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A rede urbana e as relações cidade.

A Rede Urbana: O Litoral e o Interior


A rede urbana e as relações cidade

A Rede Urbana: O Litoral e o Interior


Quais os atributos da rede urbana nacional?
Litoralização
Processo de progressiva concentração de população e de atividades
económicas, ao longo da faixa litoral (associado à perda de dinamismo do
interior).

Bipolarização urbana

Centralização do desenvolvimento em dois aglomerados urbanos, polarizados


de todo o sistema urbano, AMP e AML, assentes na elevada concentração de
população e de atividades económicas.

Despovoamento do interior

Diminuição da população numa região em resultado da dinâmica demográfica


População residente, Portugal continental (A) e densidade populacional,
negativa e dos movimentos migratórios, como a emigração e êxodo rural. Portugal (B), 2021
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Quais os atributos da rede urbana nacional?
Litoralização Bipolarização urbana Despovoamento do interior

O litoral, grosso modo, na faixa entre Setúbal e


Cerca de 50% da população concentrou- Os territórios localizados no interior
Viana do Castelo, e no Algarve, continua a registar a
se em 31 dos 308 municípios, localizados do país perderam população.
maior concentração demográfica, destacando-se os
maioritariamente nas Áreas
municípios localizados em torno de Lisboa e no
Metropolitanas de Lisboa (AML) e Porto
Algarve, por serem os que assistiram a um
(AMP).
crescimento populacional.

Salientam-se os seguintes casos…


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Salientam-se os seguintes casos…
Braga: foi o município que mais cresceu em termos absolutos, o que se poderá dever: à existência da universidade, que tem
um efeito de fixação de populações, ao alojamento relativamente barato, a uma industrialização no distrito que tem vindo a
crescer ao longo do tempo e a excelentes acessibilidades.

Fonte: INE in Jornal Público, www.publico.pt/, 28 de julho de 2021.


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Salientam-se os seguintes casos…
Odemira: foi o único município do Alentejo que registou um aumento demográfico, o que de deveu à imigração,
destinada ao setor agrícola e ao turismo.

Fonte: Jesus, Patricia, www.publico.pt/, 28 de julho de 2021.


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Salientam-se os seguintes casos…
Algarve: registou o maior aumento demográfico do país, o
que poderá ser consequência da população estrangeira que
incorpora a população residente. Da mão de obra recrutada,
sobretudo para trabalhar na área da hotelaria e restauração
e do crescimento de explorações de agricultura intensiva.

Lisboa e Porto: são cidades que perderam população, o que


se poderá dever à sucessão de anos com preços exorbitantes
na habitação e com muitos edifícios a serem transformados
em alojamentos turísticos.
Fonte: Jesus, Patricia, www.publico.pt/, 28 de julho de 2021. Fonte: INE, PORDATA.
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A Rede Urbana em 2021:
Rede urbana

Forte predomínio de lugares urbanos com 2000 a 10 000 habitantes Existência de vários lugares urbanos com 10 mil a 100 mil habitantes

- No continente: 103 municípios. - Nas áreas metropolitanas: 17 municípios – 6 na AML, com


- Nas regiões autónomas: 15 municípios.
destaque para Mafra, e 11 na AMP, destacando-se Valongo e Vila
do Conde, todos com mais de 80 mil habitantes.
- Fora das áreas metropolitanas: mais de 100 municípios, com
destaque para Viana do Castelo, com mais de 80 mil habitantes.
Existência de poucos lugares urbanos com 100 mil ou mais habitantes

- Nas áreas metropolitanas: 11 municípios na AML, destacando-se Lisboa, com mais de 545 mil habitantes, e Sintra, com mais de 385 mil habitantes, e
6 na AMP, com destaque para Vila Nova de Gaia, com mais de 300 mil habitantes, e Porto, com mais de 230 mil habitantes.
- Fora das áreas metropolitanas: 7 municípios, Braga, Barcelos, Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Coimbra, Leiria e Funchal.
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Como se caracteriza a hierarquização da rede urbana?
Rede urbana hierarquizada
Um pequeno número de Um maior número de cidades Um número ainda maior de
cidades de media dimensão de media dimensão cidades de pequena dimensão

- Localizam-se relativamente - Localizam-se de forma intercalada - Localizam-se na área de influência das

afastadas no território entre as cidades de grande dimensão cidades de média dimensão

- Têm um maior número de funções - Estabelecem entre si grandes fluxos


- Têm um elevado dinamismo funcional
- Exercem uma grande influência no
e crescimento demográfico
país (casos de Lisboa e Porto)
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A relação de dependência ou relação de complementaridade funcional:

Os aglomerados urbanos de nível superior (de maior dimensão): concentram um conjunto de funções e serviços fundamentais
(especializados e raros) à população envolvente e residente em lugares de menor dimensão.

