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PORTUGUÊS — RESUMO DE ESTUDO 20/01/24

GRUPO I — LEITURA E INTERPRETAÇÃO

→ Fernado Pessoa: heterónimos

Alberto Caeiro: o poeta bucólico

A comunhão com a natureza — bucolismo e vida campestre; integração na natureza; identificação com
elementos naturais, os ritmos e ciclos da natureza; valorização da natureza; paganismo (presença divina no
mundo natural); deambulação e contacto com a natureza.

O primado das sensações — sensacionismo (primazia das sensações no conhecimento do mundo);


importância da visão (“a ciência de ver”); recusa do pensamento (“Pensar incomoda como andar à chuva”);
postura antimetafísica (rejeição do que ultrapassa a apreensão imediata do real); defesa do objetivismo;
negação de atitudes de análise e interpretação.

O estatuto de “mestre” — desvalorização da intelectualização; valorização das sensações; apologia da vida


simples e natural.

A teoria e a prática poética — defesa da naturalidade; aparente simplicidade; contradição da “filosofia do não
pensar”; poesia pensada e trabalhada.

Linguagem e estilo — linguagem simples e objetiva; vocabulário e imagens do campo lexical da natureza;
prosaísmo da linguagem (versos longos); tom coloquial; naturalidade sintática (predomínio da coordenação);
irregularidade estrófica; irregularidade métrica; ausência de rimas (versos soltos); simplicidade estilística
(comparações, metáforas, enumerações, anáforas, paralelismos e repetições); recurso habitual ao presente
do indicativo; pontuação expressiva; estilo simples e que procura naturalidade e espontaneidade.

A filosofia de vida de Caeiro será a de alguém que aceita o real e a vida que não problematiza a existência,
que se contenta em “sentir” e “ver”.

Ricardo Reis: o poeta clássico

Consciência e encenação da mortalidade — consciência da efemeridade da vida; aceitação da transitoriedade


da existência; reflexão sobre o fluir inevitável do tempo; indiferença face à morte; inspiração nos elementos
naturais: o rio (metáfora do fluir da vida e da passagem do tempo) e as flores (símbolos da efemeridade da
vida e da beleza perecível); defesa da aurea mediocritas, a vivência tranquila e equilibrada, sem aspirações a
mais do que aquilo que se tem.

Reações:

- Estoicismo — indiferença perante as emoções; renúncia aos bens materiais; aceitação do poder do
destino (apatia); aceitação da passagem inexorável do tempo; atitude de abdicação (aceitação
voluntária do destino involuntário).
- Epicurismo — carpe diem (valorização do dia e dos prazeres do momento presente); culto do prazer e
procura da felicidade relativa; busca do estado de ataraxia (tranquilidade sem perturbações);
moderação e simplicidade nos prazeres; fuga às sensações extremas e recusa das emoções fortes (e,
por extensão, da dor); aceitação da efemeridade da vida; indiferença face à morte; atitude
contemplativa.
- Neopaganismo — aceitação dos deuses mitológicos; crença no Fado (sentido determinista); sujeição
pacífica à hierarquia Fado - deuses - homens.

Linguagem e estilo — relação forma/conteúdo (estilo trabalhado e rigoroso para assuntos elevados);
regularidade estrófica e métrica - ode (predomínio dos versos hexassílabos e decassílabos); preferência pela
ode (composição lírica de origem clássica, dedicada a assuntos nobres e caracterizada pela eloquência,
solenidade e elevação de estilo); linguagem culta e alatinada (arcaísmo e vocabulário erudito); predomínio da
subordinação e complexidade sintática (anástrofe); tom moralista; tom coloquial; uso frequente da primeira
pessoa do plural (tom moralista).
Álvaro de Campos: poeta futurista

Fase futurista e sensacionista:

- Futurismo — apologia da civilização tecnológica e industrial; elogio da força, do progresso e da


modernidade; exaltação do presente.
- Sensacionismo — experiência e expressão excessiva das sensações; sadismo e masoquismo no
contacto com o mundo mecânico; euforia emocional; tom exaltado e entusiástico; atitude provocatória.

Fase intimista: tédio existencial; frustração e desânimo; abulia, desalento e cansaço; angústia, solidão e
isolamento; atitude antissocial e dificuldades de integração na vida em grupo; desajustamento face ao
presente, à realidade e aos outros; dor de pensar; tom introspectivo, pessimista e deprimido.

(Re)conhecimento e sentimento do “eu” relativamente a si mesmo (introspeção e autoanálise); aos outros


(crítica e contraste) e ao tempo (contrastes passado/presente, felicidade/infelicidade). O presente é
caracterizado pela exaltação e euforia, na fase futurista e sensacionista, e desilusão e angústia, na fase
intimista e metafísica. O passado é caracterizado pela felicidade. A infância é um simbolo da pureza, da
inconsciência e da felicidade e o sujeito poético sofre com a consciência da perda irrecuperável do tempo da
meninice.

