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LEI COMPLEMENTAR Nº. 0040 DE 03 DE SETEMBRO DE 2007.

Dispõe sobre o Plano Diretor de


Desenvolvimento Urbano Ambiental –
PDDUA, do Município de Cruz Alta, RS.

O Prefeito Municipal, faço saber que a Câmara Municipal de Vereadores decreta e eu sanciono a
seguinte Lei Complementar:

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

CAPÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS E OBJETIVOS GERAIS

Art. 1°. O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental - PDDUA é o


instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana do Município de Cruz
Alta, tem por objetivo principal ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da área
urbana e rural e da propriedade urbana, para assim garantir a qualidade de vida de seus
habitantes.

§ 1° - O pleno desenvolvimento das funções sociais da área urbana e rural


compreendem o acesso a terra urbana, a moradia, ao saneamento ambiental, a infra-estrutura
urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, assegurados por meios que
não degradem o meio ambiente e o patrimônio histórico cultural.

§ 2° - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende as exigências


fundamentais de ordenação do município expressas no PDDUA.

§ 3° As diretrizes, instrumentos, normas e indicativos de políticas, programas e projetos


do PDDUA devem ser de observância obrigatória por todos os agentes públicos e privados que
atuam no Município.
§ 4° As diretrizes, instrumentos, normas e indicativos de políticas, programas e projetos
do PDDUA devem ser incorporados na Legislação Orçamentária Municipal.

Art. 2°. São princípios do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental do


município de Cruz Alta:

I- gestão democrática, participativa e descentralizada;


II - incentivo ao pleno exercício da cidadania;
III - cumprimento das funções sociais da cidade e da propriedade;
IV - inclusão social e universalização do direito à cidade;
V - acessibilidade: garantia do acesso aos serviços urbanos e equipamentos públicos
coletivos, o fácil deslocamento dentro da área urbana e entre a área urbana e rural para
todas as pessoas;

VI - otimização: aproveitamento racional da infra-estrutura e da área já urbanizada do


município;

VII - diversidade: respeito pela diversidade humana e de atividades, incentivo à


diversidade de atividades nos bairros que hoje são predominantemente residenciais;

VIII - respeito e valorização da paisagem ambiental: histórico, cultural e natural,


com a garantia de um ambiente saudável e equilibrado;

IX - requalificação dos espaços urbanos públicos e abertos, para a valorização do


convívio social;

X - integração da área menos densa e ocupada e da cidade informal à cidade


consolidada, mais ocupada e melhor servida de infra-estrutura – centro e imediações.

Art. 3°. São objetivos gerais do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental
do município de Cruz Alta:

I - apresentar diretrizes para a resolução gradativa dos principais problemas urbanos,


apontados no processo participativo deste PDDUA;

II - instituir diretrizes, instrumentos e normas que garantam um desenvolvimento


municipal sustentável econômica, ambiental e socialmente;
III - reduzir as desigualdades sociais e regionais, por intermédio da execução de
planos, projetos e programas;

IV - incentivar a parceria entre municípios para a resolução de problemas urbanos


comuns e de âmbito regional;

V - incentivar a implementação de políticas públicas com vistas à universalização do


direito à cidade e democratização do acesso à terra, priorizando as famílias de baixa
renda e vulneráveis socialmente;

VI - garantir, por intermédio da execução de políticas, planos, projetos e programas as


funções sociais da cidade e da propriedade;

VII - incluir a cidade informal no processo de planejamento municipal;


VIII - apresentar e incentivar meios para o estabelecimento de parcerias público-
privada com vistas à implementação de habitação de interesse social, melhorias urbanas
e expansão da infra-estrutura;

IX - garantir a participação da população nos processos de decisão, planejamento e


gestão;

X - coibir o uso especulativo da terra como reserva de valor, de modo a assegurar o


cumprimento da função social da propriedade, mediante instrumentos de indução ao
desenvolvimento;

XI - indicar diretrizes para a implementação de programas com vistas ao


reassentamento de famílias ocupantes de áreas de risco e ou impróprias para moradia;

XII - promover a regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por


população de baixa renda, mediante o estabelecimento de normas especiais de
parcelamento e edificação;

XIII - ampliar a oferta de habitação de interesse social.

TÍTULO II

DAS ESTRATÉGIAS GERAIS DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL

CAPÍTULO I

DAS ESTRATÉGIAS

Art. 4°. O PDDUA é composto das seguintes estratégias de desenvolvimento


municipal:
I - Desenvolvimento Econômico - estimulado pelo adequado desenvolvimento
urbano e municipal;

II - Valorização do Patrimônio Ambiental - promoção da sustentabilidade sócio-


ambiental e valorização do patrimônio histórico cultural;

III - Requalificação dos espaços públicos abertos - requalificação urbana das principais
vias e espaços públicos;

IV - Saneamento Ambiental - complementação da infra-estrutura de saneamento


ambiental, principalmente quanto ao correto destino e tratamento do esgoto doméstico,
visando um ambiente ecologicamente equilibrado;

V - Inclusão Social e Espacial, estratégia que contempla ainda o seguinte:

a) Regularização fundiária e produção de habitação de interesse social;


b) Promoção da acessibilidade universal;
c) Efetivação dos equipamentos urbanos comunitários de lazer nos bairros, como
praças e parques;

VI - Incentivo ao exercício da cidadania e da participação e do controle social, pela


implementação de instrumentos de democratização da gestão urbana, dentre eles o
relatório de impacto de vizinhança.

VII - Ordenamento Territorial e Regime Urbanístico Flexível, o qual objetiva:

a) apresentar um macrozoneamento municipal condizente com as características e


vocações do município, respeitando o patrimônio ambiental;
b) apresentar um zoneamento da macrozona urbana com poucas classificações de zonas,
condizente com os princípios e diretrizes gerais do PDDUA;
c) incentivar a diversidade de atividades nos bairros predominantemente residenciais,
tornando-os mistos, favorecendo a geração de emprego e diminuindo a necessidade de
deslocamentos;
d) respeitar as características locais, quanto ao desempenho de atividades agrícolas no
perímetro urbano, desde que seja ecológica e dentro das áreas de ocupação extensiva, definidas
no zoneamento da macrozona urbana;

VIII - Reestruturação do Sistema de Fiscalização.


CAPÍTULO II

DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Art. 5°. As estratégias de desenvolvimento municipal desta Lei fornece subsídios para o
adequado desenvolvimento econômico de Cruz Alta; é apresentado nesta Lei como conseqüência
da implementação das diretrizes das outras estratégias.

Art. 6°. As diretrizes para a política de desenvolvimento econômico são as seguintes:

I – elaborar e implementar em prazo de 02 (dois) anos o Plano de Desenvolvimento


Industrial para o município;

II – elaborar e implementar em prazo de 2 (dois) anos o Plano de Desenvolvimento


Comercial para o município;

III - compatibilizar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental;

IV - promover medidas que criem novas oportunidades de emprego para a população;

V - adequar a infra-estrutura existente de forma a favorecer a instalação de novas


iniciativas econômicas;

VI – estimular a geração de emprego e renda próximo as moradias, desde que não


sejam incompatíveis com a atividade residencial;

VII – integrar o desenvolvimento econômico com outras políticas, como a


regularização fundiária e de valorização do patrimônio ambiental;

VIII – incentivar contratação de mão-de-obra local quando da instalação de novas


iniciativas econômicas no município.

IX – incentivar a oferta de cursos técnicos adequados à demanda das atividades


econômicas existentes;

X - incentivar o turismo voltado para o patrimônio histórico e cultural, além de


atividades culturais como a música nativista e a dança;

XI – incentivar o cooperativismo;

XII – incentivar a agricultura familiar e ecológica, inclusive na zona rururbana do


zoneamento da macrozona urbana;

Parágrafo único – as diretrizes mencionadas no caput deste artigo serão adequadamente


complementadas pela estruturação e implementação dos programas dos incisos I e II.
CAPÍTULO III

DA VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO AMBIENTAL

Art. 7°. O desenvolvimento urbano equilibrado precede da promoção da valorização do


patrimônio ambiental do município, compreendida pela preservação e destaque das
permanências no meio urbano e rural de manifestações histórico-culturais, de paisagens naturais
e construídas pelo homem.

§ 1° - Patrimônio ambiental engloba o patrimônio natural e paisagístico e o patrimônio


histórico-cultural. Abrange tanto o meio natural, bem como qualquer manifestação material ou
imaterial que seja representativa do homem e da cultura.

§ 2° - Patrimônio cultural é o conjunto de bens imóveis de valor significativo (prédios,


praças, parques, ambiências, sítios e paisagens) e manifestações culturais que conferem
identidade a estes espaços, bem como os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, ação e memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às


manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,


paleontológico, ecológico e científico.

§ 3° - Patrimônio natural e paisagístico - é o conjunto de elementos da paisagem natural


e paisagística do município, englobando flora, fauna, os espaços abertos constituídos para
contemplação ou lazer cuja preservação, manutenção ou conservação são imprescindíveis pelo
seu significado para o meio natural e ambiência urbana ou para a promoção do convívio social e
da recreação.

§ 4° - O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o


patrimônio cultural municipal, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e
desapropriação, além de outras formas de acautelamento e preservação.
Art. 8°. As diretrizes para a política de valorização do patrimônio ambiental são as
seguintes:

I - adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana


compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e do
território sob sua área de influência. Diretriz que contempla ainda o seguinte:

a) definição de perímetro urbano compatível com a zona já urbanizada do


município, desestimulando a implantação de novos loteamentos, os quais gerariam a
necessidade de infra-estrutura, oferta de serviços públicos e maior necessidade de
locomoção dentro do município;
b) utilização do poder de compra do executivo municipal para a promoção do
desenvolvimento sustentável;

II - articulação das ações de preservação ambiental com as de geração de emprego e


renda;
III – articulação das ações de preservação do patrimônio natural e paisagístico com as de
preservação do patrimônio histórico-cultural;
IV - preservação do patrimônio ambiental assegurada de forma direta pela fiscalização
do cumprimento das legislações ambientais e pertinentes, de forma indireta pelas seguintes
diretrizes:
a) promoção da educação ambiental integrada com a educação para a preservação do
patrimônio histórico-cultural para crianças e adolescentes da rede escolar e toda a
população;
b) agregação do uso comunitário em áreas de proteção ambiental, de preservação
permanente e em unidades de conservação, de acordo com as legislações pertinentes;
c) transformação de áreas degradadas ambientalmente ou que necessitam de
recuperação ambiental em áreas de uso comunitário ou de utilidade pública,
d) as diretrizes mencionadas nas alíneas b e c deste artigo, referem-se primeiramente
as áreas de titularidade pública. Para as demais será fiscalizado, quando couber, para que
promova-se a recuperação da área e incentivado para que transformação em áreas de uso
comunitário ou de utilidade pública;

V – articulação dos órgãos públicos afins nas áreas de aprovação de projeto, meio
ambiente e fazenda no licenciamento ambiental de impacto local ou em pareceres técnicos, na
expedição de alvarás de funcionamento de atividades e na análise de projetos novos ou de
reforma, para assegurar o devido cumprimento das legislações e encaminhamentos legais,
favorecendo a efetiva preservação ambiental. Articulação destas secretarias municipais com
demais órgãos pertinentes, entre eles:
a) o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE), para
deliberações quando da intervenção no ambiente urbano ou em construções inseridas nas
zonas de entorno de patrimônio histórico-cultural tombado estadualmente, ou no bem
tombado propriamente dito;
b) a comissão de patrimônio histórico cultural de Cruz Alta, para consultas,
deliberações e solicitação de parecer técnico a respeito, quando da intervenção no
ambiente construído ou em edificações construídas no ano de 1960 ou inferior a esta
época, e demais situações que envolvam o patrimônio histórico cultural;
c) o conselho do meio ambiente, para consultas e pareceres quanto à solicitação de
intervenção em Áreas de Proteção Ambiental (APA) quando não regulamentadas e
demais situações que envolvam o patrimônio natural e paisagístico;
d) o Conselho de Desenvolvimento Urbano de Cruz Alta (CONDURCRUZ) para
consultas e deliberações de situações omissas na legislação e demais assuntos que são de
sua atribuição;

VI– definição de políticas, planos, projetos, normas e ações contínuas que promovam a
proteção, preservação e recuperação dos recursos naturais, do meio ambiente natural e construído,
do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico. Entre elas:

a) políticas de incentivo ao uso de energias renováveis;


b) programas de eficiência energética e aproveitamento sustentável dos recursos
naturais;
c) incentivo a atividades conjuntas entre as entidades da Construção Civil, órgãos
ambientais, empresas transportadoras e outros setores da sociedade, visando a educação ambiental
dos trabalhadores da construção civil das empresas públicas e privadas, priorizando as ações de
minimização da geração, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final adequada para os
Resíduos da Construção Civil (RCC);
d) elaboração e implantação de programas e do Plano Municipal de Gerenciamento
Integrado de Resíduos Sólidos (PGRIS), observando e adequando prazos e diretrizes conforme a
resolução do CONSEMA (Conselho Estadual do Meio Ambiente): n° 017/2001 e demais
legislações pertinentes;
e) elaboração e implantação do Plano e Programa Municipal de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil, observando e adequando prazos e diretrizes conforme as resoluções
do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) n° 307/2002, do CONSEMA n° 109/2005 e
demais legislações pertinentes;

Seção I

Do Patrimônio Natural e Paisagístico


Subseção I

Das diretrizes

Art. 9°. São diretrizes para a estratégia de valorização do patrimônio natural e


paisagístico:

I – ratificação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) de cursos d´água, com a


inclusão das mesmas no macrozoneamento municipal e no zoneamento da macrozona urbana;

II – intensificar a fiscalização e procurar meios para evitar a ocupação residencial e


inapropriada nas APPs;

III – transformar áreas que possuem banhados, cursos d´água e/ou mata nativa em
unidades de conservação, dentro da área urbana;

IV – classificar a macrozona urbana em áreas de preservação ambiental e esta em Área


de Proteção Ambiental (APA), APPs, Unidades de Conservação (UCs), zonas de recreação e
turismo, a qual subdivide-se em praças, parques, áreas de lazer e clubes, afim de assegurar a
preservação de áreas permeáveis e da flora e fauna no meio urbano;

V - na execução da política de valorização do patrimônio natural e paisagístico será


priorizada a elaboração e implementação de projetos integrados, articulados principalmente com
políticas de saneamento ambiental e de regularização fundiária em APPs ou em áreas
inadequadas ou frágeis ambientalmente;

VI – estudar alternativas integradas com as de saneamento ambiental para a


despoluição efetiva e gradativa de cursos d´água, desestimulando as canalizações dos mesmos, as
quais não resolvem a fonte do problema e podem prejudicar a drenagem das águas pluviais;

VII- educação ambiental no meio rural, com o objetivo de estimular práticas adequadas
de preservação do patrimônio natural no meio rural.

Seção II

Do Patrimônio Histórico Cultural

Subseção I

Das Diretrizes

Art. 10. São diretrizes para a estratégia de valorização do patrimônio histórico cultural:
I - elaboração de Plano de Preservação Histórico-Cultural, precedido de Inventário do
Patrimônio Histórico-Cultural, no prazo de 2 (dois) anos;

II - ratificação das zonas de entorno dos patrimônios históricos tombados


estadualmente: Prefeitura Municipal (Portaria de Tombamento n° 08/84/SUSEC-Subsecretaria
de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul) e Museu Érico Veríssimo (Portaria de Tombamento
n° 07/84/SUSEC), no zoneamento da macrozona urbana, de acordo com as respectivas portarias
N° 002/04/SEDAC – Secretaria de Estado da Cultura e N° 025/03/SEDAC;

III – demolição, reforma ou restauro em edificações construídas no ano de 1960 ou


inferior a esta época, bem como daquelas listadas no anexo 8 D – Tabela de Prédios de Interesse
Histórico Cultural, condicionada a análise técnica pela Comissão de Patrimônio Histórico-
Cultural. Esta condição:

a) permanecerá até o prazo de execução do Inventário do Patrimônio Histórico-


Cultural, o qual definirá quais construções são de interesse histórico dentre as do ano de
1960 ou inferior a esta época, e dentre todas as demais;
b) permanecerá condicionada à análise técnica pela Comissão de Patrimônio
Histórico-Cultural, mesmo depois do inventário, salvo mudanças quando da execução
do plano de preservação histórico-cultural;

IV - promover políticas públicas para o restauro das edificações de interesse histórico-


cultural, a começar por aquelas de titularidade do Poder Municipal;

V - educação para a Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural.

Seção III

Dos Incentivos

Art. 11. São incentivos para a preservação do patrimônio ambiental:

I – incentivos fiscais;

II – alteração do regime urbanístico ou aceitação de contrapartida em instrumentos


como a outorga onerosa do direito de construir, para aqueles projetos que se utilizarem de
energias renováveis ou que aplicarem alternativas de gerenciamento sustentável dos recursos
naturais;

III – utilização do instrumento Transferência do Direito de Construir, como forma de


compensação ao proprietário de bem considerado patrimônio ambiental.
Seção IV

Das Políticas, Programas e Projetos

Art. 12. Para alcançar os objetivos e diretrizes do eixo estratégico de valorização do


patrimônio ambiental de Cruz Alta, devem ser elaborados e implementados estudos, programas e
projetos, dentre eles, os seguintes:

I - Programa compras públicas sustentáveis;

II - Programa galpões de separação de lixo reciclável:

a) Projeto de Galpões de Separação de Lixo Reciclável – Núcleo Santa Bárbara;


b) Projeto de Galpões de Separação de Lixo Reciclável – Acelino Flores;
c) Estudo e Projeto para a definição de um sistema de separação de lixo reciclável
que contemple a estruturação de associações de catadores, locais para implantação de
novos galpões de separação, áreas de abrangência da coleta, conscientização da
população para fornecimento do lixo já separado – informação e sensibilização,
definição da rede de compradores;

III - Programa de Educação Ambiental integrada com Educação para a preservação do


Patrimônio Histórico Cultural, o qual contemplaria as seguintes ações:

a) Ciclo de palestras de difusão da legislação ambiental no meio rural;


b) Elaboração de manual sobre tratamento de esgoto por sistema individual;
c) Elaboração de cartilha sobre a importância da Preservação do Patrimônio Histórico-
Cultural;
d) Elaboração de manual de restauro, conservação e intervenção em edificações
históricas;

IV - Implantação de um Sistema de Praças e Parques Urbanos, por meio da:


a) Implantação das diretrizes do eixo qualificação urbano-ambiental que dizem respeito
às praças;
b) Implantação das unidades de conservação (UCs) no entorno dos cursos d´água no
meio urbano, os quais ainda não foram ocupados irregularmente;
c) Implementação de projetos existentes, entre eles o projeto do Parque São Judas Tadeu
e do Projeto de Revitalização da Praça General Firmino de Paula;
d) Elaboração dos projetos para as UCs transformarem-se em Parques Públicos, a
começar por aquelas que são de titularidade pública;

V – Elaboração e implantação imediata de Plano e Programa Municipal de


Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PGRIS);

VI – Elaboração e implantação imediata de Plano e Programa Municipal de


Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil;
VII - Implantação de roteiro cultural lúdico direcionado às crianças;

VIII - Implementação do Memorial Érico Veríssimo;

IX - Finalização do restauro do Museu Érico Veríssimo;

X – Promover parceria com a concessionária de saneamento e entidades públicas e


privadas para a elaboração e implantação de projeto de restauro da casa de máquinas da ETA
(Estação de Tratamento de Água) e paisagismo do entorno transformando a área em um Parque
das Águas.

