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As áreas urbanas: dinâmicas internas

 Como definir cidade?

 É difícil estabelecer uma definição única e universal de cidade, uma vez que os critérios
utilizados variam de país para país, em função da organização política, administrativa e
territorial de cada um deles.

 Podemos, contudo, identificar as seguintes características associadas ao conceito de


cidade:
 Área com densidade populacional relativamente elevada;
 Espaço urbano caracterizado pela continuidade da construção e por uma grande
concentração de edifícios de diversas dimensões e estilos arquitetónicos;
 Elevada concentração de atividade económicas;
 Lugar de concentração de poder político;
 Espaço caracterizado pelo modo de vida urbano.

 Ainda assim, estas características são genéricas, dado que, por exemplo, com o passar do
tempo, constata-se que o modo de vida urbano se está a estender a toda a sociedade,
estabelecendo as dissemelhanças e tornando cada vez mais difícil distinguir o que é
urbano do que é rural.

 Por outro lado, os termos centro urbano e cidade são frequentemente utilizados como
sinónimos, apesar de existirem cidade que não são centros urbanos que não são cidades.
Centro urbano é, essencialmente, um conceito estatístico, enquanto que a definição de
cidade é legislativa.

 Os critérios de definição…

 Os critérios mais utilizados para a definição de cidade são o demográfico, o funcional, o


jurídico-administrativo e o morfológico.

Demográfico: Funcional: relaciona-se Jurídico-administrativo: relaciona-


considera a população com as funções centrais se com as decisões legislativas
absoluta e/ou a existentes, com o peso da
densidade população ativa no setor
populacional terciário, com os Morfológico: refere-se à
movimentos pendulares e fisionomia do lugar: tipo de
com a área urbana edifícios, existência de praças
funcional monumentos de diferentes épocas,
etc.
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 As limitações dos critérios…

 Qualquer um dos critérios adotados para a definição de cidade coloca problemas de


aplicabilidade universal.

 No caso do critério demográfico, que é o mais comum à escala internacional, verifica-se a


impossibilidade de se estabelecer um valor mínimo universal de habitantes para que um
aglomerado populacional seja considerado cidade.

 Por outro lado, muitos aglomerados populacionais, com um elevado número de habitantes
e forte densidade populacional, são as cidades-dormitório em relação a uma cidade
central, não possuindo funções urbanas significativas para além da residencial.

 Por seu turno, no caso do critério funcional, em muitas situações, a população residente
de um aglomerado urbano trabalha no setor secundário ou terciário, mas não exerce a sua
atividade na sua área de residência.

 No caso do critério jurídico-administrativo, muitas cidades portuguesas, por exemplo,


foram elevadas a esta categoria no passado por decisão régia, sendo que, hoje em dia,
registam declínio em termos demográficos e funcionais e não seriam classificadas como
tal atualmente.

 A definição de cidade em Portugal…

 Em Portugal, as cidades foram-se estabelecendo historicamente ao longo das vias de


comunicação fluviais e junto dos portos marítimos, dispersando, depois, pelo território,
por motivos demográficos ou militares.

 Atualmente, o título de cidade ou a promoção de vila a esse estatuto é da responsabilidade


político-administrativa da Assembleia da República e as Assembleias Regionais dos
Açores e da Madeira.

 Em 2022, existiam 159 cidades no território português. Em Portugal continental, estas


concentram-se sobretudo no Norte e no litoral ocidental, entre Braga e Setúbal. Nas
regiões autónomas, localizam-se, maioritariamente, no litoral.

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 Quais as principais funções urbanas?

 A cidade é um espaço multifuncional, onde coexistem diversas funções urbanas.

Político-administrativa Terciária
Está associada a administração central, Está relacionada com o comercio e os
 As diversasosfunções
incluindo órgãosurbanas podem classificar-se
do governo em:
serviços
Residencial
Funções raras Defensiva
Funções vulgares
É a função que permite a fixação
Atividades fornecedoras de um bem ouda Está relacionada com
Atividades fornecedoras a existência
de um bem de ou
população e que tendepouco
serviço de utilização a ocupar maior e
frequente castelos e de
serviço de muralhasmuito
utilização construídos para a
frequente,
espaço
que, pornoisso,
perímetro urbano. nos
estão disponíveis defesa daestão
pelo que cidadedisponíveis em qualquer
Industrial
centros de nivel superior lugar central Turística
Está associada à presença de unidades Relaciona-se com atividades de recreio,
industriais de lazer, de descanso e com as férias em
 As funções que mais espaço ocupam no perímetro geral urbano são, geralmente, a função residencial
Cultural Religiosa
Está associada à existência de Está relacionada com a existência de
universidades, bibliotecas e monumentos santuários de peregrinação, de igrejas,
históricos ou religiosos seminários e casas de artigos religiosos

 Qual a relação entre as funções urbanas e a variação da renda locativa?

 O preço do solo urbano, ou seja, a renda locativa, reflete o equilíbrio entre a procura e a
oferta num dado território.

 O centro é, regra geral, o local da cidade de maior valorização do solo, visto que é onde
se cruzam os principais eixos de comunicação, sendo o local que apresenta maior
acessibilidade potencial. É também aí que a ocupação é mais antiga e os equipamentos e
infraestruturas são mais diversificados e completos. A procura é elevada, mas a oferta é
reduzida, uma vez que o espaço central é exíguo e a densidade de ocupação é elevada.

