Você está na página 1de 3

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS Nº 2 –ABRANTES

DOCUMENTO DE APOIO – GEOGRAFIA A

CARACTERÍSTICAS DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS

ESTRUTURA FUNDIÀRIA

Exploração agrícola – unidade técnico-económica que utiliza fatores de produção comuns,


como: mão de obra, máquinas, instalações, terrenos, entre outros, e que devem satisfazer
obrigatoriamente quatro condições:

- produzir produtos agrícolas ou manter em boas condições agrícolas e ambientais as


terras que já não são utilizadas para fins produtivos;

- atingir ou ultrapassar uma certa dimensão;

- estar submetida a uma gestão única;

- estar localizada num local bem determinado e identificável.

Em Portugal existem (2009) cerca de 305 mil explorações agrícolas, 278 mil em Portugal
Continental, 13 500 na RAA e 13600 na RAM. NA sua totalidade ocupam cerca de 3668
milhares de ha da SAU. A dimensão média das explorações agrícolas é inferior a 8 ha,
verificando-se que as explorações de maior dimensão localizam-se no Alentejo enquanto
que as de menor dimensão se encontram Entre o Douro e Minho, Beira Litoral e RAM.

A estrutura fundiária é muito desordenada e caracteriza-se pelo predomínio de


minifúndios, muito fragmentados e dispersos, o que condiciona a modernização e
racionalização da agricultura nacional dado que:

- condiciona a introdução de novas tecnologias agrícolas, como a mecanização;

- traduz um aumento dos custos de produção, pois as deslocações implicam perdas de


tempo, maior desgaste do material e aumento do consumo de combustível.

As causas para esta estrutura fundiária encontram-se em fatores naturais, sociais e


históricos.

No Norte, especialmente no Noroeste e na Beira Litoral, o clima temperado, a fertilidade


dos solos e a descontinuidade do espaço agrícola determinada pelo relevo acidentado e a
forte concentração demográfica, favorecem a fragmentação do solo.

No Alentejo, as condições físicas (clima seco, relevo mais ou menos aplanado e solo
pobre), a fraca densidade demográfica e as extensas áreas incultas favorecem o
aparecimento de grandes latifúndios.
No séc. XIX a abolição das leis dos morgadios, permitiu a posse da terra por herança,
fazendo com que esta fosse dividida em partes iguais por todos os herdeiros. Esta
alteração vai permitir a divisão das explorações agrícolas pelos filhos, muito numerosos
nos meios rurais, e consequente fragmentação da propriedade sobretudo no noroeste.

A própria reconquista do território, permitiu a permanência de grandes feudos a sul do Tejo


uma vez que a expulsão dos muçulmanos foi feita por chefes militares, a mando dos
monarcas que para garantirem o povoamento e a posse do território, doavam grandes
propriedades ao clero, nobreza e ordens militares.

Atualmente estrutura fundiária tem sofrido algumas alterações com a redução do número
de explorações e o aumento da sua dimensão média, tendo contribuído para este cenário
o emparcelamento. É inquestionável que a modernização e racionalização da atividade
agrícola, tendo em vista o aumento do rendimento e da produtividade, permitindo reduzir a
dependência externa passa pela reorganização da estrutura fundiária.

As técnicas de emparcelamento simples passam pelo agrupamento de pequenas


explorações, de forma a constituírem-se conjuntos mais vastos, que possibilitam a
modernização da agricultura. Esta forma de emparcelamento encontra, nos agricultores,
enorme oposição na medida em que perdem a posse da terra.

As técnicas de emparcelamento que mais sucessos alcançaram passam pela constituição


de cooperativas agrícolas, em que os agricultores perdem a posse relativa da sua
exploração que reverte para a cooperativa, mas mantem-se como produtor beneficiando
de uma “economia de aglomeração”. Neste casos procede-se à destruição, abertura e
melhoria das acessibilidades, a construção de sistemas de drenagem e de rega, entre
outras.

A Modernização da agricultura pela técnica de emparcelamento permite:

- decréscimo dos custos de produção e melhoria da qualidade dos produtos;

- mecanização dos processos e aumento da produtividade;

- aumento do rendimento com maior produção por unidade de superfície;

- dinamização dos sectores económicos a montante ( indústria química, maquinaria


agrícola, sistemas de rega, banca) e a jusante ( agroindústrias, distribuição e
comercialização).

NATUREZA JURÍDICA
Explorações por conta própria – o produtor é proprietário, recaindo sobre si a
responsabilidade da tomada de decisão e sobre a obtenção das perdas e lucros.
O proprietário procura:
-obter um maior rendimento e produtividade;
- preservar a qualidade dos solos;
- promover benfeitorias que melhorem a acessibilidade, drenagem, rega, etc..
-preservar a paisagem e as espécies autóctones;
- desenvolver atividades complementares à atividade agrícola, contribuindo para o
desenvolvimento sustentável da região.
A dimensão média das explorações e a sua dispersão podem constituir obstáculos
importantes aos quais se podem juntar a idade avançada e a reduzida instrução do
proprietário.

Explorações por arrendamento – quando o agricultor paga uma renda anual ao


proprietário da exploração. O agricultor pode assumir a totalidade das perdas e lucros ou,
por contrato, pode repartir as perdas e lucros com o proprietário.

A principal vantagem do sistema de arrendamento prende-se com a redução do abandono


dos campos. O legítimo proprietário por impedimento de gestão das explorações agrícolas,
pode utilizar este sistema para manter as suas terras produtivas.
O arrendatário pode desinvestir nas explorações uma vez que estas não lhe pertencem ou,
na tentativa de alcançar um lucro imediato, dentro da vigência do contrato, pode
comprometer a qualidade ambiental, desgastando o solo e contaminando os recursos
hídricos.

Você também pode gostar