CAPÍTULO IV

DA REQUALIFICAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS ABERTOS

Seção I

Das Diretrizes Gerais

Art. 13. Espaços públicos abertos são aqueles locais de uso comunitário e de acesso ao
público não construídos, entre eles: vias públicas (faixas de rolamento, canteiros, passeios,
calçadões, vias de pedestre em geral), praças, parques, locais reservados para praças ou parques,
áreas de preservação permanente e unidades de conservação de titularidade pública.

Art. 14. São diretrizes da estratégia de requalificação dos espaços públicos abertos:

I - elaboração de Plano de Arborização Urbana, no prazo de 2 (dois) anos;

II – reestruturação da limpeza urbana dos espaços públicos abertos;

III – intervenção paisagística nos trevos de acesso à cidade e nos canteiros das
principais vias públicas;

IV - configuração dos espaços destinados a praças ou parques, principalmente daqueles


que estão nos bairros mais afastados do centro;

V - manutenção e qualificação das praças existentes, a começar pelas localizadas no


Bairro Centro;

VI - qualificação das principais vias públicas, com o tratamento integrado da via – da


pista de rolamento, canteiro quando existir e passeio;

VII – disciplinar as intervenções nas vias públicas efetuadas por concessionárias de


água, esgoto, energia e telefonia;
VIII – regulamentar e fiscalizar a presença ou instalação de ambulantes e/ou trailer,
bem como estudar adequadas localizações em conjunto com os comerciantes que usufruem desta
modalidade e demais segmentos da sociedade. Entendido como sendo:
a) ambulantes do comércio popular instalados na praça General Firmino de Paula;
b) trailer de comércio de lanches, chaveiros, bancas de jornal, entre outros;

IX – regulamentar e fiscalizar a disposição de equipamentos urbanos, mobiliário urbano


e demais equipamentos móveis nas vias públicas e nos demais espaços públicos abertos.
Entendido como sendo:

a) mobiliário urbano o conjunto dos equipamentos localizados nas áreas públicas da


cidade, tais como abrigos em paradas de ônibus, bancos e mesas de rua, telefones
públicos, instalações sanitárias, caixas de correio, objetos de recreação, lixeiras, placas
de sinalização, placas publicitárias, entre outros;

b) demais equipamentos móveis: container de tele-entulhos;

X – promover políticas públicas de incentivo e parcerias para a qualificação,


manutenção e/ou construção de passeios públicos, a começar pelo Bairro Centro;

XI – incentivar a utilização de pavimentações que favoreçam a permeabilidade do solo,


tanto nos passeios como nas faixas de rolamento.

Seção II

Das Políticas, Programas e Projetos

Art. 15. Para alcançar os objetivos e diretrizes do eixo estratégico de valorização do


patrimônio ambiental de Cruz Alta, devem ser elaborados e implementados estudos, programas e
projetos, dentre eles, os seguintes:

I - elaboração e implementação de plano de arborização urbana;

II - programa Passeio Legal - Manual de Passeios Públicos, articulado com as diretrizes


da política de promoção da acessibilidade universal. Estudar a organização do passeio com
reserva de faixas para acesso às edificações, para circulação livre de obstáculos e para as redes
de infra-estrutura e locação de vegetação e mobiliário urbano;

III - alteração do Código de Obras – incorporação na aprovação de novos projetos da


especificação do pavimento do passeio e quando de esquina da confecção de rebaixamento do
meio fio;

IV – projeto de qualificação das principais vias públicas (demarcadas no mapa de


hierarquia viária) com o tratamento integrado da via, da pista de rolamento, canteiro quando
existir e passeio;
V – implantação e/ou qualificação do passeio público, mediante parcerias com a
iniciativa privada e moradores diretamente beneficiados, prioritariamente nas seguintes vias:
a) Avenida Dante Westphalen, trecho até sede campestre Clube Internacional;
b) Rodovia Municipal Jacob Della Méa, trecho até Bairro Educacional;
c) Avenida Santa Bárbara do Sul;
d) Avenida Xavantes;
e) Avenida Borges do Canto, trecho ao lado do 29° GAC;
f) Rodovia Municipal Luciano Furian;
g) Calçadão.

CAPÍTULO V

DO SANEAMENTO AMBIENTAL

Seção I

Das Diretrizes

Art. 16. As diretrizes para o saneamento ambiental são:

I – promover parcerias com órgãos públicos, entidades privadas e associações de bairro


para viabilizar e avaliar novos investimentos e soluções de saneamento, visando garantir a
estratégia de valorização do patrimônio ambiental e a qualidade de vida da população;

II – estudar, avaliar e buscar alternativas conjuntamente com a concessionária


prestadora do serviço de saneamento ambiental, para o retorno de investimentos, considerando
também a receita obtida no município;

III – fiscalizar a eficiência dos prestadores públicos de serviços e concessionárias e


induzir reformas e melhorias;

IV – buscar programas de investimentos no âmbito estadual, nacional e internacional;

V – articular as políticas e as prioridades para investimentos nesta área com a estratégia


de regularização fundiária;

VI – incentivo à implantação de sistemas de tratamento de esgoto doméstico


individuais corretos;

VII – para ampliação do sistema de tratamento de esgoto doméstico existente,


considerar as seguintes prioridades, a serem acordadas e estudadas em conjunto com a
concessionária:

a) ampliação do sistema de tratamento coletivo de esgoto doméstico da bacia oeste


com a intensificação da fiscalização para exigência de ligação dos moradores à rede
existente, ampliação da rede desta bacia seguindo critérios e demandas do Orçamento
Participativo, densidade populacional e de proximidade da ETE (Estação de Tratamento
de Esgoto) existente;

b) retomada dos projetos desenvolvidos pela concessionária para a implantação de


três novas ETEs no município, sendo prioritário a implantação da ETE da bacia sul;

VIII – estabelecer metas progressivas de ampliação do sistema de abastecimento de água


e principalmente do sistema de tratamento de esgotos, priorizando as áreas com maior densidade
populacional, mediante entendimentos com a concessionária;

IX – estudar sistemas alternativos de tratamento do esgoto, por quarteirões e/ou bairros,


a beira dos arroios, seguindo a etapa de implementação do projeto de urbanização da política de
regularização fundiária;

X – garantir a qualidade da água na Microbacia do Lajeado da Cruz, área de captação


para abastecimento do município, por meio da:

a) Efetivação da APA (Área de Proteção Ambiental) da Microbacia do Lajeado da


Cruz, com implementação dos mecanismos pertinentes de gerenciamento da mesma;

XI – elaborar e aplicar instrumentos de desestímulo ao consumo inadequado e de


restrição ao uso da água potável aos consumidores que não requeiram padrões de potabilidade na
água a ser consumida, sensibilizando a mudança de padrões de consumo, como:
a) incentivo à implantação de reaproveitamento de águas pluviais e/ou reuso de
água em postos de abastecimento de combustível para lavagens de veículos, em hotéis e
em construções residenciais com mais de três banheiros, demais atividades que não
impliquem em consumo humano, como descargas sanitárias, irrigação de áreas
ajardinadas, lavagens de pisos, entre outros.

XII – assegurar as áreas para a instalação de sistemas de tratamento de esgoto cloacal


no zoneamento da macrozona urbana, por meio das zonas de interesse público das áreas de uso
especial.

XIII – promover a educação ambiental para o correto tratamento do esgoto cloacal


doméstico, como apresenta a alínea b do inciso III do Art. 10.

CAPÍTULO VI

DA PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE UNIVERSAL

Seção I

Das Diretrizes Gerais

Art. 17. Mobilidade urbana é a capacidade para fazer os deslocamentos necessários


para exercício dos direitos básicos de cidadão.
Art. 18. Priorizar no conjunto de políticas de transporte e circulação, o acesso amplo e
democrático ao espaço urbano e os modos não motorizados e coletivos de transporte, baseados
nas pessoas e não nos veículos. São diretrizes da política de promoção da acessibilidade
universal:

I - elaboração de Plano Setorial de Transporte e Mobilidade Urbana, no prazo de 02


(dois) anos;

II - instituir programas de conscientização e de eliminação gradativa das barreiras


sociais, arquitetônicas e urbanísticas, como: Educação Inclusiva e Passeio legal;

III - incentivar o desenho urbano de novas e/ou prolongamentos de vias de circulação


que favoreçam o pedestre.

IV - estudar a implantação de ciclovia e/ou ciclofaixas, para a utilização de meio não


motorizado de transporte com a bicicleta nas áreas mais planas da cidade;

V - favorecer o deslocamento do pedestre, por meio de:


a) incentivo e garantia da diversidade de atividades econômicas, dos equipamentos
comunitários e dos serviços públicos nos bairros, para reduzir as necessidades de
deslocamentos, principalmente motorizados;
b) ações que priorizem ou tornem mais segura a circulação de pedestres, como a
ampliação e melhoria da qualidade de calçadas, através de adequada pavimentação,
paisagismo, iluminação e sinalização, alteração do desenho das vias para a redução de
velocidade dos veículos em locais de grande fluxo de pessoas;
c) incorporação efetiva da calçada nas melhorias executadas nas pistas de rolamento,
como já indicado no inciso VI do artigo 14;

VI - proporcionar mobilidade às pessoas com deficiência e restrição de mobilidade,


mediante:
a) a adequação dos espaços públicos e dos sistemas de transporte, para garantir a
circulação das pessoas com deficiência e também de idosos, gestantes e crianças;
b) o estudo e adequação gradativa dos espaços públicos, prédios e suas imediações.
Priorizando as rotas e bairros mais utilizados, os prédios públicos, escolas, edificações da saúde e
de grande fluxo de pessoas, como bancos. A começar pela Rua Pinheiro Machado entre as Ruas
Mariz e Barros e Duque de Caxias e pelo Bairro Centro;

VII - priorizar o transporte coletivo;

VIII – estudar alternativas para minimizar o impacto gerado pelos ramais, passagens de
nível e transporte ferroviário na área urbana do Município. Quanto à ferrovia, ainda:

a) considerá-la como atividade incômoda, e sujeita as obrigatoriedades


definidas nesta Lei e em demais pertinentes;
IX - oferecer espaços e dimensões de mobiliário e equipamento urbano apropriados
para interação, alcance, manipulação e uso, independentemente de tamanho, postura ou
mobilidade do usuário;

X – compatibilizar-se com outras políticas de desenvolvimento municipal,


especialmente a de requalificação dos espaços públicos abertos.

Seção II

Do Transporte Coletivo

Art. 19. São diretrizes e objetivos gerais da política para o transporte coletivo:

I - garantir a participação do usuário do transporte coletivo no processo de decisões


acerca do funcionamento do sistema;

II – considerar como adequado, para cada linha de transporte urbano, uma distância
máxima de até 500 metros entre os pontos de embarque/desembarque de passageiros, em cada
linha;

III – considerar como adequado, o sistema de linhas de transporte urbano, as quais


conjuntamente consigam abranger ao longo do trajeto uma distância mínima de 500 metros,
perfazendo assim todas as quadras urbanizadas do perímetro urbano do município;

IV – priorizar o transporte coletivo sobre o transporte individual;

V – viabilizar o sistema de transporte coletivo para o acesso da pessoa com deficiência


ou restrição de mobilidade, mediante:
a) treinamento dos funcionários que operam o transporte coletivo
b) adaptação do sistema para o acesso adequado, a começar pelas linhas mais
utilizadas;

VI – garantir uma tarefa adequada às condições do sistema prestado e dos usuários;

VII – melhorar a eficiência do sistema de transporte coletivo;

VIII – garantir o deslocamento no menor tempo, pela mais adequada tarifa e em


condições adequadas de segurança,conforto e higiene;

IX – garantir a isenção de tarifa nas situações previstas em legislação pertinente;

X – considerar a eficiência conjunta das linhas de transporte coletivo, garantindo assim


a permanência da freqüência de determinadas linhas fora do horário de pico, as quais serão
compensadas financeiramente pelas outras de melhor desempenho;
XI – compatibilizar-se com as demais políticas de desenvolvimento municipal e demais
definições desta lei pertinentes ao tema;

XII – garantir a adequada fiscalização da eficiência e qualidade dos serviços prestados


por concessão.

CAPÍTULO VII

DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA E DA PRODUÇÃO DE HABITAÇÃO DE


INTERESSE SOCIAL

Art. 20. A estratégia de regularização fundiária e produção de habitação de interesse


social se vincula à efetiva promoção do direito humano à moradia digna e qualificação das áreas
ocupadas informalmente.

§ 1° - Regularização fundiária é a expressão utilizada para o conjunto de políticas,


programas e ações conceituais, de projeto e jurídicas realizadas para promover a legalização
fundiária e urbanização de áreas e lotes, públicos ou privados, ocupados informalmente por
população de baixa renda. Conjuntamente são realizados programas e planos de urbanização com
a implementação de infra-estrutura e de prestação de serviços públicos.

§ 2° - Habitação de interesse social é a construção utilizada para moradia, inserida em


uma área provida de infra-estrutura, equipamentos urbanos comunitários e serviços públicos,
destinada à população de baixa renda, na faixa de renda de menos de 05 (cinco) salários
mínimos, ou em situação de vulnerabilidade social.

§ 3° - Vulnerabilidade social é a situação que uma determinada população vive


decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços
públicos, dentre outros), e/ou fragilização de vínculos afetivos, relacionais e de pertencimento
social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras).

§ 4° - Ocupação informal é a ocupação irregular de uma área pública ou privada sem


que a mesma tenha passado por processo legal de parcelamento do solo, ou seja caracterizada
como frágil ambientalmente, de preservação permanente ou inadequada para este fim.

Seção I

Das Diretrizes Gerais

Art. 21. São diretrizes da estratégia de regularização fundiária e produção de habitação


de interesse social:

I - a recuperação para a coletividade da valorização decorrente da ação do Poder


Público, por meio da aplicação dos institutos previstos no Estatuto da Cidade, mais
especialmente os de direito tributário;
II - a regularização fundiária e a urbanização de áreas ocupadas por população de baixa
renda, ocorrerá mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização e normas
edilícias especiais, a serem definidas no plano de urbanização destas áreas;

III - a participação da população de áreas integrantes do programa de regularização


fundiária na definição das prioridades de implementação da política de regularização fundiária e
produção de habitação de interesse social, por meio do orçamento participativo.
IV - a implementação da política de regularização fundiária visará a integração dos
assentamentos irregulares de baixa renda à malha urbana existente;
V - na implementação da política de regularização fundiária e produção habitacional
serão atendidas as prioridades definidas no Orçamento Participativo, observado os seguintes
critérios técnicos:
a) população com maior vulnerabilidade social;
b) predominância de padrão construtivo baixo;
c) insuficiência de infra-estrutura urbana;
d) maior densidade populacional;
e) renda familiar igual ou inferior a 05 (cinco) salários mínimos, atendendo
prioritariamente os núcleos familiares com renda e até 3 (três) salários mínimos.

VI - na implementação da política habitacional será dado estímulo às ações conjuntas


do setor público e privado na produção e na manutenção de Habitação de Interesse Social;

VII - implementação de instrumentos que contribuam para efetivação das estratégias d


regularização fundiária e produção de habitação de interesse social, tais como:

a) instituição de Áreas de Especial Interesse Social (AEIS) no zoneamento da


macrozona urbana, que são aquelas destinadas à produção e à manutenção de Habitação
de Interesse Social, com destinação específica, com regime urbanístico e normas
próprias de uso e ocupação do solo;
b) instituição dos instrumentos de indução ao desenvolvimento urbano, de
regularização fundiária e os de democratização da gestão urbana.

Seção II

Das Diretrizes de Regularização Fundiária

Art. 22. São diretrizes da estratégia de regularização fundiária:

I - a política de regularização fundiária implicará na integração dos núcleos de


ocupação consolidada a cidade formal, por intermédio da execução de obras de infra-estrutura
urbana e incidência dos institutos jurídicos associados a segurança da posse.
II - na execução, pelo Poder Público Municipal, da regularização fundiária de uma
determinada área, será priorizado:
a) a manutenção das famílias no local de ocupação, desde que este não afete a
preservação ambiental, tenha condições geológicas e topográficas para moradia e não
seja muito denso;
b) o reassentamento das famílias preferencialmente na mesma microrregião do
orçamento participativo;
c) o reassentamento das famílias em área servida de equipamentos públicos
comunitários e melhor infra-estrutura;
d) nos reassentamentos de famílias ocupantes de áreas de preservação ambiental e/ou
situação de risco, será efetivada a recuperação do ambiente degradado.

III- na execução da política de regularização será priorizada a elaboração e


implementação de projetos integrados, entendido como aqueles que articulem políticas de
saneamento ambiental, habitação, mobilidade urbana, educação, saúde, geração de emprego e
renda, entre outras;

IV - na política pública de regularização fundiária serão criados mecanismos de


controle e fiscalização, evitando novas ocupações nas áreas integrantes do programa;

V - as áreas integrantes do Programa de Regularização Fundiária serão gravadas como


AEIS, para fins de regularização urbanística;

VI - as ocupações incidentes em áreas de ocupação consolidada de preservação


permanente, verificado o interesse público, nos termos da Resolução 369/2001 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, serão regularizadas.

VII - as áreas públicas de uso comum ou especial, municipais, ocupadas há cinco anos
antes de 30 de junho de 2001, serão estudadas para desafetação, para fins de regularização
fundiária. Quando desafetadas, as mesmas deverão ser substituídas por outras com a mesma
abrangência, para assim não prejudicar a disponibilidade, principalmente de espaços de
recreação pública. No caso de vias públicas, deverá ser levado em consideração a não
descontinuidade do traçado viário e não afetar lindeiros.

VIII - a política de regularização fundiária contemplará a regularização não só das áreas


de ocupação consolidada, mas também de loteamentos irregulares e clandestinos consolidados,
nos termos da Legislação Municipal.

IX - na hipótese do Poder Público Municipal assumir a regularização do loteamento, a


requerimento dos beneficiários, não ficará prejudicada a responsabilização, por intermédio de
ação judicial, do loteador faltoso.