 Assim, na área central, o preço do solo atinge valores extremamente altos, dando origem,
com frequência, à especulação fundiária, afastamento as atividades com menor poder de
compra e atraindo as atividades mais rentáveis.

 De um modo geral, à medida que nos afastamos do centro, a renda locativa diminui
devido:
 À diminuição de acessibilidade;
 Ao aumento dos terrenos disponíveis;
 À diminuição da procura.

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 As diferenças registadas na variação do preço do solo urbano nas três funções urbanas
dominantes devem-se à capacidade financeira de cada uma delas e ao grau de necessidade
de se localizarem no centro. Assim:
 As atividades terciárias, por registarem um elevado número de utilizadores, que
procuram a máxima acessibilidade, apresentam maior capacidade financeira para se
localizarem no centro e são o tipo de atividades que mais compete por esta localização
central. Estas podem concentrar-se nas áreas exíguas do centro, uma vez que têm a
possibilidade de se sobrepor nos diversos andares dos edifícios;
 A atividade industrial ocupa sobretudo espaços mais vastos, sendo que a menos
compete pela localização nas áreas centrais, embora estas não a excluem
completamente;
 A atividade residencial está numa situação intermédia, embora seja necessário ter em
linha de conta as características morfológicas da área e as classes sociais a que se
destinam.

 Como se caracterizam as areas funcionais de uma cidade?

 As diferentes funções não se localizam ao acaso no espaço urbano, tendendo, pelo


contrário, a constituir áreas funcionais.

 A diferenciação funcional do espaço urbano permite delimitar três grandes áreas


funcionais: as áreas terciárias, as áreas residenciais e as áreas industriais.

 As áreas terciárias
 O CBD (Central Business District) …

 Independentemente da sua dimensão, as cidades têm uma área central onde o comercio e
os serviços são as atividades principais.

 Nas aglomerações urbanas de maior dimensão e importância, área central é designada por
CBD.

 O CBD é a área onde o solo atinge os preços mais elevados, como reflexo da grande
competição pela decisão locativa das atividades. Caracteriza-se, essencialmente:
 Pela boa acessibilidade por transportes coletivos;
 Pela construção em altura, devido a ser uma área restrita e à forte competição pelo
espaço;
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 Pela forte terciarização do espaço, marcada pela elevada concentração de atividades
terciárias, das quais se destacam:
- O comércio, quer seja especializado, normalmente associado a artigos de luxo, quer
seja vulgar destinado a servir a pouca população que aí vive ou a população que aí se
desloca para trabalhar ou visitar;
- A atividade turística, que regista uma crescente procura destas áreas centrais;
- Os espaços de cultura e lazer, como os teatros e os museus;
- As sedes de bancos, de empresas de grande projeção, de companhias de seguros e
bolsa de valores;
- Os órgãos da Administração Pública, como ministérios, tribunais superiores,
governos regionais ou municipais.

 Pela fraca representatividade da funçao residencial, dada a migração da população para as


áreas periféricas, sendo possível estabelecer um contraste entre:
- Os pisos superiores dos edifícios mais antigos e degradados, habitados por uma
população envelhecida ou recém-imigrada;

-Uma habitação de luxo em áreas renovadas, ocupada de forma permanente por uma
população de elevado estatuto socioeconómico, ou ocupada temporariamente por
turistas e visitantes, sobretudo em regime de aluguer de curta duração.

 Pela grande concentração de população flutuante, o que determina, durante o dia, um


transito intenso e engarrafamentos frequentes, e, durante a noite, um significativo
esvaziamento humano.

 Apesar da sua grande variedade, as atividades presentes no CBD não se encontram


misturadas no espaço, sendo possível identificar um zonamento, tanto na vertical como na
horizontal.

 O zonamento vertical…

 A atividade comercial,  As funções menos  A função industrial é


que exige um maior nobres, ou com menor diminuta encontrando-se no
contacto com o necessidade de contacto CBD unidades de pequena
consumidor, ocupa, com o publico de dimensão, que fabricam
sobretudo, o rés do chão passagem, ocupam os produtos raros e de alto
dos edifícios, para que os pisos superiores. valor, ou que requerem
clientes possam ver os contacto direto com o
produtos expostos nas cliente, como a alta costura.
montras.

 Zonamento vertical…
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 O CBD apresenta diversas áreas especializadas, sendo possível, usualmente,
individualizar:
-O centro financeiro, onde se encontram as sedes dos bancos e das companhias de
seguros, a bolsa de valores e as sedes das grandes empresas;
-O centro comercial e de serviços, onde predomina o comércio retalhista, os hotéis e
outros alojamentos turísticos e os restaurantes;
-O centro de diversões e de lazer, que encontra os teatros, bares, discotecas, entre
outros.

 Nas margens do centro, pode encontrar-se comércio grossista.

 O declínio demográfico das áreas centrais…

 As áreas centrais têm sido alvo de uma diminuição da população residente, que procura
noutros bairros, mais periféricos, mas também, mais recentes e funcionais, a qualidade de
vida que o centro já não lhe oferece.

