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GEOGRAFIA

Resumo de preparação para o teste 18/03/2023


→A expansão urbana

Expansão urbana: crescimento da cidade para além dos seus limites e do


domínio do modo de vida urbano.

O aumento da população urbana e o dinamismo funcional impulsionaram o


crescimento das cidades e, consequentemente, conduziram à sua expansão
para a periferia — área contígua ao centro e lugar de origem dos movimentos
pendulares.

O crescimento urbano desenvolveu-se em duas fases distintas:

Fase Centrípeta (Urbanização) — forte concentração demográfica e das


atividades económicas no centro da aglomeração.

Características:
- Crescimento da cidade em resultado do êxodo rural e da imigração.
- Forte disputa do espaço pelas atividades econômicas: setores
secundário e terciário.
- Carência de transportes coletivos.

Consequências:
- Crescimento muito rápido do centro em população e em atividades.
- Aumento dos rendimentos familiares e, consequentemente, do consumo.
- Terciarização do centro.
Fase Centrífuga (Suburbanização) — desdensificação, desconcentração da
população e das atividades econômicas do centro para a periferia.

Características:
- Deslocação de pessoas e de atividades econômicas do centro para a
periferia, segundo um padrão de localização tentacular.
- Evolução dos transportes e das vias de comunicação promovendo a
deslocação de pessoas e de funções para a periferia.

Consequências:
- Aumento populacional e de atividades econômicas na periferia.
- Aparecimento de novas centralidades na cintura periférica.
- Generalização do transporte particular.

O aumento da população urbana, resultante do êxodo rural e da imigração,


traduziu-se na densificação dos aglomerados, determinando novas formas de
organização e de apropriação do espaço, quer pela população quer pelas
atividades económicas.

O aumento demográfico e do consumismo, a terciarização do centro, o


aumento da renda locativa e a escassez de habitação, a sobrelotação das
infraestruturas e a falta de espaço e de qualidade ambiental estão na base da
expansão urbana para as áreas periféricas da cidade, contribuindo para o
despovoamento do centro e o crescimento dos subúrbios.

Os subúrbios e as áreas periurbanas

Suburbanização: processo de crescimento da para a periferia. É gerado pelo


crescimento demográfico e pela reestruturação interna das cidades.

Subúrbio: área periférica de uma cidade, mais ou menos urbanizada, muito


dependente da cidade, onde residem vários grupos sociais que se deslocam
diariamente para o centro da cidade, onde exercem a sua atividade
profissional ou outras atividades sociais diárias.
Periurbanização: processo de amplo crescimento do espaço urbano que inclui
as periferias da cidade-centro e os espaços mais afastados, com menor
densidade.

O aumento da taxa de urbanização traduziu-se na expansão do tecido urbano


da maior parte das cidades portuguesas, dando origem à suburbanização, que
gerou alguns problemas sociais e territoriais.

A suburbanização ocorreu, sobretudo, no litoral e resultou da conjugação de


vários fatores, como o desenvolvimento dos transportes públicos, a melhoria
das acessibilidades, o aumento da motorização, a disponibilidade de terrenos
mais baratos para construção e a habitação a preços mais acessíveis.

O processo de suburbanização caracteriza-se, muitas vezes, por um


crescimento rápido e desordenado do tecido urbano, pela intensificação da
mobilidade pendular e pela ocupação e destruição de solos com aptidão
agrícola.

O crescimento dos subúrbios dá origem ao aparecimento das áreas


periurbanas, que se traduzem no crescimento urbano para além da cintura
formada pelos subúrbios. Nas áreas periurbanas é possível encontrar
atividades e estruturas urbanas com outras de caráter rural. Distinguem-se
pelo declínio da atividade agrícola, pela implantação de atividades ligadas à
indústria, ao comércio e aos serviços, pela ocupação difusa do espaço e pela
baixa densidade de ocupação do espaço.

A suburbanização conduziu à formação das Áreas Metropolitanas de Lisboa e


do Porto.

