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Módulo

4310

DIVERSIDADE AGRÁRIA
REGIONAL

Curso Profissional: Técnico de Turismo Ambiental e Rural


Disciplina: Ambiente e Desenvolvimento Rural
Profª.: Alessandra Leal
Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 4310 – Diversidade Agrária Regional

Índice

Apresentação................................................................................................................2

Objetivos de Aprendizagem...........................................................................................2

1. Caracterização edafo-climática da região....................................................................3

2. Principais produtos e o seu valor comercial.................................................................9

3. Técnicas de produção dos principais produtos da região............................................15

3.1. Agricultura convencional versus agricultura em modo biológico............................15

3.2. Culturas arvenses..............................................................................................16

3.3. Fruticultura.......................................................................................................20

3.4. Hortofloricultura................................................................................................30

3.5. Silvicultura........................................................................................................37

3.6. Produção animal...............................................................................................40

Bibliografia.................................................................................................................43

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Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 4310 – Diversidade Agrária Regional

Apresentação

Para ser um “bom vendedor” de um produto é necessário conhecê-lo bem e acreditar nas
suas potencialidades. Pretende-se preparar os alunos para que se possam assumir como
“Embaixadores” rurais junto das clientelas visitantes ou potencialmente visitadoras.

Este módulo tem como objetivo proporcionar ao futuro Técnico de Turismo Ambiental e
Rural um contacto direto com a realidade agrária que o rodeia, para que dela possa ter
um conhecimento mais aprofundado. O aluno deve participar em várias atividades práticas
próprias de uma exploração agrícola polivalente da região.

Objetivos de Aprendizagem

 Caracterizar a atividade agrária na região;


 Reconhecer a importância económica das principais produções agropecuárias e
florestais da região;
 Identificar as tecnologias agrárias utilizadas, sua fundamentação técnica e
circunstâncias socioeconómicas que condicionam a atividade dos agricultores;
 Identificar as finalidades e os objetivos das atividades dos agricultores,
explicitando o fundamento das decisões.

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1. Caracterização edafo-climática da região

As paisagens agrárias tradicionais são o reflexo da história e, ao mesmo tempo, o palco de


mutações que alteram, modificam, mas não apagam por completo as marcas do passado.

Assim, e refletindo esta diversidade de paisagens, foram delimitadas regiões agrárias, a


que correspondem direções regionais, tuteladas pelo Ministério da Agricultura, do
Desenvolvimento Rural e das Pescas (MADRP).

O âmbito de atuação das DRAP corresponde ao nível II da Nomenclatura de Unidades


Territoriais para fins estatísticos (NUT).

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Uma análise ao território nacional permite tipificar as principais características das


paisagens agrárias tradicionais:

Norte Litoral
 Apresenta uma série de linhas de relevo
separadas por vales largos e de fundos
aplanados;
 Temperatura amena devido à influência
marítima;
 Precipitação abundante;
 Estação seca estival de dois a três meses;
 Inverno suave;
 Verão fresco;
 Predominam os solos resultantes da rocha granítica, que apresentam uma
fertilidade média;
 Solos aluvionares, nas margens dos rios, que permitem uma atividade agrícola
mais intensa;
 A passagem dos Romanos deixou as suas marcas, quer nas espécies cultivadas
(vinha, oliveira, árvores de fruto), quer nos instrumentos utilizados (arado de
madeira);
 A utilização de “noras” para extração de água dos poços é uma das marcas de
influência árabe;
 Com os Descobrimentos introduzem-se novas espécies vegetais, como o milho, o
feijão e a batata;
 As fortes densidades populacionais, aliadas a uma produção para autoconsumo,
promoveram uma maior fragmentação das parcelas;
 As normas do direito sucessório, aliado do sistema de heranças, acentuaram as
características do minifúndio.

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Norte interior
 A temperatura média anual apresenta valores muito baixos;
 No Inverno registam-se valores muito baixos de temperatura;
 Ocorrência de temperaturas próximas dos
0ºC;
 Fracos valores de precipitação;
 Estação seca estival pronunciada;
 O relevo apresenta-se montanhosos e/ou
planáltico;
 Os solos são predominantemente de natureza
xistosa, de fraca fertilidade;
 A romanização está bem patente no cultivo da oliveira, da vinha, dos cereais
(centeio e trigo) e das árvores de fruto;
 As fracas densidades populacionais e o isolamento levaram à formação de um
povoamento aglomerado;
 A presença de um certo comunitarismo agro-pastoril, do qual restam escassos
vestígios, marcou as atividades e a organização do território.

Centro
 Contrastes de relevo (planície no litoral,
montanhas no interior);
 Região de transição climática (influência
atlântica/influência continental);
 Presença de solos de fertilidade muito diversa
(mais férteis na zona litoral e de natureza
granítica e xistosa no interior);
 A passagem de diversos povos deixou as suas marcas, quer nas espécies
cultivadas (vinha, oliveira, árvores de fruto), quer os instrumentos (arado de
madeira) e processos de extração de água dos poços;

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 A cultura do arroz, introduzida no reinado de D. Dinis, no baixo Mondego, na área


de Montemor-o-Velho, a partir de sementes procedentes da região de Sevilha.

Alentejo
 Valores elevados de temperatura média anual;
 Valores de precipitação total anual, muitas
vezes, inferior a 500 mm;
 Estação chuvosa pouco pronunciada;
 A estação seca estival é acentuada,
registando-se situações de calor mais
persistente;
 Dominam as superfícies aplanadas;
 A fertilidade dos solos é muito baixa, dado a
rocha-mãe ser predominantemente de origem xistosa;
 Forte influência muçulmana nas espécies cultivadas (ex. – oliveira);
 Densidade populacional muito baixa;
 Com a extinção das ordens religiosas, o Estado apropriou-se das terras que depois
foram vendidas, em hasta pública, em grandes lotes à burguesia endinheirada,
originando assim parcelas de cultivo de grandes dimensões.