 A par do declínio demográfico das áreas centrais, assiste-se ao aumento da concentração


populacional nas áreas mais periféricas, muitas vezes em cidades próximas, onde a renda
locativa é menor. Os fatores responsáveis pela diminuição generalizada da funçao
residencial no centro são:
 A sobrelotação do espaço;
 O desenvolvimento dos transportes urbanos e suburbanos, que favorecem o aumento
da mobilidade da população e a sua fixação em áreas cada vez mais afastadas do
centro;
 O aumento do congestionamento de transito e das dificuldades de estacionamento;
 O aumento da poluição sonora e atmosférica;
 A degradação das habitações antigas, que apresentam condições de habitabilidade
precárias, constituindo mesmo um risco para a saúde e para a vida dos seus habitantes;
 A recuperação de muitos alojamentos e a sua reconversão em unidades de alojamento
local, o que leva à diminuição da oferta de alojamentos habitacionais permanentes e ao
agravamento da especulação fundiária.

 O surgimento de novas centralidades terciárias…

 A cidade é um organismo dinâmico, sofrendo mutações no tempo e no espaço. O


congestionamento das áreas centrais originais leva à procura por parte das atividades

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terciárias de alternativas noutros locais da cidade, dotadas, inclusive, de melhor
acessibilidade.

 A migração das atividades terciárias para outras áreas da cidade resulta, pois, de
determinados condicionalismos a que os centros originais estão sujeitos:
 O elevado congestionamento funcional;
 A elevada especulação fundiária;
 A escassez de espaço para a expansão das atividades;
 A existência de ruas estreitas e a saturação das vias de acesso, que implicam perda de
acessibilidade relativa;
 A expansão suburbana, que determina que o CBD já não seja muito central nem muito
acessível para a população que habita nas áreas periféricas;
 As dificuldades de estacionamento.

 Vão-se formando, assim, novas centralidades no espaço urbano, em resultado do


acréscimo da sua importância terciária. É o caso de áreas como a Boavista e o Campo
Alegre, na cidade do Porto, e das Avenidas Novas e, mais tarde, do Parque das Nações,
na cidade de Lisboa.

 As novas formas comerciais…

 Desde a década de 1970, tem proliferado, em Portugal, os hipermercados e os centros


comerciais, cujas características se opõem às do comercio tradicional.

 A multiplicação destas novas formas comerciais deve-se, não só às suas características


próprias, assentes na oferta de artigos variados numa única estrutura especialmente
concebida para o efeito, mas também à facilidade de estacionamento e à elevada
acessibilidade.

 Estas novas formas comerciais tendem a localizar-se, sobretudo:


 Em áreas periféricas das cidades, onde o preço do solo é mais baixo e há maior
disponibilidade de espaço;
 Em locais de boa acessibilidade, junto de importantes eixos rodoviários e de conexão
com diferentes meios de transporte, o que lhes permite ter um elevado número de
consumidores.

 As áreas residenciais

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 A função residencial é a que mais espaço ocupa no tecido urbano.

 As áreas residenciais estão, regra geral, segregadas de acordo com a classe ou o nível de
rendimentos da população residente, o que não exclui, em certos casos, a coexistência de
diferentes grupos sociais.

 É possível, então, estabelecer-se a seguinte diferenciação social genérica:

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Áreas residências de classe Áreas residências de classe Áreas residências de classe
alta média baixa
 Predomínio de habitações  Ocupam uma parte  No CBD:
(vivendas) e de significativa do espaço -A funçao residencial é
condomínios fechados. suburbano diminuta;
 Habitações de grande  Preço do solo mais -localizam-se alojamentos
qualidade e luxo. reduzido antigos e degradados, nos
 Elevado preço do solo  Menor qualidade da pisos superiores dos
 Localizam-se em áreas: construção edifícios, onde habita uma
- Dotadas de elevada  Ocupadas essencialmente população carenciada e de
acessibilidade; por famílias mais jovens fracos recursos económicos,
-De fraca intensidade de  Constituídas como os idosos e os
transito; principalmente por imigrantes.
-De ambiente aprazível, com blocos de apartamentos
jardins e espaços verdes;  Nas áreas mais afastadas
-Afastadas de unidades do CBD:
industriais; -localizam-se os bairros de
-Com baixos índices de habitação social, construídos
poluição. pelas autarquias, para
pessoas com menos
recursos, com o objetivo de
realojar os que habitam em
bairros degradados ou que
foram desalojados por
catástrofes naturais;
-São constituídos por blocos
de apartamentos, monótonos
e idênticos, de pequena
dimensão, que se degradam
rapidamente devido à fraca
qualidade de construção;
-O valor do solo é mais
baixo

 As áreas industriais

 Nas últimas décadas, a atividade industrial tem sido marcada por movimentos de
desconcentração, traduzidos pelo abandono das áreas centrais pelas indústrias.

 Os fatores de localização industrial têm-se alterado rapidamente. O desenvolvimento dos


transportes, a abundante e diversificada mão de obra, o aumento do número de
consumidores e a maior diversificação de serviços de apoio são os fatores preponderantes
na localização das unidades indústrias na atualidade.

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 A desconcentração da indústria e a sua migração para as áreas periféricas é explicada,
essencialmente, pelos seguintes fatores:
 Elevados custos do solo urbano, forte congestionamento do transito e interdição de
circulação de veículos pesados nas áreas centrais;
 Grande necessidade de espaço;
 Maior facilidade de deslocação das matérias-primas, dos produtos finais e da mão de
obra, mais numerosa nas áreas periféricas;
 Alterações no processo produtivo, com a segmentação da produção;
 Criação de parques industriais nas áreas periféricas.

