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G E O G R A F I A

IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA
● Em Portugal, a atividade agrícola tem vindo a PERDER IMPORTÂNCIA ao nível do EMPREGO
TOTAL e ao nível do PESO DO EMPREGO AGRÍCOLA NO EMPREGO REGIONAL. Já ao nível da
PRODUÇÃO DE RIQUEZA o valor da produção agrícola tem AUMENTADO.

Peso do emprego agrícola no emprego total:


- MAIS IMPORTANTE na generalidade das
regiões do INTERIOR e no extremo
NOROESTE;
- MENOS RELEVANTE na maioria das
regiões do LITORAL.

● A atividade agrícola detém uma grande


importância na ocupação do espaço e na conservação da paisagem, constituindo a base
económica de algumas áreas rurais do nosso país.
● As ÁREAS RURAIS são também áreas de GRANDE RELEVÂNCIA SOCIAL e ECONÓMICA pelo
papel que desempenham como:
- Áreas produtoras de matérias-primas e de alimentos;
- Espaços de contacto e interação com a Natureza;
- Património paisagístico e cultural;
- Áreas onde é imprescindível a preservação dos solos, dos recursos hídricos, da floresta e da
biodiversidade;

REGIÕES AGRÁRIAS
● A grande diversidade de paisagens rurais existentes está na base
da delimitação de nove regiões agrárias em Portugal. As
caraterísticas destas regiões refletem as condições
naturais e humanas do território.

FATORES CONDICIONANTES DA AGRICULTURA

CONDICIONALISMOS NATURAIS
CLIMA E RECURSOS HÍDRICOS:
● As condições meteorológicas são um dos fatores que mais condicionam a agricultura em Portugal,
sobretudo pela IRREGULARIDADE DA PRECIPITAÇÃO que caracteriza o clima português.
● A existência de RECURSOS HÍDRICOS (superficiais e subterrâneos) é fundamental para a produção
SOLO E mas
agrícola, RELEVO:
estes são mais abundantes em áreas onde a precipitação é maior e mais regular. O
● O solo é um fator
armazenamento dede produção
água essencial
nas albufeiras na agricultura,
aumenta sendo
o potêncial o principal
agrícola fornecedor
das regiões, de nutrientes
ao permitir e de
o regadio e,
água às plantas.
assim, uma maior diversidade de culturas.
● A FERTILIDADE DO SOLO, natural (dependente das características geológicas, do relevo e do clima) e
criada pelo homem (fertilização e correção dos solos) influencia diretamente a produção, tanto em
quantidade como em qualidade.
●Em Portugal, os solos são pouco profundos e são escassos os que apresentam boa aptidão agrícola, o
CONDICIONALISMOS HUMANOS

PASSADO HISTÓRICO:
● O passado histórico é um dos fatores que permite compreender a atual ocupação e organização do solo
e as diferenças que se verifica, entre as diversas regiões agrárias. Aspetos como a maior ou menor
densidade populacional e acontecimentos históricos refletem-se nas ESTRUTURAS FUNDIÁRIAS
(dimensão e forma das propriedades rurais) das diversas regiões.

OBJETIVO DA PRODUÇÃO E PRÁTICAS UTILIZADAS


● O objetivo da produção é outro fator que influencia a ocupação do solo:
- AUTOCONSUMO → Explorações de menor dimensão e utilização de técnicas mais artesanais;
- MERCADO → Explorações de maior dimensão e mais especializadas, o que justifica o investimento em
tecnologia moderna, contribuindo para a maior produtividade do solo;

POLÍTICAS AGRÍCOLAS
● As políticas agrícolas, quer nacionais quer comunitárias (UE), influenciam as opções dos agricultores
relativamente aos produtos cultivados, regulamentam práticas agrícolas como a utilização de produtos
químicos, criam incentivos financeiros, apoiam a formação dos agricultores e a modernização das
explorações.

→ FATORES POR REGIÃO AGRÁRIA:


ENTRE DOURO E MINHO E BEIRA LITORAL
RELEVO E SOLOS → Planícies aluviais no litoral com solos férteis; Socalcos de solos férteis e
irrigados; Áreas mais altas das montanhas com solos pobres;
CLIMA → Temperatura amena e baixa amplitude térmica anual; Precipitação abundante;
Grande humidade relativa; Pouco sujeitas a geadas e secas;

Condições edafoclimáticas propícias a: Grande variedade de culturas de regadio;


Viticultura e Fruticultura;