Algarve
 Clima tipicamente mediterrâneo;
 Verão quente, seco e longo;
 Período estival seco de cinco a seis meses;
 Invernos suaves, pouco chuvosos e com
temperaturas amenas;
 Valores de precipitação total muito baixos;
 Relevo de planície no litoral separado do
Alentejo pela “serra algarvia”;

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 Sobressaem, pela sua altitude, as serras de Monchique e do Caldeirão;


 Solos de natureza xistosa na “serra algarvia” e de natureza calcária na planície
(solos pobres e pedregosos);
 Forte influência romana marcada pela produção de frutas;
 Influência árabe visível na utilização de sistemas de rega e na produção de citrinos,
entre outros;
 Produção de frutos secos (figo, amêndoa);
 Densidades populacionais apreciáveis (junto ao litoral).

Madeira
 Clima ameno ao longo do ano;
 Verão quente, seco e prolongado;
 Inverno suave;
 Período estival seco bem marcado;
 Contraste vincado entre a vertente norte
(mais fresca e húmida) e a vertente sul
(mais quente e seca);
 Os valores mais baixos da temperatura
média anual verificam-se nos picos de maior altitude do centro da ilha;
 O clima condiciona o escalonamento das culturas com a altitude;
 Fraca densidade populacional;
 Maior concentração populacional junto ao litoral;
 A introdução da vinha na ilha data do primeiro quartel do séc. XV. A primeira casta
a ser introduzida foi a “malvasia”;
 A bananeira foi introduzida na Madeira em meados do séc. XVI, tendo-se
espalhado aos poucos por toda a ilha.

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Açores
 Clima mais húmido e maior distribuição das chuvas ao longo do ano;
 Valores totais anuais de precipitação
bastante significativos;
 Presença constante de nevoeiros e
nuvens;
 As temperaturas no Verão e no Inverno
são amenas;
 O relevo é vigoroso, provocando
condições climatéricas que variam com
a altitude;
 Densidades populacionais baixas;
 A população distribui-se pela periferia das ilhas;
 Durante os sécs. XV e XVI as ilhas foram colonizadas por portugueses e flamengos,
que introduziram gado, milho e vinhas;
 A partir de 1440, o povoamento das ilhas progrediu rapidamente;
 Com a expansão da navegação marítima e do conhecimento europeu, os Açores
passaram a ser uma encruzilhada das navegações atlânticas.

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2. Principais produtos e o seu valor comercial

A importância da agricultura em Portugal decorre não só do facto de a maior parte do solo


nacional se encontrar afeto à agricultura, à silvicultura, à pecuária e a outras atividades
com elas relacionadas, mas também pela ligação existente entre os objetivos de natureza
económica e os de natureza ambiental e social.

Define-se, em traços gerais um território interior português que é essencialmente rural,


apesar dos pólos urbanos regionais e de novas funcionalidades que emergem. Nesse
território rural, em geral deprimido, algumas diferenças entre regiões e sub-regiões são de
salientar:

No Norte, Trás-os-Montes e Alto Douro, o Interior Centro e Minho-Lima representam


territórios onde a agricultura, embora pouco competitiva, tem ainda um grande peso
social, e há poucas oportunidades de emprego na indústria e nos serviços; a população
está envelhecida, tem baixo nível educacional e o desemprego é elevado. No entanto,
mantém-se ainda uma percentagem relativamente elevada de população jovem, o que
pode representar algum potencial de inovação.

Ainda no Norte, no Vale do Douro e Douro Litoral, a população é mais jovem e a


agricultura mais competitiva, o que pode ser um fator que permite fixar a população, até
por haver também mais oportunidades de emprego noutros sectores.

A área de maior dinamismo e capacidade económica, na envolvente da área metropolitana


do Porto parece ser mais significativa do que em Lisboa.

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Quanto a Lisboa, Médio Tejo, Oeste e também Quanto a Lisboa, Médio Tejo, Oeste e
também Algarve, é de notar uma grande dispersão de atividades comerciais, industriais e
de serviços.

A agricultura é, no entanto, um sector competitivo, que pode ser economicamente


complementar a outras atividades, embora possam surgir conflitualidades nos usos do
solo.

No Alentejo, a densidade populacional é muito baixa e há uma tendência clara para a


concentração nos médios e pequenos centros urbanos, reforçando a tendência de
terciarização da população. No entanto, a importância da agricultura como sector de
atividade mantém-se elevada.

REGIÃO Norte Litoral

MORFOLOGIA  Parcelas de pequenas dimensões;


AGRÁRIA  Parcelas fechadas por renques de árvores (campo fechado);
 Mosaico de parcelas irregulares;
 Socalcos.

SISTEMA DE  Policultura (milho, feijão, ab6bora, hortícolas, batata ... );


CULTURA  Sistema de cultura- Vinha (vinho verde); Árvores de fruto;
Prados; Produção de Leite;
 Rega de abundancia.

POVOAMENTO  Disperso

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REGIÃO Norte interior

MORFOLOGIA  Parcelas de maiores dimensões;


AGRÁRIA  Campos abertos sem arborização;
 Campos de formas mais regulares.