 As áreas centrais não excluem totalmente a indústria, apesar da sua segregação no espaço
urbano. No entanto, devido ao elevado preço do solo urbano que se regista no centro e à
forte disputa pela ocupação do espaço, apenas certas indústrias se podem localizar aí.

 Assim, nas áreas centrais, a diminuta função industrial caracteriza-se pela existência de
indústrias:
 De bens de consumo de pequena dimensão;
 Ligadas aos estabelecimentos comerciais existentes;
 Que produzem produtos de alto valor;
 Que exigem contacto direto com o consumidor para a escolha de materiais, cores e
modelos, como, por exemplo, a alta costura.

 Quais as alterações recentes na organização interna das cidades?


 A nobilitação urbana…

 Como visto anteriormente, nas últimas décadas, as áreas centrais das cidades tenderam a
degradar-se, em consequência de um modelo de crescimento urbano de desconcentração
para a periferia.

 Mais recentemente, o mercado de habitação tem sido marcado pela emergência de novos
produtos imobiliários e de novos formatos de alojamento, com consequências na
organização espacial urbana. Estas transformações têm configurado uma tendência de
recentralização, que coexiste com a contínua desconcentração de muitas funções urbanas.

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 A criação de condições favoráveis à atração de capitais privados para a regeneração das
áreas centrais tem constituído um fator estratégico para a gentrificação/nobilitação
urbana, isto é, para a fixação das novas classes médias nos centros, incrementando a
especulação fundiária e contribuindo para um desalojamento e expulsão dos grupos
socioeconómicos mais desfavorecidos, que deixam de poder pagar o aumento dos custos
da habitação que acompanham o progresso de regeneração.

 O aumento da população flutuante

 A par da gentrificação residencial, assiste-se, em determinados bairros populares e


históricos das áreas centrais das cidades mais importantes, à designada gentrificação
turística. Esta assenta no aumento considerável do número de hotéis e de alojamentos
turísticos de aluguer de curta duração, que começam a substituir gradualmente as funções
tradicionais de habitação para uso permanente, arrendamento a longo prazo e o comércio
local tradicional de proximidade.

 Em algumas cidades portuguesas, para além do acréscimo muito significativo do número


de turistas, há ainda a registar o aumento do fluxo de estudantes universitários
provenientes de outros países, que tem contribuído para o incremento da população
flutuante, sobretudo nas áreas centrais.

 O aumento da população flutuante tem conduzido também à gentrificação funcional


destas áreas centrais, com a multiplicação de novas unidades de alojamento, comércio,
restauração e lojas híbridas.

 Como consequência destes fenómenos, assiste-se ao agravamento do desalojamento da


população original e à impossibilidade de a população de menores recursos aceder à
habitação nessas áreas.

 Determinadas autarquias, como as de Lisboa e Porto, definiram áreas de contenção do


alojamento local. Estas visam impedir a instalação de novos estabelecimentos turísticos
nos bairros onde a sua presença já tem um peso excessivo em relação ao total de
alojamentos residenciais disponíveis. O objetivo fundamental é garantir o arrendamento
normal acessível, para que estes bairros não percam a sua função residencial.

 Quais os principais tipos de malha urbana?

 As características da morfologia urbana resultam de um conjunto de fatores históricos,


topográficos, económicos, socioculturais, tecnológicos, entre outros. Assim, todas as
cidades apresentam uma determinada estrutura, que se reflete na sua malha urbana/planta.

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 Embora cada cidade apresente uma morfologia própria, a classificação da malha urbana
atende, principalmente, à forma da rede viária e contempla três tipos básicos de malhas:
irregular, ortogonal e radioconcêntrico.

 A planta irregular…

 Caracteriza-se por apresentar:


 Traçado anárquico típico das cidades muçulmanas, com ruas geralmente estreitas e
tortuosas, por vezes a terminarem em becos e pátios interiores e, consequentemente,
sem saída;
 Existência de bairros densos, calçadas e escadaria, que impedem ou dificultem a
circulação moderna do tráfego.

 Em Portugal, este tipo de traçado está patente, por exemplo, em dois bairros lisboetas –
Alfama e Mouraria – sendo também possível identificar sinais mais evidentes desta malha
nas cidades de Évora e Faro.

 No entanto, mesmo nas cidades onde a influência muçulmana não se fez sentir, é comum
encontrar este tipo de planta em outros centros urbanos, principalmente, nos quarteirões
centrais mais antigos, em parte devido ao crescimento lento e descontínuo, e/ou
inexistência de planeamento urbano.

 A planta radioconcêntrica…

 Caracteriza-se por apresentar:


 Um núcleo central em volta do qual se desenvolvem artérias sensivelmente circulares
e intersetadas por vias radiais de acesso ao centro;
 Uma maior facilidade nos trajetos diretos entre qualquer ponto;
 Considerável adaptabilidade a locais de relevo mais acidentado;

 No nosso país, encontramos este tipo de malha em algumas cidades, tais como:
-Évora, onde a planta da cidade aparece dominada pelos grandes eixos radiais;
-Faro e Castelo Branco, onde o crescimento urbano se processou acompanhando a inclinação
do terreno

 A planta ortogonal…

 Caracteriza-se por apresentar:


 Um traçado geométrico e regular, com ruas direitas e perpendiculares entre si;

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 Uma melhor adaptação às áreas planas, principalmente quando existe um elemento
linear de orientação, tal como a proximidade da linha de costa, de um curso de água ou
até de uma linha férrea;
 Uma maior facilidade na circulação do tráfego urbano;
 Vantagens na divisão administrativa e no loteamento dos quarteirões.