O imaginário épico (“Ode triunfal”):

- Matéria épica — exaltação do moderno; apoteose (destaque) da civilização; celebração e elogio do


progresso e da técnica.
- Arrebatamento do canto — forma - ode; expressão adequada ao conteúdo; linguagem e estilo
coerentes com a euforia e a admiração do real.

Linguagem e estilo — irregularidade estrófica e métrica (estrofes e versos longos, para expressar sem limites
a euforia ou o desalento); versos brancos (ausência de rima); estilo intenso e repetitivo; ritmo rápido;
linguagem exuberante (empréstimos ou estrangeirismos, neologismos, interjeições, onomatopeias…); riqueza
estilística, adequada aos excessos do conteúdo; pontuação emotiva.

→ Recursos expressivos

Metáfora: aproximação de dois conceitos ou duas realidades, que partilham entre si uma mesma
característica.
Ex: “(...) isto é o que padecem os pequenos. São o pão quotidiano dos grandes”

Anáfora: repetição de uma ou mais palavras no início de versos ou frases sucessivos, para intensificar a ideia
por ela(s) expressa.
Ex: “Não me ponho a pensar se ela sente. / Não me perco a chamar-lhe minha irmã.”

Apóstrofe: interpelação de uma entidade com recurso ao vocativo e aproximando o discurso do tom coloquial
(de conversa).
Ex: “E tu, padre Oceano, que rodeias / O Mundo universal e o tens cercado”

Antítese: apresentação do contraste entre duas entidades, para sugerir a complexidade das ideias.
Ex: “O mal não cessa, não dura o bem.”

Comparação: aproximação explícita de duas ideias ou realidades para destacar as suas semelhanças ou
diferenças.
Ex: “(...) e assim fica, enroscada como toupeira que encontrou pedra no caminho e está a decidir para que
lado há de continuar a escavação da galeria.”

GRUPO II — GRAMÁTICA

→ Valor aspetual

Completude ou incompletude da situação:


- Valor perfeito — apresenta uma situação como concluída e recorre geralmente ao pretérito perfeito
simples do indicativo.
Ex: Já experimentei a app de que me falaste.
O terminal do aeroporto encerrou inesperadamente.
Acabei de identificar as temáticas de inspiração clássica.
- Valor imperfeito — apresenta uma situação como não concluída, inacabada ou em curso e é
frequentemente expresso através do pretérito imperfeito ou do presente do indicativo.
Ex: O escritor vencedor do Nobel continuou a escrever as suas memórias.
Os alunos finalistas preenchiam os impressos de candidatura.
O heterónimo inspirava-se no epicurismo e no estoicismo.

Regularidade ou frequência da ação:

- Valor genérico — Faz-se uma generalização sobre indivíduos ou sobre situações (entendidas como
atemporais e permanentes). Concretiza-se, por exemplo, em provérbios e máximas populares ou
verdades científicas e habitualmente é expressa pelo presente do indicativo.
Ex: Quem espera sempre alcança.
A água é fundamental para a vida.
Valor habitual — apresenta uma situação que se repete com frequência num intervalo de tempo
longo e preferencialmente não delimitado, correspondendo a um hábito. É expressa, geralmente,
através do presente ou do pretérito imperfeito do indicativo e com advérbios ou expressões
qualificadoras.
Ex: O meu pai costuma comprar jornal ao domingo.
Pessoa escrevia em nome deste heterónimo nos momentos de vontade «abstrata».
- Valor iterativo — apresenta uma situação repetida com regularidade durante um intervalo de tempo
curto (sem que configure um hábito). É expressa, frequentemente, pelo pretérito perfeito composto e
pode ser também referida através de advérbios, locuções adverbiais ou expressões temporais.
Ex: Ultimamente, a Lourdes tem tido dificuldades em chegar a horas.
Sempre que podemos, eu e a Mónica ajudamo-la.

→ Funções sintáticas

Funções sintáticas ao nível da frase

Sujeito: é aquele que pratica a ação e é substituível pelo pronome pessoal com a função de sujeito ou pelos
pronomes demonstrativos isto, isso e aquilo (colocados antes do verbo).
Ex: Quem tem boca vai a Roma.
É curiosos que isto aconteça sempre à mesma hora.
Uns e outros fizeram um excelente trabalho.
Predicado: é desempenhado pelo grupo verbal.
Ex: A Mara não abdica dos seus privilégios na empresa.
Tem sido por vezes considerada injusta.
Vocativo: utilizado em contexto de chamamento ou interpelação do interlocutor, identificando-o e ocorre
frequentemente em frases imperativas, interrogativas e exclamativas, sempre isolado por vírgulas.
Ex: Caro cliente, aproveite esta promoção.
Toma atenção, Joaquim!
Modificador (de frase): é um elemento opcional e a sua omissão geralmente não afeta a gramaticalidade da
frase.
Ex: Expectavelmente, o próximo verão será ainda mais quente.
As temperaturas têm sido, de facto, bastante elevadas.
Embora tivesse lido o livro, ele não soube responder à questão.

