluções para problemas comuns.

Apoiadas por fundos comunitários no âmbito de programas regionais, as seguintes iniciativas são bons exemplos de
cooperação rural/urbano:
 A iniciativa INTERREG, que envolve regiões fronteiriças afastadas dos principais eixos de desenvolvimento do
país, tem por objetivo promover a cooperação com os espaços vizinhos do lado espanhol através de projetos
comuns de desenvolvimento regional, rural e urbano.
 A Iniciativa LEADER apoia o desenvolvimento rural através de Ações Integradas de Base Territorial (AIBT).

A cooperação entre diferentes entidades é fundamental para promover o desenvolvimento regional. A atribuição
de novas competências às regiões, comunidades intermunicipais e autarquias (descentralização das decisões dos
órgãos centrais relativas a um território) é uma forma de reforçar a intervenção e responsabilidade local e regional.
As novas realidades exigem planeamento e articulação entre agentes políticos, económicos e sociais na tomada de
decisões que promovam a coesão territorial.

Síntese:
 As áreas rurais, devido ao aumento da acessibilidade, assumem cada vez mais novas funções
complementares das cidades.
 A promoção do desenvolvimento equilibrado do território e a correção das assimetrias regionais deve
passar pelo fortalecimento da cooperação entre as áreas urbanas e as áreas rurais.
 No planeamento e nas intervenções locais e regionais devem estar envolvidas diferentes entidades,
públicas e privadas, definindo objetivos e formas de ação comuns.
 O reforço das parcerias urbano/rurais deve: criar condições de vida e de realização pessoal para a
população que opta por viver nos pequenos centros urbanos ou nas áreas rurais; promover o
desenvolvimento das atividades económicas que potenciem os recursos endógenos.
ESCOLA SECUNDÁRIA BRAAMCAMP FREIRE (2019/2020)
Geografia A 11º Ano (Prof. Ana Vicente)

FICHA 6 – Rede urbana nacional / Novas relações cidade-campo

1. A figura 1 representa a população em lugares com 2000 ou mais habitantes, por NUT III, em Portugal.

1.1. Caraterize a rede urbana nacional no que


respeita:
a) à distribuição geográfica;
b) à dimensão dos centros urbanos.

1.2. Demostre que em Portugal a rede urbana


apresenta uma tendência para a:
a) Litoralização;
b) Bipolarização.

1.3. Mencione as consequências da desigual


distribuição das cidades no desenvolvimento do
território nacional.

1.4. Indique quatro medidas que poderão


contribuir para um maior equilíbrio da rede
urbana nacional.

1.5. Discuta a importância do reequilíbrio da rede


urbana na redução do impacte das deseconomias
de aglomeração.

2. Leia atentamente o documento.

2.1. Explique a expressão “estrutura urbana policêntrica”.

2.2. Indique se a rede portuguesa se enquadra no modelo europeu de desenvolvimento territorial.


Justifique a resposta.
3. Leia o seguinte
documento.

3.1. Explique o facto de as cidades serem consideradas lugares centrais.

3.2. Explicite o significado das expressões destacadas no documento.

3.3. Distinga as cidades de “nível hierárquico superior” das de “nível hierárquico inferior” no que respeita ao tipo
de funções exercidas, aos bens que oferecem e à área de influência.

3.4. Caracterize a rede urbana portuguesa no que respeita à hierarquia funcional.

3.5. Explique a importância da integração das cidades em redes de cooperação interurbana.

3.6. Explique de que forma o reforço da acessibilidade entre centros urbanos de uma região poderá promover a
complementaridade interurbana.

3.7. Refira o papel da rede viária secundária na articulação do sistema urbano.

4. Leia atentamente o Importância da média dimensão


seguinte documento. O presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas, defendeu hoje a criação de uma
rede de cidades de média dimensão que ajude ao desenvolvimento do interior do país e
contrarie a litoralização. (…)
Na opinião do também líder da Associação Nacional de Municípios Portugueses, as cidades de
média dimensão têm um papel fundamental, num país onde se continuam a registar
assimetrias regionais que dificultam o desenvolvimento nacional. “É um país raquítico com
duas cabeças”, lamentou.
Adaptado de: Público, 03/07/2012
4.1. Defina cidade média.

4.2. Defenda a ideia expressa no primeiro parágrafo do documento, referindo o papel das cidades médias no
desenvolvimento regional.

4.3. Explique a importância do desenvolvimento das cidades médias para o equilíbrio do território nacional.

4.4. Indique o nome de duas cidades médias na região Centro.

4.5. Comete a última frase do documento.

4.6. Apresente as vantagens das cidades médias relativamente às cidades de grande dimensão.

4.7. Sugira medidas de valorização das cidades médias em Portugal.

4.8. Explique a importância que o PROSIURB teve na dinamização das cidades médias.

4.9. Indique outro programa importante para a dinamização das cidades médias.
5. Considere o documento seguinte.

5.1. Identifique os indicadores considerados na avaliação da hierarquia da rede urbana ibérica.

5.2. Relacione a especialização de Lisboa em serviços financeiros de apoio à produção com a sua posição no
sistema urbano nacional.

5.3. Avalie a posição das cidades portuguesas no contexto europeu.

5.4. Aponte duas medidas que permitam afirmar a posição internacional das maiores cidades portuguesas.

5.5. Apresente formas de promover no exterior as restantes cidades portuguesas e as respetivas regiões.

6. Leia atentamente o documento.

6.1. Explicite a primeira frase do documento, identificando os fatores que explicam “os novos tipos de relações”
de complementaridade entre as áreas rurais e as áreas urbanas.

6.2. Dê exemplos de novas funções complementares das cidades, desempenhadas mais recentemente pelas
áreas rurais.

6.3. Explique a importância do desenvolvimento dos transportes nas modificações da estrutura das relações
urbano-rurais.

6.4. Enuncie medidas que conduzam ao reforço das parcerias entre as cidades e o mundo rural.

6.5. Discuta a importância de parcerias urbano-rurais para o desenvolvimento das regiões.

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