 Uma cidade pode evidenciar mais do que um tipo de malha e traçados ortogonais, usados
em diversos planos de expansão ou reconstrução, tal como aconteceu em Lisboa, que,
após o terramoto de 1755, foi mandada reconstruir segundo o plano ortogonal perfeito.

 Em Portugal, encontramos exemplos do traçado ortogonal em cidade como Espinho, Vila


Real de Santo António, Viana do Castelo, Angra do Heroísmo e Figueira da Foz.

 Uma cidade pode evidenciar mais do que um tipo de malha urbana. Em alguns casos, as
cidades resultam de um plano previamente definido, enquanto que noutros, resultam do
desenvolvimento lento e espontâneo de um determinado povoamento, verificando-se a
justaposição de dois ou mais planos, correspondendo a diferentes épocas do crescimento
urbano e a distintos contextos sociais.

 Quais as fases de expansão urbana?

 Atualmente, as áreas urbanas são os territórios onde habita mais de metade da população
mundial. A expansão urbana é um processo que decorre no tempo e no espaço e que se
caracteriza pelo aumento da população a viver nas cidades e pela extensão geográfica das
áreas urbanas.

 O crescimento do espaço urbano processa-se em duas fases:


 Centrípeta – ou de concentração/densificação;
 Centrífuga – ou de desconcentração/desdensificação.
Fases do crescimento das cidades
Centrípeta Centrífuga
Densificação, concentração da população e Desdensificação, descentralização da
das atividades económicas no centro da população e das atividades económicas
cidade

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 Período de crescimento da cidade  Período de desconcentração demográfica e
resultante da concentração demográfica e funcional, que tem promovido a crescente
funcional; procura das periferias para a construção de
 As cidades exercem uma atração sobre a habitações e para a implantação da
população e sobre as atividades indústria e de atividades terciárias.
económicas dos setores secundário e
terciário.

 Em Portugal, a expansão urbana é um fenómeno relativamente recente, com início nos


anos do século XX, assumindo uma forte expressão na década de 1980, com um modelo
de organização espacial nas periferias dos grandes centros urbanos de Lisboa e do Porto.

 Tal deveu-se, entre outros fatores:


 Ao aumento do preço do solo no centro da cidade;
 Ao desenvolvimento dos transportes coletivos urbanos e suburbanos, que permitiu
uma fácil e rápida ligação entre os diferentes lugares da periferia e, sobretudo, entre
esta e a cidade;
 Aos elevados preços de habitação, o que fez com que os centros ficassem cada vez
mais desprovidos de residentes e para que as cidades se espraiassem para as periferias;
 À existência de vastos espaços sem ocupação: as atividades económicas que
consomem grandes espaços, como as unidades industriais, os centros comerciais, os
armazéns, etc., encontram nos subúrbios vastos terrenos desocupados, ideais para se
instalarem.

 Este processo de desconcentração e desdensificação urbana em direção à periferia das


cidades conduziu ao fenómeno de suburbanização, que se caracteriza, grosso modo, pelo
processo de expansão das cidades para o exterior dos seus limites, através de várias
transformações e configurações de crescimento urbano.

 Esta fase caracteriza-se, espacialmente, por um modelo de expansão urbana compacto e


radial a partir do centro da cidade e por uma progressiva densificação dos espaços
intersticiais em funçao sobretudo dos eixos de transporte coletivo.

 O processo de suburbanização foi acompanhado pelo surgimento de um conjunto de


atividades económicas e alicerçado na construção de vias de comunicação, que ligam os
vários centros urbanos entre si e entre estes e o centro principal, criando uma relação de
complementariedade dando origem a novas centralidades.

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 Assim, a cidade mais tradicional, tal como a conhecemos, de contornos bem definidos e
com um centro de gravidade nítido, continua a existir, mas agora em articulação com
novos espaços urbanizados.

 Este processo deu origem ao surgimento das chamadas:


 Cidades-satélite
- Apresentam uma funçao residencial funcional capaz de satisfazer as necessidades da
população, sendo geradoras de emprego, para muitos seus habitantes;
- Dotadas de infraestruturas e equipamentos de apoio que lhes conferem um dinamismo
socioeconómico importante;
- Continuam dependentes económica e financeiramente da cidade principal mais próxima.

 Cidades-dormitório
- O número de atividades económicas é muitas vezes insuficiente para dar emprego à
população ativa que nelas reside;
-Não possuem equipamentos e infraestruturas que permitem satisfazer as necessidades
diárias da população;
- São as que mais contribuem para o aumento dos movimentos pendulares.

 Quais os problemas associados à suburbanização?

 A terciarização dos centros urbanos traduziu-se, como visto anteriormente, na “expulsão”


das fases da cidade-centro, ou seja, no afastamento da funçao residencial para as
periferias, para áreas de menor valor de renda locativa e onde, tendencialmente, há uma
melhor qualidade de vida. Assim, a desconcentração urbana refletiu o afastamento entre
os locais de residência e os locais de trabalho e, consequentemente, o aumento da
mobilidade da população.

