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Resumos 11ºano Geografia - Agricultura

AGRICULTURA: atividade económica do sector primário cujo objetivo consiste na produção de


alimentos e matérias-primas de origem vegetal retiradas do solo.

O sector agrícola, mantém algum peso na criação de emprego, e detém uma grande
importância na ocupação do espaço e na preservação da paisagem, constituindo mesmo a base económica
essencial de algumas áreas acentuadamente rurais do país. Além disso contribui para o PIB dos países.

ESPAÇO RURAL: parte significativa do território português e nele se desenvolvem as atividades agrícolas, mas
também outras, como o artesanato, o turismo, a indústria, etc. – tem 9 regiões agrárias.
ESPAÇO AGRÁRIO: áreas ocupadas com a produção agrícola (vegetal e animal), habitações dos agricultores e
ainda infraestruturas e equipamentos associados à atividade agrícola (caminhos, canais de rega, estábulos, etc.)
ESPAÇO AGRÍCOLA: área utilizada para a produção vegetal e/ou animal.
REGIÕES AGRÁRIAS: conjunto de zonas definidas em função das paisagens agrárias (morfologia agraria +
sistema de cultura + povoamento rural) para o apoio e cumprimento de objetivos para setores agrário e
alimentar – existem 9.

REGIÕES AGRÁRIAS:
➢ Entre douro e Minho
➢ Trás-os-Montes
➢ Beira litoral
➢ Beira interior
➢ Ribatejo e oeste
➢ Alentejo
➢ Algarve
➢ R.A. Madeira
➢ R.A. Açores
PRINCIPAIS FATORES CONDIONANTES DA AGRICULTURA:

Principais fatores físicos:

Clima:
▪ Faz depender as espécies a cultivar e a sua regularidade e quantidade das colheitas;
▪ Abundância e regularidade da chuva favorece a agricultura;
▪ Temperaturas diminuem de Sul para Norte em Portugal Continental, e diminuem do litoral para o
interior nas R.A.;
▪ Níveis de precipitação mais altos a Norte do Rio Tejo e litoral (variam consoante níveis de evaporação,
logo nas regiões de maior altitude os níveis serão maiores);
▪ Noroeste, Beira Litoral e Oeste de Portugal, regiões com grande aptidão para a prática agrícola devido
ao clima, opõem se ao interior alentejano onde a prática agrícola tem níveis muito inferiores.
▪ Técnicas como a rega artificial, a espécies híbridas, as estufas e as barragens são técnicas que têm sido
desenvolvidas para atenuar os obstáculos que o clima traz, já que faz depender as disponibilidades hídricas.

Relevo:
▪ Influencia a agricultura através da altitude e configuração do terreno;
▪ As maiores altitudes localizam-se no interior Norte e Centro, já as áreas de planície são muito mais
comuns no litoral e no sul do país;
▪ Qualquer área do país pode ser adequada para a prática agrícola apesar dos condicionalismos físicos se
escolhermos as espécies que melhor se adequem;
▪ Nos relevos planos, a fertilidade dos solos é geralmente maior, assim como a possibilidade de
modernização das explorações. Se o relevo é mais acidentado, a fertilidade dos solos torna-se menor e há maior
limitação no uso de tecnologia agrícola e no aproveitamento e organização do espaço, já que a fragmentação
dos espaços é maior;
▪ A construção de socalcos pode ser uma técnica para atenuar as dificuldades impostas por um relevo
mais acidentado.

Recursos hídricos:
▪ É fundamental para a produção agrícola, pelo que esta se torna mais fácil e abundante em áreas onde a
precipitação é maior e mais regular;
▪ Em áreas de menor precipitação é necessário recorrer a sistemas de rega artificial (regadio);
▪ No Norte há mais recursos hídricos (caudal dos rios é maior e níveis de precipitação também);
▪ As barragens, que armazenam água nas estações chuvosas para a utilização nas estações secas, atenua a
falta de recursos hídricos.

Fertilidade do solo:
▪ Influencia diretamente a produção, tanto em quantidade como em qualidade;
▪ Há mais aptidão agrícola no Noroeste, onde a fertilidade do solo é maior;
▪ O homem pode intervir na fertilidade dos solos através da fertilização artificial e da correção das
características litológicas dos solos.
Principais fatores humanos:

Passado histórico:
▪ Condiciona a ocupação e organização dos solos e reflete-se na estrutura fundiária – dimensão, forma e
fragmentação das explorações agrícolas;
▪ Conquista e o povoamento do país leva a que ainda hoje haja uma maior concentração da população no
Norte em relação ao Sul, e os Descobrimentos levaram a que o litoral seja mais povoado do que interior,
havendo assim mais concentração da prática agrícola em certas regiões, portanto maior fragmentação das
explorações;

Objetivo da produção:
▪ Este aspeto é determinante da ocupação do solo;
▪ Quando a produção se destina ao autoconsumo, as explorações são geralmente de menor dimensão,
fechadas, e com forma irregular e daí continuarem a utilizar técnicas mais artesanais passadas de geração em
geração;
▪ Se a produção se destina ao mercado, as explorações tendem a ser de maior dimensão, abertas com
forma regular e mais especializadas em determinados produtos usando máquinas e sistema de regas modernos.