As Áreas Metropolitanas

A suburbanização que ocorreu, sobretudo no litoral, em torno das cidades de


Lisboa e do Porto, conduziu ao crescimento de alguns aglomerados periféricos
que adquiriram dinâmicas territoriais próprias. Entre a periferia e a cidade
estabeleceram-se relações de complementaridade que determinaram uma
gestão conjunta dos concelhos envolvidos, conduzindo à formação de duas
áreas metropolitanas.

Além da forte industrialização, as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto


caracterizam-se pela elevada concentração de atividades do setor terciário e
de população.

Em termos demográficos, a AML e a AMP são constituídas por uma população


mais jovem, mais instruída e com maiores qualificações. O dinamismo
económico destas áreas deve-se, em parte, à concentração de indústrias que
aí se implantaram, pois beneficiavam da complementaridade entre empresas
de diferentes ramos, da acessibilidade a diferentes mercados, da elevada
oferta de mão de obra e de infraestruturas e serviços de apoio à sua atividade.

Na AML há uma diversidade do tecido industrial, com destaque para a


indústria de capital intensivo, e o seu padrão de localização é disperso, nos
concelhos periféricos da AM, seguindo o traçado dos grandes eixos de
circulação rodoviária e ferroviária. Na AMP há uma concentração de indústrias
de bens de consumo tradicionais (vestuário, calçado, mobiliário, ...), que
requerem uma utilização mais intensiva da mão de obra pouco qualificada.
São indústrias com alguma especialização e associadas à exportação. Em
Portugal, a distribuição espacial da indústria transformadora evidencia fortes
contrastes, sobretudo entre o litoral e o interior.

Problemas urbanos

O crescimento urbano originou problemas que reduziram o bem-estar e a


qualidade de vida dos habitantes das cidades. Problemas como a degradação
do parque habitacional, a saturação das infraestruturas e equipamentos, a
poluição sonora e atmosférica, o aparecimento de "ilhas urbanas de calor", o
aumento de casos de pobreza e exclusão social provocados pelo desemprego,
a insegurança, o aumento de situações de stress e fadiga, o despovoamento, o
envelhecimento e a solidão transformaram as cidades em espaços menos
atrativos.
O planejamento territorial surge como um processo fundamental para prevenir
e resolver os problemas urbanos. A revitalização urbana acontece através de
processos de reabilitação, requalificação e renovação urbanas e de programas
de apoio para realojamento da população que vive em edifícios, bairros e/ou
áreas degradadas.

Devolver a qualidade de vida às cidades requer humanizá-las e criar condições


para fixar a população mais jovem. A estratégia passa por criar mais emprego,
melhorar a mobilidade urbana, criar serviços de apoio às crianças e aos
idosos, a definição de políticas de envelhecimento ativo e a criação de
atividades intergeracionais, e outras que promovam o convívio social nas
cidades.

Medidas de melhoria das condições de vida urbana

A partir dos anos 80 do século passado, Portugal começou a implementar um


conjunto de planos de ordenamento do território que atuam a várias escalas,
desde o nível nacional ao regional e ao local, e visam a recuperação da
qualidade de vida nas cidades, valorizando-as. Esses instrumentos de gestão
territorial (IGT) estão enquadrados pela lei de bases gerais da política pública
de solos, de ordenamento do território e de urbanismo.

IGT - Instrumento de Gestão Territorial (escalas):

— Nacional
PNPOT (Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território)
● é o instrumento de topo do sistema de gestão territorial;
● define objetivos e opções estratégicas de desenvolvimento territorial e
estabelece o modelo de organização do território;
● constitui-se como o quadro de referência para os demais programas e
planos territoriais e como instrumento orientador das estratégias com
incidência territorial.