A sua utilização não é frequente, pelo que normalmente só se encontram nos centros urbanos, e alguns deles nas grandes
cidades.

• Os instrumentos musicais, os hospitais especializados, as universidades, os médicos especialistas, os automóveis, as


máquinas agrícolas, os bancos, as companhias de seguros, o comércio de luxo são exemplos de bens raros.
• A sua área de influência é muito grande, podendo mesmo atingir o território nacional ou alargar-se ao exterior.
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A relação de dependência ou relação de complementaridade funcional:
Os aglomerados urbanos de nível intermédio (cidades médias): oferecerem um conjunto de serviços menos especializados, mas
fundamentais.
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A relação de dependência ou relação de complementaridade funcional:
Os aglomerados urbanos de nível inferior – de menor dimensão (rede complementar): caracterizam-se pela presença de um conjunto de
equipamentos importantes para a população, como juntas de freguesia, extensões de saúde, campos desportivos, entre outros,
oferecendo bens mais vulgares e serviços menos especializados.

A sua utilização é frequente e, na maioria dos casos, diária, pelo que se encontram com muita facilidade, quer seja no local de residência,
quer seja no local de trabalho.

• A eletricidade, a água canalizada e domiciliária, o sapateiro, a mercearia, o pão, o leite, o café são alguns exemplos de bens vulgares.
• A área de influência destes bens é muito reduzida, pois não há necessidade de ir a um aglomerado urbano de nível superior para
beber café ou comprar pão, por exemplo.
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A área urbana funcional

Fonte: Atlas de Portugal, www.igeo.pt, 2013 e Recenseamento da população


• Área urbana funcional: área de influência de uma cidade, sendo
normalmente definida a partir de dados estatísticos, como os fluxos casa-

e da habitação, 2021, INE, adaptado.


trabalho, bacias de emprego ou regiões urbanas funcionais.

• Bacia de emprego: área do território que concentra


atividades económicas geradoras de emprego.

Subsistemas da rede urbana/sistema urbano


nacional
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A rede urbana e as economias e deseconomias de aglomeração
Economias de Aglomeração - Vantagens

• facilitar o intercâmbio de atividades, reduzindo os custos de transporte;

• contribuir para o aumento da diversificação das funções económicas nas cidades;

• ajudar a manter a sua capacidade de sobrevivência e de expansão;

• promover o desenvolvimento das infraestruturas de transportes;

• promover a investigação científica;

• beneficiar de mão de obra diversificada e abundante; Imagem de satélite do Taguspark, Porto Salvo.

• beneficiar da utilização de infraestruturas de uso comum (energia, saneamento básico, etc.);

• beneficiar de um maior número de fornecedores e de clientes.


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A rede urbana e as economias e deseconomias de aglomeração

Deseconomias de Aglomeração - Vantagens

• redução dos movimentos pendulares;


Deseconomias de aglomeração: processo que traduz
• fixação da mão de obra autóctone;
a deslocalização de empresas para outras áreas face
• redução dos impactes negativos da poluição;
ao aumento dos custos e à diminuição de condições
• diminuição das assimetrias socioeconómicas regionais; de localização vantajosas.

• promoção do aumento da qualidade de vida da população.


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Como se classifica a rede urbana?

Monocêntricas ou macrocéfalas Bipolares/Bicéfalas

O país é dominado por uma grande metrópole, O país é dominado por duas grandes
que monopoliza a vida económica, cultural e metrópoles, que ocupam o topo da hierarquia
social. e repartem entre si as funções de nível
superior.
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Como se classifica a rede urbana?

