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Função residencial→ é a função que permite a fixação da população e que tende a ocupar maior
espaço no perímetro urbano.
Função terciária→ está relacionada com o comércio e os serviços.
O centro é, regra geral, o local da cidade de maior valorização do solo, visto que é onde se cruzam
os principais eixos de comunicação, sendo o local que apresenta maior acessibilidade potencial.
Sendo assim, existe uma procura elevada, mas a oferta é reduzida, uma vez que o espaço central
é reduzido e a ocupação é elevada, esta grande procura e a escassez de oferta origina as elevadas
rendas locativas. A partir desta situação podemos concluir que origina especulação fundiária*,
afastando as atividades com menor poder de compra e atraindo as atividades mais rentáveis.
De modo geral, à medida que nos afastamos do centro, a renda locativa diminui, devido:
● à diminuição da acessibilidade* (visto que as comunicações são mais densas na área
central de convergência e vão-se tornando mais radiais nas área mais afastadas do
centro);
● ao aumento dos terrenos disponíveis;
● à diminuição da procura.
*Acessibilidade: grau de facilidade com que um lugar pode ser alcançado a partir de outros.
*Especulação fundiária: subida desenfreada do preço do solo, como consequência de uma grande procura e reduzida
oferta.
*Renda locativa: corresponde ao preço do solo. Este é mais elevado no centro da cidade, porque, tendencialmente, o
centro corresponde à área de maior centralidade e de maior acessibilidade.
As diferenças registadas na variação de preço do solo urbano nas três funções urbanas
dominante deve-se à capacidade financeira de cada uma delas e ao grau de necessidade de se
localizarem no centro. Assim:
● As atividades terciárias por registar um elevado número de utilizadores, que procuram a
máxima acessibilidade, apresentam maior capacidade financeira para se localizarem no
centro e são o tipo de atividades que mais compete por este espaço central.
● A atividade industrial ocupa sobretudo espaços mais vastos, sendo a que menos
compete pela localização nas áreas centrais, embora estas não a excluam
completamente.
● A atividade residencial está numa situação intermédia, embora seja necessário ter em
linha de conta às características morfológicas e as classes sociais a que se destinam.
Áreas terciárias
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O CBD ( Central Business District)
Nas aglomerações urbanas de maior dimensão e importância, a área central é designada por CBD.
O CBD é a área onde ao solo atinge os preços mais elevados, como reflexo da grande
competição pela decisão locativa das atividades.
Caracteriza-se assim:
➔ pela boa acessibilidade por transportes coletivos;
➔ pela construção em altura, devido a ser uma área restrita e à forte competição pelo
espaço;
➔ pela forte terciariarização do espaço, marcada pela elevada concentração de atividades
terciárias, das quais se destacam:
◆ o comércio, quer seja especializado, normalmente associado a artigos de luxo,
quer seja vulgar destinado a servir a pouca população que lá reside ou que se
desloca a trabalho ou visita;
◆ a atividade turística, que procura uma crescente procura pelas áreas centrais;
◆ os espaços de cultura e lazer, como os teatros e os museus;
◆ as sedes dos bancos, de empresas de grande projeção, de companhias de seguros
e bolsa de valores;
◆ os órgãos da Administração Pública, como ministérios, tribunais superiores,
governos regionais ou municipais.
➔ pela fraca representatividade da função residencial, dada pela migração da população
para as zonas periféricas, sendo possível verificar um contraste entre:
◆ Os pisos superiores dos edifícios mais antigos e degradados, habitados por uma
população envelhecida e por recém-migração.
◆ uma habitação de luxo em áreas renovadas , ocupada de forma permanente por
uma população de elevado estrato socioeconómico, ou ocupada
temporariamente por turistas e visitantes, sobretudo em regime de aluguer de
curta duração.
➔ pela grande concentração de população flutuante, o que justifica, durante o dia, um
grande trânsito e engarrafamentos, e durante a noite, um esvaziamento significativo;
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As áreas centrais têm sido alvo de uma diminuição da população residente, que procura noutros
bairros, mais periféricos, mas também mais recentes e funcionais, a qualidade de vida que o
central já não oferece.
Áreas residenciais
A função residencial é a que mais espaço ocupa no tecido urbano.
As áreas residenciais estão, em geral, segregadas de acordo com a classe ou o nível de
rendimentos da população residente, o que não exclui, em certos casos, a coexistência de
diferentes grupos sociais. É possível, então, estabelecer-se a seguinte diferenciação social
genérica:
Classe Alta:
● vivem em locais como o Porto:Foz do Porto, Antas. Lisboa: Bairro da Lapa e Restelo.
● mais acessíveis;
● menos poluídos;
● boas habitações (vivendas),
● proximidade do centro;
● bairros com todas as comodidades/equipamentos;
● locais agradáveis;
● espaços verdes;
● onde a renda locativa é elevada.