— Regional
PROT (Programas Regionais de Ordenamento do Território)
● definem a estratégia regional de desenvolvimento territorial;
● constituem o quadro de referência para a elaboração dos programas e
dos planos intermunicipais e dos planos municipais.
— Municipal
PMOT (Planos Municipais de Ordenamento do Território)
↪ PDM — Plano Diretor Municipal
● é o instrumento de referência para a elaboração dos demais planos
municipais;
● define a estratégia de desenvolvimento territorial do município, a política
municipal de solos, de ordenamento do território e de urbanismo, o
modelo territorial municipal, as opções de localização e de gestão de
equipamentos de utilização coletiva e as relações de interdependência
com os municípios vizinhos, integrando e articulando as orientações
estabelecidas pelos programas de âmbito nacional, regional e
intermunicipal.
↪ PU — Plano de Urbanização
● desenvolve e concretiza o plano diretor municipal;
● estrutura a ocupação do solo e o seu aproveitamento;
● define a localização das infraestruturas e dos equipamentos coletivos
principais.
↪ PP — Plano de Pormenor
● desenvolve e concretiza as propostas de ocupação de qualquer área do
território municipal;
● estabelece regras sobre a implantação das infraestruturas; o desenho
dos espaços de utilização coletiva; a organização espacial das demais
atividades de interesse geral; etc.

Revitalização urbana

A degradação da qualidade de vida nas cidades tornou urgente a revitalização


urbana, ao nível do edificado, das atividades económicas e do espaço público.
Através de ações de reabilitação, requalificação e de renovação, a
revitalização urbana visa a recuperação da centralidade, da vitalidade e da
competitividade do espaço urbano.

Reabilitação urbana: consiste no processo de transformação urbana que


envolve a execução de obras de conservação, recuperação e readaptação de
edifícios e de espaços urbanos, com o objetivo de melhorar as suas condições
de uso e de habitabilidade, mantendo a função, as características
arquitetônicas e socioeconómicas dos cidadãos

Requalificação urbana: são intervenções que visam restituir a qualidade a um


determinado espaço, melhorando as condições físicas dos edifícios e/ou dos
espaços urbanos. Dá outras funções aos espaços urbanos mas mantém as
características arquitetônicas, como igrejas transformadas em museus.

Renovação urbana: envolve intervenções mais profundas, que incluem a


demolição total ou parcial de edifícios e/ou infraestruturas degradados, como
o Parque das Nações.

→ A rede urbana e as relações campo-cidade

Rede urbana: conjunto de aglomerações urbanas que se situam numa


determinada área e se diferenciam pela sua dimensão e pela sua função,
ligadas entre si por eixos de comunicação e fluxos.

Sistema urbano: conjunto de cidades e das respetivas áreas de influência que


estabelecem entre si relações de ordem hierárquica, quer de dependência quer
de complementaridade.

As características da rede urbana

A rede urbana portuguesa caracteriza-se por um acentuado desequilíbrio,


evidente do ponto de vista demográfico, da repartição espacial e do nível de
funções oferecidas pelos centros urbanos. Esses desequilíbrios poderão ser
minimizados com o desenvolvimento de cidades de média dimensão.

Tendo por base as dimensões demográfica e funcional, a extensão e a


intensidade da sua área de influência, as redes urbanas podem ter um padrão
mais centralizado e hierarquizado - redes monocêntricas - e apresentar um
certo desequilíbrio entre as aglomerações que as constituem, ou apresentar
um contraste menor entre si - redes policêntricas.

A distribuição dos lugares urbanos no território nacional deu origem a um


sistema urbano policêntrico — constituído por várias aglomerações urbanas,
equilibradas sob o ponto de vista demográfico e funcional, com
especializações diferenciadas que interagem e cooperam entre si, através de
relações de complementaridade — que se caracteriza por:

● dois Arcos Metropolitanos de Lisboa e Porto, que se destacam pela


dimensão demográfica e territorial;
● uma rede de pequenas e médias cidades no interior, desde o nordeste
transmontano até ao interior algarvio, composta por cidades como
Bragança, Vila Real, Guarda, Castelo Branco, Évora e Beja, cujo
crescimento urbano exerce um poder de atração sobre as áreas rurais
envolventes;
● um conjunto de cidades, nas regiões autónomas, com destaque para o
Funchal (Madeira) e Ponta Delgada (Açores), que se localizam junto à
costa devido à proximidade aos principais portos marítimos e
aeroportos, que permitem estabelecer ligações com outros territórios.

