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Resumos de Geografia 11º ano → Áreas Urbanas

Como definir cidade?


É difícil encontrar uma definição única e universal de cidade, uma vez que os critérios utilizados
variam de país para país, em função da organização política, administrativa e territorial de cada
país. Apesar disto, podemos associar algumas características gerais e geralmente comuns ao
conceito de cidade:
● área com uma densidade populacional elevada;
● espaço urbano* caracterizado pela continuidade de construção e uma grande
concentração de edifícios de diversas dimensões e estilos arquitetónicos;
● elevada concentração de atividades económicas (sobretudo do setor terciário);
● lugar de concentração do poder político;
● espaço caracterizado pelo estilo de vida urbano.
*espaço urbano: área de grande concentração populacional e grande densidade de construções, que funciona como
pólo de atração onde a terciarização é um fenómeno evidente.

Critérios de definição de cidade


Os critérios mais
administrativo e outilizados para a definição de cidade são só demográficos, o funcional, o jurídico-
morfológico.

Demográfico→ considera a população absoluta e/ou a densidade populacional.


Funcional→ relaciona-se com as funções centrais existentes, com o peso da população ativa no
setor terciário, com os movimentos pendulares e com a área urbana funcional.
Jurídico-administrativa→ relaciona-se com as decisões legislativas.
Morfológico→ refere-se à fisionomia do lugar: tipo de edifícios, existência de praças,
monumentos de diferentes épocas,etc.

Limitações dos critérios


● problemas de aplicabilidade universal;
● no critério demográfico nota-se uma impossibilidade de se estabelecer um valor mínimo
universal de habitantes;
● por outro lado, existem cidades que cumprem todos os critérios, porém não passam de
cidades-dormitórios*;
● no critério funcional, muitas vezes a população residente não exerce a sua atividade na
sua área de residência;
● No critério jurídico-político, muitas cidades no passado foram elevadas à categoria de
cidades a partir de decisão régia, que hoje em dia verifica um declínio em termos
demográficos e funcionais e não seriam consideradas cidades.
*cidade-dormitório: aglomeração que fica dentro da área abrangida pelos movimentos pendulares de uma cidade e que
funciona como suporte residencial para as pessoas que trabalham nessa cidade.

Quais as principais funções urbanas?


A cidade é um espaço multifuncional, onde coexistem diversas funções urbanas.
Função político-administrativa→ está associada à administração central, incluindo os órgãos do
governo.
Função religiosa→ está relacionada com a existência de santuários de peregrinação, de igrejas,
seminários e casas de artigos religiosos.
Função cultural→ está associada à existência de universidades, bibliotecas, monumentos
históricos ou religiosos.
Função turística→ relaciona-se com atividades de recreio, de lazer, de descanso e com as férias
em geral.
Função industrial→ está associada à presença de unidades industriais.
Função defensiva→ está relacionada com a existência de castelos e de muralhas constru
idas para a defesa da cidade.

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Função residencial→ é a função que permite a fixação da população e que tende a ocupar maior
espaço no perímetro urbano.
Função terciária→ está relacionada com o comércio e os serviços.

As diversas funções urbanas podem classificar-se em:


Funções raras: Atividades fornecedoras de um bem ou serviço de utilização pouco frequente e
que, por isso, estão disponíveis nos centros urbanos de nível superior (ex: médicos especialistas,
comércio especializado, etc.).
Funções comuns: Atividades fornecedoras de um bem ou serviço de utilização muito frequente,
pelo que estão disponíveis em qualquer lugar central (ex:padaria, mercearia, etc.).

Qual a relação entre as funções urbanas e a variação da renda locativa?


O preço do solo urbano, ou seja, a renda locativa, reflete o equilíbrio entre a procura e a oferta
num dado território.

O centro é, regra geral, o local da cidade de maior valorização do solo, visto que é onde se cruzam
os principais eixos de comunicação, sendo o local que apresenta maior acessibilidade potencial.
Sendo assim, existe uma procura elevada, mas a oferta é reduzida, uma vez que o espaço central
é reduzido e a ocupação é elevada, esta grande procura e a escassez de oferta origina as elevadas
rendas locativas. A partir desta situação podemos concluir que origina especulação fundiária*,
afastando as atividades com menor poder de compra e atraindo as atividades mais rentáveis.