Classe Média:
● vivem em locais de boas condições;
● zonas periféricas;
● principalmente por famílias jovens;
● não tem o arranjo arquitetônico dos bairros de luxo;
● habitações espaçosas (semelhantes às dos ricos);
● mais baratas do que as anteriores devido à menor acessibilidade e à menor qualificação
da área.
Classes menos favorecidas economicamente:
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● vivem em locais mais poluídos;
● perto das indústrias;
● habitações modestas;
● onde a renda é baixa;
● com menor acessibilidade.
Áreas industriais
O desenvolvimento dos transportes, a abundante e diversificada mão de obra, o aumento do
número de consumidores e a maior diversificação de serviços de apoio são os fatores
preponderantes na localização das unidades industriais na atualidade.
A desconcentração da indústria e a sua migração para as áreas periféricas explicada,
essencialmente, pelos seguintes fatores:
➔ elevados custos do solo urbano, forte congestionamento do trânsito e interdição de
circulação de veículos pesados nas áreas centrais;
➔ grande necessidade de espaço;
➔ maior facilidade de deslocação das matérias-primas, dos produtos finais e da mão de
obra;
➔ alterações no processo produtivo;
➔ criação de parques industriais.
Assim, nas áreas centrais, a diminuta função industrial caracteriza-se pela existência de indústria:
● de bens de consumo de pequena dimensão;
● ligadas aos estabelecimentos comerciais existentes (confecção, reparação, etc);
● que produzem produtos de alto valor;
● que exigem contacto direto com o consumidor para escolha de materiais, cores e
modelos.
Exemplos destas indústrias são por exemplo as tipografias, fábricas de óptica, indústria
panificadora e joalharias.
A criação de condições favoráveis à atração de capitais privados para a regeneração das áreas
centrais tem constituído um fator estratégico para a gentrificação/nobilitação urbana*, isto é,
para a fixação das novas classes médias nos centros, incrementando a especulação fundiária e
contribuindo para um desalojamento e expulsão dos grupos socioeconómicos mais
desfavorecidos, que deixam de poder pagar o aumento dos custos da habitação que
acompanham o processo de regeneração.
*gentrificação/nobilitação urbana:movimento de chegada de grupos socioeconómicos mais elevados, geralmente
jovens e classe média-alta, a áreas centrais desvalorizadas da cidade, levando à valorização social, económica e
ambiental dessas áreas.
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basicamente consiste num aumento do número de hotéis e alojamentos turísticos de aluguer
de curta duração, que começam a substituir gradualmente as funções tradicionais da habitação
para uso permanente, arrendamento a longo prazo e o comércio local tradicional de proximidade.
Em algumas áreas, para além do acréscimo muito significativo do número de turismo, há ainda a
registar o aumento do fluxo de estudantes universitários provenientes de outros países, que
têm contribuído para o incremento da população flutuante, sobretudo nas áreas centrais.
O aumento da população flutuante tem conduzido também à gentrificação funcional destas
áreas centrais, com a multiplicação de novas unidades de alojamento, comércio, restauração, etc.
Como consequência destes fenómenos, assiste-se ao agravamento do desalojamento da
população original e à impossibilidade de a população de menores recursos aceder à habitação
nessas áreas.
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Em Portugal, a expansão urbana é um fenómeno relativamente recente, com início nos anos 50
do século XX, tal deveu-se, entre outros fatores:
● ao aumento do preço do solo no centro na cidade;
● ao desenvolvimento dos transportes coletivos urbanos e suburbanos, que permitiu uma
fácil e rápida ligação entre os diferentes lugares da periferia e, sobretudo, entre esta e a
cidade;
● aos elevados preços de habitação, o que fez com que os centros ficassem cada vez mais
desprovidos de residentes e que as cidades se espraiassem para as periferias;
● a existência de vastos espaços sem ocupação: as atividades económicas que consomem
grandes espaços, como as unidades industriais, os centros comerciais, os armazéns, etc,
encontram vastos terrenos desocupados, ideais para se instalarem.
Este processo de desconcentração e de densificação urbana em direção à periferia das cidades
conduziu ao fenómeno de suburbanização, que se caracteriza, grosso modo, pelo processo de
expansão de cidades para o interior dos seus limites, através de várias transformações e
configurações de crescimento urbano.
*subúrbios: áreas periféricas, mais ou menos urbanizadas, das cidades e totalmente dependentes delas.
*Suburbanização: processo relacionado com o crescimento de subúrbios em torno das grandes cidades e áreas
metropolitanas.
Assim sendo, a cidade mais tradicional, tal como a conhecemos, de contornos bem definidos e
com um centro de gravidade nítido, continua a existir, mas agora em articulação com novos
espaços urbanizados. Este processo deu origem ao surgimento das chamadas:
Cidades-satélite:
● apresentam uma função residencial e funcional capaz de satisfazer as necessidades da
população, sendo geradoras de emprego, para muitos seus habitantes;
● dotadas de infraestruturas e equipamentos de apoio que lhes conferem um dinamismo
socioeconómico importante;
● continuam dependentes económica e financeiramente da metrópole mais próxima.