Seção III

Das Diretrizes de Produção de Habitação de Interesse Social

Art. 23. São diretrizes da estratégia de produção de habitação de interesse social:

I – adoção de padrões diferenciados para fins de parcelamento, aprovação e


implementação de loteamentos vinculados ao atendimento à população de baixa renda;
II – admissão de gravame de AEIS de áreas particulares, cujos proprietários manifestem
interesse na implementação de habitação de interesse social, mediante observação de critérios a
serem definidos;

III - o Poder Público Municipal disporá em legislação própria, sob a forma de


incentivos, a aprovação e execução de projetos habitacionais produzidos por cooperativas
habitacionais de baixa renda;

IV - no caso do parcelamento de interesse social, o Poder Público Municipal


estabelecerá padrões diferentes de uso, ocupação e parcelamento. Deverão nesse caso ser
estabelecidas as obrigações do empreendedor para fins de aprovação e implantação do
parcelamento, sendo igualmente identificados os mecanismos de gestão e controle do
parcelamento;

V - na execução da política de produção habitacional será priorizado o atendimento às


famílias localizadas em áreas de risco, de preservação permanente e demais áreas impróprias
para moradia;

VI - na política de produção habitacional para fins de reassentamento será priorizada a


aquisição de áreas privadas, na inexistência de áreas públicas adequadas, mediante a taxação de
IPTU progressivo no tempo e gravame de AEIS 3, preferencialmente, e/ou desapropriação e/ou
direito de preempção;

VII – os instrumentos mencionados na alínea VI deste artigo estão especificados no


título IV desta Lei.

Seção IV

Das Áreas de Especial Interesse Social (AEIS)

Art. 24. As Áreas de Especial Interesse Social (AEIS), classificam-se em:

I - Áreas de Especial Interesse Social 1 (AEIS 1) – assentamentos autoproduzidos por


população de baixa renda em áreas públicas ou privadas, aplicando-se respectivamente os
instrumentos de concessão do direito real de uso e usucapião especial urbana;
II - Áreas de Especial Interesse Social 2 (AEIS 2) – loteamentos públicos ou privados
irregulares ou clandestinos que atendam às condições de habitabilidade;
III - Áreas de Especial Interesse Social 3 (AEIS 3) – imóveis não-edificados,
subutilizados, localizados na Área Urbana, que venham a ser destinados à implantação de
Habitação de Interesse Social com interveniência do Poder Público.

§ 1° - Consideram-se condições de habitabilidade o atendimento a padrões de qualidade


de vida e o equacionamento dos equipamentos urbanos e comunitários, circulação e transporte,
limpeza urbana e segurança, conforme regulamentação a ser editada.
Art. 25. As áreas instituídas como AEIS 1 e 2 integrarão os programas de regularização
fundiária e urbanística, com o objetivo da manutenção de Habitação de Interesse Social, sem a
remoção dos moradores, exceção feita às moradias em situação de risco, em áreas de preservação
ambiental e em casos de excedentes populacionais.
Art. 26. Será permitida a promoção de parcerias, incentivos ou outras formas de
atuação para a consecução dos projetos de habitação de interesse social;

§ 1° - O proprietário de imóvel que pretenda construir habitação de interesse social


poderá solicitar a instituição de AEIS mediante a apresentação de plano de urbanização e
habitação contendo padrões urbanísticos específicos de parcelamento e/ou edificação, e as
formas de sua participação no empreendimento;

Art. 27. A delimitação e localização de áreas destinadas à produção de habitação de


interesse social dar-se-á pela instituição de AEIS 3 pelo Poder Executivo, considerado o déficit
anual da demanda habitacional prioritária e os imóveis subutilizados, localizados dentro do
perímetro urbano, permitida a promoção de parcerias, incentivos ou outras formas de atuação
para a consecução dos objetivos.

Art. 28. A instituição das AEIS, bem como a regularização urbanística e recuperação
urbana levadas a efeito pelos programas municipais, não exime o loteador das responsabilidades
civis e criminais e da destinação de áreas públicas, sob a forma de imóveis, obras ou valor
correspondente em moeda corrente a ser destinado ao Fundo Municipal de Habitação.

Art. 29. A regularização fundiária de núcleos habitacionais em áreas de propriedade


municipal, dar-se-á pela instituição de AEIS 1, mediante concessão do direito real de uso,
disciplinada por legislação municipal.

Art. 30. As áreas caracterizadas como bens de uso comum do povo, instituídas como
AEIS 1, cujos moradores atendam aos requisitos da legislação federal e ou da Lei Municipal que
disciplinará sobre a concessão do direito real de uso serão objeto de desafetação mediante lei
municipal específica.

Art. 31. O executivo municipal definirá, além das AEIS 1 e 2 indicadas nesta lei, as
áreas sobre as quais será instituído futuros gravames de AEIS, mediante decreto do executivo
municipal.

Art. 32. A definição do regime urbanístico das AEIS 1 e 2 será definida por decreto do
executivo, observados os cadastros dos assentamentos.

Art. 33. A regularização de loteamento, bem como a instituição de AEIS 2 para a sua
regularização, poderá ser requerida pelos adquirentes dos lotes ou pelo loteador.
TÍTULO III

DO ORDENAMENTO TERRITORIAL

CAPÍTULO I

DO MACROZONEAMENTO MUNICIPAL

Art. 34. Macrozoneamento municipal é a divisão do município em zonas. Cada zona


representa características diferenciadas e agrega áreas com características geográficas,
ambientais, de uso do solo e/ou sócio-econômicas semelhantes.

§ 1° - O Município de Cruz Alta foi dividido em 4 (quatro) macrozonas:

I- Macrozona Urbana;

II - Macrozona da Microbacia do Lajeado da Cruz;

III - Macrozona de Produção Agrofamiliar;

IV - Macrozona de Produção Agropecuária.

Art. 35. As macrozonas estão delimitadas conforme o anexo 1 - Mapa do


Macrozoneamento Municipal, e os limites são definidos por vias e logradouros públicos, cursos
d'água, acidentes naturais, rodovias, ferrovias ou por linhas secas;

Seção I

Da Macrozona Urbana

Art. 36. A Macrozona Urbana compreende a principal área urbanizada do município,


definida pelo seu perímetro urbano.

§ 1° - O perímetro urbano está definido no anexo 2C – Mapa do Perímetro Urbano.

Seção II

Da Macrozona da Microbacia do Lajeado da Cruz

Art. 37. A Macrozona da Microbacia do Lajeado da Cruz corresponde a APA da


Microbacia do Lajeado da Cruz. Encontra-se grande parte na área rural e a outra parte dentro do
perímetro urbano. Possui as seguintes características:
I – corresponde a microbacia que contribui para a captação e abastecimento de água da
área urbana do Município;

II – em sua área está o Balneário do Lajeado da Cruz.

Art. 38. A extensão territorial da área de proteção ambiental (macrozona) da microbacia


do Lajeado da Cruz, fica compreendida dentro das seguintes delimitações: ao sul pelo
cruzamento da linha férrea com a estrada de acesso ao aeroporto, seguindo pela mesma em
direção leste até seu entroncamento com a rodovia BR 158, seguindo por esta última até seu
entroncamento com a rodovia RST 481 (Cruz Alta – Salto do Jacuí), deste cruzamento seguindo
pela RST 481 em direção leste, até seu entroncamento com a estrada municipal Tito Platão de
Campos Andrade; ao leste, pela estrada municipal Tito Platão de Campos Andrade; ao norte,
pela estrada municipal Tito Platão de Campos Andrade, seguindo em continuidade pela Avenida
Saturnino de Britto, continuando pela Avenida General Osório, até cruzamento com Rua
Procópio Gomes, e desta à esquerda, até a via férrea, de onde segue em direção sul, até seu
cruzamento com a Rua Voluntários da Pátria, quando segue em sentido leste-oeste pela Rua
Mariz e Barros, até seu cruzamento com a Rua Pinheiro Machado; ao oeste, pelo cruzamento das
Ruas Mariz e Barros e Pinheiro Machado, desta última seguindo em direção sul até o Distrito de
Benjamin Nott, passando pela rodovia municipal Luciano Furian, passando pelo cruzamento com
a RS 342 e seguindo pela estrada “Alois Olders” até o seu cruzamento com a linha férrea. Desde
ponto, segue em direção sul pela referida linha férrea até seu cruzamento com a estrada de acesso
ao aeroporto. Neste cruzamento, segue-se em direção leste, até a RST 481.

Art. 39. Quanto à instalação de atividades na Macrozona da Microbacia do Lajeado da


Cruz, deve ser observado:

I - fica expressamente vedada a instalação de qualquer atividade empresarial ou


industrial capaz de gerar emissão de poluentes causadores de danos ecológicos ao ambiente
natural da microbacia;

II – aos proprietários, detentores de domínio útil ou possuidores a qualquer título de


gleba de terras dentre da área da microbacia, é proibida a prática de qualquer ato que posa causar
dano ao ambiente natural, especialmente: depositar lixo, desmatar, causar erosão, poluir com
esgotos, usar agrotóxicos, adubos e calcário em inobservância com a legislação e normas
técnicas pertinentes.

III - para a instalação ou desenvolvimento de qualquer empreendimento ou atividade


potencialmente geradora de impacto ambiental local e/ou regional, no âmbito da Área de
Proteção Ambiental da Microbacia do Lajeado da Cruz, os interessados deverão solicitar licença
junto à Secretaria Municipal pertinente, e obter anuência do Conselho Municipal de Meio
Ambiente (COMDEMA);
IV - a utilização de tais espaços somente poderá ser efetuada com atividades que não
comprometam a integridade dos atributos inerentes a proteção ambiental ora instituída, e que
estejam de acordo com o Plano de Manejo da APA – Área de Proteção Ambiental;

V - para a instalação de empreendimentos ou atividades enquadradas como geradoras de impacto


ambiental regional, o licenciamento também se dará a nível de Estado, ou seus conveniados, de
acordo com a legislação vigente, sendo que para os empreendimentos de significativo risco de
impacto ambiental, o requerente deverá apresentar Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de
Impacto Ambiental.

Parágrafo único. No prazo de 02 (dois) anos deverá ser estruturada a administração e


elaborado o Plano de Manejo da APA da Microbacia do Lajeado da Cruz e demais planos
pertinentes.

Seção III

Da Macrozona de Produção Agrofamiliar

Art. 40. A Macrozona de Produção Agrofamiliar compreende o leste do Município,


fazendo divisa com os municípios de Ibirubá, Quinze de Novembro, Fortaleza dos Valos, Boas
Vista do Incra e Tupanciretã. Abrange as localidades de Rincão dos Mendes, Passo da Divisa,
São João, Seival, Esquina Mosser, Esquina São Carlos, Alto Capão, Três Capões, Capão Grande,
parte de Ivaí e arredores do perímetro urbano do Município. Possui as seguintes características:

I – estrutura fundiária composta por pequenas propriedades, predominando a


agricultura familiar e de minifúndios, com agricultores descapitalizados. As unidades de
produção, na maioria, possuem infra-estrutura (instalações e casas) em condições precárias,
somente alguns possuem tração mecanizada. Também existem agricultores patronais, mas
predomina a agricultura familiar;

II – densidade demográfica maior que a da macrozona de produção agropecuária;

III – as principais atividades econômicas são as produções de leite e grãos em pequena


escala. No verão predomina o cultivo de soja e milho (para oferta os animais), no inverno o uso
das áreas com pastagem de aveia e azevém, e pouco de trigo, além da produção de subsistência.
Além disso, ocorre o cultivo de pastagens (milho, sorgo, capim elefante) em pequenas parcelas
de terra;

IV – ocorrência de produção leiteira, com pequenos rebanhos mistos e baixa escala de


produção.

Seção IV

Da Macrozona de Produção Agropecuária


Art. 41. A Macrozona de Produção Agropecuária compreende a região sul, oeste e norte do
Município, as quais fazem divisa com Tupanciretã, Boa Vista do Cadeado e Pejuçara. Abrange
as localidades de Cambará, Parada Benito, Novo Horizonte, Passo dos Alemães, Urupú, parte de
Ivaí, Lagoão e arredores do perímetro urbano do Município. Possui as seguintes características:

I - é originária de áreas de campo nativo, o solo predominante é argilo-arenoso,


categoria A – Classe III, profundo, com presença de voçorocas em determinados pontos. O
relevo apresenta-se levemente ondulado, com forte presença de coxilhas, sendo que nas
proximidades com o limite municipal com Boa Vista do Cadeado (principalmente na localidade
de Parada Benito) o terreno apresenta-se ondulado;

II – a vegetação nativa existente é composta por mata ciliar, capões e campo nativo
remanescente (principalmente nas várzeas). A vegetação cultivada predomina na extensão
municipal, sendo que se caracteriza pela presença constante de capões de Eucalipto (no alto das
coxilhas e sedes de granja);

III – estrutura fundiária composta predominantemente por médias e grandes


propriedades, onde a maioria das unidades de produção (granjeiros e fazendeiros) possuem alto
nível de capitalização, apresentando uma estrutura completa, composta por silos, máquinas e
equipamentos, instalações em ótimas condições, presença significativa de sistemas de irrigação
(pivôs), voltado principalmente para a produção de grãos. Existem algumas pequenas
propriedades (familiares e minifúndios) dispersas entre as propriedades maiores, as quais se
encontram com baixo nível de capitalização e exercendo uma agricultura com difícil acesso aos
meios de produção;

IV – a atividade leiteira é marcante em pontos isolados e a atividade de pecuária e corte


é verificada em poucas propriedades;

V – no verão predomina o cultivo de soja e milho, e no inverno o cultivo de trigo e


aveias (grãos, pastagem e cobertura), também se encontra a pastagem permanente (tifton) e
cultivada (milheto, sorgo), bem como a existência de áreas de produção de sementes.

CAPÍTULO II

DO ZONEAMENTO DA MACROZONA URBANA

Art. 42. O zoneamento consiste da divisão da macrozona urbana em zonas ou áreas,


sendo que cada uma representativa de características de uso do solo e natureza das atividades ali
desenvolvidas, de densidade bruta populacional (relação nº de moradores pela área) baixa, média
ou alta, bem como presença de patrimônio ambiental, tanto histórico cultural, como natural e
paisagístico.

Art. 43. A macrozona urbana foi dividida em zonas ou áreas, as quais foram agrupadas
em grandes áreas, de acordo com as características que possuem ou as que serão incentivadas e
implantadas.
§ 1° - As grandes áreas ou agrupamentos e suas respectivas zonas e/ou áreas são as
seguintes:

I - Áreas de Preservação Ambiental (APRA):

a) Áreas de Preservação Permanente (APPs) são aquelas consideradas nos


parâmetros da Lei Federal n° 4.771 de 15 de setembro de 1965;
b) Área de Proteção Ambiental (APA) da Microbacia do Lajeado da Cruz. A Área de
Proteção Ambiental é uma área extensa, com um certo grau de ocupação humana,
dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes
para a qualidade de vida e o bem estar das populações humanas, e tem como objetivos
básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar
a sustentabilidade do uso dos recursos naturais;

c) Unidades de Conservação (UCs) são o espaço territorial e seus recursos


ambientais, incluindo as águas juridicionais, com características naturais relevantes,
instituído nesta Lei com objetivos de conservação e limites definidos, o qual possuirá
regime especial de administração e garantias adequadas de proteção. As unidades de
conservação instituídas nesta Lei estão conforme a Lei Federal n° 9.985 de 18 de junho
de 2000, no grupo das Unidades de Conservação de Uso Sustentável e na categoria de
Áreas de Relevante Interesse Ecológico. São áreas de pequena extensão, com pouco ou
nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga
exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas
naturais de importância local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a
compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza;

d) Zonas de Recuperação Ambiental (ZRA) são aquelas áreas que necessitam de


recuperação do patrimônio ambiental ali degradado;

e) Zonas de Recreação e Turismo (ZRT): clubes e praças, parques e áreas de lazer.


São os clubes recreativos, parque de exposições, parques, praças e demais áreas de
lazer municipais ;

II - Áreas de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural (APPHC):

a) Zona de Entorno de Patrimônio Histórico Cultural Tombado 1 (ZE 1);

b) Zona de Entorno de Patrimônio Histórico Cultural Tombado 2 (ZE 2).

III - Áreas Adensáveis (AA) são as que possuem alta ou média densidade bruta
populacional, compreende o centro urbano, com predominância de atividades comerciais e de
serviço, e bairros das imediações com características residenciais e mistas. É a área que possui
melhor infra-estrutura, grande oferta de serviços públicos e de equipamentos urbanos
comunitários. Agrupam as seguintes:

a) Zona Comercial de Ocupação Intensiva (ZCOI);


b) Zona Residencial Mista 1 (ZRM 1);

c) Eixos Adensáveis (EA);

IV - Áreas de Ocupação Extensiva (AOE) são as que possuem baixa densidade bruta
populacional e se localizam perifericamente na macrozona urbana, e muitas compreendem
população com renda salarial inferior a 03 (três) salários mínimos. Agrupam as seguintes:

a) Zona Residencial Mista 2 (ZRM 2): que também possui predominância de


residências;

b) Zona Rururbana (ZR): que também possui predominância de residências


conjuntamente com atividades de natureza agrofamiliar;

V - Áreas de Produção e Comercialização (APC):

a) Eixo Industrial 1 (EI 1): caracteriza-se pela vocação para indústrias com presença
de unidades de beneficiamento de grãos e atividades comerciais e de serviços;

b) Eixo Misto (EM) – Industrial, Comercial e de Serviços: caracteriza-se pela


presença de atividades comerciais e de serviços;

VI - Áreas de Uso Especial (AUE):

a) Áreas de Especial Interesse Social 1 (AEIS 1);

b) Áreas de Especial Interesse Social 2 (AEIS 2);

c) Áreas de Especial Interesse Social 3 (AEIS 3);

d) Zonas de Interesse Público (ZIP): são áreas estratégicas para o Poder Público,
reservadas para implantação de equipamentos urbanos comunitários, culturais,
indústrias, parques, cemitérios e demais atividades especiais.

Art. 44. As zonas ou áreas estão delimitadas conforme o anexo 2A - Mapa do


Zoneamento da Macrozona Urbana, observados os seguintes critérios de limites:

I – as delimitações das zonas são definidas por vias e logradouros públicos, cursos
d'água, acidentes naturais, rodovias, ferrovias ou por linhas secas;

II – as delimitações em vias e logradouros podem ser através do seu eixo ou das


testadas dos lotes, caso em que serão considerados integrantes da zona os terrenos com testada
para as vias de delimitação até o seu fundo;
III – no caso de lotes com duas frentes, o limite da zona será até a profundidade
máxima da metade do lote a partir da testada voltada para a zona preferida, sujeita aos
parâmetros urbanísticos desta referida zona.

CAPÍTULO III

DO REGIME URBANÍSTICO

Seção I

Dos parâmetros considerados

Art. 45. Os índices, taxas e demais parâmetros que compõem o regime urbanístico
adotado nesta Lei são os seguintes:

I –Taxa de Ocupação (TO);


II – Índice de Aproveitamento Básico (IAB);
III – Índice de Aproveitamento Incentivado (IAI);
IV – Índice de Aproveitamento Máximo (IAM);
V - Taxa de Permeabilidade (TP);
VI –Lote Mínimo (LM);
VII – Testada Mínima;
VIII – Parâmetros Ambientais.

Art. 46. Taxa de Ocupação (TO) é a percentagem da área do lote ocupado pela área da
projeção horizontal máxima da construção.

Art. 47. Índice de Aproveitamento (IA) – é o número que multiplicado pela área do lote
resulta na área máxima edificável.

§ 1° - Sendo que:

I – no caso de construções não multifamiliares a área máxima edificável computará a


área real construída;

II - no caso de construções multifamiliares e/ou com mais de uma economia a área


máxima edificável será correspondente à área equivalente de construção global, conforme NBR
12.721/2003.