De modo geral, à medida que nos afastamos do centro, a renda locativa diminui, devido:
● à diminuição da acessibilidade* (visto que as comunicações são mais densas na área
central de convergência e vão-se tornando mais radiais nas área mais afastadas do
centro);
● ao aumento dos terrenos disponíveis;
● à diminuição da procura.
*Acessibilidade: grau de facilidade com que um lugar pode ser alcançado a partir de outros.
*Especulação fundiária: subida desenfreada do preço do solo, como consequência de uma grande procura e reduzida
oferta.
*Renda locativa: corresponde ao preço do solo. Este é mais elevado no centro da cidade, porque, tendencialmente, o
centro corresponde à área de maior centralidade e de maior acessibilidade.

As diferenças registadas na variação de preço do solo urbano nas três funções urbanas
dominante deve-se à capacidade financeira de cada uma delas e ao grau de necessidade de se
localizarem no centro. Assim:
● As atividades terciárias por registar um elevado número de utilizadores, que procuram a
máxima acessibilidade, apresentam maior capacidade financeira para se localizarem no
centro e são o tipo de atividades que mais compete por este espaço central.
● A atividade industrial ocupa sobretudo espaços mais vastos, sendo a que menos
compete pela localização nas áreas centrais, embora estas não a excluam
completamente.
● A atividade residencial está numa situação intermédia, embora seja necessário ter em
linha de conta às características morfológicas e as classes sociais a que se destinam.

Como se caracterizam as áreas funcionais de uma cidade?


A diferenciação funcional do espaço urbano permite delimitar três grandes áreas funcionais: as
áreas residenciais, as áreas terciárias e as áreas industriais.

Áreas terciárias

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O CBD ( Central Business District)
Nas aglomerações urbanas de maior dimensão e importância, a área central é designada por CBD.
O CBD é a área onde ao solo atinge os preços mais elevados, como reflexo da grande
competição pela decisão locativa das atividades.
Caracteriza-se assim:
➔ pela boa acessibilidade por transportes coletivos;
➔ pela construção em altura, devido a ser uma área restrita e à forte competição pelo
espaço;
➔ pela forte terciariarização do espaço, marcada pela elevada concentração de atividades
terciárias, das quais se destacam:
◆ o comércio, quer seja especializado, normalmente associado a artigos de luxo,
quer seja vulgar destinado a servir a pouca população que lá reside ou que se
desloca a trabalho ou visita;
◆ a atividade turística, que procura uma crescente procura pelas áreas centrais;
◆ os espaços de cultura e lazer, como os teatros e os museus;
◆ as sedes dos bancos, de empresas de grande projeção, de companhias de seguros
e bolsa de valores;
◆ os órgãos da Administração Pública, como ministérios, tribunais superiores,
governos regionais ou municipais.
➔ pela fraca representatividade da função residencial, dada pela migração da população
para as zonas periféricas, sendo possível verificar um contraste entre:
◆ Os pisos superiores dos edifícios mais antigos e degradados, habitados por uma
população envelhecida e por recém-migração.
◆ uma habitação de luxo em áreas renovadas , ocupada de forma permanente por
uma população de elevado estrato socioeconómico, ou ocupada
temporariamente por turistas e visitantes, sobretudo em regime de aluguer de
curta duração.
➔ pela grande concentração de população flutuante, o que justifica, durante o dia, um
grande trânsito e engarrafamentos, e durante a noite, um esvaziamento significativo;

As atividades no CBD não se encontram misturadas, sendo possível identificar um zoneamento,


vertical e horizontal.
Zonamento vertical
● A atividade comercial, que exige um maior contacto com o consumidor, ocupa,
sobretudo o rés do chão dos edifícios, para que os clientes possam ver os produtos
expostos nas montras;
● As funções menos nobres, ou com menor necessidade de contacto com o público de
passagem (armazéns, oficinas e habitação), ocupam os pisos superiores.
● A função industrial é diminuta encontrando-se no CBD unidade de pequena dimensão,
que fabricam produtos raros e de algum valor, ou que requerem contacto direto com o
cliente (ex:joalharia, alfaiataria, panificadora,etc).
Zonamento Horizontal
O CBD apresenta diversas áreas especializadas, sendo possível, usualmente individualizar:
● o centro financeiro, onde se concentram as sedes dos bancos e das companhias de
seguros, a bolsa de valores e as sedes das grandes empresas;
● o centro comercial e de serviços, onde predomina o comércio retalhista (venda de
produtos diretamente ao consumidor), os hotéis e outros alojamentos turísticos e os
restaurantes;
● o centro de diversões e de lazer, que concentra os teatros, bares, discotecas, entre
outros.
Nas margens do centro pode encontrar-se comércio grossista (venda de produtos, em grandes
quantidades, destinados à revenda por parte dos retalhistas).