FATORES HUMANOS → Fragmentação da propriedade devido ao caráter anárquico do


processo de reconquista, à elevada densidade populacional e ao sistema de partilha de
heranças;
EXPLORAÇÕES AGRICOLAS → Pequena dimensão; Grande número; Mão de obra
predominantemente familiar;

TRÁS-OS-MONTES E BEIRA INTERIOR


RELEVO E SOLOS → Extensas áreas planálticas com vales encaixados; Montanhas da
Cordilheira Central com solos pobres; Predomínio de solos poucos férteis;
CLIMA → Temperatura baixa no inverno e mais alta no verão; Precipitação mais frequente no
inverno e muito escassa no verão;

Condições edafoclimáticas propícias a: Viticultura com destaque para o Douro


Vinhateiro; Olivicultura; Frutos de casca rija; Fruticultura; Criação de gado;
FATORES HUMANOS → População muito envelhecida; Fraco povoamento; Êxodo rural e
emigração que condicionaram a modernização; Recente investimento em produções regionais;
EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS → Menor número; Pequena e média dimensão; Predomínio de
mão de obra familiar;

REGIÕES DO SUL DO PAÍS RELEVO E


SOLOS → Oeste - Colinas de vertentes recortadas por vales férteis; Ribatejo - Extensa planície
aluvial do Tejo com solos muito férteis; Alentejo - extensa peneplanície com solos pouco
férteis; Planície litoral algarvia com solos férteis; CLIMA →
Temperatura suave no inverno e alta no verão; Amplitude térmica anual baixa no litoral e mais
alta no interior; Precipitação abundante no inverno (Ribatejo e Oeste); Precipitação fraca no
Alentejo e algarve; Verão longo e seco;

Condições edafoclimáticas propícias a: Culturas de regadio; Fruticultura e viticultura


no Ribatejo e Oeste; Olivicultura, viticultura, cereais de sequeiro no Alentejo e culturas
industriais no Ribatejo; Hortícolas, frutos secos e citrinos no Algarve;

FATORES HUMANOS → Proximidade de áreas urbanas (Ribatejo/Oeste); Fraca densidade


populacional (Alentejo); Processo de reconquista ordenado; Mecanização agrícola; Barragem
do Alqueva e seu perímetro de rega (Alentejo); Criação da Companhia das Lezírias (Ribatejo);
EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS → Em menor número e de grande dimensão; Menor dimensão no
Algarve;

REGIÕES AUTONOMAS
● Relevo acidentado, sobretudo na Madeira;
● Amenidade do clima;
● Fertilidade dos solos vulcânicos;
MADEIRA → Viticultura; Produção de banana (vertente sul);
AÇORES→ Produção de ananás; Produção de chá (agricultura de plantação); Prados naturais;
Criação de bovinos;

PAISAGENS AGRÁRIAS
● As explorações agrícolas (dimensão e forma), os sistemas de cultivo (formas de cultivo) e o
povoamento rural (disposição das habitações no espaço) originam as paisagens agrárias.

PAISAGENS
AGRÁRIAS
SISTEMAS DE CULTURA MORFOLOGIA DOS POVOAMENTO RURAL
CAMPOS
- OCUPAÇÃO DO SOLO: ● O povoamento rural pode ser de
Intensiva; Extensiva; ● Aspeto dos campos no que três tipos:
- CULTURAS: Policultura; respeita à sua forma, - DISPERSO: As casas encontram-se
Monocultura; dimensão e vedação: dispersas pelos campos (Ex.: Aldeia
- NECESSIDADE DE ÁGUA: - DIMENSÃO: Pequena; no Minho);
Regadio (precisam de rega Média; Grande; - CONCENTRADO: As casas
regular); Sequeiro (espécies que - FORMA: Regular; Irregular; concentram-se em aldeias (Ex.: Vale
necessitam pouca água - VEDAÇÃO: Campo aberto; de Santiago - Odemira);
desenvolvendo-se apenas com a Campo fechado; - MISTO: Mistura das duas formas
água da precipitação e reserva do anteriores (Ex.: Vilarinho - Lousã);
solo);

SISTEMAS DE CULTURA
● Nos sistemas INTENSIVOS, o solo é totalmente ocupado e predomina a POLICULTURA. Estes
sistemas são utilizados em áreas de solos férteis, de abundância de água e de mão agrícola
numerosa, por isso predominam as culturas de REGADIO. Estes sistemas dominam nas regiões
agrárias da BEIRA LITORAL, MADEIRA, e em algumas ilhas dos AÇORES.
● Nos sistemas EXTENSIVOS, dominantes em TRÁS-OS-MONTES e no ALENTEJO, não há
ocupação permanente do solo, praticando-se a ROTAÇÃO DE CULTURAS, utilizando-se por
vezes o pousio. Este sistema tradicional é pratico em áreas de solos mais pobres e secos no
verão, associando-se à MONOCULTURA e às culturas de SEQUEIRO.