SISTEMA DE  Extensivo (compreende um período de descanso dos solos-


CULTURA pousio);
 Afolhamento bienal (associado à criação de gado ovino e
caprino);
 Centeio, trigo, batata, árvores de fruto;
 Vinho do Porto (Douro vinhateiro)

POVOAMENTO  Concentrado

REGIÃO Centro

MORFOLOGIA  Parcelas de diferentes dimensões;


AGRÁRIA  Parcelas fechadas e/ou abertas;
 Parcelas de formas regulares e/ou irregulares

SISTEMA DE  Cultura intensiva de regadio (arroz);


CULTURA  Criação de gado leiteiro;
 Sistema de cultura- árvores de fruto;
 Produção florestal (pinheiro bravo e eucalipto);
 Rega de abundancia.

POVOAMENTO  Disperso (no litoral) e aglomerado (no interior)

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REGIÃO Alentejo

MORFOLOGIA  Campos abertos "salpicados" de sobreiros e azinheiras-


AGRÁRIA montados;
 Campos de formas regulares;
 Latifúndios.

SISTEMA DE  Sistema extensivo (pousios longos que chegam a alcançar cinco


CULTURA ou mais anos);
 Trigo, Oliveira, vinha, sobreiro, azinheira;
 Criação de gado ovino
POVOAMENTO  Concentrado

REGIÃO Algarve

MORFOLOGIA  Campos de pequena dimensão;


AGRÁRIA  Campos fechados (embora possam também existir campos
abertos);
 Campos de formas irregulares que poderão alternar com outros
de formas mais regulares.

SISTEMA DE  Sistema intensivo (hortas);


CULTURA  Sistema extensivo (cereais de sequeiro);
 Sistema de cultura- Culturas arbustivas (figueira, amendoeira e
alfarrobeira);

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 Produção de fruta (laranja e outros).

POVOAMENTO  Aglomerado (áreas mais montanhosas);


 Disperso (nas áreas de planície).

REGIÃO Madeira

MORFOLOGIA  Campos de pequenas dimensões;


AGRÁRIA  Campos de formas irregulares;
 Campos fechados;
 Socalcos.
 Sistema intensivo de culturas, escalonadas com a altitude:
SISTEMA DE  - 1º andar- espécies tropicais (bananeira, cana-de-açúcar,
CULTURA maracujá, etc.);
 - 2º andar- espécies mediterrânicas (figueira, vinha, citrinos);
 - 3º andar- culturas alimentares (batata e cereais como o milho,
o trigo, o centeio);
 - 4º andar- espécies florestais.
 Rega estruturada numa extensa rede de canais (levadas).
 Armação da terra em socalcos (poios).
POVOAMENTO  Aglomerado (aldeias)

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REGIÃO Açores

MORFOLOGIA  Campos de pequenas dimensões (maiores do que os da


AGRÁRIA Madeira);
 Campos com formas mais geométricas;
 Campos fechados (cerrados) - sebes e bustos ou muros de
pedras

 Escalonamento das culturas:


SISTEMA DE  Até aos 350/450 metros - cerrados - andar das culturas
CULTURA (policultura de carácter intensivo: vinha, batata, milho, batata-
doce);
 450-800 metros - andar silvo-pastoril (as pastagens são
terrenos melhorados com a introdução de forragens);
 Acima dos 800 metros- matos espontâneos;
 Separação entre a agricultura e a criação de gado;
 Criação extensiva de gado bovino;
 Produção de leite.

POVOAMENTO
 Misto (linear ou orientado, segundo a rede de caminhos)

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3. Técnicas de produção dos principais produtos da


região

3.1. Agricultura convencional versus agricultura em modo


biológico

A agricultura biológica, como é vulgarmente designada, responde quer às exigências dos


consumidores quer à preservação do meio ambiente e da biodiversidade, respeitando o
‘saber fazer’ dos agricultores e utilizando técnicas e produtos compatíveis com uma
agricultura economicamente viável e com a obtenção de produtos de qualidade.

De forma muito geral, pode dizer-se que a prática da agricultura biológica obriga a que:
 As explorações agrícolas tenham que passar por um período de conversão, de
duração diversa, consoante as circunstâncias;
 A fertilidade e a atividade biológica dos solos devem ser mantidas ou melhoradas
através de culturas apropriadas, sistemas de rotação adequados e incorporação
nos solos de matérias orgânicas específicas;
 A luta contra parasitas, doenças e infestantes, deve ser feita através da escolha de
espécies e variedades adequadas, de programas de rotação de culturas, de
processos mecânicos de cultura e de proteção dos inimigos naturais dos parasitas
das plantas;
 Os animais devem ser escolhidos de entre raças autóctones ou particularmente
bem adaptadas às condições locais, devem dispor de uma área de movimentação
livre e o seu número tem que estar em equilíbrio com a dimensão da exploração e
as produções vegetais; a prevenção de doenças dos animais baseia-se na seleção
das raças ou estirpes de animais, na aplicação de práticas de produção animal
adequadas às exigências de cada espécie, na utilização de alimentos de boa
qualidade, juntamente com o exercício regular e o acesso à pastagem e no número
de animais adequado, que evite a sobre população.

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3.2. Culturas arvenses

As culturas arvenses compreendem os cereais, as oleaginosas e proteaginosas (COP), o


arroz, as leguminosas para grão, as culturas efetuadas em regime de retirada de terras
mesmo com fins não alimentares, e as culturas destinadas à produção de forragens secas.

O volume de produção das diferentes culturas apresenta desigualdades, tanto no que


respeita à superfície ocupada como às quantidades produzidas.

Os cereais assumem um papel relevante na atividade agrícola nacional, quer como suporte
alimentar das populações e do efetivo animal, quer como parte integrante do quadro de
utilização das terras.

Os cereais cultivam-se em todo o país, com maior predominância do milho em Entre


Douro e Minho e Beira Litoral e dos cereais de Outono/Inverno em Trás-os-Montes, Beira
Interior, Ribatejo e Oeste e Alentejo.

