Urbanísticos

i) Degradação do parque habitacional: a migração da função residencial para

periferia das grandes cidades, na sequência do processo de urbanização, levou à
degradação dos centros históricos. Por outro lado, as rendas fixas e de longa
duração, de valor baixo, não permitem aos proprietários dos edifícios realizar
obras de recuperação. Noutros casos, os proprietários (moradores) são pessoas
idosas que não têm capacidade financeira para realizar obras de conservação ou de
melhoria.
ii) Falta de habitação e sobrelotação dos edifícios:o êxodo rural e as vagas de
imigrantes nos anos 70 e 80 do século XX provocaram uma falta de habitação e de
resposta das infra estruturas, conduzindo ao aparecimento de construções ilegais
iii) Saturação das infraestruturas e equipamentos: resultante do contínuo
crescimento populacional nas áreas urbanas e da incapacidade de resposta das
infraestruturas físicas e dos equipamentos sociais.

Insuficiência das redes de distribuição de água e de energia, bem como de

saneamento(devido à elevada produção de resíduos, à qual também se associa a
dificuldade de recolha e tratamento).
A insuficiência e ineficácia da rede e dos meios de transporte coletivos.
Dificuldade do estacionamento, que origina o estacionamento desordenado(ocupando os
passeios ou os espaços de circulação reservados para peões) e/ou parques de
estacionamento subterrâneos, cuja construção altera a circulação de linhas de água
no subsolo e desestabiliza os alicerces de edifícios vizinhos.
Dificuldade de acesso a serviços públicos ligados à justiça, à educação, à saúde,
às finanças, o que provoca uma grande insatisfação nos utilizadores.
Aumento da emissão de gases poluentes que provocam efeito estufa devido à crescente
utilização do automóvel particular que, por sua vez, agrava os movimentos
pendulares, acentua os índices de ruído e contribui para o congestionamento das
vias de acesso, horas de ponta.
iv) Proliferação de habitação clandestina: a falta de resposta à crescente procura
de habitação e os elevados valores de renda originaram o aparecimento de
construções ilegais, habitadas por famílias de parcos rendimentos.
Bairros clandestinos-Barracas ilegais-Bairros residenciais degradados e
sobrelotados
v) deficiência nas infraestruturas de saneamento básico e de fornecimento de água
potável.

Ambientais
i)Poluição sonora: os níveis de ruído constituem um problema de saúde pública e
afetam a qualidade de vida das populações.
Fontes de ruído urbano
transportes(sobretudo rodoviário)
Atividades industriais
Atividades comerciais
Atividades de lazer (ex: bares e discotecas)

ii) Poluição atmosférica: produzida por diversas fontes (atividades econômicas,

transportes, produção de resíduos e o modo de vida urbano) compromete qualidade do
ar nas grandes aglomerações urbanas e a saúde humana.
iii) Ocupação e Impermeabilização dos solos: facilitada pela falta de ordenamento
do território.A construção em solo com várias aptidões (agricola, florestas…),
leitos de cheia, encostas íngremes e zonas ribeirinhas, contribui para a diminuição
da infiltração e para o aumento do escoamento superficial- aumento do risco de
inundação.
iv)Produção de resíduos urbanos e falta de sistemas de tratamento de resíduos
v)Aumento de temperatura- “ilhas urbanas de calor”
modificações na geometria urbana, nas principais entradas e saídas energéticas da
cidade bem como na densidade dos edifícios cuja rugosidade afeta a velocidade do
vento;
utilização de materiais de construção(alcatrão, betão e fibrocimento) que reduzem a
refletividade das construções e aumentam a absorção de energia solar;
climatização e iluminação artificial de edifícios e ruas.

Socioeconómicos
i)Pobreza e exclusão social
crises económicas que geram desemprego, precariedade de emprego e bolsas de pobreza
Afetam, particularidade
-idosos com baixas reformas ou pensões
trabalhadores mal remunerados
minorias étnicas e imigrantes ilegais
famílias monoparentais
jovens em risco, toxicodependentes e sem-abrigo.

ii)Insegurança e criminalidade
degradação das condições socioeconômicas que acentuam as desigualdades sociais.
Sociais
i)Fadiga e stress.
-ritmo de vida muito intenso
-longas horas em filas de trânsito
-ausência de descanso, de convívio social(...).
ii)Despovoamento, envelhecimento e solidão
-expansão da terciarização e o valor do solo que originaram expulsão de residentes
jovens para as periferias
-ausência de espaços verdes que fomentam o convívio social

O papel do planeamento
Os problemas urbanos radicam, em grandparte, num crescimento desordenado e sem
controlo das cidades.Dai que o planeamento seja um processo essencial na prevenção
e resolução dos problemas urbanos.Partindo do conhecimento da realidade fisica e
humana, o planeamento procura:
gerir a utilização do espaço de forma equilibrada
aproveitar as potencialidades do espaço
criar melhores condições de vida à população
Para tal. foram criados diversos instrumentos legais de gestão do território urbano
(programas e planos) à escala nacional , regional e municipal:
O Sistema de Gestão do Território integra:
NIVEL NACIONAL
NÍVEL REGIONAL
NÍVEL LOCAL