MORFOLOGIA DOS CAMPOS


● Nas regiões de ENTRE DOURO E MINHO, BEIRA LITORAL, ALGARVE, MADEIRA, e em
algumas ilhas dos AÇORES, predominam as explorações de PEQUENA DIMENSÃO, FORMA
IRREGULAR e quase sempre vedadas (CAMPOS FECHADOS).
● No ALENTEJO, no RIBATEJO e no OESTE predominam as explorações de MÉDIA E GRANDE
DIMENSÃO, de FORMA IRREGULAR, sem qualquer vedação (CAMPOS ABERTOS).

SUPERFICIE AGRICULA UTILIZADA – SAU

ESPAÇ ESPAÇO AGRÁRIO ESPAÇO SUPERFIÍCIE AGRÍCOLA


O AGRICULA UTILIZADA
RURAL ● Áreas ocupadas com a
produção agrícola, ● Área utilizada ● Áreas
efetivamente
pastagens, florestas para a produção ocupadas com culturas;
(silvicultura), habitações vegetal e/ou
dos agricultores, animal;
infraestruturas e Terras aráveis;
equipamentos da
TERRAS ARÁVEIS: Terras cultivadas destinadas á produção vegetal, terras retiradas da
produção, terras que sejam mantidas em boas condições agrícolas e ambientais e terras
ocupadas por estufas ou cobertas por estruturas. As terras aráveis englobam:
- CULTURAS TEMPORÁRIAS: Ciclo vegetal não excede um ano (anuais) e as que não sendo
anuais são ressemeadas com intervalos que não excedem os cinco anos.
- POUSIO: Áreas incluídas no afolhamento ou rotação, trabalhadas ou não, sem fornecer
colheita durante o ano agrícola, tendo em vista o melhoramento das superfícies;

CULTURAS PERMANENTES: Ocupam o solo durante um longo período e fornecem repetidas


colheitas, como um olival, uma vinha, um pomar.

PASTAGENS PERMANENTES: Áreas onde são semeadas espécies por um período superior a
cinco anos, destinadas ao pasto de gado.

HORTA FAMILIAR: Superfície ocupada com produtos hortícolas ou frutos destinados a


autoconsumo.

CARACTERISTICAS DA SAU

→ EVOLUÇÃO DA SAU EM PORTUGAL:

● Diminuição ligeira da SAU entre 1989 e


2019 (cerca de 1,03 p.p.);
● Tendência de decréscimo até 2007,
sendo mais significativa entre 2005 e 2007
(4,84 p.p.);
● Tendência de crescimento entre 2007 e
2019 (14,14 p.p.), sendo mais significativa
entre os anos 2007 e 2009 e 2016 e 2019;

NOTA: Regiões agrárias nas quais o aumento da SAU não foi generalizado: Regiões Autónomas
dos Açores e Madeira; Alguns concelhos do litoral em especial nas regiões agrárias Entre Douro e
Minho e Beira Litoral; → DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA SAU:
→ ALTERAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DA SAU:

● Diminuição da área ocupada pelas terras


aráveis;
● Aumento significativo da área ocupada
pelas pastagens permanentes;
● Ligeiro aumento da área ocupada pelas
culturas permanentes;

CAUSAS: -
Instabilidade dos preços dos cereais;
- Aumento dos meios de produção;
- Desproteção dos mercados das culturas
arvenses;
- Políticas nacionais e comunitárias que
tornaram a pecuária extensiva mais atrativa;

REGIÕES AGRÁRIAS:
- Onde predominam as culturas temporárias: Beira Litoral;
MODOS DE EXPLORAÇÃO
- Onde predominam DApermanentes:
as pastagens SAU Entre Douro e Minho, Beira Interior; Alentejo; Região
autónoma dos Açores;
CONTA PRÓPRIA → O produtor é o proprietário das terras;
- Onde predominam as culturas permanentes: Interior Norte; Centro; Oeste; Algarve;
FORMA DE
EXPLORAÇÃ ARRENDAMENTO → O produtor não é o proprietário das
O
terras, pagando uma renda de acordo com o contrato
estabelecido;
MODOS DE
EXPLORAÇÃ
O DA SAU PESSOA SINGULAR → O produtor agrícola é uma pessoa
física, independentemente de ter registo da atividade
NATUREZA económica nas Finanças;
JURÍDICA