§ 2° - O Índice de Aproveitamento (IA) para efeitos desta Lei possui a seguinte


classificação:
I – Índice de Aproveitamento Básico (IAB);
II – Índice de Aproveitamento Incentivado (IAI);
III – Índice de Aproveitamento Máximo (IAM);
§ 3° - O Índice de Aproveitamento Básico (IAB) é o índice médio existente em toda a
área urbana do município. Será adotado:
I - na zona comercial de ocupação intensiva da macrozana urbana, para servir como
parâmetro da subutilização dos terrenos existentes sem área construída nesta zona. A não
observância do IAB configura-se subutilização, o não cumprimento da função social da
propriedade.

§ 4° - O Índice de Aproveitamento Incentivado (IAI) será adotado para cada uma das
zonas da macrozona urbana, de acordo com as vocações da área, da capacidade da infra-estrutura
e da disposição de equipamentos urbanos comunitários, e adequado à preservação do patrimônio
ambiental.

§ 5° - O Índice de Aproveitamento Máximo (IAM) será adotado para as áreas


adensáveis: zona de ocupação intensiva e eixos adensáveis. Corresponde ao índice que se
sobressai do básico adotado pela cidade. E pode gerar impacto na infra-estrutura e na demanda
por equipamentos urbanos comunitários. Pode ser permitido desde que aja uma contrapartida
onerosa do empreendedor a ser calculada sobre o excedente outorgado em relação ao Índice de
Aproveitamento Incentivado (IAI), conforme dispõe o instrumento de outorga onerosa do direito
de construir.

§ 6° - Poderá ser solicitado índice de aproveitamento acima do estipulado para cada


zona, mediante elaboração e apresentação de Relatório de Impacto de Vizinhança, o qual será
analisado pelos órgãos pertinentes.

Art. 48. Taxa de Permeabilidade (TP) é a percentagem da área do lote que deve manter-
se permeável, por meio de vegetação ou solo descoberto sem pavimentação.

§ 1° - A taxa de permeabilidade para as zonas da macrozona urbana, exceto para as


áreas de preservação ambiental, será calculada pela seguinte fórmula:

TP = (100 - TO) x 0,5

§2º - Até 50 % da área da taxa de permeabilidade pode ser ocupada com pavimentação
permeável.” (Incluído pela Lei Complementar nº. 066/12 de 06 de março de 2012)

Art. 49. Lote Mínimo (LM) é a área mínima do terreno resultante de qualquer tipo de
parcelamento do solo.

§ 1° - Parcelamento do solo significa dividir uma área de terras em glebas, quarteirões


ou lotes.

§ 2° - A área do lote mínimo para desmembramentos é de 200m² (duzentos metros


quadrados).
§ 3° - A área do lote mínimo para os demais tipos de parcelamento do solo, exceto
desmembramentos, está especificado na seção II, capítulo III, do título III.

Art. 50. Testada Mínima (TM) é a largura mínima da face do lote voltada para a via
pública.

§ 1° - A testada mínima é válida para os parcelamentos do solo a serem licenciados


após a aprovação desta lei.

§ 2° - A testada mínima é de 10 (dez) metros para os lotes que não são de esquina em
todas as zonas da macrozona urbana, com exceção das constantes nas áreas de preservação
ambiental, na zona rururbana e nas áreas de produção e comercialização. Tendo testada mínima
diferenciada para os lotes de esquina que deverá ser de 12 (doze) metros.

§ 3° - A testada mínima é de 12 (doze) metros para os lotes de esquina em todas as


zonas da macrozona urbana, com exceção das constantes nas áreas de preservação ambiental, na
zona rururbana e nas áreas de produção e comercialização.

Art. 51. Parâmetros ambientais são aqueles que objetivam assegurar a preservação do
patrimônio ambiental.
§ 1° - Consideram-se Áreas de Preservação Permanente (APPs), nos parâmetros da Lei
Federal n° 4.771 de 15 de setembro de 1965, as florestas e demais formas de vegetação natural
situadas:
I - ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa
marginal cuja largura mínima será:

a) de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de


largura;
b) de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50
(cinqüenta) metros de largura;
c) de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200
(duzentos) metros de largura;
d) de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a
600 (seiscentos) metros de largura;
e) de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a
600 (seiscentos) metros;
f) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;
g) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer
que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de
largura;

II - no topo de morros, montes, montanhas e serras;


III - nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100%
na linha de maior declive;
IV - nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em
faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais.
Seção II

Do Regime Urbanístico da Macrozona Urbana

Art. 52. Nas Áreas de Preservação Ambiental as edificações devem obedecer ao


seguinte regime urbanístico:

I – Nas Áreas de Preservação Permanente (APPs), será permitido intervenções nos


termos da Resolução 369/2001 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.

II - Na Área de Proteção Ambiental (APA) da Microbacia do Lajeado da Cruz que está


dentro da macrozona urbana, serão considerados os regimes urbanísticos integrantes de cada
zona a qual faz parte, salvo plano específico da APA.

III – Nas Unidades de Conservação (UCs):

a) TO= 5%
b) IAI = 0,1
c) TP = 95%
d) LM = 2.000m²
e) TM = 20m

IV – Nas Zonas de Recuperação Ambiental (ZRA):

f) TO= 5%
g) IAI = 0,1
h) TP = 95%
i) LM = 2.000m²
j) TM = 20m

V – Nas Zonas de Recreação e Turismo (ZRT), exceto praças, parques e áreas de lazer:

a) TO= 50%
b) IAI = 1
c) TP = 25%
d) LM = 1.000m²
e) TM = 20m

Art. 53. Nas Áreas de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural as edificações


devem obedecer ao seguinte regime urbanístico:

I – Zona de Entorno de Patrimônio Histórico-Cultural Tombado 1 – Prefeitura


Municipal, será permitido intervenções nos termos da portaria N° 002/04/SEDAC – Secretaria de
Estado da Cultura (Anexo 9A – Portaria de Entorno da Prefeitura n° 002-SEDAC – Parte 1 e 2);
II - Zona de Entorno de Patrimônio Histórico-Cultural Tombado 2 – Museu Erico
Verissimo, será permitido intervenções nos termos da portaria N° 025/03/SEDAC – Secretaria de
Estado da Cultura (Anexo 9B – Portaria de Entorno do Museu Erico Verissimo n° 025 –
SEDAC);

Art. 54. Nas Áreas Adensáveis as edificações devem obedecer ao seguinte regime
urbanístico:

I - Na Zona Comercial de Ocupação Intensiva:

a) TO= 80% para pavimentos caracterizados como subsolo, térreo e um pavimento


acima do térreo até um limite de 7 m contados a partir da soleira de entrada do prédio até
a laje de forro do pavimento superior ao térreo.
b) TO= 60% para os demais pavimentos não caracterizados na alínea a do inciso I
deste artigo.
c) IAB = 1
d) IAI = 3,5
e) IAM = 6
f) TP = 10% (para alínea a) ou 20% (para alínea b), conforme Art. 46
g) LM = 250m²

Art. 54 - Nas áreas adensáveis as edificações devem obedecer ao seguinte regime


urbanístico: (Redação dada pela Lei Complementar nº. 044/08 de 31 de dezembro de 2008)

I - Na Zona Comercial de Ocupação Intensiva:


a) TO= 80% para todos os pavimentos, inclusive subsolo.
b) IAB = 1
c) IAI = 3,5
d) IAM = 6
e) TP = 10%
f) LM = 250m²

II - Na Zona Residencial Mista 1:

a) TO= 80% para pavimentos caracterizados como subsolo, térreo e um pavimento


acima do térreo até um limite de 7 m contados a partir da soleira de entrada do prédio até a laje
de forro do pavimento superior ao térreo.
b) TO= 60% para os demais pavimentos não caracterizados na alínea a do inciso I deste
artigo.
c) IAB = 1
d) IAI = 1,6
e) IAM = 3,2
f) TP = 10% (para alínea a) ou 20% (para alínea b), conforme Art. 46
g) LM = 250m²
III – Nos Eixos Adensáveis:

a) TO= 80% para pavimentos caracterizados como subsolo, térreo e um pavimento


acima do térreo até um limite de 7 m contados a partir da soleira de entrada do prédio
até a laje de forro do pavimento superior ao térreo.
b) TO= 60% para os demais pavimentos não caracterizados na alínea a do inciso II
deste artigo.
c) IAI = 3,5
d) IAM = 6
e) TP = 10% (para alínea a) ou 20% (para alínea b), conforme Art. 46
f) LM = 250m²

Nos Eixos Adensáveis (ficam classificadas como Eixo Comercial a Avenida Saturnino
de Britto e Avenida Plácido de Castro, com delimitação por linha de 100 metros para cada lado
das citadas vias). (Incluído pela Lei Complementar nº. 044/08 de 31 de dezembro de 2008)

Art. 55. Nas Áreas de Ocupação Extensiva as edificações devem obedecer ao seguinte
regime urbanístico:

I – Na Zona Residencial Mista 2:

a) TO= 60%
b) IAI = 1,2
c) TP = 20%
d) LM = 250m²

II – Na Zona Rururbana:

a) TO= 2%
b) IAI = 0,02
c) TP = 49%
d) LM = 20.000m²
e) TM = 100m

II – Na Zona Rururbana: (Redação dada pela Lei Complementar nº. 066/12 de 06 de


março de 2012)

f) TO= 30%
g) IAI = 1
h) TP = 35%
i) LM = 250m²
j) TM = 12m
Art. 56. Nas Áreas de Produção e Comercialização as edificações devem obedecer ao
seguinte regime urbanístico:

I – Eixo Industrial 1:

a) TO= 60%
b) IAI = 1,2
c) TP = 20%.
d) LM = 1.000m²
e) TM = 20m

II - Eixo Misto – Industrial, Comercial e de Serviços

a) TO= 60%
b) IAI = 1,2
c) TP = 20%
d) LM = 1.000m²
e) TM = 20m

Art. 57. As Áreas de Uso Especial devem obedecer ao seguinte regime urbanístico:

I – Nas Áreas de Especial Interesse Social 1 - as edificações e demais intervenções


obedecerão a regime urbanístico próprio a ser definido quando da regularização da área;

II – Nas Áreas de Especial Interesse Social 2 - as edificações e demais intervenções


obedecerão a regime urbanístico próprio a ser definido quando da regularização da área;

III - Áreas de Especial Interesse Social 3 - as edificações e demais intervenções


obedecerão a regime urbanístico próprio a ser definido quando da implantação do programa
habitacional na área;

IV - Zonas de Interesse Público, as edificações e demais intervenções obedecerão a


regime urbanístico próprio a ser definido quando da implantação do programa de intervenção.

CAPÍTULO IV

DO SISTEMA VIÁRIO MUNICIPAL

Seção I

Das definições, hierarquia e funções da vias

Art. 58. Sistema Viário Municipal é o conjunto das vias de circulação do Município.

Art. 59. São definições pertinentes e/ou partes constituintes do sistema viário:
I – Arruamento - conjunto de logradouros públicos destinados à circulação viária e
acesso aos lotes;

II – Logradouro público: área de terra de propriedade pública e de uso comum,


destinada a vias de circulação e espaços livres;

III - Passeio público ou calçada – é o espaço destinado à circulação de pedestres,


situado entre o alinhamento predial e o início da pista de rolamento;

IV – Caixa da via – é a distância definida em projeto entre os dois alinhamentos


prediais em oposição;

V - Pista de rolamento - parte da via de circulação destinada ao desenvolvimento de


uma ou mais faixas para o tráfego e estacionamento de veículos;

VI – Canteiro central de via pública – espaço central de uma via pública, destinado a
separação física de faixas de rolamento e/ou circulação de pedestres;

VII - Sistema viário urbano - conjunto das vias principais de circulação do Município
que se encontram dentro do perímetro urbano;

VIII – Sinalização de trânsito - conjunto dos elementos de comunicação visual,


adotados nas vias públicas para informação, orientação e advertência
aos seus usuários;

IX – Sinalização horizontal - constituída por elementos de informação, orientação e


advertência, aplicados no pavimento das vias públicas;

X – Sinalização vertical - representada por painéis e placas de informação, orientação e


advertência, implantadas ao longo das vias públicas;

XI – Tráfego - fluxo de veículos que percorre uma via em determinado período de


tempo;

XII - Faixa de domínio – faixa reservada ao longo de vias de circulação, especialmente


rodovias e estradas, medida pelo eixo da pista de rolamento e atribuída aos dois lados da mesma,
destinada principalmente à construção de futuras vias paralelas para atendimento do tráfego do
município e/ou para fins de segurança. São definidas pelos órgãos pertinentes e de gestão da via
em questão.

XIII – Faixa non aedificandi – faixa onde não se pode construir edificações. Deve ser
observado:
a) uma faixa de no mínimo 15 (quinze) metros de cada lado ao longo de faixas de
domínio público de rodovias, ferrovias e dutos, salvo maiores exigências de legislação
específica.

§ 1° - A faixa de domínio definida pelo órgão de gestão dos ramais da ferrovia existente
no município

§ 2° - A faixa de domínio das estradas rurais municipais é definida pela Lei Orgânica
Municipal.

Art. 60. A hierarquia e as respectivas funções das vias é a seguinte:

I - Rodovias – compostas pelas: BR- 377, BR-158, RS-342, constituem as principais


vias de comunicação de Cruz Alta com outros municípios do Estado do Rio Grande do Sul e do
Brasil;

II - Estradas Vicinais ou Rurais – vias de comunicação terrestre que ligam as áreas


rurais do Município entre si e com a área urbana. Dão acesso a propriedades rurais ou
aglomerações urbanas existentes na área rural do município.

III - Via Perimetral: utilizada nos deslocamentos urbanos de maior distância, desviando
do centro urbano e promovendo um contorno viário do tráfego de veículos;

IV - Vias Estruturais – estrutura a organização funcional do sistema viário no perímetro


urbano e acumula os maiores fluxos de tráfego da cidade, constituindo um eixo de atividades
comerciais e de serviços. Recebem o tráfego das vias coletoras e o conduz a outras porções ou
bairros, permitindo a penetração do tráfego aos diversos setores da cidade;

V - Vias Coletoras - possuem a função de coletar e distribuir o tráfego local e de


passagem, promovem a ligação das vias locais com as vias estruturais;

VI - Vias Locais - possuem a função básica de permitir o acesso às propriedades


privadas ou áreas e atividades específicas, constituindo-se em vias de baixo volume de tráfego de
veículos, podendo, mediante aprovação dos órgãos pertinentes, ter um traçado diferenciado,
propiciando baixas velocidades e permitindo a sua utilização como espaço de lazer;

VII - Calçadão – via de circulação exclusiva de pedestres, com acesso eventual para
veículos de serviço.

VIII – Ferrovia ou linha férrea – espaço destinado para os trilhos e passagem dos trens
do transporte ferroviário;

IX - Ciclovias e Ciclofaixas - são vias especiais destinadas à circulação de bicicletas,


sendo a primeira separada fisicamente das faixas de tráfego motorizado, enquanto a segunda é
separada por sinalização horizontal. O Município não possui esta categoria de via em sua
hierarquia viária existente, sendo a mesma desejável nas diretrizes das estratégias de
desenvolvimento municipal.

§ 1° - A hierarquia do sistema viário urbano, para efeitos de distribuição do tráfego


motorizado, possui a seguinte ordem crescente de vias: local, coletora, estrutural e perimetral.
Sendo:
I - vias principais todas as vias, com exceção das categorizadas como locais.

§ 2° - A hierarquia viária urbana está definida no anexo 5A – Mapa do Sistema Viário


Urbano – Hierarquia Viária.

§ 3° - Os perfis viários estão definidos no anexo 5B – Perfis Viários.

CAPÍTULO V

DOS USOS

Seção I

Da Classificação dos Usos

Art. 61. Ficam estabelecidas as seguintes categorias de uso:

I - residencial: edificação destinada à habitação permanente ou transitória. Esta


categoria é composta de:

a) residência unifamiliar;
b) residência multifamiliar horizontal;
c) residência multifamiliar vertical;
d) condomínio residencial por unidades autônomas.

II – comercial e de serviço: atividade caracterizada pela relação de troca visando o


lucro e estabelecendo-se a circulação de mercadorias, ou atividade caracterizada pelo préstimo
de mão-de-obra e assistência de ordem intelectual ou espiritual. Esta categoria de uso classifica-
se em:
a) comércio e serviços;
b) comércio e serviços especiais;
c) serviços profissionais;
d) serviços veterinários;
e) serviços financeiros e de seguros;
f) serviços de hospedagem;
g) serviços de diversão e lazer – serviços de alimentação;
h) serviços de diversão e lazer – serviços de entretenimento;
i) serviços de diversão e lazer – serviços de jogos;
j) serviços de diversão e lazer – serviços de diversões;
k) serviços de diversão e lazer – serviços de lazer.
l) serviços esportivos;
m) serviços de transporte terrestre;
n) correio e atividades de entrega;
o) serviços de manutenção e reparação;
p) postos de serviço.

III – institucional e comunitário: espaço, estabelecimento ou instalação destinada à


educação, lazer, cultura, saúde, assistência social e cultos religiosos. Esta categoria de uso
classifica-se em:

a) serviços de educação;
b) serviços de saúde;
c) serviços de segurança pública;
d) serviços de cultura;
e) serviços religiosos.

IV – especial. Esta categoria de uso classifica-se em:

a) atividades de gestão de resíduos e descontaminação;


b) instalações de geração e distribuição elétrica;
c) instalações de telecomunicações;
d) serviços funerários;
e) serviços de transporte ferroviário;
f) serviços de transporte aéreo.

V - agropecuário: atividade de produção de plantas, criação de animais, comércio e


serviços relacionados e agroindústrias.

VI - industrial: atividade pela qual resulta a produção de bens pela transformação de


insumos;

Seção II

Classificação dos usos conforme tipos de incômodo

Art. 62. Os usos, conforme os tipos de incômodo produzidos pela atividade no


ambiente urbano, classificam-se em:

I – Atividades Não Incômodas (ANI): atividades que não causam impacto nocivo ao
meio ambiente urbano, por não se enquadrarem nos tipos de incômodo e caracterizados no
parágrafo único deste artigo e no Anexo 8A.
II – Atividades Incômodas 1 (AI1): atividades geradoras de impacto nocivo ao meio
ambiente urbano, compatíveis com o uso residencial, quando aplicadas as devidas medidas
mitigadoras e sujeitas a controle por parte do Poder Executivo Municipal e dos órgãos públicos
pertinentes;
III – Atividades Incômodas 2 (AI2): atividades geradoras de impacto nocivo ao meio
ambiente urbano, incompatíveis com o uso residencial e sujeitas a controle por parte do Poder
Executivo Municipal e dos órgãos públicos pertinentes. Enquadra-se nesta classificação, além
das definidas no anexo 8A - Tipos de Usos e Atividades - Categorias e Classificação quanto ao
incômodo gerado:

a) a categoria de usos industrial, que possua alto potencial poluidor, de acordo com os
parâmetros estabelecidos pela FEPAM - Fundação Estadual de Proteção Ambiental
Henrique Luis Roessler / RS.

