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Geografia

Áreas urbanas – dinâmicas internas


A diferente ocupação do território conduz à criação de paisagens de diferentes tipologias. As
mais comuns são a área rural e a área urbana, sendo facilmente distinguíveis na paisagem.

Esta distinção tem vindo a atenuar-se devido:

 À expansão urbana

 À difusão espacial da indústria

 Ao surgimento de grandes espaços comerciais e de serviços nas periferias urbanas

 À disseminação do movo de vida urbano

No entanto, o espaço urbano não é de todo igual, sendo possível distinguir diferentes espaços
com características urbanas, nomeadamente:

 Espaço urbano:

Área onde vive a população urbana e ocupação do solo possui características urbanas.

 Lugar urbano

Área em que vivem mais de 2000 habitantes, no caso de Portugal

 Centro urbano

Aglomerado populacional com 10 mil habitantes ou mais que inclui todas as capitais de
distrito

 Cidade

Estatuto de uma área urbana atribuído com base em determinados critérios, variáveis
de pais para pais

Apesar de não ser possível encontrar um critério universal de cidade, existem alguns que são
mais utilizados

Então esses destacam-se:

 Critério demográfico

Define valores mínimos de habitantes ou de eleitores e/ou de densidade populacional,


a partir dos quais qualquer aglomerado populacional pode ser elevado a cidade.

 Critério funcional

Considera os setores de atividade que empregam a maioria da população (secundário


e terciário) e as funções que oferecem aos habitantes e às áreas envolventes.

 Jurídico-administrativo

Quando ocorre uma decisão político-administrativa de acordo com os aspetos


históricos, culturais, de administração do território, ou outros de interesse nacional.
Em Portugal, de acordo com a lei, para ser elevado a cidade, um aglomerado populacional deve
possuir:

 Quando conte com um número de eleitores em aglomerado populacional continuo e


pelo menos possua metade de um conjunto de dez equipamentos coletivos.

 E importantes razões de natureza histórica, cultural e arquitetónica poderão justificar


uma ponderação diferente dos requisitos enumerados anteriormente.

Existe igualmente outra qualificação, com base em critérios europeus, referindo-se ao grau de
urbanização e classificas as freguesias em:

 Áreas predominantemente urbanas (APU)

 Áreas mediamente urbanas (AMU)

 Áreas predominantemente rurais (APR)


Funções urbanas e fatores da sua localização
As cidades disponibilizam bens ou serviços de habitação, comercio, serviços e alguma indústria.
A diversidade de funções serve a população da cidade e a da área envolvente. São funções
urbanas, em áreas funcionais.

A forma como as funções se organizam no espaço -organização funcional- depende de vários


fatores:

 A lei da oferta e da procura, que faz variar o custo do solo

 O custo do solo (renda locativa) é geralmente mais elevado nos centros das cidades,
onde se concentram atividades com maior poder económico, diminuindo na periferia.

Em Portugal, o centro da cidade designa-se por baixa, mas também se usa a sigla CBD-Center
Business District. Neste espaço ocorre uma diferenciação espacial das funções.

No CBD encontram-se áreas de:

 Comercio e serviços de luxo- área especializada

 Administração e serviços financeiros

 Lazer e cultura, entre outras

 Comercio retalhista- venda ao consumidor, à unidade, nas ruas centrais

 Comercio grossista- venda ao comerciante retalhista, em quantidade, geralmente nas


margens do centro

A diferenciação espacial e funcional ocorre também em altura, uma vez que:

 No piso térreo dos edifícios estão estabelecimentos de maior contacto com o publico,
ou de maior prestígio.

 Os restantes encontram-se em pisos superiores


Ao longo do tempo, a atratividade ao centro leva ao seu congestionamento, o que diminui a
acessibilidade, mas continua a haver procura de espaço para novas funções, o que aumenta a
renda locativa.

Em Portugal:

 Na segunda metade do seculo XX, ocorreu a substituição da função industrial e de


parte da função residencial pelo comercio e pelos serviços.

 No seculo XXI, as funções terciarias menos especializadas ou que precisam de mais


espaço saíram do centro, dendo lugar a outras funções especializadas e às funções
turística, cultural e de lazer.