Cidade-dormitório:
● o número de atividades económicas é muitas vezes insuficiente para dar emprego à
população ativa que nelas reside;
● não possuem equipamentos e infraestruturas que permitam satisfazer as necessidades
diárias da população;
● são as que mais contribuem para o aumento dos movimentos pendulares.
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● por uma forte mobilidade pendular;
● por densidades médias de ocupação baixas;
● por uma elevada dependência funcional em relação à metrópole;
● por uma elevada independência, sobretudo nas áreas metropolitanas, mais marcadas
pelo policentrismo.
Demografia:
Apresenta aproximadamente 2 871 133 habitantes (INE 2021), tendo uma densidade populacional
de 952 habitantes por km2, isto significa que cerca de 25% da população portuguesa reside nesta
área. (analisar mapa 38 página 109)
Atividades económicas:
A AML constitui-se como o principal polo de emprego e o motor da economia portuguesa
(apresenta quase o dobro das empresas da AMP). Apresenta o maior número de pessoas em
idade ativa e tem a remuneração média mensal mais elevada do país. Representa ainda 36% do
PIB nacional e é notável o predomínio da terciarização. Tendo como destaque Setúbal pela
indústria transformadora. Apresenta ainda um predomínio de indústrias de capital intensivo e de
bens de equipamento.
Surgem núcleos de concentração industrial assumindo também grande importância o padrão
disperso ordenado, onde as unidades industriais se localizam ao longo dos grandes eixos de
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circulação rodoviária e ferroviária.
Forma de ocupação do solo:
A forma de ocupação do solo é diversificada na AML. Na AML, a urbanização apresenta um
padrão de distribuição mais concentrado do que na AMP. (analisar mapa 41 na página 111)
A mobilidade:
O automóvel é o principal meio de transporte usado nas deslocações realizadas pelos residentes
da AML, sendo que 58,9% do número de deslocações diárias ascendeu a 5,4 milhões, 64% das
quais dentro dos limites da própria área metropolitana, essencialmente para trabalhar e estudar.
Área Metropolitana do Porto (AMP)
Constituem atualmente a Área Metropolitana do Porto 17 municípios, distribuídos por 2041 km2
que ocupa 9,58% da região norte e 2,21% do território nacional.
Demografia:
Apresenta uma população residente de 1 737 395 habitantes e uma densidade populacional de
851 habitantes por km2. As maiores perdas populacionais observam-se nos municípios do Porto,
Matosinhos, Maia e São João da Madeira. Os municípios que registaram maiores ganhos
populacionais foram os municípios mais periurbanos e urbanos, como Póvoa de Varzim, Valongo,
Paredes e Arouca. (ver mapa 32 página 113)
Atividades económicas:
➔ Predomínio da terciarização, principalmente no concelho do Porto, em atividades
ligadas ao comércio, à hotelaria e à restauração.
➔ Setor secundário: predominam as indústrias de bens de consumo, tradicionais, de mão
de obra intensiva e pouco exigente, associadas à exportação (vestuário, calçado,
têxteis).
➔ Recentemente, implantaram-se novas e modernas unidades industriais, baseadas na
investigação científica e tecnológica.
➔ Predomínio do padrão disperso, embora se verifiquem manchas de padrão ordenado
até de padrão concentrado.
Forma de uso e ocupação do solo:
Na AMP, predomina o padrão industrial disperso, pois as unidades fabris vão-se intercalando
com áreas agrícolas. A par deste, se bem que menos frequência, verifica-se a tendência para o
padrão de ocupação de solo difuso associado a formas mais concentradas. Nesta AM, a
urbanização apresenta um padrão de distribuição mais disperso do que a AML. (ver mapa 47
página 115)
Mobilidade:
O automóvel é o principal meio de transporte usado nas deslocações realizadas pelos residentes
na AMP.
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● Superfícies de estacionamento escassas.
● Originando horas de ponta onde se criam mais situações de stress, poluição, custos e
acessos congestionados.
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● Fomentar a integração funcional e a diversidade económica e sociocultural dos
espaços;
● Promover uma intervenção em que as funções existentes são mantidas, bem como o
estatuto socioeconómico dos moradores.
Requalificação urbana:
A requalificação urbana implica uma intervenção assente numa alteração funcional dos
edifícios e dos espaços, através de um conjunto de intervenções destinadas a valorizar as
potencialidades sociais, económicas e funcionais, por forma a melhorar a qualidade de vida da
população residente.
Renovação urbana:
A renovação urbana implica a demolição total ou parcial de edifícios e estrutura de uma área,
que é reocupada com outras funções e por uma classe social mais favorecida.
Está associada a uma mudança:
● de estatuto socioeconómico, na medida em que se procede à reconstrução de novos e
modernos edifícios, ocupados, agora, por classes mais favorecidas.
● de estatuto funcional, pois, por exemplo, as antigas lojas são substituídas por funções
terciárias de nível superior.
Foi responsável pela demolição dos bairros degradados de barracas, predominantemente nas
áreas metropolitanas.
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