Art. 63. Os usos serão classificados nas atividades mencionadas no caput deste artigo
conforme os tipos de incômodo gerados, de forma isolada ou cumulativa, acrescido dos
respectivos parâmetros que o caracterizam, conforme apresentado no anexo 8C – Tipos, Padrões
de Incômodo e Medidas Mitigadoras. Sendo os tipos de incômodo gerados, seja pela atividade ou
porte do empreendimento são os seguintes:

I - Impacto Urbano Ambiental: sobrecarga na capacidade de suporte da infra-estrutura


instalada e/ou alteração negativa da paisagem urbana, impermeabilização excessiva do terreno,
aumento de temperatura. Parâmetros utilizados para categorizar este tipo de incômodo:

a) porte;

b) geração de tráfego: pela operação ou atração de veículos pesados, tais como


caminhões, ônibus, e/ou geração de tráfego intenso, em razão do porte do
estabelecimento, da concentração de pessoas e do número de vagas de estacionamento
criados,

c) alteração negativa da paisagem urbana: impacto sobre paisagens naturais, sobre


edificações de interesse histórico cultural, e demais elementos urbanos;

II - Poluição Sonora: geração de impacto sonoro no entorno próximo pelo uso de


máquinas, utensílios ruidosos, aparelhos sonoros ou similares, ou concentração de pessoas ou
animais em recinto fechado;

III - Poluição Atmosférica: uso de combustíveis nos processos de produção e/ou


lançamento de material particulado inerte na atmosfera acima do admissível;

IV - Poluição Hídrica: geração de efluentes líquidos incompatíveis ao lançamento na


rede hidrográfica e/ou sistema coletor de esgotos, e/ou poluição do lençol freático;

V - Poluição por Resíduos Sólidos: produção, manipulação e/ou estocagem de resíduos


sólidos, com riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública;

VI - Vibração: uso de máquinas ou equipamentos que produzam choque ou vibração


sensível além dos limites da propriedade;
VII - Periculosidade: atividades que apresentam risco ao meio ambiente e a saúde, em
função da comercialização, uso ou estocagem de materiais perigosos compreendendo explosivos,
Gás Liquefeito de Petróleo - GLP, inflamáveis e tóxicos, conforme normas técnicas que tratam
do assunto;

VIII - Impacto Econômico e Social: sobre o comércio e serviços locais, a produção de


pequenos agricultores, a perda de empregos ou renda, e/ou a sobrecarga de equipamentos
públicos comunitários.

§ 1° - As atividades não incômodas podem tornar-se atividades incômodas 1, quando


tiverem os parâmetros mencionados no inciso I deste artigo.

§ 2° - Todos os empreendimentos que possuírem um dos tipos de incômodo


mencionados neste artigo de forma isolada ou acumulativa precisarão elaborar e apresentar
Relatório de Impacto de Vizinhança (RIV) para análise do poder público municipal e dos órgãos
pertinentes.

§ 3º - As Atividades Incômodas 1 (AI1) e Atividades Incômodas 2 (AI2) e demais que


estejam em desacordo com esta Lei que tiverem a obrigatoriedade da elaboração do EIA -
Estudo Prévio de Impacto Ambiental e RIMA – Relatório de Impacto Ambiental , ficarão
dispensados da apresentação de RIV – Relatório de Impacto de Vizinhança , desde que
respeitados critérios de controle de vizinhança. (Incluído pela Lei Complementar nº. 044/08 de
31 de dezembro de 2008)

§4º - Os empreendimentos considerados incômodos com exigência de Licenciamento


Ambiental (Licença Prévia, de Instalação e ou Operação) pelo Órgão Licenciador Municipal,
Estadual ou Federal competente, serão dispensados da elaboração do Relatório de Impacto de
Vizinhança - RIV, desde que estejam em conformidade com o zoneamento e legislação vigente.
(Incluído pela Lei Complementar nº. 055/10 de 11 de agosto de 2010)

§5º - Serão alvo de exigência de apresentação do RIV os empreendimentos ou


atividades incômodas que, mesmo dispensados, ainda assim sejam objeto de denúncias e
reclamações pela vizinhança do entorno, comprovadamente afetada. (Incluído pela Lei
Complementar nº. 055/10 de 11 de agosto de 2010)

Seção III

Da localização dos usos

Art. 64. Os usos que não sejam categorizados exclusivamente como residencial e
classificados como Atividades Não Incômodas (ANI) poderão se instalar em qualquer zona da
macrozona urbana do município, exceto nas zonas derivadas das áreas de preservação ambiental
e de preservação do patrimônio histórico-cultural, as quais possuem parâmetros específicos a
serem contemplados.
Art. 65. Os usos categorizados como residencial não poderão se instalar no eixo
industrial da macrozona urbana do município.

Art. 66. Os usos que não sejam categorizados exclusivamente como residencial e
classificados como Atividades Incômodas 1 (AI1) poderão se instalar em qualquer zona da
macrozona urbana do município, exceto nas zonas derivadas das áreas de preservação ambiental
e de preservação do patrimônio histórico-cultural, as quais possuem parâmetros específicos a
serem contemplados.

§ 1º - Os usos a que se refere este caput serão licenciados após a adoção das medidas
mitigadoras, quando estabelecidas.

§ 2º - As categorias de uso não residencial Incômodas I que forem enquadradas como


de Geração de Tráfego Intenso, só terão licença para se instalar nas vias classificadas como
arteriais e coletoras no Anexo 5A - Mapa da Hierarquia Viária.

Art. 67. Os usos classificados como Atividades Incômodas 2 (AI2) não poderão se
instalar nas zonas derivadas das áreas de preservação ambiental e de preservação do patrimônio
histórico cultural, nas áreas especiais de interesse social, na zona de ocupação intensiva e nas
zonas residenciais mistas.

§ 1° - É incentivado a instalação de Atividades Incômodas 2 (AI2) no eixo industrial da


macrozona urbana do município.

Seção IV

Da habilitação para funcionamento das atividades

Art. 68. A licença e a instalação dos usos classificados como Atividade Incômoda 1
(AI1) ou Atividade Incômoda 2 (AI2) estão sujeitos ao cumprimento das medidas mitigadoras
estabelecidas no anexo 8C - Tipos, Padrões de Incômodo e Medidas Mitigadoras e demais
medidas solicitadas pelo Poder Executivo Municipal.

§ 1º - O estabelecimento das medidas mitigadoras será baseado nas legislações e


normas técnicas pertinentes e não isentam o empreendimento da solicitação de aprovação para
outros órgãos públicos quando exigido.

§ 2º - Para a constatação da eficiência das medidas mitigadoras os estabelecimentos


enquadrados como atividade incômoda 1 ou atividade incômoda 2 receberão licença provisória
válida por 30 (trinta) dias, para a verificação em caso de dúvida e/ou constatação da mitigação
dos incômodos produzidos.

§ 3º - Os estabelecimentos de que trata este caput estarão sujeitos ao cancelamento da


licença, caso seja verificada a não adoção das medidas mitigadoras exigidas.
Subseção I

Das atividades incômodas existentes e da permanência dos usos

Art. 69. As atividades existentes consideradas incômodas 1 e 2 e demais que estejam


desconforme com esta lei somente poderão ser ampliadas mediante Relatório de Impacto de
Vizinhança, a ser analisado pelos órgãos competentes ou ente responsável pelo planejamento e
dos conselhos pertinentes, que definirão o parecer.

Art. 70. A renovação de alvará de funcionamento e localização de atividades


incômodas 1 e 2 e demais que estejam desconformes com esta lei, somente poderá ocorrer
mediante parecer favorável dos órgãos competentes ou ente responsável pelo planejamento e dos
conselhos pertinentes, que definirão as medidas mitigadoras e/ou compensatórias necessárias.

Art. 71. Nas edificações concluídas, poderão se instalar atividades incômodas 1 ou 2,


desde que atendam às medidas mitigadoras necessárias, através da adequação da edificação à
atividade, estando sujeitas a reformas, ampliações e demais alterações que se fizerem se
necessárias para a adoção das medidas.

Art. 72. As principais atividades incômodas existentes no meio urbano de Cruz Alta
são:

I – Atividades relacionadas ao transporte ferroviário, entre eles:

a) manobra de vagões no centro da cidade;


b) transporte de carga nas 24 horas do dia;

II – Unidades de beneficiamento de grãos;

III – Boates, bailões e atividades do gênero;

IV – Atividades agropecuárias como plantações no perímetro urbano e nos limites do


mesmo;

V – Trânsito de equipamentos aplicadores de agrotóxicos.

§ 1° - Para a permanência das atividades listadas neste artigo, se faz necessário a


adoção de algumas medidas mitigadoras a serem apresentadas ou adotadas nos prazos de 60
(sessenta) dias a 2 (dois) anos da aprovação desta Lei, conforme indicado:

I – quanto às atividades relacionadas ao transporte ferroviário:

a) apresentação de Relatório de Impacto de Vizinhança no prazo de 2 (dois) anos que


contemple: o projeto de sinalização de todas as passagens de nível e o cronograma de
implantação, as condições para a limpeza periódica da faixa non aedificandi dos trilhos,
plano de emergência em caso de acidente, plano para transporte de cargas perigosas e
demais medidas mencionadas nesta Lei que devem conter em um RIV;

b) inversão da área de manobras de vagões para o lado sul do pátio, no prazo de 60


(sessenta) dias, assim somente poderá haver manobra na passagem de nível da Rua
Domingos Veríssimo de locomotivas, exceto nos horários mencionados na alínea e do §
1° do artigo 70;
b) todas as manobras nas Linhas Férreas dentro do perímetro urbano deverão ser
realizadas nos limites do pátio pertencente à Empresa Ferroviária Concessionária do
transporte ferroviário. (Redação dada pela Lei Complementar nº. 060/11 de 17 de
fevereiro de 2011)

c) relocação da área de manobras de vagões no prazo de 2 (dois) anos, para o eixo


industrial 1, eixo misto ou Benjamin Nott;

d) até a efetivação da relocação da área de manobras, é proibida a execução


manobra de vagões, bem como o bloqueio de passagens de nível, no período de
segundas as sextas das 7h às 8h30min, das 11h30min às 12h30min, das 13h às 14h, das
17h às 19h e sábados das 11h30min às 13h;

e) estudar a viabilidade de transferência dos ramais ferroviários que passam pela área
urbana do município para o perímetro das rodovias.

f) abertura de passagem de nível ligando o Bairro Machado a Rodovia Luciano Furian;


abertura de passagem de nível ligando a Companhia Estadual de Silos e Armazéns – CESA – a
Rua São Geraldo, no Bairro de Fátima. (NR)

II – quanto às Unidades de Beneficiamento de Grãos:

a) apresentação de Relatório de Impacto de Vizinhança no prazo de 2 (dois) anos;

b) regularização junto aos órgãos ambientais e demais pertinentes.

III – quanto às boates, bailões e atividades do gênero:

a) apresentação de Relatório de Impacto de Vizinhança no prazo de 2 (dois) anos.

IV – quanto às atividades agropecuárias como plantações no perímetro urbano e nos


limites do mesmo. Sua permanência ou implantação será permitida mediante:

a) apresentação de Relatório de Impacto de Vizinhança no prazo de 2 (dois) anos que


contemple: o plano ambiental da propriedade com responsável técnico, e com as
medidas mitigadoras, de acordo com o tipo de incômodo produzido, solicitadas no
anexo 8C e as demais medidas constantes nesta Lei;

b) regularização junto aos órgãos ambientais e demais pertinentes.


c) não utilização, quando no perímetro urbano, de meios de aplicação aérea de
agrotóxicos com atomizador;

d) somente poderá ser utilizado para a aplicação de agrotóxicos, pulverizadores com


barra e sistema antideriva;

e) implantação de uma zona de amortecimento. Esta zona compreenderá uma


distância mínima de 100m (cem metros) da área urbanizada existente em parte ou em
todo o perímetro da propriedade, onde na qual não será permitida aplicação de
agrotóxicos. Dentro desta faixa de 100m (cem metros), ou além desta faixa caso a
mesma não abranja o interior da propriedade, deverá ser executado uma cortina arbórea
de espécies perenes, a serem dispostas em fileiras alternadas compreendendo uma faixa
com largura mínima de 10m (dez metros) e com raio de queda de dimensão igual à
altura máxima projetada para a espécie de árvore adotada.

V – quanto ao trânsito de equipamentos de transporte ou aplicadores de agrotóxicos:

a) não será permitido o trânsito de equipamentos aplicadores de agrotóxicos, como


pulverizadores autopropelidos, de reboque, atomizadores, entre outros nas vias urbanas
do município, exceto em rodovais, perimetrais e estradas rurais. Exceto quando novos e
em caminhões adequados para seu transporte, e que esteja de acordo com as demais
normas do sistema viário;

b) o trânsito do tipo de pulverizador com barra e sistema antideriva poderá ser


permitido, quando contemplado e aprovado a forma que ocorrerá no RIV e plano
ambiental da atividade agropecuária existente ou a ser implantada dentro do perímetro
urbano do município.

VI – Tráfego de veículos de carga pesada no quadrilátero central da cidade,


compreendido pelas ruas abaixo discriminadas. Proíbe o trânsito de veículos de carga superior a
10(dez) toneladas de cargas, acrescidos da tara do veículo no quadrilátero central, compreendido
entre as Ruas Voluntários da Pátria, General Portinho, Maris e Barros e Coronel Martins(NR)

Art. 73. Em relação à permanência das atividades não listadas no Art. 70 e que se
encontram desconforme com esta Lei, terão o prazo de 1 (ano) para adequações e somente:

I - poderão ser ampliadas mediante Relatório de Impacto de Vizinhança, a ser analisado


pelos órgãos competentes ou ente responsável pelo planejamento e dos conselhos pertinentes,
que definirão o parecer;

II – ocorrerá a renovação do alvará de funcionamento e localização mediante parecer


favorável dos órgãos competentes ou ente responsável pelo planejamento e dos conselhos
pertinentes, que definirão as medidas mitigadoras e/ou compensatórias necessárias.
Seção V

Do Relatório de Impacto de Vizinhança (RIV)

Art. 74. Para obter licenças ou autorizações de construção, ampliação ou


funcionamento de empreendimentos caracterizados incômodos pela atividade ou pelo porte, se
faz necessário a elaboração e entrega para análise de Relatório de Impacto de Vizinhança (RIV).

§ Único - somente nos casos de alteração de localização haverá necessidade de


apresentação de um novo Relatório de Impacto de Vizinhança – RIV. (Incluído pela Lei
Complementar nº. 044/08 de 31 de dezembro de 2008)

Art. 75. Os empreendimentos sujeitos à elaboração de RIV são:

I – as classificadas como Atividade Incômoda 1 (AI 1) e Atividade Incômoda 2 (AI 2)


no anexo 8A - Tipos de Usos e Atividades - Categorias e Classificação quanto ao incômodo
gerado, a serem instaladas em obras novas ou existentes;

II – as atividades não incômodas que se tornarem incômodas;

III – aqueles que necessitarem de obtenção de licenças ou autorizações de construção,


ampliação ou funcionamento em construções que foram construídas no ou inferior a 1960;

IV - aqueles que o órgão competente municipal julgar necessário.

Art. 76. O RIV deve ser elaborado de forma a contemplar e avaliar os efeitos positivos
e negativos de empreendimentos ou atividades quanto à qualidade de vida da população
residente na área e suas proximidades, devendo compreender, quando for o caso, o adensamento
populacional, a necessidade de equipamentos urbanos e comunitários, os usos, a ocupação do
solo, a valorização imobiliária, a geração de tráfego, a demanda por serviços públicos, a
ventilação, a iluminação, o nível de ruído, a paisagem urbana e o patrimônio natural,
paisagístico, histórico- cultural. E as medidas mitigadoras necessárias para minimizar ou
eliminar os potenciais incômodos produzidos pelo empreendimento.

§ 1º - O RIV deve se elaborado com base nos efeitos gerados pelos tipos de incômodo,
listados no artigo 61 e nas diretrizes para a execução quando possível das medidas mitigadoras
apresentadas no anexo 8C - Tipos, Padrões de Incômodo e Medidas Mitigadoras . Além disso
deverá conter uma parte conclusiva, onde serão apresentados de forma objetiva e de fácil
compreensão os resultados das atividades técnicas, bem como as vantagens e desvantagens do
empreendimento, além de desenvolver as seguintes atividades:

I –definição e diagnóstico da área de influência do projeto;

II – análise dos impactos positivos e negativos, diretos e indiretos, imediatos, a médio e


longo prazo, temporários e permanentes sobre a área de influência do projeto;
III – definição das medidas mitigadoras e/ou compensatórias dos impactos negativos,
avaliando a eficiência de cada uma delas;

IV -demonstração da compatibilidade do empreendimento com a capacidade das redes


de infra-estrutura urbana ou proposta para a sua adequação;

V – demonstração da compatibilidade do empreendimento com a capacidade das vias e


do sistema de transportes públicos ou proposta para a sua adequação;

VI – demonstração da compatibilidade do empreendimento com as atividades humanas


vizinhas,por similaridade e por complementaridade;

§ 2º - As medidas mitigadoras a serem apresentadas no RIV são o conjunto de ações


conceituais e de projeto necessárias para minimizar ou eliminar os potenciais incômodos
produzidos pelo empreendimento, seja pela atividade a ser desenvolvida, seja pelo porte do
empreendimento.

§ 3º - As medidas mitigadoras mínimas as quais o RIV deve apresentar estão


discriminadas no anexo 8C - Tipos, Padrões de Incômodo e Medidas Mitigadoras.

§ 4º - Se houver necessidade, em razão de características especiais do empreendimento,


atividade ou projeto em análise, o órgão responsável poderá exigir que o Relatório de Impacto de
Vizinhança (RIV) aborde outros aspectos específicos referentes ao disposto nesta seção.

Art. 77. O órgão competente do poder público municipal manifestar-se-á de forma


conclusiva sobre o RIV, aprovando ou rejeitando o projeto, podendo condicionar sua aprovação
à adoção de outras medidas mitigatórias ou compensatórias não listadas nesta lei, pelo
proponente.

§ 1º - A exigência das medidas previstas no caput poderá corresponder à preservação de


áreas ou edificações de interesse coletivo em compensação à utilização do terreno, como também
a realização de obras de infra-estrutura, além de outras exigências relevantes devidamente
justificadas que serão condicionantes para a expedição da licença ou autorização.

§ 2º - Será instituída taxa referente à análise e avaliação do RIV.

Art. 78. Os documentos integrantes do RIV ficarão disponíveis para consulta, no órgão
competente do poder público municipal, para qualquer interessado.

§ 1º - O órgão competente do poder público municipal, sempre que julgar necessário ou


por solicitação de um grupo (no mínimo cinco) de moradores comprovadamente afetados pelo
empreendimento ou por entidade representativa da sociedade, promoverá a realização de
audiência pública para a difusão de informações sobre o empreendimento e discussão do RIV.
§ 2º - O responsável pelo empreendimento deve publicar nota em jornal de circulação
local a solicitação de análise do RIV, indicando o n° do protocolo, o tipo de empreendimento
(nome e atividade), e o endereço completo do local de instalação pretendido.