Assim, ocorre as deslocalizações das funções para outras áreas da cidade, com mais espaço
disponível, arquitetura inovadora e construção com infraestruturas apropriadas às exigências
da modernização dos serviços. Estas áreas constituem as novas centralidades, pois passam a
oferecer funções terciarias próprias do CBD.
Novas áreas de comercio e serviços
O aumento e a diversificação das atividades terciarias, bem como as novas exigências de
espaço e infraestruturas, conduziram a procura de novas localizações, geralmente na periferia
das cidades. Localizam-se na convergência de importantes vias rodoviárias, em áreas com
instalações adequadas as suas funções, assim como parques de estacionamento e ligação às
diferentes redes.
Declínio e revitalização do centro
as novas centralidades e saída de funções podem levar ao declínio do centro, que perde
influência e capacidade competitiva. Por isso, surgem medidas de revitalização, tais como:

 Organização do transito e criação de espaços de estacionamento

 Melhoria dos transportes públicos

 Encerramento ao transito de certas ruas ou áreas para circulação pedonal

 Implementação de programas de incentivo e apoio à revitalização urbana

 Dinamização de eventos

 Procura de investidores e promoção internacional da cidade


Função residencial e segregação espacial
Na maioria das cidades, a função residencial é a que ocupa mais espaço, apresentando uma
clara diferenciação social.

Classes com mais recursos:

 Vivem em áreas de boa acessibilidade e prestígio social, em locais históricos e


tranquilos da cidade, nas novas centralidades ou na periferia. Tem fácil acesso a
atividades terciarias, sobretudo serviços de proximidade e comercio diário de bens
sofisticados. Residem em apartamentos ou vivendas de boa qualidade de construção e
arquitetura diferenciada.

Classes medias:
 Vivem em áreas menos centrais da cidade ou nas suas periferias, onde o custo do solo
é menor e onde há acesso a transportes públicos e bons acessos rodoviários. Residem,
sobretudo, em prédios de apartamentos com alguma qualidade de construção. São
geralmente, áreas residenciais suburbanas que dispõe de uma certa diversidade de
comercio e serviços.

Classes menos favorecidas

 Em bairros de habitação social: construídos pelo estado ou pelas autarquias para


realojar população com fracos recursos, antes residentes em bairros de habitação
precária. Construídos em áreas onde o preço do solo é mais baixo, edifício idênticos,
apartamentos de pequena dimensão e equipamentos mínimo.

 No centro antigo da cidade: casas devolutas, em edifício degradados, muitas vezes em


risco de derrocada, ocupados por imigrantes pobres e pela população idosa com fracos
recursos.

 Em bairros de habitação precária: barracas, em áreas periféricas, ou prédios


inacabados, sem acesso legal às redes publicas de água, energia, saneamento básico e
telecomunicação. Em solos desocupados da autarquia ou de particulares, devido ao
desemprego e à pobreza, tornam-se propícios a exclusão social e problemas como a
delinquência juvenil e a violência.
Da segregação à integração
O planeamento de novas áreas residenciais pode promover a integração social, conjugando
espaços de habitação de maior qualidade com outros de habitação social ou habitação a custos
controlados. Esta última respeita as normas de qualidade e segurança, mas evita gastos
supérfluos, facilitando a aquisição de habitação própria a famílias de menores recursos.
As áreas industriais
As cidades pela oferta de mão de obra, pelo elevado número de consumidores e pelo acesso a
capitais, e serviços, foram sempre atrativas para as atividades económicas.

A dinâmica funcional das áreas urbanas, sobretudo ao longo do seculo XX, levaram a que
muitas unidades industriais abandonassem a cidade.

Os principais motivos foram:

 A necessidade de espaço e o elevado custo do solo na cidade

 A segmentação do processo produtivo, que manteve na cidade as áreas de direção e


gestão

 A poluição associada às indústrias

A deslocação da indústria para fora das cidades foi impulsionada pelo surgimento de zonas ou
parques industriais e parques empresariais uma vez que estas oferecem espaços com boas
infraestruturas e acessibilidade, a um custo inferior.