O declínio demográfico das áreas centrais

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As áreas centrais têm sido alvo de uma diminuição da população residente, que procura noutros
bairros, mais periféricos, mas também mais recentes e funcionais, a qualidade de vida que o
central já não oferece.

Os fatores responsáveis pela diminuição generalizada da função no centro são:


● a sobrelotação do espaço;
● o desenvolvimento dos transportes urbanos e suburbanos, que favorecem o aumento
da mobilidade da população e a sua fixação em áreas cada vez mais afastadas do
centro;
● o aumento do congestionamento de trânsito e das dificuldades de estacionamento;
● o aumento da poluição sonora e atmosférica;
● a degradação das habitações antigas, que apresentam condições de habitabilidade
precárias, constituindo mesmo um risco para a saúde e para a vida dos seus habitantes;
● A recuperação de muitos alojamentos e a sua reconversão em unidades de alojamento
local, o que leva à diminuição da oferta de alojamentos habitacionais permanentes e ao
governamento da especulação fundiária.

Surgimento de novas centralidades terciárias


A migração das atividades terciárias para outras áreas da cidade resulta, pois, de determinados
condicionalismos a que os centros originais estão sujeitos. Alguns dos fatores que contribuem
para o surgimento de novas centralidades são:
● Horário alargado (noites e fins de semana);
● Estacionamento gratuito;
● Locais de mais fácil acesso/ Proximidade das vias rápidas;
● Oferta maior e mais diversificada;
● Várias atividades no mesmo espaço (lazer, convívio, passear);
● Preços mais competitivos.

Áreas residenciais
A função residencial é a que mais espaço ocupa no tecido urbano.
As áreas residenciais estão, em geral, segregadas de acordo com a classe ou o nível de
rendimentos da população residente, o que não exclui, em certos casos, a coexistência de
diferentes grupos sociais. É possível, então, estabelecer-se a seguinte diferenciação social
genérica:
Classe Alta:
● vivem em locais como o Porto:Foz do Porto, Antas. Lisboa: Bairro da Lapa e Restelo.
● mais acessíveis;
● menos poluídos;
● boas habitações (vivendas),
● proximidade do centro;
● bairros com todas as comodidades/equipamentos;
● locais agradáveis;
● espaços verdes;
● onde a renda locativa é elevada.
Classe Média:
● vivem em locais de boas condições;
● zonas periféricas;
● principalmente por famílias jovens;
● não tem o arranjo arquitetônico dos bairros de luxo;
● habitações espaçosas (semelhantes às dos ricos);
● mais baratas do que as anteriores devido à menor acessibilidade e à menor qualificação
da área.
Classes menos favorecidas economicamente:

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● vivem em locais mais poluídos;
● perto das indústrias;
● habitações modestas;
● onde a renda é baixa;
● com menor acessibilidade.

Classes muito desfavorecidas:


● vivem em barracas sem condições e sem privacidade;
Os bairros sociais permitem o realojamento social e deste modo, pessoas que vivem em barracas
podem passar a viver num sítio com o mínimo de condições para a sua sobrevivência.

Áreas industriais
O desenvolvimento dos transportes, a abundante e diversificada mão de obra, o aumento do
número de consumidores e a maior diversificação de serviços de apoio são os fatores
preponderantes na localização das unidades industriais na atualidade.
A desconcentração da indústria e a sua migração para as áreas periféricas explicada,
essencialmente, pelos seguintes fatores:
➔ elevados custos do solo urbano, forte congestionamento do trânsito e interdição de
circulação de veículos pesados nas áreas centrais;
➔ grande necessidade de espaço;
➔ maior facilidade de deslocação das matérias-primas, dos produtos finais e da mão de
obra;
➔ alterações no processo produtivo;
➔ criação de parques industriais.
Assim, nas áreas centrais, a diminuta função industrial caracteriza-se pela existência de indústria:
● de bens de consumo de pequena dimensão;
● ligadas aos estabelecimentos comerciais existentes (confecção, reparação, etc);
● que produzem produtos de alto valor;
● que exigem contacto direto com o consumidor para escolha de materiais, cores e
modelos.
Exemplos destas indústrias são por exemplo as tipografias, fábricas de óptica, indústria
panificadora e joalharias.