Art. 79. O responsável pelo empreendimento deverá apresentar o Relatório de Impacto


de Vizinhança, arcando com todas as despesas e custos.

Art. 80. A elaboração do RIV não substitui a elaboração e a aprovação de estudo


prévio de impacto ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), requeridas nos
termos da legislação ambiental.

CAPITULO VI

DOS RECUOS

Art. 81. Recuo (R) é a distância medida em metros (m) entre a face da edificação e as
divisas do terreno onde esta estiver inserida, destinado a assegurar um ambiente urbano
adequado para a vizinhança e a cidade, quanto a ventilação, iluminação natural, insolação e
paisagem urbana. Pode ser classificado quanto ao tipo em:

I – Recuo Frontal;

II – Recuo Lateral;

III – Recuo de Fundos;

Art. 82. Recuo Frontal é a distância entre a face da edificação e o alinhamento predial.

§ 1° - Não será permitido projeções sobre o recuo frontal.

§ 2° - O recuo frontal mínimo será de 4m (quatro metros), exceto nas seguintes zonas:

I – Eixo Industrial e Eixo Misto, onde o recuo frontal mínimo deverá ser de 12 m (doze
metros).

§ 3° - Nos terrenos de esquina, o recuo frontal deverá ser observado da seguinte forma:

I – tratando-se de terrenos de esquina com testada para rodovias, vias estruturais ou


coletoras, ou rodovias, o recuo frontal será observado na testada voltada para estes tipos de via,
podendo construir no alinhamento da outra via pública considerada local ou de hierarquia
inferior. Para a definição da hierarquia viária ver o anexo 5A – Mapa do Sistema Viário Urbano
- Hierarquia Viária;

II - tratando-se de terrenos de esquina em vias locais (ver o anexo 5A - mapa do sistema


viário - hierarquia viária) será observado o recuo frontal na testada onde está a entrada principal
do prédio, podendo construir no alinhamento da outra via pública;
III – tratando-se de lotes regulares de esquina, cuja menor testada seja inferior a 15 m
(quinze metros), o recuo frontal poderá ser reduzido na direção da menor dimensão, pela fórmula
R=T-11 m (onze metros), sendo R=Recuo frontal,T=Testada menor, sendo limitado o recuo
mínimo a 2 m (dois metros);

IV – nas situações me que o recuo de 4m ocupe área superior a 50% da área total do
lote será permitida a redução do recuo para 2m em um de seus limites frontais, enquanto que na
outra deverá ser obedecido os 4m.

§ 4° - Será isento de recuo frontal as seguintes situação:

I – na Zona Comercial de Ocupação Intensiva e Eixos Adensáveis, será dispensado o


recuo frontal para os pavimentos caracterizados como subsolo, térreo e um pavimento acima do
térreo, até um limite de 7m contados a partir da soleira de entrada do prédio até a laje de forro do
pavimento superior ao térreo, para os restantes é obrigatório o recuo de 4 m.

I – na Zona Comercial de Ocupação Intensiva e Eixos Adensáveis, será dispensado o


recuo frontal. (Redação dada pela Lei Complementar nº. 044/08 de 31 de dezembro de 2008)

§ 5° Na área contida no recuo frontal poderá ser aprovada e licenciada guaritas, obras
de paisagismo, escadas abertas e externas e rampas de acesso.

Art. 83. Recuo Lateral é a distância da edificação até as divisas laterais do lote na qual
está inserida e Recuo de Fundos é a distância da edificação até a divisa de fundos do lote na qual
está inserida

§ 1° Os recuos laterais e de fundos serão obrigatórios e serão calculados pela fórmula:

R = (N x 0,15) + 1,50

N = (nº total de pavimentos, contados a partir do pavimento de acesso principal)

§ 2º Nas zonas da macrozona urbana é dispensado o recuo lateral e de fundos para os


pavimentos caracterizados como subsolo, térreo e um pavimento acima do térreo, até um limite
de 7m contados a partir da soleira de entrada do prédio até a laje de forro do pavimento superior
ao térreo, respeitando as respectivas taxas de ocupação, sendo que os demais pavimentos deverão
obedecer obrigatoriamente ao recuo lateral e de fundos definidos no § 1° deste artigo.

§ 3º Poderá haver isenção de recuo lateral ou de fundos, estudada caso a caso, com
aprovação do órgão público municipal pertinente e do Conselho de Desenvolvimento Urbano de
Cruz Alta, depois de ser realizada audiência pública, quando houver nos lotes lindeiros junto à
divisa com o lote a ser edificado construções consolidadas com mais de 10 (dez) metros de altura
contados a partir da soleira de entrada principal até a laje de forro do último pavimento, sendo a
referida isenção possível até a mesma altura da construção lindeira.
CAPÍTULO VII

DAS GARAGENS E ESTACIONAMENTOS

Art. 84. Será exigida a construção de garagens ou estacionamentos na área do terreno


onde será inserida a atividade ou construção, cobertos ou não, nas seguintes proporções, de
acordo com o uso:

I – uso residencial unifamiliar e condomínios por unidade autônoma:


a) unidade com área de uso privativo inferior a 40m² deverá reservar área para futura
implantação de uma vaga;
b) uma vaga por unidade com área de uso privativo de construção de 40m² até
150m²;
c) duas vagas por unidade com área de uso privativo de construção maior que 150m².

II - Uso residencial multifamiliar:

a) uma vaga por unidade com área de uso privativo de construção menor que 120 m²;
b) duas vagas por unidade com área de uso privativo de construção maior que 120 m²
e menor que 240 m²;
c) três vagas por unidade com área de uso privativo de construção maior que 240 m²;
d) do tipo kitinetes e JKs (unidades com dormitório, sala e cozinha compartilhados),
uma vaga para cada duas unidades.

III – comercial e de serviço, institucional e comunitário, especial, agropecuário e


industrial:

a) uma vaga a cada 80m² de área construída, salvo aquelas atividades que necessitam
de Relatório de Impacto de Vizinhança e possuem principalmente o tipo de incômodo
por porte e geração de tráfego, as quais terão a exigência específica por mais vagas;

II - Uso residencial multifamiliar: (Redação dada pela Lei Complementar nº. 066/12 de
06 de março de 2012)

a) uma vaga por unidade com área de uso privativo de construção menor que 150 m²;

b) duas vagas por unidade com área de uso privativo de construção a partir de 150 m².

III – comercial e de serviço, institucional e comunitário, especial, agropecuário e


industrial: (Redação dada pela Lei Complementar nº. 066/12 de 06 de março de 2012)

a) uma vaga a cada 120m² de área construída, salvo aquelas atividades que necessitam
de Relatório de Impacto de Vizinhança e possuem principalmente o tipo de incômodo
por porte e geração de tráfego, as quais terão a exigência específica por mais vagas.
(NR)

§ 1º - a área de uso privativo, conforme NBR 12.721/2003 é constituída pelas áreas


cobertas ou descobertas que definem o conjunto de dependências e instalações de uma
unidade autônoma cuja utilização é privativa dos respectivos titulares de direito.
Corresponde ao somatório das áreas: privativa principal, depósitos e outras áreas
acessórias. Para efeito de cálculo da proporção e do n° de vagas de estacionamento, não
será considerado a área gerada pela vaga em si. (Incluído pela Lei Complementar nº.
066/12 de 06 de março de 2012)

§ 2º – Fica dispensada a exigência de vagas de garagens e estacionamento nas reformas


e ampliações de edificações que já não disponham dessas áreas. (Incluído pela Lei
Complementar nº. 066/12 de 06 de março de 2012)

§ 3º – Fica dispensada a exigência de garagens e estacionamento nas edificações de uso


comercial e/ou industrial quando o terreno possuir testada menor ou igual a 10 metros.
(Incluído pela Lei Complementar nº. 066/12 de 06 de março de 2012)

§ 4º – No eixo da rua Pinheiro Machado, trecho compreendido entre as ruas Mariz e


Barros e Coronel Martins, fica dispensada a exigência de garagens e estacionamentos
para os casos de construções novas e reformas, não havendo dispensa quando a
edificação ocupar mais de um lote na área consolidada.” (Incluído pela Lei
Complementar nº. 066/12 de 06 de março de 2012)

TÍTULO IV

DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA

CAPÍTULO I

DOS INSTRUMENTOS EM GERAL

CAPÍTULO II

DOS INSTRUMENTOS DE INDUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO URBANO

Art. 85. São instrumentos de indução do desenvolvimento urbano:

I - Parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;

II - IPTU progressivo no tempo;

III - Desapropriação com pagamento em títulos;


IV - Direito de superfície;

V – Direito de preempção;

VI - Da Outorga onerosa do direito de construir;

VII - Operações urbanas consorciadas;

VIII - Transferência do direito de construir;

IX - Consórcio imobiliário.

Seção I

Do parcelamento, edificação ou utilização compulsórios

Art. 86. Nas áreas localizadas na macrozona urbana será exigido do proprietário do solo
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado que promova o seu adequado aproveitamento
através da edificação, parcelamento ou utilização compulsórios.

§ 1° - Considera-se lote subutilizado:

I - Aqueles que possuem Índice de Aproveitamento Básico (IAB) inferior a 1 na zona


comercial de ocupação intensiva;

II – Aqueles que possuem edificação subutilizada na zona comercial de ocupação


intensiva da macrozona urbana:

a) sem uso ou desocupada há mais de 5 (cinco) anos;


b) em construção ou em ruína há mais de 5 (cinco) anos;

III – Em todas as zonas da macrozona urbana, exceto na zona comercial de ocupação


intensiva, os terrenos não edificados ou não utilizados que:

a) carecem de limpeza, para permanecerem dentro dos parâmetros adequados


sanitariamente, exceto aqueles que possuem mata nativa;
b) não se encontram cercados;
c) não possuem ou mantém calçamento do passeio público de no mínimo 1,50m,
quando possuem meio fio na via, nos termos do código de posturas;

IV – exceto aqueles que mesmo desconformes com os incisos I ao III deste artigo, são:
a) imóveis de interesse histórico cultural, natural ou paisagístico;
b) imóveis localizados nas áreas de preservação permanente ou unidades de
conservação;
c) imóveis localizados no eixo industrial e no eixo misto;
d) imóveis utilizados para lazer, atividade econômica ou de subsistência como:
agricultura ecológica que dispense a utilização de agrotóxicos, localizado em qualquer
zona da macrozona urbana, exceto na zona comercial de ocupação intensiva.

§ 2° - Considera-se gleba ou vazio urbano (área de terras acima de 1ha) subutilizado,


aqueles demarcados que se encontram como descontinuidades na malha urbana.

§ 3° - O proprietário será notificado pelo Poder Executivo municipal para o


cumprimento da obrigação de promover adequado aproveitamento através da edificação,
parcelamento ou utilização compulsórios. Sendo a notificação ser averbada no cartório de
registro de imóveis.

§ 4° - A notificação far-se-á:

I – por funcionário do órgão competente do Poder Público municipal, ao proprietário do


imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a quem tenha poderes de gerência geral ou
administração;

II – por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa de notificação na forma
prevista pelo inciso I.

§ 5° - Os prazos máximos para o cumprimento da obrigação mencionada no § 3° serão:

I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o projeto no órgão


municipal competente ou seja providenciado os requisitos para o imóvel deixar de ser
subutilizado;

II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para:


a) iniciar as obras do empreendimento;
b) ou efetivar os requisitos, que não demandam obra nova, para o imóvel deixar de
ser subutilizado, o que acarretará no protocolo de comunicação do cumprimento.

Art. 87. O poder executivo municipal fica autorizado a disciplinar através de decreto:

I – os prazos para a apresentação de defesa pelo proprietário e demais procedimentos


pertinentes ao disposto nesta seção;

II - casos de suspensão do processo;

III – órgão ou ente competente para, após a apreciação da defesa, decidir pela aplicação
do parcelamento, ocupação ou utilização compulsória do imóvel.

Art. 88. A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa mortis, posterior à data
da notificação, transfere as obrigações de parcelamento, edificação ou utilização previstas nesta
seção I do capítulo II, sem interrupção de quaisquer prazos.
Art. 89. Fica facultado aos proprietários proporem o estabelecimento de consórcio
imobiliário, nos termos desta lei.

Seção II

Do IPTU progressivo no tempo

Art. 90. Em caso de descumprimento das condições e dos prazos previstos na forma da
seção I do capítulo II desta Lei, o Município procederá à aplicação do imposto sobre a
propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante a majoração da
alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos.

§ 1° - O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado em lei específica e não
excederá a duas vezes o valor referente ao ano anterior, respeitada a alíquota máxima de 10%
(dez por cento).(NR)

§ 2° - Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja atendida em cinco


anos, o Município manterá a cobrança pela alíquota máxima, até que se cumpra a referida
obrigação, garantida a prerrogativa prevista no art. 8o.

§ 3° - É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à tributação progressiva


de que trata este artigo.

Seção III

Da desapropriação

Subseção I

Da desapropriação com pagamento em títulos

Art. 91. Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo no tempo sem que o
proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o Município
poderá proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública.

§ 1° - Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado Federal e serão
resgatados no prazo de até dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o
valor real da indenização e os juros legais de seis por cento ao ano.

§ 2° - O valor real da indenização:

I – refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado o montante incorporado em


função de obras realizadas pelo Poder Público na área onde o mesmo se localiza após a
notificação de que trata o § 4° do art. desta lei;

II – não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes e juros compensatórios.


§ 3° - Os títulos de que trata este artigo não terão poder liberatório para pagamento de
tributos.

§ 4° - O Município procederá ao adequado aproveitamento do imóvel no prazo máximo


de cinco anos, contado a partir da sua incorporação ao patrimônio público.

§ 5° - O aproveitamento do imóvel poderá ser efetivado diretamente pelo Poder Público


ou por meio de alienação ou concessão a terceiros, observando-se, nesses casos, o devido
procedimento licitatório.

§ 6° - Ficam mantidas para o adquirente de imóvel nos termos do § 5° do caput as


mesmas obrigações de parcelamento, edificação ou utilização previstas seção II do capítulo II
desta Lei.

Subseção II

Da desapropriação

Art. 92. As seguintes áreas estão sujeitas à aplicação do instrumento de desapropriação


por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização
em dinheiro, ressalvados os casos previstos na Constituição Federal:

I - todos os terrenos do eixo industrial 1 e do eixo misto;

II - todas as áreas designadas como zonas de interesse público;

III - todas as áreas designadas ou a serem como de interesse social 3;

IV - a faixa de 200m de cada lado do local da proposta da perimetral norte (ver anexo 4
– Mapa da proposta de traçado da perimetral norte);

V – a faixa necessária para a abertura da estrada rural ou vicinal, que diminui o trajeto
entre a comunidade rural da Seival e a BR 158 a ser projetada;

Parágrafo único. Outras áreas poderão estar sujeitas a desapropriação, pelas mesmas
condições do caput deste artigo.

Seção IV

Do direito de superfície

Art. 93. O direito de superfície poderá ser exercido em todo o território municipal, nos
termos dos artigos 21, 22, 23 e 24 da Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001 – Estatuto da
Cidade e das demais disposições da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil.
Art. 94. O proprietário urbano poderá conceder a outrem o direito de superfície do seu
terreno, por tempo determinado ou indeterminado, mediante escritura pública registrada no
cartório de registro de imóveis.

§ 1° - O direito de superfície abrange o direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço


aéreo relativo ao terreno, na forma estabelecida no contrato respectivo, atendida a legislação
urbanística.

§ 2° - A concessão do direito de superfície poderá ser gratuita ou onerosa.

§ 3° - O superficiário responderá integralmente pelos encargos e tributos que incidirem


sobre a propriedade superficiária, arcando, ainda, proporcionalmente à sua parcela de ocupação
efetiva, com os encargos e tributos sobre a área objeto da concessão do direito de superfície,
salvo disposição em contrário do contrato respectivo.

§ 4° - O direito de superfície pode ser transferido a terceiros, obedecidos os termos do


contrato respectivo, exceto quando exercido pelo poder público municipal.

§ 5° - Por morte do superficiário, os seus direitos transmitem-se a seus herdeiros.

Art. 95. Em caso de alienação do terreno, ou do direito de superfície, o superficiário e o


proprietário, respectivamente, terão direito de preferência, em igualdade de condições à oferta de
terceiros.

Art. 96. Extingue-se o direito de superfície:


I – pelo advento do termo;

II – pelo descumprimento das obrigações contratuais assumidas pelo superficiário.

Art. 97. Extinto o direito de superfície, o proprietário recuperará o pleno domínio do


terreno, bem como das acessões e benfeitorias introduzidas no imóvel, independentemente de
indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário no respectivo contrato.

§ 1° - Antes do termo final do contrato, extinguir-se-á o direito de superfície se o


superficiário der ao terreno destinação diversa daquela para a qual for concedida.

§ 2° - A extinção do direito de superfície será averbada no cartório de registro de


imóveis.

Art. 98. O poder público municipal poderá exercer o direito de superfície em áreas
particulares:

I – Quando atender uma ou mais das situações a seguir:


a) carência de equipamentos públicos e comunitários, na região de implantação do
mesmo e não haja possibilidade de utilização de terreno público ou de aquisição;

b) facilitar a regularização fundiária de interesse social;

c) em caráter temporário para o reassentamento de moradores de núcleos


habitacionais de baixa renda, durante o período necessário para as obras de
urbanização;

d) viabilizar a implantação de infra-estrutura de saneamento básico;

e) facilitar a implantação de projetos de habitação de interesse social;

f) favorecer a proteção ou recuperação do patrimônio ambiental;

g) viabilizar a implementação das diretrizes, projetos e programas desta lei;

II – concessão por tempo determinado e de no máximo 2 (dois) anos, podendo ser


renovado;

III – proibição de transferência para terceiros.

Art. 99. O poder público municipal poderá conceder onerosamente o direito de


superfície do solo, subsolo ou espaço aéreo nas áreas públicas integrantes de seu patrimônio para
fins de exploração por parte de concessionárias de serviços públicos.

Seção V

Do direito de preempção

Art. 100. O direito de preempção confere ao Poder Público municipal preferência para
aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares.

§ 1° - O direito de preempção será exercido sempre que o Poder Público necessitar de


áreas para:

I – regularização fundiária;
II – execução de programas e projetos habitacionais de interesse social;
III – constituição de reserva fundiária;
IV – ordenamento e direcionamento da expansão urbana;
V – implantação de equipamentos urbanos e comunitários;
VI – criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes;
VII – criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse
ambiental;
VIII – proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico;
IX – preservação ambiental;
X – promoção do desenvolvimento local.

§ 2° - Para a delimitação de novas áreas será necessária lei municipal e está deverá
enquadrar cada área em que incidirá o direito de preempção em uma ou mais das finalidades
enumeradas por este artigo.

Art. 101. O proprietário deverá notificar sua intenção de alienar o imóvel, para que o
Município, no prazo máximo de trinta dias, manifeste por escrito seu interesse em comprá-lo.