 Deste modo, os movimentos pendulares são uma constante no quotidiano da população,


que reside maioritariamente nos subúrbios, e cuja atividade profissional continua a ser
exercida na cidade principal.

 Estes movimentos diários refletem, direta ou indiretamente, alguns transtornos e


problemas, tais como:
 O congestionamento das vias de acesso áreas centrais das cidades;
 O stresse, nervosismo e cansaço, em consequência do aumento do tempo gasto no
trânsito;
 O aumento das despesas com transportes, quer publico, quer particular;

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 A destruição de solos com aptidão agrícola, que vão dando lugar a habitações,
estradas, indústrias, espaços comerciais, etc;
 A desorganização urbanística, que acaba por conferir à paisagem um aspeto caótico e
pouco aprazível.

 Quais as características das áreas periurbanas e rurbanas?

 A periurbanização resulta da expansão física das cidades para as áreas rurais


circundantes, sendo um processo caracterizado por baixa densidade, podendo ser
espacialmente descontinuo e difuso ou em mancha, preenchendo os espaços intersticiais.

 Grande parte das áreas periurbanas localiza-se na proximidade imediata das áreas urbanas
consolidadas, mas pode também corresponder a aglomerados residenciais localizados em
paisagens rurais. Assim, para lá da cintura suburbana, assiste-se a uma interligação entre
as estruturas urbanas e as rurais, deixando, muitas vezes, de haver, ao nivel físico e social,
uma divisão nítida entre a cidade e o campo. Em grande parte das áreas periurbanas, a
densidade populacional é reduzida e os traços rurais prevalecem.

 O espaço periurbano caracteriza-se:


 Pela descontinuidade dos espaços construídos;
 Por um forte dinamismo do uso e ocupação do solo;
 Por uma forte mobilidade pendular;
 Por densidades médias de ocupação baixas;
 Por uma elevada dependência funcional em relação à cidade centro;
 Por uma levada interdependência, sobretudo nas áreas metropolitanas, mais marcadas
pelo policentrismo.

 Por sua vez, o processo de rurbanização é entendido como um processo de êxodo da


população da cidade para o meio rural, que, na maioria das vezes, está relacionado com a
procura de novas e melhores condições de vida, em virtude da degradação da qualidade
de vida das cidades e dos subúrbios. Este processo, ao contrário da periurbanização,
implica não só a expansão física das cidades, mas também a disseminação de padrões
sociais, económicos e culturais inerentes ao modo de vida urbano por parte de ex-
citadinos, que nas áreas rurais se fixam.

 Quais as características das áreas metropolitanas?

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 Os processos de concentração e desconcentração urbanas, particularmente evidentes em
Lisboa e no Porto, estão associados ao surgimento das respetivas Áreas Metropolitanas,
criadas pela Lei n. º44/91, de 2 de agosto. Posteriormente, com a Lei n. º10/2003, de 13
de maio (que revoga a Lei n. º44/91), foi estabelecido o regime de criação de articulações
das:
-Áreas Metropolitanas (AM);
-Grandes Áreas Metropolitanas (GAM);
-Comunidades Urbanas (ComURB).

 A Área Metropolitana de Lisboa (AML) e a Área Metropolitana do Porto (AMP) são


áreas que se distinguem claramente do restante território nacional por vários fatores, entre
os quais:
 A elevada densidade populacional;
 A importância estratégica que apresentam a nivel económico, cultural, social e
ambiental;
 O elevado fluxo de pessoas e bens que potenciam.

 A Área Metropolitana de Lisboa (AML)

 Concentra 18 municípios, que se distribuem por uma área de 3015 km2

 A atratividade territorial e o efeito polarizador desta área metropolitana justificam-se por


diversos fatores, tais como:
 Englobar a capital do país e ser a principal área urbana nacional;
 Reunir uma maior concentração geográfica de recursos estratégicos para o
desenvolvimento;
 Apresentar um importante património cultural e uma base económica e lúdica muito
diversificada;
 Apresentar capacidade de atrair pessoas e atividades qualificadas de outros países.

 A demografia…

 A nivel demográfico, a AML concentra cerca de ¼ da população nacional – 2 870 770


habitantes, em 2021.
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 A taxa de variação da população residente entre 2011 e 2021 foi cerca de 1,7%, apesar de
se constatarem importantes assimetrias intrametropolitanas:
-Amadora, Lisboa, Vila Franca de Xira, Moita e Barreiro, localizados na primeira coroa,
registaram as maiores perdas populacionais;
-Seixal e Sesimbra, localizados na segunda coroa exterior a Lisboa, registaram um aumento
da população residente.

 As atividades económicas…

 A AML constitui-se como principal polo de emprego e o motor de economia portuguesa


(tem quase o dobro das empresas que a AMP).

 Apresenta o maior número de pessoas em idade ativa e tem a remuneração média mensal
mais elevada do país.