Trigo
O trigo assume-se como o principal cereal de sequeiro na estrutura cerealífera nacional.
Até ao final da década de 90, cerca de 90% do trigo era trigo mole, que foi
posteriormente substituído pelo trigo duro, devido à introdução da ajuda suplementar a
este cereal.

A evolução da distribuição territorial do trigo revela que, não obstante a perda de


importância ao longo do período em análise, mantém para além do Alentejo, uma
expressão territorial com algum significado no Ribatejo e Oeste e Nordeste transmontano.

Centeio

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O centeio é o único cereal de pragana cuja distribuição territorial predominante não inclui
a região do Alentejo. De facto, este cereal é tradicionalmente cultivado no interior do
país (Norte e Centro), evidenciando uma grande rusticidade.

Utilizado como dupla aptidão (consumo humano e alimentação animal), teve uma grande
importância na alimentação de subsistência das populações mais carenciadas. Atualmente,
a reintrodução do pão de centeio na dieta alimentar dos portugueses poderá vir a
dinamizar novamente a cultura.

Cevada
A área ocupada pela cevada teve uma das maiores quebras dos cereais de Inverno desde
1980, com particular incidência a partir de meados da década de 90. Apesar da grande
diminuição verificada desde 1990, este cereal voltou a suscitar maior interesse nos últimos
anos devido às suas múltiplas utilizações (consumo humano, animal e indústria).

Embora o Ribatejo e Oeste tenha vindo a ganhar alguma importância, a grande


dependência do clima para a calendarização da época das sementeiras e a maior
apetência desta região para as culturas hortofrutícolas e cereais de Primavera-Verão,

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tornam o Alentejo principalmente pela sua dimensão, como a região de excelência para o
desenvolvimento da cultura de cevada.

Aveia
As maiores produções de aveia verificaram-se na década de 80 em resultado das maiores
áreas semeadas, atingindo um máximo de 155 mil toneladas em 1987, devido a um
excelente ano agrícola para os cereais de Inverno.

A cultura da aveia é predominantemente feita no Alentejo, sendo Trás-os-Montes com


8,0% a segunda região com maior área semeada. No entanto, considerando a produção
anual média, o Ribatejo e Oeste é a segunda região com maior produção.

Milho
O milho é, no contexto agrícola nacional, a mais importante cultura arvense e também
aquela que envolve um maior número de produtores e de explorações agrícolas. Ao longo
do período

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A evolução e distribuição territorial adquiriu, ao longo do período em análise, uma maior


homogeneidade em toda a faixa litoral do Centro e Norte do país devido à estreita
relação desta cultura com a atividade pecuária.

Arroz
O arroz é o cereal que no período de 1980 a 2006, teve a menor diminuição de área
cultivada.
Tal como para o milho, também a produtividade do arroz aumentou desde 1980, embora
de um modo mais moderado.

As condições particulares do seu cultivo – caule submerso – determinam que o arroz seja
produzido nas regiões da Beira Litoral, Ribatejo e Oeste e Alentejo, associadas às bacias
hidrográficas dos rios Mira, Mondego, Sado e Sorraia.

No entanto, a importância relativa das regiões produtoras de arroz alterou-se, com


Ribatejo e Oeste a subir e o Alentejo a descer, comparando as produções anuais médias
dos quinquénios 1986-90 e 2002-06.

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3.3. Fruticultura

Os frutos representaram, em 2005, quase um quinto da produção vegetal, com destaque


para os citrinos e para a maçã.

Maçã
A produção de maçã é efetuada, sobretudo, em pequenas explorações. A área ocupada
por estes pomares manteve-se relativamente estável ao longo do período em análise.

Já a produção apresenta algumas assimetrias regionais, com o volume de produção a


aumentar em Trás-os-Montes mas a evidenciar fortes oscilações nas restantes regiões
produtoras.

Ribatejo e Oeste é a principal região produtora de maçã, verificando-se, no entanto, que a


área anual média ocupada teve uma quebra de 22,6% entre os quinquénios 1986-90 e
2002-06, contrariamente a Trás-os-Montes, a segunda região mais importante.

Apesar disso, em termos de produção de maçã, o peso relativo da região de Ribatejo e


Oeste no total do país aumentou. No entanto, esse aumento ainda foi maior em Trás-os-
Montes, enquanto no Alentejo diminuiu.

Pêra
A pêra rocha é o fruto mais exportado de Portugal, representando cerca de 90% da
produção nacional de pêra e 6% da produção europeia.
Apesar da importância dos números, a área de pereira apresenta um crescimento pouco
significativo entre os anos extremos do período em análise.

É na região de Ribatejo e Oeste que se concentra a maior parte da área de pereira e da


produção de pêra, tendo mesmo a região vindo a ganhar maior preponderância, dado o

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peso relativo da produção anual média no total do país ter aumentado de 83,7% para
87,8%, entre os quinquénios 1986-90 e 2002-06.

Pêssego
A área de pessegueiro teve um grande crescimento a partir da segunda metade da década
de 80 até ao início dos anos 90, para então começar a diminuir, verificando-se uma
quebra assinalável nos últimos anos.

Ribatejo e Oeste é a região com maior área de pessegueiro, seguindo-se a Beira Interior,
com uma área anual média no quinquénio 2002-06 de 2 619 hectares e de 1 537
hectares, respetivamente.

O Alentejo foi a região que mais perdeu em área. Em termos de produção de pêssego,
comparando a média anual dos quinquénios 1986-90 e 2002-06 verifica-se uma perda de
importância relativa de Ribatejo e Oeste e Alentejo e um aumento da Beira Interior.