SOCIEDADE → Quando se trata de uma entidade moral,


constituída segundo os códigos comercial e civil em
sociedade;
P R I C I P A I S F O R M A S D E E X P L O R A Ç Ã O D A S A U:

CONTA PRÓPRIA ARRENDAMENTO

● Contribui para a preservação dos solos, pois o ● Evita o abandono das terras quando o proprietário não
agricultor procura preservar o que lhe pertence; tem condições para as tratar e gerir;
● Facilita o investimento em melhoramentos ● Pode contribuir para o esgotamento dos solos, pois o
fundiários; produtor procura tirar o máximo proveito durante o
● Contribui para a preservação das paisagens e contrato;
das espécies autóctones; ● Evita o abandono de terras e, neste sentido, também
● Contribui para a prevenção de fogos florestais; contribui para a preservação das paisagens e para a
prevenção de fogos florestais;

● A principal forma de exploração da SAU é a exploração por conta própria;


● Deu-se um aumento da exploração por conta própria, em especial entre 2009 e 2019 e uma diminuição
progressiva do arrendamento;

CARACTERÍSTICAS DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS


● Uma exploração agrícola é uma unidade técnico-económica que utiliza fatores de produção
comuns tais como: mão de obra, máquinas, instalações, terrenos, entre outros.
● Uma exploração agrícola deve satisfazer, obrigatoriamente, as seguintes condições:
- Produzir produtos agrícolas ou manter em boas condições agrícolas e ambientais as terras
que já não são utilizadas para fins produtivos;
- Atingir ou ultrapassar um certa dimensão (área, número de animais);
- Estar submetida a uma gestão única;
- Estar localizada num local bem determinado e identificável;

→ EVOLUÇÃO DO Nº DE EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS:


●Entre 1989 e
2019, verificou-se
uma DIMINUIÇÃO
do nº de
explorações
agrícolas em
Portugal;
→ DISTRIBUIÇÃO DAS EXPLORAÇÕES AGRICOLAS EM 2019:

●Regiões agrárias com MAIOR


CONCENTRAÇÃO de
explorações agrícolas: Entre
Douro e Minho; Trás-os-
Montes; Beira Litoral; Região
Autónoma da Madeira;

●Regiões agrárias com MENOR


CONCENTRAÇÃO de
explorações agrícolas: Alentejo;
Algarve;

→ VARIAÇÃO DO NÚMERO DE EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS POR REGIÃO AGRÁRIA ENTRE 1989


E 2019:
- Diminuição do número de explorações entre 1989 e 2019
Evidencia os CONTRASTES
em todas as regiões agrárias;
ENTRE O NORTE E SUL do país e
- Diminuição mais significativa entre 1989 e 1999;
reflete as DIFERENÇAS NA SUA
- Maior número de explorações em 2019 nas regiões Entre
DIMENSÃO;
Douro e Minho, Trás-os-Montes e Beira Litoral;

→ VARIAÇÃO DO NÚMERO DE EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS DE ACORDO COM A SUA


DIMENSÃO:
- Diminuição do número de explorações de pequena dimensão;
- Aumento das restantes dimensões, embora ligeiro;
- Predomínio das explorações com uma área de 1 a 4,9 ha;
- Peso percentual das explorações de grande dimensão (≥ 100 ha) muito reduzido;

● O grande número de pequenas explorações condiciona o desenvolvimento da atividade


agrícola, pois limita a mecanização agrícola e a modernização dos sistemas de produção e reduz
a dimensão económica das explorações.

● Assim, nota-se uma tendência na evolução do número de explorações por dimensão:


- Aumento das explorações de grande dimensão, sobretudo de 2016 para 2019;
- Diminuição das explorações de média dimensão sobretudo no final da década de 90 e até
2007 e estagnação a partir de 2009;
- Diminuição significativa das explorações de pequena dimensão, com algumas oscilações;

As explorações de grande dimensão - As explorações de pequena dimensão -


LATIFÚNDIOS predominam nas regiões MINIFÚNDIOS predominam nas regiões
agrárias de RIBATEJO e OESTE, BEIRA agrárias de ENTRE DOURO E MINHO,
INTERIOR e ALENTEJO; BEIRA LITORAL e nas Regiões Autónomas,
em especial na MADEIRA;
CONCLUSÕES:

- O número de explorações agrícolas tem diminuído;


- As explorações agrícolas estão distribuídas de forma desigual no território;
- Maior número de explorações no Norte e Centro Litoral;
- Predomínio de explorações de pequena dimensão;
- Tendência de aumento do número de explorações de grande dimensão;
- Tendência de diminuição do número de explorações de pequena e média
dimensão;
- Aumento da dimensão média das explorações;

DIMENSÃO ECONÓMICA DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS


● A heterogeneidade das explorações agrícolas no
que diz respeito à sua dimensão e distribuição, revela-
se também no contributo económico para o valor da
produção agrícola nacional.