 A atividade económica regional assenta em setores muito diversificados e na sedeação e


concentração dos elementos mais dinâmicos do desenvolvimento económico nacional.
Verifica-se que:
 Há uma elevada concentração de atividades económicas associadas ao setor terciário e
quaternário;
 Em torno da cidade de Lisboa e municípios adjacentes, concentra-se um conjunto de
serviços relacionados com as tecnologias digitais, grandes sedes empresariais,
atividades administrativas e de serviços de apoio, comercio grossita e a retalho,
imobiliárias, seguros e turismo;
 Nos municípios da Península de Setúbal e em Vila Franca de Xira, a indústria
transformadora tem um papel relevante no contexto económico.

 A maior concentração da indústria nos municípios periféricos resulta:


 Da maior disponibilidade de terrenos a preços acessíveis;
 Da existência de boas vias de comunicação, que se traduz numa grande acessibilidade
e no fácil acesso às matérias-primas, assim como no rápido escoamento dos produtos
finais.

 Surgem núcleos de concentração industrial, assumindo também grande importância o


padrão disperso ordenado, onde as unidades indústrias se localizam ao longo dos grandes
eixos circulação rodoviária e ferroviária.

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 A forma de uso e ocupação do solo…

 A forma de ocupação do solo é diversificada na AML. É uma vasta área, onde, para além
dos espaços edificados, apresenta tembém, uma elevada quantidade, diversidade e
qualidade dos recursos naturais, sendo que 18% do território corresponde a áreas
protegidas.

 Na AML, a urbanização apresenta um padrão de distribuição mais concentrado do que na


AMP.

 A mobilidade…

 Em 2017, o automóvel foi o principal meio de transporte usado nas deslocações


realizadas pelos residentes na AML (58,9%), sendo que o número de deslocações por dia
ascendeu a 5,4 milhões, 65,4% das quais dentro dos limites da própria área metropolitana,
essencialmente para trabalhar e estudar.

 A Área Metropolitana do Porto (AMP)

 Na Área Metropolitana do Porto (AMP) residiam, em 2021, 1 736 491 habitantes, cerca
de 17% do total da população residente em Portugal.

 A AMP distribui-se por uma área de cerca de 2040 km2. É constituída por 17 municípios
contíguos.

 A demografia…

 A taxa de variação da população residente entre 2011 e 2021 foi de -1,3%, evidenciando,
globalmente, a perda de população. Verificaram-se, no entanto, consideráveis diferenças
entre os municípios:
- As maiores perdas populacionais observaram-se nos municípios do Porto, Matosinhos,
Maia e São João da Madeira.
-Os municípios que registaram maiores ganhos populacionais foram os municípios mais
periurbanos e rurbanos, como Povoa de Varzim, Valongo, Paredes e Arouca.

 As atividades económicas…

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 A AMP concentra cerca de metade da riqueza gerada na região Norte do país.

 O setor terciário predomina na AMP, sobretudo no município do Porto, em atividades


ligadas ao comercio grossista e a retalho, à hotelaria e ao alojamento/restauração e
similares.

 Quanto ao setor secundário, predominam as indústrias de bens de consumo, tradicionais


de trabalho intensivo e pouco exigentes em qualificação da mão de obra, que, por tradição
estão associadas às exportações, como os têxteis, o vestiário e o calçado.

 Nos últimos anos, a AMP tem beneficiado da implementação de novas e modernas


unidades industriais, onde a tendência é de diversificação do seu modelo industrial. Em
termos de localização, esta é relevante na maioria dos municípios, sobretudo de São João
da Madeira, Oliveira de Azeméis, Vale de Cambra, Santo Tirso e Trofa.

 A forma de uso e ocupação do solo…

 Na AMP, predomina o padrão industrial disperso (difuso), pois as unidades fabris vão-se
intercalando com áreas agrícolas. A par deste, se bem que menos frequente, verifica-se a
tendência para um padrão de ocupação do solo difuso associado a formas mais
concentradas, sobretudo na cintura periférica do Porto.

 Nesta AM, a urbanização apresenta um padrão de distribuição mais disperso do que na


AML.

 A mobilidade…

 O automóvel foi, em 2017, o principal meio de transporte usado nas deslocações


realizadas pelos residentes na AMP (58,9%), sendo que o número de deslocações por dia
ascendeu a 5,4 milhões. Foram realizadas cerca de 3,4 milhões de deslocações por dia,
que, na sua maioria (71%), tiveram origem e destino na área metropolitana.

 Quais os principais problemas urbanos?

 A rápida e contínua expansão urbana tem constituído uma ameaça ao equilíbrio


ambiental, social e económico das cidades, conduzindo a um conjunto de problemas

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resultantes do desajustamento entre as infraestruturas existentes e as necessidades da
população.