Laranja

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A área de laranjeira aumentou regularmente desde 1980, sendo de 20 mil hectares em


2006, enquanto em 1980 era de 16 mil hectares, o que representa um acréscimo de 23%.

A grande concentração de citrinos em geral e da laranja, em particular, na região do


Algarve, deve-se à sua tipicidade produtora de citrinos, aliada às boas condições
climatéricas (reduzido risco de geadas), a uma excelente qualidade mas também à falta de
alternativas por parte dos agricultores algarvios. Atualmente o Algarve detém 61% da
área total de laranja no país.

Kiwi
A cultura do kiwi foi introduzida na Europa apenas na década de 70, pelo que só começou
a ter alguma dimensão no país nos finais dos anos 80, tendo aumentado a área nos anos
90, com um máximo de 1 133 hectares em 1998, para apresentar algum decréscimo nos
anos seguintes, a que se sucedeu novo aumento, tendo a área atingido o máximo de 1
307 hectares em 2006.

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A concentração da produção em Entre Douro e Minho justifica-se pelas condições edafo-


climáticas que esta região proporciona. A segunda região mais importante é a Beira Litoral
que, contudo se caracteriza pela pequena dimensão das explorações agrícolas, o que
dificulta a expansão da cultura.

Com 67,2% da área total de kiwi do país em 1989, que aumentou para 76,9% em 2006, a
região de Entre Douro e Minho é a mais importante na cultura do kiwi, seguindo-se a
Beira Litoral, com 20,7% da área total em 2006.

Em termos de produção de kiwi, o conjunto destas duas regiões foram responsáveis no


quinquénio 2002-06 por 98,4% da produção total.

O aumento das áreas plantadas e da produtividade dos pomares de kiwi, bem como a
importação de novas técnicas de cultivo e comercialização, fazem prever um aumento
significativo da produção nos próximos anos.

Cereja
A área de cerejeira apresenta uma tendência crescente desde 1980, coincidindo a área
mínima (2,9 mil hectares) e a máxima (6,3 mil hectares) com o princípio e final da série
em análise, respetivamente.

As duas principais regiões para a cultura da cerejeira são Trás-os-Montes e a Beira Interior
(Cova da Beira), representando 85% da área total do país em 2006, com Trás-os-Montes
a deter a maior área.

Contudo, devido a uma maior produtividade, a Beira Interior é a principal região em


termos de produção, com uma produção anual média de cereja de 8 666 toneladas no
quinquénio 2002-06, correspondendo a 53,2% do total.

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Amêndoa
Em Portugal os amendoais são, sobretudo, explorados em regime de sequeiro estando, no
caso do Algarve, associados a outras culturas, como por exemplo a alfarrobeira, a figueira
e a oliveira. Em Trás-os-Montes a produção encontra-se concentrada nos pequenos e
médios produtores.

As principais regiões de cultivo em Portugal são Trás-os-Montes e Algarve. Nesta última, o


amendoal está incluído no pomar tradicional de sequeiro, que revela um forte estado de
abandono e acaba por determinar as fracas produtividades alcançadas nesta região.

Já em Trás-os-Montes, as explorações apresentam uma maior dimensão e, ao contrário do


Algarve, a superfície ocupada com esta cultura tem registado acréscimos nos últimos
anos.

Castanha
A área de castanheiros tem vindo a aumentar, sobretudo na região de Trás-os-Montes.

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A área de soutos no país aumentou mais de 16 mil hectares, passando de 13 683 ha para
30 253 ha. A produção ainda não reflete este aumento de área, pois as novas plantações
efetuadas, sobretudo na década de 90, ainda não se encontram em plena produção.

Noz
Até 1998, verificou-se em Portugal um incremento gradual e sustentado das plantações de
nogueira, mas foi em 1999 que se deu o maior investimento, com a área a alcançar os 3
063 hectares.

A produtividade ainda não reflete este incremento de superfície, uma vez que grande
parte dos novos pomares ainda não atingiu a plena produção.

Tal como para a castanha, é Trás-os-Montes a região com a maior área ocupada de
nogueira, seguindo-se as regiões de Ribatejo e Oeste e Beira Litoral, que no conjunto
representavam 76% do total, em 2006.

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Em termos regionais, verifica-se na produção de noz uma alteração da importância


relativa das regiões, cedendo o Alentejo a condição de principal região produtora a Trás-
os-Montes que detinha no quinquénio 2002-06, 32,2% da produção total nacional.

Avelã
Com a adesão de Portugal à CEE verificou-se uma expansão da área de aveleira. Alguns
esforços foram efetuados em prol da dinamização do sector, nomeadamente através da
criação de máquinas de colheita, calibragem e britagem da avelã e da seleção de
variedades bem adaptadas e de qualidade.

Contudo, a falta de organização ao nível da comercialização e a forte dependência da


mão-de-obra levaram ao abandono progressivo da cultura e à perda de competitividade
do sector.

Desta forma, a área da cultura, após um máximo de 1 870 hectares atingido em 1991,
reduziu-se em 2006 para apenas 527 hectares. Também a produtividade da aveleira
diminuiu ao longo dos anos.

As regiões de Trás-os-Montes, Beira Litoral e Beira Interior concentram a quase totalidade


da área de aveleira, representando no conjunto 96,1%, em 2006.

Em termos de produção, Trás-os-Montes é a região mais importante com uma produção


anual média de 213 toneladas no quinquénio 2002-06, representando 42% do total da
produção.

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Viticultura
A vinha adapta-se a uma grande variedade de tipo de solos e é exigente do ponto de vista
climático.

A produção de vinho está muito dependente das condições climáticas ocorridas ao longo
do seu ciclo vegetativo, pelo que as produções anuais apresentam uma grande
variabilidade, verificando-se, contudo, uma tendência decrescente desde 1980.