Políticas agrícolas:
▪ São orientações e medidas legislativas- quer nacionais quer comunitárias (UE) – que são atualmente
fatores de grande importância, uma vez que influenciam as opções dos agricultores relativamente aos produtos
cultivados, regulamentam práticas agrícolas como a utilização de produtos químicos, e criam incentivos
financeiros, apoiando a modernização das explorações e mudança da agricultura

Características da mão de obra:


▪ As características da mão de obra condicionam a atividade agrícola através dos diferentes níveis de
instrução, idade ou formação no domínio agrícola.

Tecnologias e práticas utilizadas:


▪ Através do desenvolvimento de maquinaria, sistemas de rega, seleção de sementes, manipulação
genética e utilização de produtos químicos, é possível uma maior produtividade do trabalho e do solo
aumentando a produção agrícola.
CARACTERÍSTICAS DO ESPAÇO AGRÍCOLA:

Morfologia agrária:

DIMENSÃO FORMA FRAGMENTAÇÃO PRESENÇA


EXPLORAÇÕES EXPLORAÇÕES EXPLORAÇÕES VEDAÇÕES

 LATIFÚNDIO REGULAR ELEVADA CAMPOS ABERTOS


 MINIFÚNDIO IRREGULAR REDUZIDA/NULA CAMPOS FECHADOS

Sistema de culturas:

VARIEDADE PROCESSOS ROTAÇÃO SISTEMA DE


CULTURAS PRODUÇÃO CULTURAS REGA

 POLICULTURA INTENSIVO AFOLHAMENTO POUSIO REGADIO


 MONOCULTURA EXTENSIVO AFOLHAMENTO S/ POUSIO SEQUEIRO

 Sistema extensivo:
▪ Caracteriza-se pela ocupação descontínua e não permanente dos campos, estando normalmente
associado ao sistema de afolhamento com rotação de culturas;
▪ Aqui predomina a monocultura, e é feito em campos de grande dimensão, de forma regular e abertos;
▪ É praticado em zonas de solo pouco fértil, zonas aplanadas e com fraca precipitação estando associado
a culturas de sequeiro;
▪ Pouca mão de obra pois está associada ao uso de maquinarias, havendo custos de produção mais
baixos;
▪ Predomina em áreas de povoamento concentrado.

 Sistema intensivo:
▪ Ocupação intensiva dos campos, de forma contínua e durante todo o ano;
▪ Predomina a Policultura;
▪ É praticado em zonas de solos férteis, com relevo acidentado e com baixos níveis de precipitação, e
estado associado a sistema de regadio;
▪ Utiliza mão de obra numerosa, e regista assim preços de produção elevados também associados á
diversificação de máquinas usadas;
▪ Predomina em áreas de povoamento disperso.

Povoamento rural:

DISPERSO CONCENTRADO LINEAR MISTO

Habitações afastadas: Habitações próximas, Habitações associadas Disperso no litoral e


- Norte Litoral demarcam-se povoações: a estradas: concentrado no Interior
- Açores - Norte Interior - Açores - Centro
- Alentejo - Algarve
- Madeira
CARACTERÍSTICAS DAS PAISAGENS AGRÁRIAS:

● Norte litoral:
Propriedade e exploração da terra: minifúndios, campos fechados e de forma irregular.
Exploração da terra: a exploração por conta própria predomina;
Tipo de povoamento: predomina o disperso;
Sistemas de cultura: intensivo e policultura;
Sistema de rega: regadio;
Principais produções: Milho, Vinha, batata, frutos secos, feijão, abóbora e hortaliças.

● Norte interior:
Propriedade e exploração da terra: minifúndios
Exploração da terra: a exploração por conta própria predomina;
Tipo de povoamento: Concentrado
Sistema de Culturas: Extensivo, monocultural
Sistema de Rega: Sequeiro
Principais Produções: trigo, vinha, azeite, batata.