Problemas
Urbanísticos Ambientais Sociais
 Degradação do parque  Aumento da poluição  Fenómenos de
habitacional e existência de atmosférica sonora e visual: gentrificação e
construção clandestina. (estes -Os grandes centros industriais, o turistificação, em
fenómenos derivam da crescente uso de automóveis e o resultado da
desarticulação do mercado funcionamento de fábricas emitem instalação de
habitacional (com rendas muito gases poluentes para a atmosfera, estabelecimentos
baixas em habitações (ocupadas) que retêm calor e contribuem para turísticos onde a sua
antigas, e muito elevadas as o efeito de estufa. Geram também presença já tem um
novas (e geralmente, problemas de saúde para peso excessivo em
vocacionadas para habitação de população, como doenças relação ao total de
luxo); respiratórias e outras; alojamentos
-Os anúncios e placares iluminados, residenciais;
 Elevada pressão urbanística, que o excesso de luzes, os fios elétricos  Segregação espacial
se traduz na dificuldade e outros são também uma forma de de diferentes estratos
significativa de acesso à poluição que pode influenciar a populacionais e
habitação, por haver escassez saúde das populações. formação de guetos
face às necessidades existentes ou potenciadores de
por essa oferta ser a valores  Aumento da poluição, conflitos étnico-
superiores aos suportáveis pela provocada pelo lixo doméstico e raciais ou focos de
generalidade dos agregados industrial: muitos dos resíduos marginalidade
familiares; têm como destino os aterros
sanitários que, não obstante o
 Despovoamento dos CBD e cumprimento de todos os
degradação dos bairros antigos; requisitos técnicos de
construção e exploração, têm
 Carências muito graves de como consequências o mau
infraestruturas e odor, a proliferação de doenças,
congestionamento das redes a contaminação de solos, entre
viárias e de transportes; outras;

 Crescimento excessivo dos  Uso de alcatrão, que potencia a


perímetros urbanos e consumo de impermeabilização dos solos e
solo agrícola e natural; agrava os efeitos das inundações
urbanos;
 Aumento dos preços do
imobiliário, muitas vezes  Ausência de espaços verdes.
associado à especulação
imobiliária.

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 Quais as medidas de recuperação da qualidade de vida urbana?

 A qualidade de vida nas cidades resulta de um cruzamento de aspetos que comtemplam,


não só o que diz respeito ao espaço urbano, mas também à vida individual e social dos
seus habitantes.

 A implementação de medidas como a reabilitação urbana, a renovação urbana e a


requalificação urbana têm como objetivo a promoção da qualidade de vida urbana, numa
perspetiva que vise uma maior sustentabilidade ambiental, económica e social.

 A reabilitação urbana…

 A reabilitação urbana visa, de forma articulada:


 Promover a melhoria da qualidade de vida de quem trabalha e vive no local, através da
reabilitação das áreas degradas, da proteção e valorização do património cultural e da
modernização das infraestruturas básicas;
 Fomentar a integração funcional e a diversidade económica e sociocultural dos
espaços;
 Promover uma intervenção em que as funções existentes são mantidas, bem como o
estatuto socioeconómico dos moradores.

 A reabilitação urbana está associada a programas como o Instrumento Financeiro para a


Reabilitação e Revitalização Urbanas (IFFRU 2020).

 A requalificação urbana…

 A requalificação urbana implica uma intervenção assente numa alteração funcional dos
edifícios e dos espaços, através de um conjunto de intervenções destinadas a valorizar as
potencialidades sociais, económicas e funcionais, por forma a melhorar a qualidade de
vida da população residente.

 Em Portugal, no âmbito da requalificação urbana, foi criado, no ano 2000, o Programa


POLIS (Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental). Teve como

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objetivos a valorização do património, a requalificação de espaços públicos nos centros
das cidades e a reconversão de áreas urbanas degradadas.

 Posteriormente, no período 2007-2013, surgiu o POLIS XXI, com o intuito de responder


às debilidades do sistema urbano nacional e enfrentar os desafios cada vez mais
complexos que se colocam às cidades portuguesas.

 A renovação urbana…

 A renovação urbana implica a demolição total ou parcial de edifícios e estruturas de uma


área, que é reocupada com outras funções e por uma classe social mais favorecida. Está
associada a uma mudança:
-De estatuto socioeconómico, na medida em que se procede à reconstrução de novos e
modernos edifícios, ocupados, agora, por classes mis favorecidos.
-De estatuto funcional, pois, por exemplo, as antigas lojas são substituídas por funções
terciarias de nível superior.
 Foi responsável pela demolição dos bairros degradados de barracas,
predominantemente nas áreas metropolitanas.

 Qual a importância do planeamento e do ordenamento do território?

 Face aos problemas urbanos apresentados atualmente pelas cidades, urge a necessidade
de promover um conjunto de ações que permitam um crescimento harmonioso, promotor
do desenvolvimento sustentável.

 O planeamento e a construção do espaço urbano deverão ter em conta aspetos como:


 A reabilitação e revitalização dos centros históricos e dos elementos do património
cultural;
 A recuperação ou reconversão de áreas degradadas;
 A alteração dos modos e formas de utilização dos transportes;
 A melhoria das condições de vida e de trabalho das populações;
 A eficiência do uso de energia em todas as atividades, edifícios e infraestruturas neles
existentes;
 A gestão do ciclo de água;
 A redução do efeito de ilha de calor urbana;
 A construção de espaços verdes multifuncionais.

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 Em Portugal, a política de ordenamento do território e de urbanismo assenta no sistema
de gestão territorial e contempla:
Programas/Instrumentos
Âmbito PNPOT (Programa Nacional da Política de
Nacional Ordenamento do Território)
Programas Setoriais
Programas Especiais
Âmbito Programas Regionais
Regional Definem o quadro estratégico a desenvolver pelos
programas e pelos planos intermunicipais e municipais
Âmbito Programa Intermunicipal
Intermunicipal Plano Diretor Intermunicipal
Planos de Urbanização Intermunicipais
Planos de Pormenor Intermunicipais
Âmbito Plano Diretor Municipal (PDM)
Municipal Planos de Urbanização (PU)
Planos de Pormenor (PP)

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