A evolução desta cultura tem apresentado uma redução em termos de produção e


superfície cultivada. Esta redução acentuou-se com a adesão à UE que passa a valorizar a
qualidade relativamente à quantidade.

Mais de 50% da superfície de vinha é produtora de “Vinhos de Qualidade Produzidos em


Regiões Demarcadas” (VPQRD). As regiões de Ribatejo e Oeste, Trás-os-Montes e
Alentejo são as que mais se destacam na produção vinícola.

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Trás-os-Montes, com 67 mil hectares é, em 2006, a região com a maior área de vinha,
seguida de Ribatejo e Oeste. Um facto importante a assinalar é que a área de vinha em
Trás-os-Montes se manteve praticamente a mesma desde 1980, mas a área de vinha de
Ribatejo e Oeste diminuiu 38% entre 1980 e 2006.

Apesar disso, a principal região produtora de vinho é ainda Ribatejo e Oeste devido à sua
maior produtividade, seguida de Trás-os-Montes.

No entanto, a produção anual média destas duas regiões evoluiu em sentido contrário,
com Ribatejo e Oeste a diminuir o seu peso relativo no total de 39,5% para 32,3%. A
alteração mais significativa na produção de vinho ocorreu no Alentejo, com o seu peso
relativo no total do país a subir de 3,7% para 11,2%.

Olivicultura
O olival é uma cultura que se encontra representada em todo o Portugal Continental, com
grande importância e tradição no tecido social das populações rurais.

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De referir que a variedade de azeitona mais representativa em Portugal é a “galega” que


por definição é pouco produtiva e alternante. Também a colheita da azeitona através da
técnica do varejo (ainda muito utilizada) acaba por contribuir para esta alternância.

É no Alentejo que se encontra a maior área de olival para produção de azeitona para
azeite, seguindo-se Trás-os-Montes.

Em termos de produção e considerando que a afetação regional da produção de azeite


decorre da localização dos lagares de azeite, verifica-se que Trás os- Montes foi a principal
região produtora. A Beira Interior é a terceira região produtora de azeite com um peso
relativo de 13,7% no quinquénio 2002-06.

A oliveira adapta-se a diversos tipos de solo, mas é muito sensível às condições


meteorológicas, exigindo Verões longos quentes e secos.

A cultura depara-se com alguns problemas devido ao fecho de lagares por não cumprirem
as normas europeias, a falta de mão-de-obra especializada e a existência de olivais
abandonados e envelhecidos.

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3.4. Hortofloricultura

Estas têm um carácter emergente por sobressaírem na tendência geral da agricultura


portuguesa pois têm aumentado em termos de superfície cultivada e produção.

Este crescimento resulta dos apoios da UE para a introdução de sistemas de rega,


construção de estufas e substituição de culturas.

É na região de Ribatejo e Oeste que se situa a principal produção de hortícolas. Existem


outras áreas onde predomina o regadio, o Algarve, Entre Douro e Minho e a Beira Litoral
onde a produção hortícola também tem significado.

Batata
A batata é tradicionalmente um dos mais importantes produtos da agricultura portuguesa,
embora a série temporal evidencie um decréscimo contínuo das áreas e produções.

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A batata é uma cultura que se cultiva em todo o país, embora as quatro principais regiões
produtoras – Entre Douro e Minho, Trás-os-Montes, Beira Litoral e Ribatejo e Oeste –
representassem, no quinquénio 2002-06, cerca de 80% do total.

No, entanto a importância relativa das regiões alterou-se, com uma diminuição do peso
relativo de Entre Douro e Minho e o aumento de Trás-os-Montes de 16,8% para 18,6%,
entre os quinquénios 1986-90 e 2002-06.

Em Entre Douro e Minho ocorreu a maior diminuição de área de batata.

Feijão
A cultura do feijão é a que, nos últimos 25 anos, teve a maior quebra de área semeada no
país, com uma diminuição de 91% entre 1980 e 2006.

A produtividade desta cultura teve um acréscimo a partir da segunda metade dos anos 80,
o que permitiu durante algum tempo atenuar a diminuição da produção, apesar da
redução da área.

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A cultura do feijão realiza-se predominantemente em Entre Douro e Minho e na Beira


Litoral, tendo representado 72,7% do total da área média no quinquénio 2002-06.
Contudo, devido a uma produtividade bastante mais elevada, a região com maior
produção é a Beira Litoral, com uma produção anual média de 1 916 toneladas no
quinquénio 2002-06.

Grão-de-bico
A área semeada de grão-de-bico foi de 1 268 hectares em 2006, o que representa uma
diminuição para 1/8 da existente em 1980, sendo a menor área cultivada desde esse ano.
Tal como para o feijão, a produtividade média do grão-de-bico teve uma evolução positiva
entre os quinquénios 1980-84 e 2002-06.

O Alentejo é a região em que o grão-de-bico mais se cultiva, com uma área anual média
de 1 343 hectares no quinquénio 2002-06, seguindo-se as regiões da Beira Litoral e Beira
Interior.

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As culturas que se destinam exclusivamente à transformação industrial ocupam apenas


5% da superfície agrícola nacional.

Tomate
Portugal é o sexto maior produtor mundial de tomate para a indústria, com as exportações
da indústria a ultrapassarem os 90% da produção nacional.

O tomate para transformação industrial é cultivado quase exclusivamente no Ribatejo e


Oeste e no Alentejo. O Ribatejo e Oeste tem a maior área de tomate para a indústria, a
maior produtividade e a maior produção, que no quinquénio 2002-06 representou 82,7%
do total.

Girassol
A cultura do girassol teve um grande incremento após a adesão de Portugal à CEE, em
1986.