● Ribatejo e oeste
Propriedade e exploração da terra: latifúndios, campos abertos e forma regular;
Exploração da terra: a exploração por conta própria predomina;
Tipo de povoamento: Maioritariamente concentrado;
Sistema de Culturas: Extensivo, monocultural;
Sistema de Rega: Regadio;
Principais Produções: milho e arroz, vinha, batata, tomate

● Alentejo
Propriedade e exploração da terra: latifúndios, campos abertos e forma regular;
Exploração da terra: a exploração por conta própria predomina;
Tipo de povoamento: concentrado
Sistema de Culturas: Extensivo, monoculturas;
Sistema de Rega: Sequeiro;
Principais Produções: trigo, milho, batata e azeite.

● Algarve:
Propriedade e exploração da terra:
Zonas de altitude: latifúndio;
Zona litoral: minifúndios;
Exploração da terra: a exploração por conta própria predomina;
Tipo de povoamento: predomina o concentrado

● Madeira:
Propriedade e exploração da terra: minifúndios, campos fechados e de forma irregular.
Exploração da terra: a exploração por conta própria predomina;
Tipo de povoamento: misto
Sistema de Culturas: Intensivo, policultura;
Sistema de Rega: regadio
Principais Produções: milho, banana, ananás, cana-de-açúcar
● Açores
Propriedade e exploração da terra: minifúndios, campos fechados e de forma irregular.
Exploração da terra: arrendamento predomina;
Tipo de povoamento: disperso
Sistema de Culturas: Intensivo, policultura;
Sistema de Rega: regadio
Principais Produções: batata, milho, ananás, tabaco, chá

A EVOLUÇÃO DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS:

EXPLORAÇÃO AGRÍCOLA: unidade que juntamente com fatores de produção como a mão-de-obra,
máquinas, terrenos, etc, deve satisfazer obrigatoriamente as 4 condições seguintes: 1) produzir produtos
agrícolas ou caso não utilize as terras, mantê-las em boas condições agrícolas e ambientais; 2)
atingir/ultrapassar uma certa dimensão (área, nº animais); 3) ser submetida a uma gestão única; 4) ser localizada
num lugar bem determinado e localizável.

Atualmente observamos uma tendência de decréscimo do número de explorações agrícolas existentes.

A dimensão da superfície agrícola útil (SAU) é quase 75% do total de explorações agrícolas em
Portugal, e os restantes 25% representa a superfície agrícola não aproveitada.

É o Alentejo que tem uma maior média de dimensão das explorações agrícolas, e é a Beira Litoral que
tem uma média de dimensão mais pequena. A Norte do Rio Tejo as explorações são mais pequenas do que no
Sul. Tem se observado o aumento da média da dimensão das explorações, que se deve devido à redimensão das
explorações de média dimensão.

As formas de exploração da SAL podem ser por conta própria, ou por arrendamento:

Por conta própria:


▪ O produtor é o proprietário, portanto a tomada de decisões, perdas e lucros é dele:
▪ A exploração por conta própria é habitualmente considerada mais vantajosa. O proprietário
procura obter o melhor resultado possível da terra, mas como está a cuidar do que é seu, preocupa-se com a
preservação dos solos e investe em melhoramentos fundiários, como a construção de redes de drenagem, a
colocação de instalações de rega permanentes, etc.

Por arrendamento:
▪ Produtor paga renda anual ao proprietário e usufrui dos resultados, mas os lucros e perdas
podem ter de ser divididos com o proprietário, dependente do contrato que têm;
▪ O arrendamento pode ser desvantajoso, pois os arrendatários nem sempre se interessam pela
valorização e preservação das terras, preocupando-se mais em tirar delas o máximo proveito durante a vigência
do contrato. Porém, o arrendamento pode evitar o abandono das terras, nos casos em que o proprietário não
possa ou não queira explorá-las.

Em relação às natureza jurídica, ou seja, ao responsável jurídico pela exploração, por ser uma pessoa
singular (o produtor é uma pessoa física) ou uma sociedade (entidade moral, constituída seguindo o código
comercial e civil).
A CONSTITUIÇÃO DA S.A.U.:

Terras aráveis:
▪ Terras ocupadas com culturas temporárias (prados, cereais para grão, e culturas hortícolas)
associadas a um sistema de rotação cultural;
▪ Predomina na Beira Litoral e Madeira;

Culturas permanentes:
▪ Culturas que ocupam a terra durante vários anos e fornecem repetidas colheitas;
▪ Predomina em Trás-os-Montes e Algarve;
▪ Em Portugal o olival, os frutos de casca rija e a vinha são as culturas permanentes com maior
expressão;
▪ O Alentejo foi a região com maior produção do olival, Trás-os-Montes com produção de vinha,
e Trás-os-Montes e Alentejo com maior produção de frutos de casca rija.