Quais as alterações recentes na organização interna das cidades?


Nobilitação urbana
Recentemente, o mercado de habitação tem sido marcado pela emergência de novos produtos
imobiliários e de novos formatos de alojamento, com consequências na organização espacial
urbana. Estas transformações têm configurado uma tendência de recentralização, que coexiste
com a contínua desconcentração de muitas funções urbanas.

A criação de condições favoráveis à atração de capitais privados para a regeneração das áreas
centrais tem constituído um fator estratégico para a gentrificação/nobilitação urbana*, isto é,
para a fixação das novas classes médias nos centros, incrementando a especulação fundiária e
contribuindo para um desalojamento e expulsão dos grupos socioeconómicos mais
desfavorecidos, que deixam de poder pagar o aumento dos custos da habitação que
acompanham o processo de regeneração.
*gentrificação/nobilitação urbana:movimento de chegada de grupos socioeconómicos mais elevados, geralmente
jovens e classe média-alta, a áreas centrais desvalorizadas da cidade, levando à valorização social, económica e
ambiental dessas áreas.

O aumento da população flutuante


A par da gentrificação residencial, verifica-se, em determinados bairros populares e históricos
das áreas centrais das cidades mais importantes, a designada gentrificação turística. Que

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basicamente consiste num aumento do número de hotéis e alojamentos turísticos de aluguer
de curta duração, que começam a substituir gradualmente as funções tradicionais da habitação
para uso permanente, arrendamento a longo prazo e o comércio local tradicional de proximidade.
Em algumas áreas, para além do acréscimo muito significativo do número de turismo, há ainda a
registar o aumento do fluxo de estudantes universitários provenientes de outros países, que
têm contribuído para o incremento da população flutuante, sobretudo nas áreas centrais.
O aumento da população flutuante tem conduzido também à gentrificação funcional destas
áreas centrais, com a multiplicação de novas unidades de alojamento, comércio, restauração, etc.
Como consequência destes fenómenos, assiste-se ao agravamento do desalojamento da
população original e à impossibilidade de a população de menores recursos aceder à habitação
nessas áreas.

Quais os principais tipos de malha urbana? (sem problemas ou vantagens)


Embora cada cidade apresenta uma morfologia própria, a classificação da malha urbana atende,
principalmente, à forma da rede viária e contempla três tipos básicos de malhas: irregular,
ortogonal e radiocêntrico.
Planta Irregular:
● planta irregular, de origem muçulmana na maior parte dos casos;
● crescimento espontâneo das cidades;
● ruas sinuosas e estrucidas;
● Excêntrica de ruas sem saída e às vezes terminam em escadas e pátios interiores.
● casas parecem ter sido construídas ao acaso.
Exemplos: Bairros de Almada e Mouraria em Lisboa.
Planta Ortogonal:
● ruas direitas e perpendiculares;
● traçado geométrico regular;
● ruas fazem ângulos de 90º;
● pressupõe-se um planejamento prévio.
Exemplos: Espinho, Vila Real de Santo António, Viana do Castelo e Figueira da Foz.
Planta Radiocêntrica:
● a maioria destas cidades tem origem em povoados amuralhados;
● o crescimento do aglomerado populacional e do casario obrigou à demolição da 1ª
muralha e à construção de um raio maior;
● no lugar das antigas muralhas constroem-se vias circulares e concêntricas;
● existem um conjunto de vias radiais que partem da periferia e formam ligação ao centro e
vice-versa;
● são geralmente construídas aproveitando as curvas de nível;
Exemplo: Évora, Faro e Castelo Branco.

Quais as fases de expansão urbana?


A expansão urbana é um processo que decorre no espaço e no tempo e que se caracteriza pelo
aumento da população a viver nas cidades e pela extensão geográfica das áreas urbanas.
O crescimento do espaço urbano processa-se em duas fases:
→ centrípeta - ou de concentração/densificação da população e das atividades econômicas no
centro da cidade.
>Período de crescimento da cidade resultante da concentração demográfica e funcional.
>As cidades exercem uma atração sobre a população (oriunda dos meios rurais e de outros
países) e sobre as atividades econômicas dos setores secundário e terciário.