Embora o girassol seja quase exclusivamente cultivado em Ribatejo e Oeste e no Alentejo,


é nesta região que atualmente se concentra quase exclusivamente a produção de girassol,
atingindo 98,1% do total no quinquénio 2002-06, enquanto no quinquénio 1986-90 era de
87,2%.

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Floricultura
A Floricultura, atualmente também designada por Horticultura Ornamental, abrange três
tipos de produção:
 Flores de corte, com 381 hectares,
 Folhagens de corte e complementos de flores, com 160 hectares
 Plantas ornamentais, com 352 hectares.

As flores de corte e as plantas ornamentais representam respetivamente 48% e 36% da


área base com floricultura. Quanto às folhagens e complementos de flor são responsáveis
pelos restantes 16% da área total de floricultura do País.

Quanto à importância destas diferentes orientações produtivas, em termos de área, em


cada região, destacam-se as flores de corte no Ribatejo e Oeste e Entre Douro e Minho, as
folhagens de corte e complementos no Alentejo e as plantas ornamentais na Beira Litoral,
Entre Douro e Minho, Algarve e Ribatejo e Oeste.

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As flores de corte representam 71% do total de produção (244.683x103 hastes). As


folhagens e complementos e as plantas ornamentais, em conjunto perfazem 29% (99.543
x103 hastes).

Flores de corte
O cravo e a cravina são as espécies mais representativas, com 40% da produção total de
flores de corte; seguem-se a gerbera e a rosa, que detêm em conjunto 36 % da
produção. O lilium apenas representa 7% da produção.

Folhagens de corte e complementos de flor


O feto e o espargo são as espécies mais produzidas, com 74% da produção total das
folhagens de corte e complementos de flor.

Plantas ornamentais
O plátano, o pelargónio, a fúchsia e o crisântemo, foram as espécies mais representativas
das plantas ornamentais. Destaque para o crisântemo e para o cravo/cravina, espécies
tradicionalmente de corte, que constituíram respetivamente 14% e 3% do total de plantas
ornamentais.

Plantas aromáticas e medicinais

Cebolinho (Allium schoenoprasum)


Uma planta bolbosa cujas folhas verdes e flores azuladas esféricas têm um sabor picante a
alho-porro e são ricas em vitaminas A e C.

Coentros (Coriandrum sativum)


Apresentando-se em forma de arbusto com folhas recortadas e flores brancas delicadas,
os coentros caracterizam-se pelas suas sementes picantes, recheadas de óleos essenciais
e ácidos orgânicos. No entanto, também a sua folhagem verde é amplamente utilizada na
cozinha.

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Erva-cidreira (Melissa officinalis)


No Inverno a erva-cidreira revela-se como um arbusto amplo com folhas esverdeadas e
emana um delicioso aroma a limão; no Verão ostenta pequenas flores brancas.

Contém fibras com elevado valor nutricional, os óleos essenciais citrolenal e citral, mas
também taninos, saponinas e timol, cujas propriedades são antissépticas.

Funcho (Foeniculum vulgare)


Caracterizado por hastes finas e altas que podem atingir um metro de altura, o funcho
revela ainda, sempre no final do Verão, pequenas flores amarelas. As hastes, sementes e
flores contêm óleos essenciais bastante condimentados, sendo utilizados em temperos e
conservas diversas.

Hortelã-pimenta (Mentha piperita)


Caracterizada como uma planta perene resistente, bonita e muito aromática, a verdade é
que existem várias espécies de hortelã-pimenta que emanam agradáveis aromas a
manjericão, chocolate e limão, só para dar alguns exemplos.

As suas folhas brilhantes e de um verde intenso, contêm óleos essenciais com


propriedades terapêuticas, especialmente indicadas para o tratamento de perturbações
digestivas, inflamações, espasmos e dores gerais.

Manjericão (Ocimum basilicum)


Perfumado, saboroso e florido, o manjericão é uma excelente adição a qualquer jardim
aromático. Assumindo o formato de um pequeno arbusto, as suas muitas ramificações são
cobertas por folhas verdes brilhantes e rijas.

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Quanto mais jovens forem os rebentos, mais condimentadas são as suas folhas –
recheadas de óleos essenciais como o estragol, cânfora e linalol, contém ainda ácidos
orgânicos e generosas doses de vitaminas C e A.

Orégão (Origanum vulgare)


Apresentando-se sobre a forma de arbusto com muitas ramificações, a sua diversidade em
termos de espécies resulta numa enorme variedade de plantas que incluem folhas verdes
ou douradas, assim como flores brancas e lilases que, arrebentando em Julho, duram até
aos meses outonais.

Salsa (Petroselinum sativum)


Reproduzindo-se em formato de arbusto, o cultivo da salsa é, tal como o funcho, uma
produção bienal que no primeiro ano origina folha e no segundo, uma flor amarela.
Independentemente de a folhagem ser lisa ou frisada, o sabor ligeiramente picante da
salsa é idêntico em ambas as variedades.

Tomilho (Thymus espécies)


Crescendo para formar pequenos e resistentes arbustos, existem diversas variedades do
tomilho que cresce abundantemente, mesmo nos espaços mais reduzidos.

3.5. Silvicultura

A importância da floresta e do sector florestal é inquestionável. A floresta ocupa 38 % do


território de Portugal continental, apresentando diferentes taxas de arborização nas várias
regiões do País.

Quanto à sua composição por espécies, verifica-se que o pinheiro bravo (Pinus pinaster), o
sobreiro (Quercus suber) e os eucaliptos (Eucalyptus spp.) são as três espécies mais
representativas e, também, de maior interesse económico. No seu conjunto, ocupam
quase 75 % da área de floresta.