Multipolares Policêntricas ou polinucleadas

O país é dominado por várias metrópoles no topo da hierarquia, O país apresenta em torno das capitais regionais e a uma distância
que repartem entre si funções superiores (nível económico, político, relativamente regular cidades de diferentes níveis hierárquicos,
financeiro, etc.). originando uma rede relativamente densa. Estas redes, frequentes a
nível regional, são uma alternativa à cidade principal por não
estarem associadas a um elevado congestionamento em termos de
uso e ocupação do solo, a uma elevada degradação urbana e a uma
insuficiência das vias de comunicação face ao aumento do tráfego
rodoviário.
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Como se classifica a rede urbana?

Cenários de redes/sistemas urbanos.


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E em Portugal, como se caracteriza a rede urbana?

Fonte: DGAEP, 2017 in DGT, PNPOT – primeira revisão 2019.


Lei n.º 99/2019 de 5 de setembro, DL n.º 170/2019.
A rede urbana macrocéfala resulta da importância da AML, em virtude:
• do seu elevado número de habitantes;
• da diversificação e qualificação da população e das atividades
económicas.

Rede urbana macrocéfala (emprego público, município, 2015)


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E em Portugal, como se caracteriza a rede urbana?

PNPOT – primeira revisão 2019. Lei n.º 99/2019 de 5 de setembro, DL n.º


Fonte: Estatísticas do comércio internacional de bens, 2017, INE, in DGT,
A rede urbana bicéfala resulta:
• da emergência da AMP, onde o Porto tem-se procurado afirmar
como polo sub-regional ibérico, através, por exemplo:
- das suas relações privilegiadas com a Galiza;

170/2019.
- da acessibilidade ao espaço europeu, através da fronteira de Vilar
Formoso.
• do destaque de Lisboa na AML como:
- polo ibérico de segunda grandeza, a par de Barcelona e a seguir a
Madrid;
- euro-cidade de visibilidade mundial.

Rede urbana bicéfala (exportação de bens, município, 2015)


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Como promover uma rede urbana mais equilibrada?

Fonte: CAOP (2016) in DGT, PNPOT – primeira revisão 2019. Lei n.º 99/2019
A criação de sistema urbano policêntrico deve:

• atenuar as disparidades socioeconómicas inter e intrarregionais;

de 5 de setembro, DL n.º 170/2019.


• criar oportunidades de vida e de bem-estar à populações.

Sistema urbano policêntrico (sistema urbano do modelo territorial)


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Como promover uma rede urbana mais equilibrada?
Policentrismo
permite:

Uma visão estratégica, quer a nível do ordenamento do território nacional, quer a nível do reposicionamento do país no contexto
ibérico, europeu e intercontinental.

A reorganização do espaço urbano, numa perspetiva vital para a coesão do território e para a competitividade, não só nacional e do
sistema urbano, mas ibérica, europeia e intercontinental.

A criação de polos regionais que constituam uma mais-valia para o desenvolvimento harmonioso e sustentável da região, em
particular, e do país, em geral, através:
- do aumento das parcerias interurbanas e rurais-urbanas;
- de novos formatos de governança territorial que visem o reforço das complementaridades ambientais, económicas e sociais.
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Sistema Urbano: Policêntrico

Sistema Urbano Policêntrico

Subsistemas Corredores de
Centros urbanos
territoriais polaridade
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Sistema Urbano: Policêntrico
Centros urbanos

Estruturam a organização do território e garantem uma oferta diversificada de funções urbanas.

Inclui três situações complementares:


• as duas áreas metropolitanas (a AML e a AMP), que são os principais polos do país, considerados âncoras da estrutura urbana nacional e
rótulas essenciais dos processos de internacionalização;
• um conjunto de centros urbanos regionais, que se destacam pela concentração de população residente, pela importância da base económica
e pela atratividade das suas funções urbanas;
• um leque diversificado de outros centros urbanos, com funções de âmbito municipal ou supramunicipal, que constituem uma rede de suporte
básico à organização do território.
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Sistema Urbano: Policêntrico
Subsistemas territoriais

Articulam relacionamentos de proximidade e são o suporte da equidade territorial na prestação de serviços de interesse geral.