NÍVEL NACIONAL
PNPOT-Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território-É o instrumento
que define o regime de coordenação dos âmbitos nacional, regional e municipal do
sistema de gestão territorial, o regime geral de uso e o regime de elaboração,
aprovação, execução e avaliação dos instrumentos de gestão territorial
PEOT-Planos Especiais de Ordenamento do território-Estabelecido, como o nome
indica, para áreas, como características específicas
POAP-Planos de Ordenamento de Áreas Protegidas
POAAP-Planos de Ordenamento de Albufeiras de Águas Públicas
POOC- Planos de Ordenamento da Orla costeira
POPA-Planos de Ordenamento de Parques Arqueológicos
NÍVEL REGIONAL
PROT-Planos Regionais de Ordenamento do Território (por exemplo o PROTALG ou o
PROTAML)
NÍVEL LOCAL
PIOT-Planos Intermunicipais de Ordenamento do Território ( se for necessário
melhorar a estrada N125 entre Portimão e Lagoa e reclassificar o espaço entre
ambas, por exemplo)
PMOT- Planos municipais de Ordenamento do território
PDM-Planos Diretores Municipais
PU-Planos de Urbanização
PP-Planos de Pormenor
Exemplo-Construção do Centro Comercial Aqua em Portimão
PP-Determina a dimensão Horizontal/vertical, saídas de emergência, estacionamento,
etc.
PU-Determina a organização espacial da área envolvente(casas deitadas abaixo,
circulação do tráfego, etc.)
PDM-Estabelece as linhas gerais de ocupação do território municipal;Tem um prazo de
vigência de 10 anos, findo os quais tem de ser revisto; é um documento dinâmico que
está em permanente avaliação de forma a responder às necessidades e oportunidades
que vão surgindo.
PU-Definem a organização espacial de parte do território municipal integrada no
perímetro urbano; exemplo: zona norte da cidade…PP- Definem, com muito detalhe, a
organização espacial de áreas específicas do município;exemplo um bairro…
Além dos instrumentos legais de ordenamento do território, têm sido criados outros
planos, programas e iniciativas que promovem a valorização das cidades.

Recuperação da qualidade de vida urbana

A qualidade de vida nas cidades resulta de um cruzamento de condições que
contemplam, não só o que se passa no espaço urbano, mas também na vida individual e
social dos seus habitantes. O crescimento das cidades está assim associado a um
vasto e crescente leque de problemas que passam:

Pela diminuição da função residencial dos centros históricos e a sua crescente

“terciarização”, abandono e degradação;
Pela ausência de espaços verdes
Pelo crescimento dos subúrbios, muitas vezes sem planeamento, não proporcionado
qualidade de vida à população
Pela segregação etário, com o envelhecimento dos centros e o rejuvenescimento das
periferias;
Pelo crescente congestionamento de trânsito e dificuldades de estacionamento;
Pelos elevados níveis de poluição;
Pelo elevado nível de desemprego e tudo o que lhe está associado.
A recuperação da cidade passa então por um crescimento harmonioso, que traduza
emprego, segurança e melhores condições de vida para a população.
Assim, travar e inverter a saída de população (sobretudo jovem) para a periferia,
recuperar o parque habitacional e resolver os problemas de habitação, de saúde, de
lazer, de educação, de segurança, de circulação rodoviária e de estacionamento são
fundamentais para recuperar a atratividade da cidade.

Como revitalizar as cidades?

REABILITAÇÃO URBANA

Os programas de reabilitação urbana visam a revitalização das áreas urbanas que

apresentem sinais de degradação.A reabilitação é não só uma melhoria dos
edifícios(externa e interna) mas também uma dinamização das atividades que nestes
se instalaram
-Intervenção em áreas degradadas com vista a melhorar as condições físicas dos
edifícios.
-Mantém os usos do solo e o estatuto dos residentes e das atividades
-Procede ao restauro e conservação dos imóveis.
-PRAUD (Programa de Reabilitação das Àreas Urbanas Degradadas)
-RECRIA (Regime Especial de Compartição da Recuperação de Imóveis Arrendados)
URBAN I e URBAN II (Programa de Reabilitação Urbana
-JESSICA (iniciativa da comissão Europeia oara investimentos sustentáveis em áreas
urbanas com o apoio do banco europeu e de Investimento)
-IFFRU (instrumento financeiro para a reabilitação e revitalização urbana

Requalificação Urbana
A requalificação é a adaptação da estrutura física dos imóveis e/ou espaço urbano a
um novo uso, de acordo com as necessidades do momento. Assim, a transformação de um
cinema num centro comercial ou de um restaurante numa agência bancária inserem-se
neste processo. Consiste então numa alteração funcional determinados espaços
urbanos
-Procede à alteração das funções urbanas dos edifícios ou dos espaços, acompanhada
de uma redistribuição da população e das atividades econômicas.
-Programa Polis-Programa Nacional de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental
das cidades que teve como objetivo apoiar projetos de melhoria da qualidade de vida
urbana (Urbanística e ambientalmente)