§ 1° - À notificação mencionada no caput será anexada proposta de compra assinada


por terceiro interessado na aquisição do imóvel, da qual constarão preço, condições de
pagamento e prazo de validade.

§ 2° - O Município fará publicar, em órgão oficial e em pelo menos um jornal local,


edital de aviso da notificação recebida nos termos do caput e da intenção de aquisição do imóvel
nas condições da proposta apresentada.

§ 3° - Transcorrido o prazo mencionado no caput sem manifestação, fica o proprietário


autorizado a realizar a alienação para terceiros, nas condições da proposta apresentada.

§ 4° - Concretizada a venda a terceiro, o proprietário fica obrigado a apresentar ao


Município, no prazo de trinta dias, cópia do instrumento público de alienação do imóvel.

§ 5° - A alienação processada em condições diversas da proposta apresentada é nula de


pleno direito.

§ 6° - Ocorrida a hipótese prevista no § 5o o Município poderá adquirir o imóvel pelo


valor da base de cálculo do IPTU ou pelo valor indicado na proposta apresentada, se este for
inferior àquele.

Art. 102. As seguintes áreas estão sujeitas à aplicação do direito de preempção:

I - todos os terrenos do eixo industrial 1 e do eixo misto, necessários para a promoção


do desenvolvimento local;

II - todas as áreas designadas como zonas de interesse público, necessárias para


execução de programas e projetos habitacionais de interesse social ou implantação de
equipamentos urbanos e comunitários;

III - todas as áreas designadas como áreas especiais de interesse social 3, necessárias
para execução de programas e projetos habitacionais de interesse social;

IV - a faixa de 200m de cada lado do local da proposta da perimetral norte (anexo 4 –


Mapa da Proposta do Traçado da Perimetral Norte ), necessária para a promoção do
desenvolvimento local;
§ 1° - Outras áreas, além das mencionadas no § 6°, para aplicação do direito de
preempção poderão ser definidas por lei municipal.

§ 2° - Nas áreas delimitadas no caput incidirá o direito de preempção no prazo de cinco


anos, renovável a partir de um ano após o decurso do prazo inicial de vigência.

Art. 103. O direito de preempção fica assegurado durante o prazo de vigência fixado no
§ 2° do artigo 100 e em lei para a definição de novas áreas quando necessário,
independentemente do número de alienações referentes ao mesmo imóvel.

Seção VI

Da outorga onerosa do direito de construir

Art. 104. O direito de construir poderá ser exercido acima do Índice de Aproveitamento
Incentivado (IAI) na zona comercial de ocupação intensiva e eixos adensáveis, até o limite do
Índice de Aproveitamento Máximo (IAM), mediante contrapartida a ser prestada pelo
beneficiário.

Art. 105. A fórmula de cálculo para a cobrança da contrapartida é a seguinte:

Valor em R$ da contrapartida = (0,10 x VRM) x área construída (m²) excedente ao IAI


até o limite do IAM, sendo VRM = Valor de Referência Municipal

§ 1° - A contrapartida a ser prestada pelo beneficiário pode ser:


a) em dinheiro;
b) ou através da execução de projetos das situações apresentadas no artigo 98,
correspondente ao mesmo valor calculado. Esta forma deverá ser proposta pelo
beneficiário e analisada pelo órgão público pertinente, mediante parecer do
CONDURCRUZ.

§ 2° - A contrapartida a ser prestada pelo beneficiário poderá ser passível de isenção


quando:

I – o imóvel a necessitar de direito de construir a mais é de interesse social ou de


utilidade pública, pelo seu uso ou titularidade. Tal requisito deverá ser analisado pelo órgão
público pertinente, mediante parecer do CONDURCRUZ.

§ 3° - Os recursos auferidos com a adoção da outorga onerosa do direito de construir


serão aplicados com as finalidades previstas nos incisos I a IX do § 2° art. 98 desta Lei (as
mesmas do direito de preempção) e irão para o Fundo Municipal de Planejamento (ver como
criar e se já não existe um similar).
Seção VII

Das operações urbanas consorciadas

Art. 106. Lei municipal específica, baseada no PDDUA, poderá delimitar área para
aplicação de operações consorciadas.

§ 1° - Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de intervenções e medidas


coordenadas pelo Poder Público municipal, com a participação dos proprietários, moradores,
usuários permanentes e investidores privados, com o objetivo de alcançar em uma área
transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental.

§ 2° - Poderão ser previstas nas operações urbanas consorciadas, entre outras medidas:
I – a modificação de índices e características de parcelamento, uso e ocupação do solo e
subsolo, bem como alterações das normas, considerado o impacto ambiental delas decorrente;

II – a regularização de construções, reformas ou ampliações executadas em desacordo


com a legislação vigente.

Art.107. Da lei específica que aprovar a operação urbana consorciada constará o plano
de operação urbana consorciada, contendo, no mínimo:
I – definição da área a ser atingida;

II – programa básico de ocupação da área;

III – programa de atendimento econômico e social para a população diretamente


afetada pela operação;

IV – finalidades da operação;

V – relatório de impacto de vizinhança;

VI – contrapartida a ser exigida dos proprietários, usuários permanentes e investidores


privados em função da utilização dos benefícios previstos nos incisos I e II do § 2 ° - do art. 104
desta Lei;

VII – forma de controle da operação, obrigatoriamente compartilhado com


representação da sociedade civil.

§ 1° - Os recursos obtidos pelo Poder Público Municipal na forma do inciso VI deste


artigo serão aplicados exclusivamente na própria operação urbana consorciada.

§ 2° - A partir da aprovação da lei específica de que trata o caput, são nulas as licenças
e autorizações a cargo do Poder Público Municipal expedidas em desacordo com o plano de
operação urbana consorciada.
Art. 108. A lei específica que aprovar a operação urbana consorciada poderá prever a
emissão pelo Município de quantidade determinada de certificados de potencial adicional de
construção, que serão alienados em leilão ou utilizados diretamente no pagamento das obras
necessárias à própria operação.

§ 1° - Os certificados de potencial adicional de construção serão livremente negociados,


mas conversíveis em direito de construir unicamente na área objeto da operação.

§ 2 ° - Apresentado pedido de licença para construir, o certificado de potencial


adicional será utilizado no pagamento da área de construção que supere os padrões estabelecidos
pelo índice de aproveitamento incentivado (IAI) da área, até o limite fixado pela lei específica
que aprovar a operação urbana consorciada.

Seção VIII

Da transferência do direito de construir

Art. 109. Lei municipal, baseada no plano diretor, poderá autorizar o proprietário de
imóvel urbano, privado ou público, a exercer na zona comercial de ocupação intensiva ou na
zona residencial mista 1, ou alienar, mediante escritura pública, o direito de construir previsto
pelo IAI nestas zonas até o limite do IAM, quando o referido imóvel for considerado necessário
para fins de:

I – implantação de equipamentos urbanos e comunitários;


II – preservação, quando o imóvel for considerado de interesse histórico, ambiental,
paisagístico, social ou cultural (anexo 8 D - Tabela de Prédios de Interesse Histórico- Cultural);
III – servir a programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas por
população de baixa renda e habitação de interesse social.

§ 1° - o proprietário poderá exercer ou alienar o direito de construir que teria caso fosse
exercê-lo no local que está preservado ou afetado por um dos incisos do caput deste artigo. E o
exercício ou comprador poderá fazê-lo até o limite do IAM previsto nas zonas comercial de
ocupação intensiva e na zona residência mista 1.
§ 2° - A mesma faculdade poderá ser concedida ao proprietário que doar ao Poder
Público seu imóvel, ou parte dele, para os fins previstos nos incisos I a III do caput.
§ 3° - A lei municipal referida no caput estabelecerá as condições relativas à aplicação
da transferência do direito de construir.

Seção IX

Do consórcio imobiliário

Art. 110. Fica facultado aos proprietários de qualquer imóvel, inclusive os atingidos
pela obrigação de que trata a seção I e II do capítulo II e que não estão cumprindo a sua função
social, propor ao Poder Executivo Municipal o estabelecimento de consórcio imobiliário,
principalmente daqueles localizados nas zonas de interesse público, eixo industrial e misto, e os
sujeitos aos instrumentos de direito de preempção e/ou desapropriação.
§ 1° - Considera-se consórcio imobiliário a forma de viabilização de planos de
urbanização ou edificação por meio da qual o proprietário transfere ao Poder Público Municipal
seu imóvel e, após a realização das obras, recebe, como pagamento, unidades imobiliárias
devidamente urbanizadas ou edificadas.
§ 2° - O valor das unidades imobiliárias a serem entregues ao proprietário será
correspondente ao valor do imóvel antes da execução das obras.
Art. 111. Para ser estabelecido, o consórcio imobiliário deverá obter parecer favorável
do órgão ou ente responsável pelo planejamento urbano municipal e do conselho municipal
pertinente, e deverá atender a uma das seguintes finalidades:

I – promover habitação de interesse social ou equipamentos urbanos e comunitários em


terrenos vazios, edificações subutilizadas ou de interesse histórico cultural;

II – melhorar a infra-estrutura urbana local;

III – promover a urbanização em áreas de interesse público;

IV – promover o desenvolvimento local.

CAPÍTULO III

Dos Instrumentos de Regularização Fundiária

Seção I

Da usucapião especial de imóvel urbano

Art. 112. Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e
cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro
imóvel urbano ou rural.

§ 1° - O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos,


independentemente do estado civil.

§ 2° - O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais
de uma vez.

§ 3° - Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a


posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão.

Art. 113. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados,
ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e
sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são
suscetíveis de ações de usucapião coletivamente, desde que os possuidores não sejam
proprietários de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1° - O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo,
acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.

§ 2° - A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz,


mediante sentença, a qual servirá de título para registro no Cartório de Registro de Imóveis.
§ 3° - Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor,
independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito
entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.

§ 4° - O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção,


salvo deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de
execução de urbanização posterior à constituição do condomínio.

§ 5° - As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas


por maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou
ausentes.

Art. 114. Na pendência da ação de usucapião especial urbana, ficarão sobrestadas


quaisquer outras ações, petitórias ou possessórias, que venham a ser propostas relativamente ao
imóvel usucapiendo.

Art. 115. São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial urbana:
I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente;

II – os possuidores, em estado de composse;

III – como substituto processual, a associação de moradores da comunidade,


regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamente autorizada pelos
representados.

§ 1° - Na ação de usucapião especial urbana é obrigatória a intervenção do Ministério


Público.

§ 2° - O autor terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive


perante o cartório de registro de imóveis.

Art. 116. A usucapião especial de imóvel urbano poderá ser invocada como matéria de
defesa, valendo a sentença que a reconhecer como título para registro no Cartório de Registro de
Imóveis.

Art. 117. Na ação judicial de usucapião especial de imóvel urbano, o rito processual a
ser observado é o sumário.
Seção II

Da Concessão de direito real de uso

Art. 118. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou
de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural, conforme artigo 183 da Constituição Federal.

§ 1° - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à


mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.

§ 2° - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

§ 3° - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Art. 119. Nos casos de programas e projetos habitacionais de interesse social,


desenvolvidos por órgãos ou entidades da Administração Pública com atuação específica nessa
área, os contratos de concessão de direito real de uso de imóveis públicos, de acordo com a lei
federal n° 10.257/2001:

I – terão, para todos os fins de direito, caráter de escritura pública, não se aplicando o
disposto no inciso II do art. 134 do Código Civil;

I – terão, para todos os fins de direito, caráter de escritura pública, não se aplicando o
disposto no artigo 108 do Código Civil; (Redação dada pela Lei Complementar nº. 055/10 de 11
de agosto de 2010)

II – constituirão título de aceitação obrigatória em garantia de contratos de


financiamentos habitacionais.

Art. 120. A concessão de direito real de uso rege-se pela legislação que lhe é própria.

§ 1° - a legislação da concessão de direito real de uso será complementada por lei


municipal específica, a ser elaborada em um prazo máximo de 2 (dois) anos.

Seção III

Da Concessão de uso especial


Art. 121. Aquele que, até 30 de junho de 2001, possuiu como seu, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinqüenta metros quadrados de imóvel público
situado em área urbana, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, tem o direito à
concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que
não seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1° - A concessão de uso especial para fins de moradia será conferida de forma
gratuita ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.

§ 2° - O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo concessionário
mais de uma vez.

§ 3° - Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, na


posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão.

Art. 122. Nos imóveis de que trata o art. 117, com mais de duzentos e cinqüenta metros
quadrados, que, até 30 de junho de 2001, estavam ocupados por população de baixa renda para
sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar
os terrenos ocupados por possuidor, a concessão de uso especial para fins de moradia será
conferida de forma coletiva, desde que os possuidores não sejam proprietários ou
concessionários, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1° - O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo,
acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.
§ 2° - Na concessão de uso especial de que trata este artigo, será atribuída igual fração
ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um
ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os ocupantes, estabelecendo frações ideais
diferenciadas.
§ 3° - A fração ideal atribuída a cada possuidor não poderá ser superior a duzentos e
cinqüenta metros quadrados.

Art. 123. Será garantida a opção de exercer os direitos de que tratam os arts. 117 e 118
também aos ocupantes, regularmente inscritos, de imóveis públicos, com até duzentos e
cinqüenta metros quadrados, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que
estejam situados em área urbana, na forma do regulamento.

Art. 124. No caso de a ocupação acarretar risco à vida ou à saúde dos ocupantes, o
Poder Público garantirá ao possuidor o exercício do direito de que tratam os arts. 117 e 118 em
outro local.

Art. 125. É facultado ao Poder Público assegurar o exercício do direito de que tratam
os arts. 117 e 118 em outro local na hipótese de ocupação de imóvel:

I - de uso comum do povo;


II - destinado a projeto de urbanização;
III - de interesse da defesa nacional, da preservação ambiental e da proteção dos
ecossistemas naturais;
IV - reservado à construção de represas e obras congêneres; ou
V - situado em via de comunicação.
Art. 126. O título de concessão de uso especial para fins de moradia será obtido pela via
administrativa perante o órgão competente da Administração Pública ou, em caso de recusa ou
omissão deste, pela via judicial.

§ 1° - A Administração Pública terá o prazo máximo de doze meses para decidir o


pedido, contado da data de seu protocolo.
§ 2° - Na hipótese de bem imóvel da União ou dos Estados, o interessado deverá
instruir o requerimento de concessão de uso especial para fins de moradia com certidão expedida
pelo Poder Público municipal, que ateste a localização do imóvel em área urbana e a sua
destinação para moradia do ocupante ou de sua família.
§ 3° - Em caso de ação judicial, a concessão de uso especial para fins de moradia será
declarada pelo juiz, mediante sentença.
§ 4° - O título conferido por via administrativa ou por sentença judicial servirá para
efeito de registro no cartório de registro de imóveis.
Art. 127. O direito de concessão de uso especial para fins de moradia é transferível por
ato inter vivos ou causa mortis.

Art. 128. O direito à concessão de uso especial para fins de moradia extingue-se no
caso de:
I - o concessionário dar ao imóvel destinação diversa da moradia para si ou para sua
família; ou
II - o concessionário adquirir a propriedade ou a concessão de uso de outro imóvel
urbano ou rural.

Parágrafo único. A extinção de que trata este artigo será averbada no Cartório de
Registro de Imóveis, por meio de declaração do Poder Público concedente.

Art. 129. É facultado ao Poder Público competente dar autorização de uso àquele que,
até 30 de junho de 2001, possuiu como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição,
até duzentos e cinqüenta metros quadrados de imóvel público situado em área urbana, utilizando-
o para fins comerciais.

§ 1° - A autorização de uso de que trata este artigo será conferida de forma gratuita.
§ 2° - O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo,
acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.
§ 3° - Aplica-se à autorização de uso prevista no caput deste artigo, no que couber, o
disposto nos arts. 117 e 118.

TÍTULO V

DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DO MUNICÍPIO

Art. 130. A gestão urbana do município consiste na implementação das diretrizes,


programas e projetos delineados neste PDDUA, bem como na busca constante de programas para
minimizar os problemas urbanos de Cruz Alta. E deverá ser exercida de forma democrática.
Art. 131. A gestão democrática do Município objetiva a administração do
desenvolvimento urbano do Município de forma compartilhada, transparente, participativa e
pactuada com todos os segmentos da sociedade.

§ 1° - É a união de esforços entre o executivo municipal, o legislativo e a sociedade


civil nos processos decisórios para o desenvolvimento municipal, envolvendo negociações e co-
responsabilidades com o objetivo de pactuar propostas e implementar ações que contemplem o
bem estar da maioria da população em consonância com a preservação ambiental.

§ 2° - A gestão democrática também é entendida como o processo decisório no qual há


a participação direta dos cidadãos individualmente ou através das suas organizações
representativas na formulação, execução e controle da política urbana, garantindo:

I - a transparência, a solidariedade, a justiça social e o apoio na participação popular;

II - a ampliação e a consolidação do poder dos citadinos e de suas organizações


representativas na formulação das políticas e no controle das ações de desenvolvimento urbano
através de conselhos, conferências e audiências;

III - a consolidação e o aperfeiçoamento dos instrumentos de planejamento e gestão das


políticas públicas e descentralização das ações do governo municipal;

IV - a capacitação em conjunto com a sociedade civil;

V - o estímulo aos conselhos e outras entidades do movimento popular;

VI - a instituição de espaços para discussão, avaliação e monitoramento sobre a


execução e quando da revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Cruz
Alta.

§ 3° - Os conselhos, conferências, audiências e coordenação dos demais instrumentos


de gestão democrática serão integrados por representantes da sociedade civil e do poder público
e terão caráter deliberativo e controlador das políticas públicas municipais, inclusive em relação
à elaboração do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e do Orçamento Anual,
resguardadas as competências constitucionais dos Poderes Executivo e Legislativo.

§ 4° - O executivo municipal deve promover, mediar e garantir a participação da


sociedade civil na gestão urbana democrática do Município por meio da utilização dos
instrumentos de democratização da gestão urbana.

CAPÍTULO I

DOS INSTRUMENTOS DE DEMOCRATIZAÇÃO DA GESTÃO URBANA


Art. 132. Para garantir a gestão democrática do município, deverão ser utilizados, entre
outros, os seguintes instrumentos:
I – órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal;

II – debates, audiências e consultas públicas;

III – conferências municipais sobre assuntos de interesse urbano, entre elas:

a) Conferência da Cidade no nível municipal e participação nas dos níveis nacional e


estadual, de acordo com as resoluções federais do CONCIDADES (Conselho das
Cidades);

IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de


desenvolvimento urbano, nos termos do artigo 14 da Constituição Federal;

V – plebiscitos e referendos, nos termos do artigo 14 da Constituição Federal;

VI – conselhos, especialmente o Conselho de Desenvolvimento Urbano de Cruz Alta –


CONDURCRUZ, incluído neste o Conselho da Cidade que gerirá a conferência da cidade e as
comissões técnicas, entre elas: a Comissão de Áreas e a Comissão de Patrimônio Histórico
Cultural, e o Conselho Municipal do Meio Ambiente criado pela Lei Municipal N° 0915 de 30
de novembro de 2004;

VII – gestão orçamentária participativa, de acordo com a Lei Municipal n° 1359 de 24


de maio de 2005 que, dentre outras providências, institui a coordenadoria especial de assuntos
comunitários e o decreto que institui e regulamenta o Conselho do Orçamento Participativo –
COP;

VIII – oficinas de capacitação do executivo municipal e da sociedade civil sobre


matérias referentes ao desenvolvimento urbano;

IX – seminários de matérias referentes ao desenvolvimento urbano.