● A dimensão económica das explorações é medida


através do VPT (valor de produção total), que permite
definir a dimensão económica (DE) das explorações.

DIMENSÃO ECONÓMICA (DE) → É definida com base no valor da produção total (VPT) da
exploração, permitindo classificar as explorações em “muito pequenas”, “pequenas”, “médias”
e “grandes”.
VALOR DA PRODUÇÃO TOTAL (VPT) → Corresponde à soma dos diferentes VPP obtidos para
cada atividade, multiplicando os VPP (valor de produção padrão) pelo número de unidades (de
área ou de efetivo) existentes dessa atividade na exploração.
VALOR DE PRODUÇÃO PADRÃO (VPP) → É o valor monetário médio da produção agrícola
numa dada região, obtido a partir dos preços de venda à porta da exploração. É expresso em
euros por hectare ou cabeça de gado, conforme o sistema de produção, e corresponde à
valorização mais frequente que as diferentes produções agrícolas têm em determinada região.
CONCLUSÕES:

- O VPT nacional ultrapassou os 6,7 mil milhões de euros em 2019 (+45,7p.p. que em 2009;
- A contribuição para o VPT, do Alentejo de 27,6% e a do Ribatejo e Oeste de 22,9%;
- A Dimensão Económica (DE) média das explorações foi de 23,3 mil euros de VPT em 2019 (+8,1 mil euros face a
2009 (+53,2p.p);
- As grandes unidades produtivas (mais de 100 mil euros de VPT), embora representem apenas 4,0% das
explorações, geraram 64,8% do VPT em 2019;
71,9% das explorações são muito pequenas (menos de 8 mil euros de VPT), contribuindo com apenas 8,3% para o
VPT nacional;
- Regionalmente observa-se uma grande variabilidade na DE, gerando as explorações do Alentejo em média 59,9
mil euros de VPPT, mais 2,6 vezes que a média nacional e mais 6,7 vezes que o valor gerado pelas explorações de
Trás-os-Montes;
ESPÉCIES PRODUZIDAS
ORIENTAÇÃO TÉCNICO ECONÓMICA (OTE) DE UMA EXPLORAÇÃO → Determina-se, avaliando
a contribuição de cada atividade para a soma do VPT dessa exploração. Consiste no nível de
especialização de uma exploração.

ORIENTAÇÃO TÉCNICO
ECONOMICA

Explorações Explorações Mistas Explorações Não


Especializadas ou Combinadas Classificadas

- Culturas arvenses; - Policultura;


- Herbívoros; - Polipecuária;
- Granívoros - Mistas de culturas e
- Horticultura intensiva criação de gado;
e floricultura;
- Culturas permanentes;

● A análise às explorações agrícolas segundo a Orientação Técnico Económica (OTE) revela


grandes contrastes:

→ DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS EXPLORAÇÕES SEGUNDO


● Áreas com A OTE:
maior concentração de explorações
especializadas em VITICULTURA:
● Áreas com maior concentração de
- Entre Douro e Minho;
explorações especializadas em CULTURAS
- Douro vinhateiro;
ARVENSES:
- Algumas áreas da Beira Litoral e da Beira Interior;
- Norte (Trás-os-Montes);
- Região entre o rio Tejo e o rio Sado;
- Beira Litoral (vale do Vouga e do Mondego);
- Algumas áreas da Beira Interior;
● -Áreas comemaior
Ribatejo Oesteconcentração
(vale do Tejo);de explorações
especializadas em FRUTICULTURA:
- Algumas regiões do Alentejo;
- Algarve (citrinos);
- Ribatejo e Oeste
● Áreas com maior(maçã);
concentração de
- Algumas
exploraçõesáreas da Beira Litoral
especializadas eme da Beira Interior;
- Região de Entre Douro
HORTICULTURA INTENSIVA: e Minho;
- Pequenas
- Litoral demanchas
Portugal;em Trás-os-Montes e Alentejo;
- Região Autónoma
- Algumas áreas doda Madeira (banana);
Algarve;
- Região
- Região Autónoma da Açores
Autónoma dos (ananás);
Madeira;
● Áreas com maior concentração de explorações
especializadas em OLIVICULTURA:
- Interior Norte e Centro de Portugal;
- Ribatejo e Oeste (vale do Tejo);
- Interior do Alentejo;