Pastagens permanentes:
▪ Plantas semeadas ou espontâneas, não incluídas numa rotação, e que ocupam o solo por mais
de 5 anos;
▪ Predomina Entre Douro e Minho e Beira Interior.

Horta familiar:
▪ Superfície de pequena dimensão para produtos hortícolas ou frutos destinados ao autoconsumo.

A PRODUÇÃO PECUÁRIA:

REGIME INTENSIVO: tipo de criação de gado em que terras são ocupadas permanentemente; são utilizadas
técnicas modernas, estabulação e alimentação por ração; a produção por hectare é elevada.
REGIME EXTENSIVO: tipo de criação de gado que ocupa extensas áreas ao ar livre; utilizam-se técnicas
tradicionais; a produção por hectare é baixa.

Gado Avícola:
▪ Maior produção na Beira Litoral e Ribatejo e Oeste (produção tanto de ovos como carne);
▪ É produzido em regime intensivo.

Gado Ovino:
▪ Maior produção no Alentejo e na Beira Interior.

Gado Suíno:
▪ Maior produção no Ribatejo e Oeste;
▪ Gado produzido em estabulação e de forma intensiva.

Coelhos (cunicultura):
▪ Maior exploração Entre Douro e Minha e Trás-os-Montes.

Gado Caprino:
▪ Maior exploração no Alentejo.
AS CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO ATIVA AGÍCOLA:

A evolução e composição:
▪ A população ativa agrícola tem vindo a diminuir nos últimos anos, devido à modernização da
agricultura e à melhor oferta de emprego nos outros sectores de atividade;
▪ A oferta nos outros setores tem provocado a transferência da mão-de-obra para outros setores,
embora estes trabalhadores mantenham a residência nas áreas rurais;
▪ A mão-de-obra familiar (produtor agrícola + agregado doméstico) é a que representa a maior
parte do trabalho agrícola, e mão-de-obra não familiar (contratos sazonais) têm vindo a aumentar.
▪ Nas regiões com maior dimensão média das explorações, a importância da mão-de-obra
agrícola não familiar é mais relevante, sobretudo devido à maior especialização da agricultura que é mais
exigente na qualificação da mão-de-obra.

O nível etário:
▪ Mais de metade dos produtores agrícolas em 2019 tinham mais de 64 anos, o que representa um
entrave ao desenvolvimento da agricultura, nomeadamente no que respeita à adesão a inovações (tecnologia,
métodos de cultivo, práticas sustentáveis, etc.), à capacidade de investir e arriscar, e à adaptação às normas
comunitárias de produção e de comercialização.
▪ As regiões com população mais envelhecida é o Algarve e a Beira Interior, e com população
ativa agrícola mais jovem é os Açores e o Ribatejo e Oeste.

O nível de instrução e formação profissional:


▪ A nível nacional, a maior parte dos produtores agrícolas registou apenas habilitações ao nível
do 1º CEB, sendo que muito poucos têm cursos superiores seja em domínios agrícolas ou não. O Alentejo é a
região que apresenta maior número de produtores com cursos superiores;
▪ O nível de instrução dos agricultores, embora tenha vindo a aumentar, é ainda relativamente
baixo. A formação profissional da larga maioria dos agricultores continua a ser exclusivamente prática (53% e
onde há mais é Algarve e Alentejo). A transmissão de conhecimentos e experiências de pais para filhos
apresentasse ainda como o principal modo de formação. Só uma pequena parte da população agrícola tem
formação profissional (onde há mais é na Beira Litoral e Ribatejo e Oeste).

A pluriatividade:
▪ Prática em simultâneo, do trabalho na agricultura e noutras atividades. Pode ser encarada como
uma alternativa para aumentar o rendimento das famílias dos agricultores.
▪ Assim, as famílias rurais tendem a ser multifuncionais.

O plurirrendimento:
▪ Acumulação dos rendimentos provenientes da agricultura com os de outras atividades.
▪ Atualmente, os rendimentos da maioria dos agregados famílias agrícolas provém
principalmente de outras atividades exteriores à exploração (apenas 5% dos produtores é que vive
exclusivamente daquilo que ganham na exploração).
▪ Desta forma, a pluriatividade e o plurirrendimento são essenciais para manter o funcionamento
do espaço rural já que, juntamente com os laços afetivos que unem as famílias às suas terras, garantem que o
êxodo rural e o abandono da atividade agrícola não aconteçam tanto, permitindo a continuidade das práticas
agrícolas.

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