Funções sintáticas internas ao grupo verbal

Complemento direto: (o que?) é selecionado por um verbo transitivo direto e pode ser um grupo nominal ou
uma oração subordinada substantiva (substituível pelos pronomes átonos o e a ou pelos pronomes
demostrativos isto, isso, aquilo, colocado depois do verbo).
Ex: Compraste um telemóvel novo?
Verifica se é um modelo atual.
Esperamos que seja resistente.
Complemento indireto: (a quem?) é selecionado por um verbo transitivo indireto e é geralmente introduzido
pela proposição a e pode ser substituído pelo pronome pessoal lhe/lhes.
Ex: Aquele cão não obedece ao dono.
Ontem, a Maria lá me agradeceu.
Complemento oblíquo: é selecionado por um verbo transitivo indireto e não pode ser substituído ou retirado
da frase.
Ex: O meu primo João interessa-se por filatelia.
Não posso ir aí agora.
Complemento agente da passiva: é introduzido pela proposição por (simples ou contraída).
Ex: Os anúncios foram criados por uma nova empresa de marketing.
Predicativo do sujeito: é exigido por um verbo copulativo (ser, estar, permanecer, ficar, tornar-se,
revelar-se…), que predica algo acerca do sujeito.
Ex: A nova série parece interessante.
Continuo sem sintomas.
A Ana foi quem contribuiu para o debate.
Predicativo do complemento direto: é selecionado por um verbo transitivo-predicativo (como achar, chamar,
considerar, declarar, julgar, tratar, eleger, nomear, tornar…), que predica algo acerca do complemento direto.
Ex: A associação nomeou a Dina tesoureira.
Todos a consideram muito responsável e acham-na também de confiança.
Modificador (do grupo verbal): (onde? como? quando?) é opcional e desempenhado por constituintes não
selecionados pelo verbo, contribuindo com informações sobre o tempo, o lugar, o modo, a causa, o fim, a
companhia, o instrumento e o meio.
Ex: A encomenda chegará amanhã.
O Nuno apresentou o tema sem hesitações.
Porque tínhamos tempo, arrumámos o sótão.

Funções sintáticas internas ao grupo nominal

Complemento do nome: é selecionado por um nome dependente, à direita do qual se coloca.


Ex: É conhecido o teu interesse por jogos de tabuleiro.
As diferenças entre os irmãos tornaram-se evidentes.
Está por dias o anúncio de que o jogador será transferido.
Modificador do nome restritivo: limita ou restringe a referência do nome que modifica, não ficando entre
vírgulas.
Ex: O novo supermercado vende produtos invulgares.
Devemos consumir preferencialmente alimentos sem sal.
A sopa que fiz ontem tinha legumes frescos.
Modificador do nome apositivo: não restringe a referência do nome que modifica, mas fornece informação
adicional sobre o nome, ficando entre vírgulas.
Ex: A visita, que tinha sido planeada há meses, correu como previsto.

Funções sintáticas internas ao grupo adjetival

Complemento do adjetivo: é selecionado por um adjetivo, à direita do qual surge.


Ex: Esse café fica muito distante da minha casa.
O vendedor, surpreendido com o prémio, agradeceu aos colegas.
Não estou disponível para trabalhar no sábado.

→ Orações subordinadas

Subordinação: consiste na junção de duas ou mais unidades linguísticas numa relação de dependência
hierárquica entre o elemento subordinante e a oração subordinada.

Oração subordinada adverbial

Oração subordinada adverbial causal — exprime o motivo (a causa) do evento descrito na subordinante.
Ex: A estante foi finalmente montada, porque encontrámos o parafuso.
Por faltar um parafuso, a estante não pôde ser montada.
Oração subordinada adverbial comparativa — contém o segundo elemento de uma comparação que se
estabelece em relação a uma situação apresentada na subordinante.
Ex: Os lucros deste ano foram maiores do que os do ano passado.
O espetáculo foi tão inovador como se anunciara.
Participaram tantos artistas quantos os países que se envolveram no projeto.
Oração subordinada adverbial concessiva — sugere um potencial impedimento à concretização da situação
apresentada na oração subordinante, mas que, ainda assim, não a impede.
Ex: O preço dos produtos não desceu, embora tenham reduzido os custos.
Se bem que reduzidos os custos, o preço dos produtos não desceu.
Oração subordinada adverbial condicional — exprime a condição de que depende o facto expresso na
subordinante.
Ex: Caso não chova, a cerimónia de abertura decorrerá ao ar livre.
A cerimónia de abertura decorrerá ao ar livre, desde que não chova.
Não chovendo, a cerimónia de abertura decorrerá ao ar livre.
Oração subordinante adverbial consecutiva — exprime a consequência de um facto apresentado na
subordinante.
Ex: Gosto tanto de chocolate que como um tablete todos os dias.
Oração subordinada adverbial final — exprime a intenção (finalidade) da realização da situação descrita na
subordinante.
Ex: Experimentei outro fermento para que o bolo ficasse mais fofo.
Para o bolo ficar mais fofo, experimentei outro fermento.
Oração subordinada adverbial temporal — estabelece a referência temporal em relação à qual a subordinante
é interpretada.
Ex: O processo é iniciado, assim que carregamos no botão.
Carregando no botão, o processo é iniciado.