● Áreas com maior concentração de explorações especializadas


em BOVINOS:
- Norte litoral e R. A. Açores (bovinos de leite);
- Bovinos de criação e carne em todo o território;

● Áreas com maior concentração de explorações especializadas


em OVINOS, CAPRINOS e outros HERBÍVOROS:
- Em todo o território;

● Áreas com maior concentração de explorações especializadas


em SUÍNOS e AVES:
- Beira Litoral e Ribatejo e Oeste (suínos);
- Dão Lafões e Ribatejo e Oeste (aves);

→ VANTAGENS DA ORIENTAÇÃO TÉCNICO ECONÓMICA:


A especialização produtiva apresenta vantagens para os produtores:
- Simplifica o trabalho agrícola;
- Aumenta a produtividade e os rendimentos;
- Exige menor diversidade de máquinas e equipamentos;
- Reduz os custos de produção;

CONCLUSÕES:

- ¾ das explorações agrícolas nacionais são especializadas;


MÃO DEespecializadas
- As explorações OBRA AGRÍCOLA representam 88,4% do VPT;
● A mão de
- As explorações obra agrícolaregistaram
especializadas tem registado: Uma DIMINUIÇÃO,
um aumento de mais de um
70%ENVELHECIMENTO,
face a 2009; um BAIXO
- O VPTNÍVEL
gerado DEpelas
INSTRUÇÃO e QUALIFICAÇÃO.
explorações especializadas aumentou 49,9% em relação a 2009;
- A especialização em culturas permanentes foi aquela que registou um maior crescimento em relação a 2009;
→ DIMINUIÇÃO DA POPULAÇÃO AGRÍCOLA:
- Regionalmente, a Região Autónoma do Açores é aquela que apresenta um maior nível de especialização;
C A U S A S:
● Diminuição do número de explorações
agrícolas e do agregado familiar;
● Progressos tecnológicos → MECANIZAÇÃO
AGRÍCOLA que leva à necessidade de menos
mão de obra;
● Êxodo rural;
● Movimentos emigratórios dos anos 60/70;
● Envelhecimento da população que trabalha na
agricultura;
● Pouca atratividade da agricultura para a
→ DISTRIBUIÇÃO DA MÃO DE OBRA AGRÍCOLA EM TERMOS ESPACIAIS:
→ MÃO DE OBRA AGRÍCOLA FAMILIAR:
● A mão de obra agrícola familiar engloba o
conjunto de pessoas pertencentes ao
agregado doméstico do produtor que
trabalham ou não na exploração, bem como
os membros da família do produtor que não
pertencendo ao seu agregado doméstico
trabalham regularmente na exploração.

●A população agrícola familiar assume portanto uma IMPORTÂNCIA


CONSIDERÁVEL na população residente, sobretudo do interior e das
Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

→ ENVELHECIMENTO DA MÃO DE OBRA AGRÍCOLA:

ENVELHECIMENTO POR REGIÃO


AGRÁRIA:
- Aumento da idade média do produtor
agrícola em todas as regiões agrárias;
- Aumento mais significativo na Beira
Litoral;
- R. A. Açores com a idade média mais
baixa;
- Algarve com a idade média mais alta;

CONCLUSÕES :

- O progressivo envelhecimento da mão de obra agrícola está relacionado com o


envelhecimento progressivo da população portuguesa;
- É consequência do êxodo rural e das correntes emigratórias;
- É consequência do progressivo abandono da atividade agrícola pela população mais jovem
devido à fraca atratividade;
- É mais notório no interior mais envelhecido e despovoado;
- O Algarve é a região agrária com a mão de obra agrícola mais envelhecida;
- A R. A. Açores apresenta a população mais jovem;
→ NÍVEL DE INSTRUÇÃO E DE ESCOLARIDADE DOS AGRICULTORES:

●O nível de instrução dos agricultores


tem vindo a aumentar, embora se
mantenha ainda relativamente baixo.

●Apenas uma pequena percentagem


possui habilitações que vão para além
do ensino básico e tal verifica-se
geralmente nos mais jovens.