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Pinheiro
O pinheiro é uma das árvores mais comuns em Portugal. Trata-se de uma árvore alta,
atingindo uma altura até 35 a 40 metros. A copa é de forma aproximadamente cónica e
encontra-se sempre coberta de folhas.

O pinheiro apresenta um crescimento rápido e o facto de possuir volumosos canais


resiníferos faz com que produza elevadas quantidades de substâncias resinosas.

Este é o produto mais importante do pinheiro, que pode consistir na goma ou resina
primitiva, a resina amarela, o alcatrão e os diversos derivados. Estes produtos são muito
requisitados na indústria e também na medicina. Além disso, o pinheiro fornece-nos
excelente madeira de construção, como mastros para os navios, vigas e tabuados para a
arquitetura naval e civil, lenha e ramadas para os fornos, e adubos para os terrenos.

Sobreiro

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O sobreiro é uma árvore de porte médio, com uma copa ampla e com uma altura média
de 15 a 20 m. Pode atingir, em casos extremos, os 25 m de altura. O tronco tem uma
casca espessa e suberosa, vulgarmente designada por cortiça.

A sua principal utilização é a produção de cortiça, o único produto do qual Portugal é o


primeiro produtor mundial. A madeira é muito dura e compacta, difícil de trabalhar, tendo
pouco valor para carpintaria e marcenaria. É, no entanto, um ótimo combustível para
lume, sendo muito utilizada nas lareiras.

Em Portugal, a grande mancha suberícola localiza-se sobretudo a sul do Tejo, onde é a


espécie dominante, e a norte do Tejo na região pertencente ao distrito de Santarém.

No âmbito da silvicultura, a grande pressão dos produtos alternativos, como os plásticos,


os alumínios e outros, agravada pela agressividade dos produtos florestais oriundos de
outros países, constitui um dos principais problemas para os produtores nacionais.

Eucalipto
O eucalipto é uma árvore nativa da Austrália e pode atingir os 100 metros de altura. É
uma espécie de crescimento rápido que tem preferência por climas húmidos, suportando
mal os Invernos rigorosos.

Tem várias aplicações em diferentes tipos de indústria, sendo a mais significativa a


produção de pasta de papel, mas é também muito utilizado na indústria farmacêutica para
tratamento de algumas doenças, tais como a asma, a constipação e a rinite alérgica,
devido às suas características antissépticas, cicatrizantes e anti-inflamatórias.

Devido ao seu grande teor de celulose, o eucalipto é explorado para obtenção de lucros
na indústria do papel e, como tal, é plantado num sistema de monocultura e colhido após
8 -10 anos.

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O Eucalipto tem um impacto ecológico devastador, uma vez que provoca uma diminuição
da qualidade do solo e da quantidade de água disponível, prejudicando gravemente os
habitats ecológicos. Além disso, exerce uma forte competição ecológica com as espécies
autóctones.

3.6. Produção animal

A atividade pecuária representa, atualmente, quase metade do produto final agrícola. Os


gados bovino e suíno são os que têm maior importância, em termos económicos. A
distribuição geográfica dos diferentes tipos de gado não é uniforme.

Bovinos
O efetivo bovino tem vindo a aumentar desde 1980, nomeadamente a partir da segunda
metade dos anos 90. Contrariamente ao efetivo, o número de explorações com bovinos
diminuiu contínua e acentuadamente.

A região com o maior número de bovinos, em 2005, era o Alentejo, com 35,7% do total,
contrariamente a 1987 em que a primeira região era Entre Douro e Minho, com 28,1%,
principalmente em resultado da mudança verificada no tipo de produção bovina, de leite
para carne.

Os Açores também aumentaram o efetivo bovino, quer em termos absolutos, quer


relativos, entre 1987 e 2005, enquanto que na Beira Litoral o efetivo diminuiu para
metade e o seu peso relativo desceu de 17,7% para 8,2%, também afetada pela redução
do efetivo leiteiro.

Ovinos
O efetivo ovino era, em 2005, de 3 583 mil cabeças, o que corresponde a um acréscimo
de 18% relativamente a 1987. O número de explorações com ovinos diminuiu 43%, entre

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1993 e 2005, tendo-se verificado uma grande quebra nas explorações com 1 a 9 cabeças
(-61%).

O Alentejo, em 2005, concentrava 54,3% do efetivo ovino, ligeiramente superior à sua


posição relativa de 1993 (51,8%).

Caprinos
O efetivo caprino teve o seu máximo em 1989, com 857 mil cabeças, iniciando-se a partir
daí um decréscimo que se foi acentuando progressivamente ao longo dos anos.

A diminuição do efetivo caprino verificou-se em todas as regiões mas, tal como para os
ovinos, não houve grandes alterações na sua importância relativa.

Suínos

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O efetivo suíno teve uma evolução irregular, tendo atingido máximos entre 1989 e 1993,
para a partir daí apresentar uma diminuição com algum significado, sendo de 2 344 mil
cabeças em 2005.

Ribatejo e Oeste é a região com o maior número de suínos, detendo 43,7% do efetivo em
2005. As outras regiões com um efetivo importante, são a Beira Litoral e o Alentejo, que
em conjunto representavam cerca de 40% do total.

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Bibliografia

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AA VV., Rede Rural Nacional: Programa, Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento


Rural e das Pescas, 2008

Queiroz, A., Geografia A – 11º/12º ano do Ensino Secundário, Porto Editora

Medeiros, Carlos Alberto, Geografia de Portugal: Ambiente natural e ocupação humana ,


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Webgrafia

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http://www.igeo.pt/atlas/index1.html

Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do território


http://portal.min-agricultura.pt/

Agroportal
http://www.agroportal.pt

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