Oração subordinada substantiva

Oração subordinada substantiva completiva — é o sujeito ou complemento de um verbo, nome ou adjetivo,


podendo ser introduzida pelas conjunções que, se e para.
Ex: O aviso informa que esta rua estará intransitável amanhã.
É importante que todos cumpram as regras do condomínio.
Depois da reunião, ficou a sensação de que haverá mudanças na empresa.
Consciente de que terá dificuldades, a Bruna inscreveu-se na maratona.
Oração subordinada substantiva relativa — é o sujeito, complemento de um nome, de um adjetivo ou de um
verbo, modificador do grupo verbal e predicativo do sujeito e é introduzido por elementos relativos sem
antecedente, como quem, o que, onde, quanto.
Ex: O que não tem remédio remediado está.
Para este projeto, procuro quem tenha competências criativas.

Oração subordinada adjetiva

Oração subordinada adjetiva relativa restritiva — restringe a informação dada sobre o antecedente e
desempenha a função sintática de modificador do nome restritivo.
Ex: O concurso de argumentação em que participamos teve momentos muito interessantes.

Oração subordinada adjetiva relativa explicativa — contribui com informação adicional sobre o antecedente e
desempenha a função sintática de modificador apositivo do nome.
Ex: O concurso de argumentação, que teve momentos muito interessantes, terá uma nova edição.

→ Processos irregulares de formação de palavras

Extensão semântica: processo através do qual uma palavra existente adquire um novo significado.
Ex: Janela e portal (termos hoje aplicados na informática por extensão semântica).
Empréstimo: processo de transferência de uma palavra de uma língua para a outra.
Ex: Software (emprestado da língua inglesa).
Amálgama: processo que consiste na criação de uma palavra a partir da junção de duas ou mais palavras.
Ex: Informática (informação + automática); cibernauta (cibernética + astronauta).
Sigla: palavra formada através da redução de um grupo de palavras às suas iniciais, pronunciadas de acordo
com a designação de cada letra.
Ex: PNL — Plano Nacional de Leitura.
Acrónimo: palavra formada através da junção de letras ou sílabas iniciais de um grupo de palavras, que se
pronuncia como uma palavra só, respeitando, na generalidade, a estrutura silábica da língua.
Ex: ONU — Organização das Nações Unidas.
Truncação: processo que consiste na criação de uma palavra a partir do apagamento de parte da palavra de
que deriva.
Ex: Metropolitana — metro; José — Zé.
Onomatopeia: palavra criada por imitação de um som natural.
Ex: Triiim!!! — despertador.

→ Dêixis e referência deítica

Dêiticos pessoais: referem os participantes no ato da enunciação, identificando o falante, o ouvinte e outras
entidades presentes no contexto.
● Pronomes pessoais, sobretudo de 1.ª e 2.ª pessoas (eu, mim, tu, te, nós, vós, convosco…)
● Determinantes e pronomes possessivos, sobretudo de 1.ª e 2.ª pessoas (minha, teu, nossa, vosso,
sua…)
● Formas verbais (cantei, escreveste, regressámos, fareis…)

Deíticos temporais: localizam eventos num tempo simultâneo, anterior ou posterior ao momento da
enunciação do falante.
● Formas verbais (tempos e respectiva articulação). Ex: visitaste, moras…
● Verbos auxiliares. Ex: haver (de)
● Advérbios e locuções adverbiais com valor de tempo. Ex: hoje, agora, há três meses, em breve…
● Alguns nomes e adjetivos. Ex: véspera, recente, atual, contemporâneo, futuro…

Dêiticos espaciais: situam, em termos de espaço e em relação ao enunciador e ao enunciatário, entidades e


objetos.
● Advérbios e locuções adverbiais com valor de lugar. Ex: aqui, cá, aí, por ai, por perto…
● Determinantes e pronomes demonstrativos. Ex: este, esse, aqueles, estas…

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