→ centrífuga - ou de desconcentração/desendendignização da população e das atividades


econômicas.
>Período de desconcentração demográfica e funcional, que tem promovido a crescente
procura das periferias para a construção de habitações e para a implantação da indústria e de
atividades terciárias.

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Em Portugal, a expansão urbana é um fenómeno relativamente recente, com início nos anos 50
do século XX, tal deveu-se, entre outros fatores:
● ao aumento do preço do solo no centro na cidade;
● ao desenvolvimento dos transportes coletivos urbanos e suburbanos, que permitiu uma
fácil e rápida ligação entre os diferentes lugares da periferia e, sobretudo, entre esta e a
cidade;
● aos elevados preços de habitação, o que fez com que os centros ficassem cada vez mais
desprovidos de residentes e que as cidades se espraiassem para as periferias;
● a existência de vastos espaços sem ocupação: as atividades económicas que consomem
grandes espaços, como as unidades industriais, os centros comerciais, os armazéns, etc,
encontram vastos terrenos desocupados, ideais para se instalarem.
Este processo de desconcentração e de densificação urbana em direção à periferia das cidades
conduziu ao fenómeno de suburbanização, que se caracteriza, grosso modo, pelo processo de
expansão de cidades para o interior dos seus limites, através de várias transformações e
configurações de crescimento urbano.
*subúrbios: áreas periféricas, mais ou menos urbanizadas, das cidades e totalmente dependentes delas.
*Suburbanização: processo relacionado com o crescimento de subúrbios em torno das grandes cidades e áreas
metropolitanas.

Assim sendo, a cidade mais tradicional, tal como a conhecemos, de contornos bem definidos e
com um centro de gravidade nítido, continua a existir, mas agora em articulação com novos
espaços urbanizados. Este processo deu origem ao surgimento das chamadas:
Cidades-satélite:
● apresentam uma função residencial e funcional capaz de satisfazer as necessidades da
população, sendo geradoras de emprego, para muitos seus habitantes;
● dotadas de infraestruturas e equipamentos de apoio que lhes conferem um dinamismo
socioeconómico importante;
● continuam dependentes económica e financeiramente da metrópole mais próxima.
Cidade-dormitório:
● o número de atividades económicas é muitas vezes insuficiente para dar emprego à
população ativa que nelas reside;
● não possuem equipamentos e infraestruturas que permitam satisfazer as necessidades
diárias da população;
● são as que mais contribuem para o aumento dos movimentos pendulares.

Quais os problemas associados à suburbanização?


Os movimentos pendulares são uma constante no quotidiano da população, que reside
maioritariamente nos subúrbios, e cuja atividade continua a ser exercida na cidade principal. Estes
movimentos diários refletem, direta ou indiretamente, alguns transtornos e problemas, tais como:
● o congestionamento das vias de acesso às áreas centrais das cidades;
● o estresse, nervosismo e cansaço, em consequência do aumento do tempo gasto no
trânsito;
● o aumento das despesas com transportes, quer público, quer particular;
● a destruição de solos de aptidão agrícola, que vão dando lugar a habitações, estradas,
indústrias, espaços comerciais, etc
● a desorganização urbanística, que acaba por conferir à paisagem um aspecto caótico e
pouco aprazível.

Quais as características das áreas periurbanas e rurbanas:


Em grande parte das áreas periurbanas, a densidade populacional é reduzida e os traços rurais
prevalecem. O espaço periurbano caracteriza-se:
● pela descontinuidade dos espaços construídos;
● por um forte dinamismo do uso e ocupação do solo;

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● por uma forte mobilidade pendular;
● por densidades médias de ocupação baixas;
● por uma elevada dependência funcional em relação à metrópole;
● por uma elevada independência, sobretudo nas áreas metropolitanas, mais marcadas
pelo policentrismo.

Quais as características das áreas metropolitanas?