O sistema urbano português reflete um acentuado processo de litoralização e


de bipolarização na distribuição da população, ou seja, esta tende a
concentrar-se nas faixas litorais e nas áreas metropolitanas. Verifica-se,
igualmente, um aumento populacional em algumas cidades do interior do
território continental, bem como um contínuo processo de suburbanização que
favorece o crescimento de centros urbanos periféricos.

A hierarquia dos lugares na rede

O desequilíbrio do sistema urbano evidencia uma forte hierarquização, isto é,


existe um pequeno número de cidades grandes e de média dimensão, que se
sobrepõe a um elevado número de cidades de pequena dimensão.

Área de influência ou hinterland: área que envolve uma cidade central e sobre a
qual o lugar central exerce uma atração sobre a população e oferece bens,
serviços e emprego e que, por sua vez, também constitui uma área
complementar pois oferece à localidade central serviços, bens e mão de obra.

Lugar central: lugar com boa acessibilidade que oferece bens e serviços a uma
área de influência.

A importância de um lugar central é determinada pela extensão da sua área


de influência, que é tanto maior quanto mais rara for a função central
oferecida nesse lugar central. Assim:

- as funções de nível inferior oferecem bens e serviços mais frequentes


(farmácia, padaria, cabeleireiro, supermercado) e mais próximos da
população. São prestadas por um maior número de lugares urbanos que
têm uma menor área de influência;
- as funções de nível superior oferecem bens e serviços mais raros,
especializados (banca, comércio de luxo, cultura, hospital central) e
menos acessíveis. São prestadas por um menor número de centros
urbanos, geralmente os de maior dimensão, que têm uma maior área de
influência.

A rede urbana no contexto europeu

Aglomeração urbana: território que, independentemente dos limites


administrativos, apresenta contiguidade de construção com densidade
residencial característica do facto urbano. Inclui um lugar central e os
territórios adjacentes com ele funcionalmente relacionados em termos de
emprego e de abastecimento de bens e serviços.

Ao contrário da rede urbana portuguesa, vários países europeus têm uma rede
urbana mais equilibrada. Apresentam sistemas urbanos policêntricos, ou seja,
a população urbana distribui-se por várias aglomerações urbanas e a
repartição espacial das cidades também é mais equilibrada.

Os sistemas urbanos policêntricos são constituídos por várias cidades médias


que impulsionam o desenvolvimento regional desses territórios. Por sua vez,
Portugal apresenta um sistema urbano desequilibrado, apesar da tendência
ser no sentido de um maior equilíbrio. No entanto, Lisboa aparece evidenciada
em relação ao restante território nacional.

Atenuar desequilíbrios da rede urbana nacional

Bipolarização urbana: predomínio de duas cidades de nível hierárquico


superior, que estendem a sua influência a todo o país.

O desequilíbrio da rede urbana deve-se à falta de relações de


complementaridade entre os centros urbanos e a ausência de políticas de
ordenamento do território que promovam um desenvolvimento regional coeso
e eficaz. Como consequência, os territórios são menos dinâmicos e
empreendedores, incapazes de gerarem economias de aglomeração.

O equilíbrio da rede urbana portuguesa passa por desenvolver uma maior


coesão territorial e social, através de políticas de ordenamento urbano mais
equilibradas e harmoniosas. Tal é possível através de:

● Desenvolvimento de cidades e sistemas urbanos policêntricos que se


constituam como motores do desenvolvimento regional, no interior do
país;
● Promoção das relações de complementaridade entre os centros urbanos;
● Valorização das especificidades regionais;
● Maior poder e autonomia local para implementar ações de
desenvolvimento.

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