● A transmissão de conhecimento e experiências de pais para filhos é ainda o principal modo


de formação dos agricultores e poucos são os que beneficiaram de formação profissional.
● O envelhecimento e os baixos níveis de instrução e de formação profissional da população
agrícola constituem, assim, um entrave ao desenvolvimento da agricultura, pois condicionam:
- A adesão a inovações (tecnologias, métodos de cultivo, práticas amigas do ambiente, etc);
- A capacidade de investir e arriscar;
- A adaptação às normas comunitárias de produção e de comercialização;

CONCLUSÕES:

- Melhoria do nível de instrução;


- Nível de ensino superior ao 1.º ciclo (25,5% em 2009 → 43,1% em 2019);
- A quantidade de produtores com formação superior é pouco representativa (1,3%);
- Aumento da formação profissional agrícola;
- A maioria dos produtores ainda possui formação exclusivamente prática;
- Algarve (70,4% dos produtores com apenas formação prática);

O TRABALHO AGRÍCOLA
● O volume de trabalho produzido pela mão de obra agrícola é medido em UTA
(Unidade de Trabalho por ano).

UNIDADE DE TRABALHO ANO (UTA) → Unidade de medida equivalente ao trabalho de


uma pessoa a tempo completo, realizado num ano, medido em horas (1 UTA → 240 dias
de trabalho a 8 horas por dia).
● Em Portugal, a mão de obra agrícola é
ESSENCIALMENTE FAMILIAR, representando cerca de
80% do volume de trabalho. A composição da mão de
obra e a distribuição regional do volume de trabalho
agrícola revelam também diferenças entre as regiões
agrárias.
PLURIATIVIDADE E PLURIRRENDIMENTO
● Em Portugal apenas uma pequena parte da população agrícola familiar se dedica a tempo
completo à agricultura.

PLURIATIVIDADE
AGRÍCOLA → Prática em
simultâneo do trabalho na
agricultura e noutras
atividades. Surge como
alternativa para
complementar o
rendimento proveniente
da agricultura.

PLURIRRENDIMENTO
AGRÍCOLA → Acumulação
dos rendimentos
provenientes da
agricultura com os de
outras atividades.
Contribui para reduzir o
abandono nas áreas rurais.
● O rendimento da maioria dos agregados
familiares agrícolas provem principalmente de
outras atividades;
● As pensões e as reformas são a principal
origem dos rendimentos exteriores à exploração
o que reflete o envelhecimento da população; ●
Destaca-se ainda a produção florestal enquanto
fonte de rendimento exterior à exploração
agrícola;
● O agricultor e família desenvolvem ainda
outras atividades não agrícolas que
complementam o rendimento dos agricultores;

PROBLEMAS ESTRUTURAIS DA AGRICULTURA PORTUGUESA


● Apesar dos recentes progressos do setor agrícola português, sobretudo consequentes da
adesão à EU, continuam a persistir problemas estruturais que se relacionam com as
características das explorações da produção agrícola e condicionam aspetos técnicos,
organizativos e de inserção nos mercados.
● No entanto, existem muitas potencialidades que poderão contribuir para a sustentabilidade
da agricultura portuguesa.

AGRICULTURA PORTUGUESA

PRINCIPAIS PONTOS FRACOS: PRINCIPAIS PONTOS FORTES:

- Predomínio de explorações agrícolas de pequena - Condições climáticas propícias para certos produtos, em
dimensão; especial os mediterrânicos;
- Baixa densidade populacional e envelhecimento - Boas condições de sanidade vegetal;
demográfico nos meios rurais; - Existência de recursos genéticos com vocação para o
- Baixos níveis de instrução dos agricultores; mercados;
- Insuficiente nível de formação profissional dos - Aumento da especialização das explorações;
produtores; - Aumento da disponibilidade de água para rega;
- Baixo nível de adesão às tecnologias de informação e - Potencial de produção com qualidade diferenciada para
comunicação nas zonas rurais; o azeite, as hortofrutícolas, o vinho e os produtos da
- Fraca capacidade de inovação e modernização; floresta;
- Défice de gestão empresarial e de organização voltada - Existência de um número significativo de denominações
para o mercado; de origem;
- Falta de competitividade externa; - Potencial para produzir com qualidade e diferenciação;
- Imagem dos produtos agrícolas portugueses pouco - Aumento da vocação exportadora de alguns produtos;
desenvolvida nos mercados externos; - Pluriatividade da população agrícola nas áreas com maior
- Dificuldades de autofinanciamento e acesso ao crédito; diversificação do emprego, o que ajuda a evitar o
- Fraca ligação da produção agrícola e florestal à abandono;
indústria; - Utilização crescente de modos de produção amigos do
- Abandono dos espaços rurais; ambiente;
- Elevada percentagem de solos com fraca aptidão
agrícola;
- Riscos de desertificação em vastos territórios rurais;
- Fraca sustentabilidade social e económica das áreas
rurais;
DEPEDÊNCIA EXTERNA
● A produção agrícola nacional não permite satisfazer as necessidades de consumo interno e
são poucos os produtos alimentares em que o país revela capacidade de aprovisionamento.
● Assim, a BALANÇA ALIMENTAR PORTUGUESA É DEFICITÁRIA em grande parte dos produtos,
mantendo-se uma FORTE DEPENDÊNCIA EXTERNA.