A área Metropolitana de Lisboa (AML) e a Área Metropolitana do Porto (AMP) são as áreas que se
distinguem claramente do restante território nacional por vários fatores, entre os quais:
● a elevada densidade populacional;
● a importância estratégica que apresentam a nível económico, cultural, social e
ambiental;
● o elevado fluxo de pessoas e bens que potenciam.
*área metropolitana: sistema de povoamento constituído por uma cidade principal (conjuntamente com os seus
subúrbios) e respectivas áreas de influência adjacentes, que podem incluir vários centros urbanos de diferentes
dimensões.

Área Metropolitana de Lisboa (AML)


A área Metropolitana de Lisboa é a maior área urbana do país e a região mais extensa do país.
É constituída por 18 municípios, que se distribuem numa área de 3014 km2, que constituem 3,3%
de território nacional .
A atratividade territorial e o efeito polinizador desta área metropolitana justificam-se por
diversos fatores, tais como:
● englobar a capital do país e ser a principal área urbana nacional;
● reunir uma maior concentração geográfica de recursos estratégicos para o
desenvolvimento;
● apresentar um importante património cultural e uma base económica e lúdica muito
diversificada;
● apresentar capacidade de atrair pessoas e atividades qualificadas de outros países.

Demografia:
Apresenta aproximadamente 2 871 133 habitantes (INE 2021), tendo uma densidade populacional
de 952 habitantes por km2, isto significa que cerca de 25% da população portuguesa reside nesta
área. (analisar mapa 38 página 109)
Atividades económicas:
A AML constitui-se como o principal polo de emprego e o motor da economia portuguesa
(apresenta quase o dobro das empresas da AMP). Apresenta o maior número de pessoas em
idade ativa e tem a remuneração média mensal mais elevada do país. Representa ainda 36% do
PIB nacional e é notável o predomínio da terciarização. Tendo como destaque Setúbal pela
indústria transformadora. Apresenta ainda um predomínio de indústrias de capital intensivo e de
bens de equipamento.
Surgem núcleos de concentração industrial assumindo também grande importância o padrão
disperso ordenado, onde as unidades industriais se localizam ao longo dos grandes eixos de

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circulação rodoviária e ferroviária.
Forma de ocupação do solo:
A forma de ocupação do solo é diversificada na AML. Na AML, a urbanização apresenta um
padrão de distribuição mais concentrado do que na AMP. (analisar mapa 41 na página 111)
A mobilidade:
O automóvel é o principal meio de transporte usado nas deslocações realizadas pelos residentes
da AML, sendo que 58,9% do número de deslocações diárias ascendeu a 5,4 milhões, 64% das
quais dentro dos limites da própria área metropolitana, essencialmente para trabalhar e estudar.
Área Metropolitana do Porto (AMP)
Constituem atualmente a Área Metropolitana do Porto 17 municípios, distribuídos por 2041 km2
que ocupa 9,58% da região norte e 2,21% do território nacional.

Demografia:
Apresenta uma população residente de 1 737 395 habitantes e uma densidade populacional de
851 habitantes por km2. As maiores perdas populacionais observam-se nos municípios do Porto,
Matosinhos, Maia e São João da Madeira. Os municípios que registaram maiores ganhos
populacionais foram os municípios mais periurbanos e urbanos, como Póvoa de Varzim, Valongo,
Paredes e Arouca. (ver mapa 32 página 113)
Atividades económicas:
➔ Predomínio da terciarização, principalmente no concelho do Porto, em atividades
ligadas ao comércio, à hotelaria e à restauração.
➔ Setor secundário: predominam as indústrias de bens de consumo, tradicionais, de mão
de obra intensiva e pouco exigente, associadas à exportação (vestuário, calçado,
têxteis).
➔ Recentemente, implantaram-se novas e modernas unidades industriais, baseadas na
investigação científica e tecnológica.
➔ Predomínio do padrão disperso, embora se verifiquem manchas de padrão ordenado
até de padrão concentrado.
Forma de uso e ocupação do solo:
Na AMP, predomina o padrão industrial disperso, pois as unidades fabris vão-se intercalando
com áreas agrícolas. A par deste, se bem que menos frequência, verifica-se a tendência para o
padrão de ocupação de solo difuso associado a formas mais concentradas. Nesta AM, a
urbanização apresenta um padrão de distribuição mais disperso do que a AML. (ver mapa 47
página 115)
Mobilidade:
O automóvel é o principal meio de transporte usado nas deslocações realizadas pelos residentes
na AMP.