• baseiam-se nas mobilidades, interações e parcerias de base territorial, envolvendo os três tipos de centros urbanos;
• posicionam-se enquanto espaços de cidadania, de valorização de recursos, de quadros de vida e de integração territorial, nomeadamente nas
dimensões interurbanas e rurais-urbanas;
• devem garantir uma distribuição de serviços e uma oferta de equipamentos que promova a polivalência e a complementaridade funcional,
bem como a equidade territorial.
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Sistema Urbano: Policêntrico
Corredores de polaridade

Proporcionam o desenvolvimento de eixos favoráveis à cooperação e à integração entre diferentes territórios.

• a estruturação destes eixos de relacionamento pressupõe a intensificação das ligações de intermediação e conetividade entre os principais
centros urbanos regionais, enfatizando a importância dos eixos transversais e longitudinais na integração territorial do país;
• podem ser instrumentos de potenciação de ativos regionais e de reforço da cooperação para a coesão territorial.
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O sistema urbano nacional… como se insere no ibérico e europeu?

Fonte: SÁ MARQUES, Teresa et al., O papel dos sistemas urbanos na caracterização


do território nacional no contexto ibérico e europeu, 2019, adaptado.
Em Portugal, no contexto ibérico, evidenciam-se regiões
funcionais, como:
• a região monocêntrica de Lisboa, com uma vasta área de
influência e uma grande capacidade de polarização;
• a região em torno do Porto, Braga, Guimarães e várias
centralidades envolventes;
• a região que liga Aveiro, Coimbra e Leiria e um conjunto de
polos de proximidade;
• a região do Algarve, com uma estrutura polinucleada
linear.

Sistemas funcionais na Península Ibérica, 2011


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O sistema urbano nacional… como se insere no ibérico e europeu?

caracterização do território nacional no contexto ibérico e europeu, 2019.


Fonte: SÁ MARQUES, Teresa et al., O papel dos sistemas urbanos na
Os sistemas urbanos europeus
caracterizam-se pela existência de regiões
com um potencial policêntrico bastante
forte: Países Baixos e Bélgica, e áreas
metropolitanas de França, da Alemanha
ocidental, do norte de Itália, do sudeste do
Reino Unido e da Suíça.

Regiões potenciais para um maior desenvolvimento policêntrico, Europa, 2016


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As relações campo-cidade: As interdependências (alguns exemplos)
Campo Cidade

• Bens alimentares • Emprego diversificado


• Matérias-primas • Serviços especializados e mais dinâmicos
• Abastecimento de água • Funções e bens raros, como instituições de ensino superior
• Mão de obra • Assistência médica especializada
• Tranquilidade • Informação
• Qualidade ambiental • Oferta cultural
• Espaços de lazer • Mão de obra qualificada
• Habitação principal ou secundária • Infraestruturas de apoio às atividades económicas
• Emprego nos serviços públicos e empresas que se instalam
nas áreas rurais
A rede urbana e as relações cidade.

Põe em prática o que aprendeste


Refere quais são os atributos da rede urbana nacional?

 Litoralização: processo de progressiva concentração de população e de atividades económicas, ao longo da


faixa litoral (associado à perda de dinamismo do interior).

 Bipolarização urbana: centralização do desenvolvimento em dois aglomerados urbanos, polarizados de todo o


sistema urbano, AMP e AML, assentes na elevada concentração de população e de atividades económicas.

 Despovoamento: diminuição da população numa região em resultado da dinâmica demográfica negativa e dos
movimentos migratórios, como a emigração e êxodo rural.
A rede urbana e as relações cidade.

Põe em prática o que aprendeste


Indica o que é a área urbana funcional.

Área urbana funcional área de influência de uma cidade, sendo normalmente definida a partir de dados estatísticos,
como os fluxos casa-trabalho, bacias de emprego ou regiões urbanas funcionais.
A rede urbana e as relações cidade.

Põe em prática o que aprendeste


Indica quais são as vantagens das Economias de Aglomeração.

• redução dos movimentos pendulares;


• fixação da mão de obra autóctone;
• redução dos impactes negativos da poluição;
• diminuição das assimetrias socioeconómicas regionais;
• promoção do aumento da qualidade de vida da população.

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