GRAU DE APROVISIONAMENTO → Mede, para um dado produto, o grau de dependência


de um território, relativamente ao exterior (necessidade de importação) ou a sua
capacidade de exportação.

● A insuficiência da produção nacional não explica, por si só, o saldo negativo da balança
alimentar portuguesa. A livre circulação de mercadorias na EU facilita a importância de
produtos agrícolas, mesmo daqueles em que o nosso país é autossuficiente.
Há países, como a Espanha, onde os produtores beneficiam de sistemas de produção
modernos e de redes de distribuição mais organizadas e eficientes.

NÍVEIS DE RENDIMENTO E PRODUTIVIDADE


● Os problemas estruturais da agricultura portuguesa refletem-se nos níveis de rendimento
da atividade agrícola, que têm crescido abaixo da média comunitária.
● Para avaliar os níveis de rendimento da agricultura é utilizado o RENDIMENTO EMPRESARIAL
LÍQUIDO.

RENDIMENTO EMPRESARIAL LÍQUIDO (REL) DA AGRICULTURA → Saldo contabilístico obtido


adicionando ao excedente líquido de exploração os juros recebidos pelas unidades agrícolas
constituídas em sociedade e deduzindo as rendas e os juros pagos. Mede a remuneração do
trabalho não assalariado, das terras pertencentes às unidades e do capital.
●Os apoios comunitários influenciaram positivamente o rendimento da atividade agrícola em
Portugal que, no entanto decaiu consideravelmente, nos últimos anos.

● A PRODUTIVIDADE da agricultura relaciona o total de produção com a mão de obra utilizada


e depende de fatores como as condições naturais, a formação da mão de obra, as tecnologias
utilizadas e o grau de mecanização.
● Nos últimos decénios, verificou-se um CRESCIMENTO SIGNIFICATIVO DA PRODUTIVIDADE
AGRÍCULA em Portugal.

UTILIZAÇÃO DO SOLO
● Nas últimas décadas deram-se mudanças muito significativas no uso do solo. Estas alterações
prosseguem a ritmos variados e são determinadas por condições naturais, demográficas,
sociais, políticas e ambientais.
● A utilização dos solos nem sempre respeita a sua aptidão natural. Os solos aráveis são
protegidos pela Reserva Agrícola Nacional, mas alguns com boa aptidão agrícola são utilizados
para outros fins. Já os solos com limitações acentuadas são utilizados para a agricultura.
● O desenvolvimento de atividades agrícolas em solos pouco aptos para a agricultura acaba
por comprometer o rendimento da terra e dos agricultores e a sustentabilidade económica
da atividade. Este problema é ainda agravado por práticas incorretas que afetam a fertilidade
dos solos e contribuem para a sua degradação:

P r á t i c a s a g r í c o l a s q u e a f e t a m a q u a l i d a d e d o s s o l o s:
- Utilização excessiva e incorreta de fertilizantes químicos e pesticidas, o que
degradam e poluem os solos, diminuindo a sua fertilidade;
- Prática da monocultura conduz ao empobrecimento e esgotamento de
determinados nutrientes do solo;
- Ausência de estudos do solo que permitam o ajustamento enquanto a aptidão e o
seu uso e que suportem as decisões de fertilização contribui para a sua degradação;
- Excessiva mobilização dos solos, sobretudo a utilização de máquinas pesadas,
contribui para a sua compactação;

● A competitividade da agricultura portuguesa é ainda afetada por fatores como:


- Condições meteorológicas irregulares;
- Características da população agrícola: Envelhecida e com baixos níveis de instrução;
- Utilização ainda muito significativa de técnicas tradicionais;
- Predomínio de explorações de pequena dimensão;
- Elevados custos de produção (custos de combustíveis e impostos);
- Pesados encargos financeiros do crédito a que os agricultores têm de se sujeitar para
modernizar as suas explorações;

● É, portanto, fundamental recorrer ao ORDENAMENTO TERRITORIAL, para reduzir os


problemas relacionados com a qualidade dos solos e com a sua correta utilização, visto que
esse, permitirá adequar as diferentes utilizações do solo às suas aptidões naturais.
● Para além disto, é necessário, acelerar o ajustamento estrutural do setor agrícola e apostar
na MODERNIZAÇÃO e na ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO, aproveitando todas as
potencialidades endógenas.

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