Quais os principais problemas urbanos?


A rápida e contínua expansão urbana tem constituído uma ameaça ao equilíbrio ambiental,
social e económico das cidades, conduzindo a um conjunto de problemas resultantes do
desajustamento entre as infraestruturas existentes e as necessidades da população.
Circulação automóvel:
● Falta de racionalidade- a maioria das pessoas utilizam o transporte particular e
deslocam-se sozinhas;
● Os transportes públicos coletivos não são uma alternativa eficaz.

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● Superfícies de estacionamento escassas.
● Originando horas de ponta onde se criam mais situações de stress, poluição, custos e
acessos congestionados.

Habitação e espaços livres e verdes:


● Saturação demográfica e espacial.
● Níveis de conforto muito baixos;
● Edifícios degradados.
● Superfícies livres insuficientes ou deficiente distribuídas.
● Construção clandestina.
● Destruição de espaços verdes para construção de edifícios, diminuindo a qualidade de
vida da população e aumentando a poluição.
Energia/Saneamento Básico /Saúde/ Educação:
● Saturação dos serviços sociais;
● Rebentamentos e reparação das condutas coletoras de esgoto.
● Cortes periódicos, restauro e alargamento das condutas de águas, eletricidade.
Muitos destes rebentamentos deve-se ao uso de alcatrão e pavimentos que impedem a
infiltração das águas pluviais que escorrem até encontrarem uma corrente hídrica, podendo ser
esgotos/saneamentos, levando ao seu rebentamento e cheias, ou então, rios/lagos, aumentando
o nível normal das águas, originando inundações.
Degradação do ambiente urbano:
● Poluição sonora, atmosférica, visual, olfativa.
● Espaços públicos abandonados.
● Construções com volumetrias desenquadradas e de arquitetura medíocre.
● Carência muito grave de infraestruturas e congestionamento das redes viárias e de
transportes.
● Aumento dos preços do imobiliário, muitas vezes associado à especulação imobiliária.
● Elevada pressão urbana, que origina uma dificuldade significativa de acesso à habitação,
por haver escassez de oferta face às necessidades existentes.
Pobreza, Droga e Indiferença:
● Abundante número de pedintes.
● Droga.
● Individualismo, isolamento, egoísmo e violência.
● Despersonalização.
○ Desumanização da cidade.
Sociais:
● Fenómenos de gentrificação e turistificação, em resultado da instalação de
estabelecimentos turísticos onde a sua presença já tem um peso excessivo em relação ao
total de alojamentos residenciais.
● Segregação espacial de diferentes estratos populacionais e formação de guetos
potencializadores de conflitos étmnico-raciais ou focos de marginalidade.

Quais as medidas de recuperação da qualidade de vida urbana?


A implementação de medidas como a reabilitação urbana, a renovação urbana e a requalificação
urbana têm como objetivo a promoção da qualidade de vida urbana, numa perspectiva que vise
uma maior sustentabilidade ambiental, económica e social.
Reabilitação urbana:
A reabilitação urbana visa, de forma articulada:
● Promover a melhoria da qualidade de vida de quem trabalha e vive no local, através da
reabilitação das áreas degradadas, proteção e valorização do património cultural e da
modernização das infraestruturas básicas;

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● Fomentar a integração funcional e a diversidade económica e sociocultural dos
espaços;
● Promover uma intervenção em que as funções existentes são mantidas, bem como o
estatuto socioeconómico dos moradores.

Requalificação urbana:
A requalificação urbana implica uma intervenção assente numa alteração funcional dos
edifícios e dos espaços, através de um conjunto de intervenções destinadas a valorizar as
potencialidades sociais, económicas e funcionais, por forma a melhorar a qualidade de vida da
população residente.
Renovação urbana:
A renovação urbana implica a demolição total ou parcial de edifícios e estrutura de uma área,
que é reocupada com outras funções e por uma classe social mais favorecida.
Está associada a uma mudança:
● de estatuto socioeconómico, na medida em que se procede à reconstrução de novos e
modernos edifícios, ocupados, agora, por classes mais favorecidas.
● de estatuto funcional, pois, por exemplo, as antigas lojas são substituídas por funções
terciárias de nível superior.
Foi responsável pela demolição dos bairros degradados de barracas, predominantemente nas
áreas metropolitanas.

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