Algumas indústrias permaneceram na cidade, nas traseiras de lojas ou andares superiores dos
edifícios, uma vez que possuem características que as tornam viáveis na cidade.

 Estão associadas a comercio como a panificação ou pastelaria


 Tem pequena dimensão

 Ocupam pouco espaço

 Consomem pouca energia

 Requerem contacto direto com o cliente, como os alfaiates ou confeções de luxo

 Usam matérias-primas leves e de reduzido volume

 Produzem bens raros ou de elevado valor, como as joalharias

Expansão das áreas urbanas

O crescimento urbano é influenciado por vários fatores que se vão alterando ao longo do
tempo. Normalmente consideram-se duas fases do crescimento da cidade.

Fase centrípeta:

 As cidades são polos de atração da população rural, alimentando a tendência de


concentração demográfica e económica, nos centros urbanos

Fase centrifuga:

 Os preços do solo urbano aumentaram e levam à saída da população, das indústrias e


de algumas funções terciarias. Movimento de desconcentração urbana

A expansão urbana faz-se para as periferias das cidades, num processo que se designa por
suburbanização e que tem como principais fatores:

 Falta de habitação e o seu elevado custo no interior das cidades

 Existência de vastas áreas nas periferias com menor custo de solo

 Expansão e modernização do setor de construção civil

 Aumento da taxa de motorização, que facilita as deslocações pendulares, cada vez mais
distantes e dispersas, permitindo a suburbanização em mancha.
Periurbanização e rurbanização
O aumento da acessibilidade, pela expansão da rede viária, permite a expansão da área urbana
conduzindo ao surgimento de novas áreas de expansão urbana.

Periurbanização:

 Construção de habitação urbana, de espaços e edifícios empresariais, em áreas rurais


periféricas aos subúrbios e lhe dão continuidade, mas de forma dispersa e continua.

 Passa a coexistir o meio rural com as funções urbanas o que conduz ao aumento
populacional pois aí encontra emprego e habitação

Rurbanização:

 Saída das áreas urbanas de população, atividades económicas para se fixarem em


áreas rurais, onde há oferta de espaço a custo inferior.

 As famílias (podem adquirir melhor habitação) e as empresas beneficiam do menor


custo da renda locativa.
Impactes da expansão urbana
Os diferentes processos de expansão urbana (suburbanização, periurbanização e rurbanização)
tem impactes territoriais, ambientais e sociais, nomeadamente:

 Ocupação de solos agrícolas e florestais, com redução da biodiversidade e da atividade


agrícola

 Intensificação dos movimentos pendulares, o que origina o aumento do consumo de


combustível e da poluição atmosférica

 Aumento dos custos e tempos de deslocação diária e, por conseguinte, a fadiga e o


stresse.

 Aumento da pressão sobre os sistemas de transporte urbano e suburbano

 Aparecimento de bairros de habitação precária

Problemas estruturais:

Saturação de infraestruturas e serviços públicos:

Os problemas estruturais das cidades resultam quase sempre do seu excessivo crescimento o
que origina:

 Excesso de transito e difícil estacionamento

 Redes de transportes públicos e insuficientes

 Tempos prolongados de espera nos serviços de administração, justiça, saúde, etc.

Falta de habitação e de condições de habitabilidade

O envelhecimento da população e dos edifícios, criam problemas de habitação e


habitabilidade, nomeadamente:

 A degradação de muitos edifícios

 Casas sem condições mínimas de segurança e conforto

 A subida exagerada das rendas e do preço de venda- especulação imobiliária

Problemas sociais

Criar condições para que todas as pessoas que vivem ou trabalham na cidade se sintam bem é
difícil, pelo que surgem problemas, tais como:

 Envelhecimento demográfico, pois a maioria das famílias jovens não consegue pagar o
custo de habitação na cidade

 Pobreza, nomeadamente:

Entre idosos, devido as baixas pensões de reforma

Nas famílias monoparentais, com apenas um salário

Entre desempregados
Entre os sem-abrigo

 Relacionados com as deslocações pendulares:

Gastos com combustível

Stress e doenças psiquiátricas, devido à fadiga e à irritação

Congestionamento e acidentes

 a ausência dos pais, com reflexos nos filhos:

na sua vida escolar

na vulnerabilidade a más companhia e situações perigosas

Problemas ambientais

Os centros urbanos são os principais consumidores de recursos naturais e de energia e os


maiores produtores de resíduos. Destacam-se os problemas relacionados:

 a expansão urbana, que origina:

perda de biodiversidade

ocupação de solos com aptidão agrícola

 aumento da temperatura, devido:

as materiais de construção e à impermeabilização dos solos

à climatização artificial e à iluminação

ao calor proveniente dos meios de transporte

 a produção de resíduos urbanos, que obriga à construção de equipamentos para a


deposição e tratamento de lixos e águas residuais.
As áreas metropolitanas de lisboa e porto
A suburbanização foi mais intensa em torno de Lisboa e do Porto. Constituem, amplas áreas
urbanizadas, que englobam uma grande cidade e esta, por sua vez, exerce um efeito
polarizador sobre as restantes aglomerações urbanas, com as quais estabelece relações de
interdependência económica e funcional. Forma um sistema urbano policêntrico, ligado por
relações de complementaridade que aumentam o seu dinamismo e a sua competitividade
como um todo. Caracterizam-se por elevado dinamismo económico e funcional, intenso fluxo
de pessoas e bens, intensos movimentos pendulares, decréscimo de população residente na
cidade principal, desconcentração das atividades industrial e terciaria da cidade principal.

Conjugam o dinamismo económico com concentração demográfica e boas vias de


comunicação, por isso, as novas empresas necessitam de mão de obra qualificada, tendem a
instalar-se nas áreas metropolitanas ou nas suas áreas de influência, a Macrorregião do
Noroeste e Arco Metropolitana de Lisboa.

O dinamismo demográfico das áreas metropolitanas evidenciam-se pela elevada concentração


populacional e pelo aumento de população.
A variação demográfica esta relaciona com a estrutura policêntrica que as áreas metropolitanas
forma adquirindo perde de população nos municípios centrais, elevados custos de solo e
elevados valores de habitação – saída da população para a periferias, onde beneficia de boa
acessibilidade em relação ao centro

Ganho populacional na periferia, amplos espaços para construção, menor custo de habitação e
elevada acessibilidade ao centro – intensificação dos processos de suburbanização e
periurbanização.

O dinamismo económico deve-se, à oferta de mão de obra mais qualificada e à presença de


universidades e centros de desenvolvimento científico e tecnológico, alem de contar com uma
população jovem mais numerosa e instruída. Integra-se também a atividade industrial, que se
expandiu para as macrorregiões, ganhando escala e assim maior potencial de interligação nos
mercados internacionais.

AML:

 concentração de indústrias de bens de equipamento

 utilização de mão de obra muito qualificada e especializada

 níveis de produtividade elevados e empresas de grande dimensão

 diversidade do tecido industrial, com destaque para a indústria de capital intensivo:


química, petroquímica, farmacêutica construção, etc. e também indústria alimentar.

 Associação do tecido industrial aos serviços de armazenagem e distribuição e ao


comercio grosso, em parques industriais

 Padra de localização disperso, pelos conselhos periféricos da AM, ao longo do traçado


dos grandes eixos de circulação rodoviária e ferroviária.

 AMP:

 Concentração de indústrias de bens de consumo

 Utilização de mão de obra intensiva e pouco qualificada

 Predomínio de pequenas e medias empresas

 Concentração de indústrias têxteis, de calçado e mobiliário, com alguma


especialização, e associadas à exportação

 Crescente aposta na inovação científica e tecnológica

 Padrão de localização concentrado à volta do concelho do porto e padrão disperso no


restantes território

O desenvolvimento industrial associa-se à investigação e ao conhecimento científico (sendo um


dos problemas que se apontava era a fraca ligação à universidade e à investigação). Esta
limitação esta a ser ultrapassada, sobretudo por alguns setores industriais que se organizaram
e construíram parcerias para a inovação, com vista a aumentar a produtividade e a
competitividade.

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