Art. 133. No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa incluirá a realização


de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de
diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como condição obrigatória para sua aprovação
pela Câmara Municipal.

Seção I

Do Conselho de Desenvolvimento Urbano de Cruz Alta – CONDURCRUZ

Art. 134. Fica criado o Conselho de Desenvolvimento Urbano de Cruz Alta -


CONDURCRUZ, órgão deliberativo e consultivo, com as seguintes competências:
I - propor diretrizes, instrumentos, normas e prioridades da política municipal de
desenvolvimento urbano, respeitadas as contidas nesta lei;
II - acompanhar e avaliar a implementação das diretrizes, instrumentos, normas e
políticas contidas nesta lei e demais instituídas, em especial as políticas de regularização
fundiária e produção de habitação de interesse social, e de saneamento ambiental, e recomendar
em conjunto com outros conselhos pertinentes as providências necessárias ao cumprimento de
seus objetivos;

III - propor a edição de normas gerais de direito urbanístico e manifestar-se sobre


propostas de alteração da legislação pertinente ao desenvolvimento urbano;

IV - emitir orientações e recomendações sobre a aplicação desta lei, e dos demais atos
normativos relacionados ao desenvolvimento urbano;

V – zelar pela completa e correta aplicação desta lei;

VI - promover a cooperação entre os governos da União, dos Estados, dos Municípios e


a sociedade civil na formulação e execução das políticas de desenvolvimento urbano;

VII - analisar e emitir parecer sobre casos omissos a esta lei;

VIII – gerir o Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano;

IX - elaborar o regimento interno no prazo de 90 (noventa) dias da aprovação da


presente lei e submetê-lo a apreciação e aprovação do chefe do executivo, por Decreto.

§ 1° - À Secretaria Municipal de Planejamento caberá encaminhar para análise do


CONDURCRUZ, os casos omissos à presente Lei, para que indique soluções urbanísticas e de
desenvolvimento mais adequadas.

§ 2° - As propostas para modificação da presente Lei deverão constar de Parecer


Técnico e Jurídico para análise e aprovação do CONDURCRUZ.

Art. 135.O CONDURCRUZ é parte integrante do Sistema Nacional de Conselhos de


Cidades e do Sistema Municipal de Planejamento e será composto de acordo com as seguintes
proporções:

I - 50% - poder público;

II - 50% - sociedade civil, assim distribuídos:

a) 10% - entidades da área dos movimentos populares;

b) 10% - entidades da área empresarial;

c) 10% - entidades da área de trabalhadores;


d) 10% - entidades da área profissional, acadêmica e de pesquisa;

e) 10% - organizações não governamentais.

Art. 136. O CONDURCRUZ é composto, quanto a sua estrutura organizacional, por


seu Presidente, pelo Plenário e por uma Secretaria-Executiva, cujas atribuições serão definidas
no regimento interno.

§ 1° - O CONDURCRUZ poderá instituir comissões técnicas de assessoramento, na


forma do regimento interno. Desde já fica criada a seguintes comissões:

I – Comissão de Patrimônio Histórico Cultural, com as seguintes atribuições:

a) analisar e emitir parecer sobre intervenções no ambiente construído ou em edificações


construídas no ano de 1960 ou inferior a esta época, e demais situações que envolvam o
patrimônio histórico cultural;

II – Comissão de Áreas, com as seguintes atribuições:

a) analisar e emitir parecer sobre o valor e as formas de pagamento da outorga


onerosa do direito de construir, de acordo com as diretrizes desta lei;
b) analisar e emitir parecer a respeito da operacionalização do instrumento: operações
urbanas consorciadas.

§ 2° - Comissão técnica é aquela composta por profissionais liberais, de entidades


públicas ou privadas e de instituições de ensino que possuem atuação na área a qual tratará a
comissão.

Art. 137. O executivo municipal disporá, em forma de decreto, sobre a estrutura do


CONDURCRUZ, a composição do seu Plenário e a designação dos membros e suplentes do
Conselho e das suas comissões técnicas, de acordo com as indicações das entidades
componentes.

Art. 138. A participação no CONDURCRUZ e nos comitês técnicos não será


remunerada.

Art. 139. As funções de membro do CONDURCRUZ e dos comitês técnicos serão


consideradas prestação de relevante serviço de interesse público e a ausência ao trabalho delas
decorrente será abonada e computada como jornada efetiva de trabalho, para todos os efeitos
legais.
CAPÍTULO III

DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO URBANA

Art. 140. O Sistema de Planejamento e Gestão Urbana compreende os órgãos da


Prefeitura e os canais de participação da sociedade na formulação de estratégias de gestão
municipal da política urbana, orientando-se pelos seguintes princípios:

I - integração e coordenação dos processos de planejamento e gestão do


desenvolvimento urbano, articulando os diversos órgãos da Prefeitura, canais de participação e
demais agentes públicos e privados intervenientes no espaço do Município de Cruz Alta;

II - participação da sociedade civil no planejamento, gestão, acompanhamento,


fiscalização, controle social e avaliação da implementação das diretrizes, normas, programas e
projetos descritos nesta Lei.

Parágrafo único – A coordenação do sistema de planejamento urbano e gestão urbana


compete à secretaria ou órgão público municipal envolvido diretamente com a área de
planejamento.

Art. 141. São objetivos do Sistema de Planejamento e Gestão Urbana de Cruz Alta:

I - garantir a eficácia da gestão, voltada para se alcançar a melhoria da qualidade de


vida dos munícipes;

II - garantir mecanismos de monitoramento e gestão do Plano Diretor de


Desenvolvimento Urbano Ambiental, na formulação e aprovação dos programas e projetos para
sua implementação e na indicação das necessidades de detalhamento, atualização e revisão. Entre
estes mecanismos estão:

a) o Sistema de Informações Municipais – SIM;


b) o Sistema de Acompanhamento do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
Ambiental;
c) o Sistema de Fiscalização para a correta aplicação do Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano Ambiental e das demais legislações urbanas e ambientais;
d) o Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano – FMDU;

III - garantir estruturas e processos democráticos e participativos para o planejamento e


gestão da política urbana, de forma continuada, permanente e dinâmica.

Art. 142. O Sistema de Planejamento e Gestão Urbana articula os instrumentos de


gestão democrática do município mencionados no artigo 128.

Seção I
Do Sistema de Informações Municipais - SIM

Art. 143. O Sistema de Informações Municipais - SIM agregará informações impressas


e digitais do município e gerais de planejamento e gestão urbana, referente a dados informativos,
legislativos, físico-territoriais e sócio-econômicos, no formato de mapas, fotos, imagens, estudos,
estatísticas, manuais, livros, entre outros, gerados pelo órgão municipal, demais órgãos púbicos,
instituições privadas e de ensino.

Art. 144. O executivo municipal manterá atualizado, permanentemente o SIM, cujas


informações serão progressivamente georreferenciadas em meio digital.

Art. 145. O SIM deve atender aos princípios da simplificação, economicidade, eficácia,
clareza, precisão e segurança, evitando-se a duplicação de meios e instrumentos para fins
idênticos.

Art. 146. São objetivos do SIM:

I - fornecer informações para o planejamento, monitoramento, implementação e


avaliação das políticas urbanas, subsidiando a tomada de decisões na gestão do PDDUACA e do
desenvolvimento urbano do Município;

II - assegurar a ampla e permanente divulgação dos dados do sistema na página


eletrônica da Prefeitura Municipal de Cruz Alta, bem como seu acesso aos munícipes, por todos
os meios possíveis;

III - implementar a articulação com outros sistemas de informação e bases de dados


municipais, estaduais, nacionais e internacionais, existentes em órgãos públicos e em entidades
privadas.

Parágrafo único - Para o efetivo atendimento ao disposto no inciso II do caput do


artigo, o Poder Público Municipal deve conferir ampla publicidade a todos os documentos e
informações produzidos no processo de elaboração, revisão e aperfeiçoamento do Plano Diretor
de Desenvolvimento Urbano Ambiental. E dos demais planos, programas e projetos setoriais,
regionais, locais e específicos ligados ao desenvolvimento urbano, bem como no controle e
fiscalização de sua implementação, a fim de assegurar o conhecimento dos respectivos conteúdos
à população, devendo ainda disponibilizá-los, mediante pagamento das despesas geradas pela
expedição, a qualquer munícipe que os requisitar por petição simples, ressalvadas as situações
em que o sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

Art. 147. O Sistema de Informações Municipais deve englobar dados referentes às


seguintes temáticas: Meio Ambiente e Área Rural, Patrimônio Histórico Cultural, Sistema Viário
e Acessibilidade Universal, Uso do solo e Regime Urbanístico, e Regularização Fundiária.

Seção II
Do Sistema de Acompanhamento e Revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
Ambiental

Art. 148. O acompanhamento da implementação desta lei será exercido pelo


CONDURCRUZ.

Art. 149. O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Cruz Alta será
revisto a cada 6 (seis) anos ou sempre que mudanças significativas na evolução urbana o
recomendarem.

§ 1° - O processo de revisão deverá ser convocado por meio dos instrumentos de


democratização da gestão urbana.

§ 2º - A revisão será coordenada tecnicamente pelo órgão ou secretaria municipal da


área do planejamento, a quem caberá presidir o processo e constituir, em conjunto com o
CONDURCRUZ, a comissão de revisão do Plano Diretor, instituída por decreto, a qual deverá:

I - articular a participação das áreas técnicas dos demais órgãos da Prefeitura Municipal
para produção de estudos e propostas para revisão do Plano Diretor, de forma a garantir o
cumprimento de uma pauta de debates, capacitações, escutas sobre todas as temáticas urbanas.
Como processo democrático obrigatório de construção de proposições, em consonância com as
normas estabelecidas pela lei federal n° 10.257 (Estatuto da Cidade) e Constituição Federal.

§ 3º - O processo de revisão do Plano Diretor compreenderá a execução de atividades


técnicas voltadas para a produção de estudos, diagnósticos e formulação de propostas e
atividades estruturadas para a sua discussão com a sociedade.

§ 4º - No processo de revisão do Plano Diretor serão obrigatórias a realização de


debates e audiências descentralizados, perfazendo no mínimo um por cada microrregião, as
mesmas 11 (onze) microrregiões definidas para o orçamento participativo. Com exceção de
alterações nesta Lei, inferiores a 5 artigos, que poderão ser feitas mediante convocação de no
mínimo 2 audiências públicas e por meio de parecer favorável do CONDURCRUZ.

§ 4º - No processo de revisão do Plano Diretor serão obrigatórias a realização de


debates e audiências descentralizados, perfazendo no mínimo um por cada microrregião, as
mesmas 11 (onze) microrregiões definidas para o orçamento participativo. Fica estabelecido que
OITO artigos poderão ser alterados a cada revisão do Plano Diretor, mediante convocação de no
mínimo 2 (duas) audiências públicas e por meio de parecer favorável do CONDURCRUZ.(NR)
Redação dada pela Lei Complementar nº. 098/14 de 26 de setembro de 2014)

§ 5º - O documento resultado das deliberações dos debates e audiências será


sistematizado na forma de projeto de lei e encaminhado para apreciação e deliberação da Câmara
Municipal de Vereadores, a qual deverá seguir as indicações das resoluções do CONCIDADES,
e assim promover no mínimo mais duas audiências.
§ 6º - Deverá ser promovido um seminário de revisão e adequações, se necessário, do
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano em período mínimo de 6 (seis) e máximo 12(doze)
meses a contar de sua aprovação, utilizando-se para tal da mesma sistematização estabelecida
nos parágrafos anteriores do presente artigo(NR)

Seção III

Do Sistema de Fiscalização

Art. 150. A reestruturação do sistema de fiscalização municipal deverá contemplar no


mínimo a seguinte composição:

I - Fiscalização de Obras;

II - Fiscalização de Posturas;

III - Fiscalização de Loteamentos;

IV - Fiscalização Ambiental;

V - Fiscalização Cadastral Imobiliária.

Seção IV

Do Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano

Art. 151. Fica criado o Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano – FMDU, gerido
pelo CONDURCRUZ - Conselho Desenvolvimento Urbano de Cruz Alta, é constituído pelas
seguintes receitas:

I - recursos provenientes da aplicação dos instrumentos da política urbana, a saber:

a) outorga onerosa do direito de construir;

b) concessão do direito de superfície.

II - recursos próprios do Município;

III - transferências intergovernamentais;

IV - transferências de instituições privadas;


V - transferências de organizações internacionais;

VI - transferências de pessoa física;

VII - rendas provenientes da aplicação financeira dos seus recursos próprios;

VIII - doações;

IX - outras receitas que lhe sejam destinadas por lei.

Parágrafo único. Os recursos do FMDU somente poderão ser aplicados nas situações
descritas no art. 98 § 1° e nos planos, projetos e políticas descritas nesta Lei.

Art. 152. O planejamento e avaliação das ações do FMDU, bem como a definição das
prioridades de aplicação dos recursos, de acordo com as descritos nesta Lei, é de
responsabilidade do CONDURCRUZ.

Art. 153. A Secretaria da Fazenda manterá os controles contábeis e financeiros de


movimentação dos recursos do FMDU, e fará a tomada de contas dos recursos aplicados.

Parágrafo único - Os recursos do FUMDESA serão depositados em conta especial em


estabelecimento oficial de crédito.

Art. 154. No prazo de 90 (noventa) dias da vigência desta Lei o Chefe do Poder
Executivo Municipal editará Decreto regulamentando o funcionamento, a estrutura, a execução
orçamentária e todos os demais procedimentos do FMDU ora criado.

TÍTULO VI

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 155. São nulas de pleno direito as licenças e autorizações expedidas em


desconformidade com esta Lei e a Legislação pertinente, sujeitando-se as obras, à embargo e
demolição, mediante processo administrativo ou judicial; salvo aquelas ainda não liberadas pelo
órgão competente, com protocolo anterior à vigência desta Lei.

Art. 156. O Poder Público Municipal promoverá edição popular desta Lei, no prazo
máximo de 90 (noventa) dias após a publicação.

Art. 157. O CONDURCRUZ – Conselho de Desenvolvimento Urbano de Cruz Alta,


deverá ser instalado e adequar-se às exigências expressas nesta Lei, no prazo máximo de 180
(cento e oitenta) dias após a publicação desta.

Art. 158. O Código de Obras e o Código de Posturas deverão ser revisados, com
encaminhamento ao Legislativo Municipal no prazo máximo de 2 (dois) anos após a publicação
desta Lei.
Art. 159. A Lei de Parcelamento do Solo deverá ser elaborada e encaminhada ao
Legislativo Municipal no prazo máximo de 2 (dois) anos após a publicação desta Lei.

Art. 160. As alíquotas do IPTU progressivo no tempo deverá ser regulamentada no


prazo máximo de 2 (dois) anos após a publicação desta.

Art. 161. Os planos setoriais de desenvolvimento industrial, desenvolvimento


comercial, arborização urbana, saneamento ambiental, transporte e mobilidade urbana, de
preservação do patrimônio histórico cultural e inventário do patrimônio histórico-cultural, além
da estruturação administrativa e o plano de Manejo da APA da Microbacia do lajeado da Cruz,
deverão ser elaborados no prazo máximo de 2 (dois) anos.

Art. 162 . As obras e edificações, já existentes e realizadas em data anterior a vigência


desta Lei, que se encontram em desacordo com as disposições do Plano Diretor ou de legislações
pretéritas, poderão ser objeto de regularização pela Prefeitura Municipal, a luz dos princípios da
razoabilidade, proporcionalidade e interesse público.(NR)

Parágrafo único - As situações em que os empreendimentos/empresas encontram-se em


desacordo com o zoneamento previsto no Plano Diretor (LC 040/2007), que já estão instaladas e
em atividade detentoras do alvará de funcionamento municipal anterior a LC 0040/2007, poderão
permanecer no local desde que atendam as medidas mitigadoras, condições e restrições
preconizadas por leis federais, estaduais e municipais. (Incluído pela Lei Complementar nº.
055/10 de 11 de agosto de 2010)

Art. 163 . Ficam incluídas, no anexo 2-A, Mapa dos Eixos Adensáveis, a Avenida Sete
de Setembro e a Rua Padre Pacheco(NR)

Art. 164. O executivo municipal possui 180 (cento e oitenta) dias a contar da edição
desse plano para identificar as demais áreas não utilizadas ou subutilizadas sobre as quais
incidirá o gravame de Áreas Especiais de Interesse Social 3, com vistas à implementação de
habitação de interesse social.

Art. 165. São parte integrante desta lei, os seguintes anexos específicos e/ou
pertinentes:

I – Anexo 1 – Mapa do Macrozoneamento Municipal;

II – Anexo 2A – Mapa do Zoneamento da Macrozona Urbana; (Alterado pela Lei


Complementar nº. 098/14 de 26 de setembro de 2014)

III – Anexo 2B – Mapa do Perímetro Urbano;

IV – Anexo 3 – Mapa do Sistema Viário Municipal;

V – Anexo 4 – Mapa da Proposta do Traçado da Perimetral Norte;


VI – Anexo 5A – Mapa do Sistema Viário Urbano - Hierarquia Viária;

VII – Anexo 5B – Perfis Viários (Alterado pela Lei Complementar nº. 066/12 de 06 de
março de 2012)

VIII – Anexo 6 – Mapa de Conflitos Viários – Diretrizes;

IX – Anexo 7 – Mapa da Divisão das Microrregiões – Reuniões Públicas;

X – Anexo 8A - Tipos de Usos e Atividades - Categorias e Classificação quanto ao


incômodo gerado;

XI – Anexo 8B - Tipos de Atividades Industriais e Classificação por potencial


poluidor- Categorias e Classificação quanto ao incômodo gerado;

XII – Anexo 8C - Tipos, Padrões de Incômodo e Medidas Mitigadoras;

XIII – Anexo 8D - Tabela de Prédios de Interesse Histórico Cultural; (Alterado pela Lei
Complementar nº. 066/12 de 06 de março de 2012)

XIV - Anexo 9A – Portaria de Entorno da Prefeitura n° 002-SEDAC – Parte 1, 2 e 3;

XV – Anexo 9B – Portaria de Entorno do Museu Érico Veríssimo n° 025 – SEDAC –


Parte 1 e 2.

Art. 166. Permanecem válidas as Leis Municipais vigentes, na parte que não colidir
com este Plano Diretor, até que sejam revisadas ou implementadas novas leis sobre a matéria.

Art. 167. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 168. Revogam-se todas as disposições em contrário, e a Lei Complementar


Municipal nº 0020, de 02 de julho de 2002.

VILSON ROBERTO BASTOS DOS SANTOS


PREFEITO MUNICIPAL

Registre-se e Publique-se.

RUDIMAR SCHNEIDER
SECRETÁRIO DA ADMINISTRAÇÃO

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