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Salvaguarda
para a Faixa Costeira Portuguesa (Geologia Costeira)
IV
CAUSAS DA EROSÃO COSTEIRA
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IV.2. a) - Barragens
Um dos elementos inibitórios do transporte fluvial de areias mais
relevante é constituído pelos aproveitamentos hidroeléctricos e
hidroagrícolas, isto é, pelas barragens. Na realidade, sabe-se que no
decurso da fase de construção em que, por via de regra, são
movimentados grandes volumes de inertes e efectuadas escavações
importantes, a quantidade de sedimentos em trânsito no curso fluvial a
jusante das obras aumenta de forma significativa. Todavia, na fase de
exploração, o fluxo fluvial perde competência transportadora ao atingir o
sector montante da albufeira, aí depositando as fracções mais grosseiras
dos sedimentos (nomeadamente as areias que, mais cedo ou mais tarde,
iriam abastecer o litoral). Assim, verifica-se que as barragens constituem
"filtros" de elevada eficácia que inibem quase por completo a passagem de
areias para o troço fluvial a jusante.
A simples análise da redução da área que é directamente drenada
para o mar devido à construção de barragens (Fig.IV.4), permite
deduzir que a diminuição dos volumes sedimentares transportados por via
fluvial é
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Fig. IV. 4- A figura representa a área total abrangida pelas bacias hidrográficas
que desaguam em Portugal. Os aproveitamentos hidroeléctricos e
hidroagrícolas construídos ao longo deste século vieram reduzir de
forma espectacular a área directamente drenada para o mar (1), não
permitindo o trânsito natural de areias que iriam alimentar a deriva litoral,
e isolando, sob este ponto de vista, as áreas mais sedimentogenéticas
(2). Esta deficiência de alimentação da deriva litoral em areias é uma
das causas principais da actual erosão costeira.
(Dias ,1990)
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Fig. IV.5 - Perfis longitudinais dos rios Douro e Tejo (segundo Alavedra & Girão,
reproduzido em Ribeiro et al. (1988), com indicação da localização das
barragens situadas mais a jusante. É evidente que praticamente todo o
trânsito de areias proveniente das zonas mais acidentadas é retido pelas
barragens, e que o troço dos rios drenado directamente para o litoral tem
potencial sedimentogenético muito reduzido.
(Dias, 1990)
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IV.2.b) - Dragagens
O assoreamento das zonas estuarinas constitui fenómeno natural,
embora amplificado por inúmeras actividades antrópicas. As mais antigas
destas actividades humanas, directa ou indirectamente inductoras de
assoreamento, remontam aos períodos pré-históricos em que os incêndios
provocados em florestas (nomeadamente para criação de campos de
pastoreio e/ou de agricultura) tiveram como consequência o aumento do
volume sedimentar transportado fluvialmente e o assoreamento
progressivo de áreas estuarinas.
Ao longo da história, as actividades antrópicas directa ou
indirectamente causadoras de assoreamento sucederam-se de forma
sistemática e com amplitude crescente. A este propósito é de referir, a
título meramente exemplificativo, que a drástica redução da áreas originais
das lagoas de Óbidos, de Alfeizerão (actualmente restringida à pequena
"concha" de S. Martinho), e de Pederneira (hoje totalmente colmatada), se
ficou a dever, provavelmente na maior parte, às actividades antrópicas,
nomeadamente às práticas agrícolas (Fig. IV.7 e IV.8).
Até ao final do século passado, o intenso assoreamento estuarino era
periodicamente amortizado pela ocorrência de cheias, que exportavam
para o exterior do estuário (plataforma e litoral) grande parte dos
sedimentos aí acumulados. Como se referiu, as barragens vieram inibir o
funcionamento deste processo natural de depuração do estuário e de
alimentação do litoral.
Por outro lado, os desenvolvimentos portuários, bem como o
progressivo aumento do calado dos navios, vieram aumentar as exigências
no que se refere à estabilidade dos canais de navegação e à sua
profundidade. Consequentemente, as obras de dragagem para abertura,
manutenção ou aprofundamento desses canais têm vindo,
progressivamente, a atingir maior amplitude.
A este propósito, e a título apenas exemplificativo, refere-se que,
só na parte jusante do rio Douro, o volume de sedimentos dragados
entre
1982 e 1986 foi de 3x106m3 (vidé Fig. IV.9), isto é, um quantitativo pouco
inferior ao estimado para o volume de sedimentos interessados na deriva
litoral, o qual se estima ser da ordem de 1x106m3/ano. Este caso do Douro
é apenas exemplificativo das amplitudes de que, actualmente, se revestem,
com frequência, as operações de dragagem. Vários outros exemplos
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Fig. IV. 7. - Há 18000 anos as zonas onde hoje se localizam as lagoas de Óbidos
e de S. Martinho correspondiam a troços fluviais. Quando o nível do mar
atingiu aproximadamente a cota actual constituíram-se as Lagoas de
Óbidos, de Alfeizerão e da Pederneira. Actualmente, esta última está
totalmente colmatada, a de Alfeizerão está reduzida à pequena concha
de S. Martinho e a de Óbidos ocupa uma área muito inferior à original.
(Dias, 1990)
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Fig. IV. 8. - Das três lagoas que existiam há 2500 anos a Sul da Nazaré,
actualmente só existem duas e com áreas extremamente reduzidas
relativamente às dimensões originais. O intenso assoreamento
responsável por estas diminuições de área deve-se a causas naturais
e, principalmente no decurso do último milénio, às actividades antrópicas
(nomeadamente agricultura) nas bacias drenantes.
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Fig. IV. 9. - Os volumes dragados na parte jusante do rio Douro têm atingido
quantitativos muito importantes na última década. As dragagens nos
troços vestibulares dos rios são parcialmente responsáveis pelos défices
de abastecimento sedimentar ao litoral e, consequentemente, pelo recuo
da linha de costa.
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Fig. IV. 10. - O pisoteio das dunas destroi o coberto vegetal, deixando as areias soltas para
serem actuadas pelo vento. Constituem-se, assim, "cortes eólicos" como o da
imagem existente a Sul da Vagueira. Como estas zonas deprimidas constituem
passagens mais fáceis para a praia são, em geral, intensamente utilizadas pelos
utentes dessa praia. Assim, os cortes eólicos vão-se progressivemente
aprofundando até cotas que, por ocasião de temporais, são facilmente galgadas
pelo mar.
(foto A. Dias - 6.AGO.1989)
Fig. IV. 11 - O grande corte nas dunas que se vê nesta imagem foi essencialmente
provocado para construção de um esporão a Sul de Mira, não tendo sido sujeito a
quaisquer obras de reconstrução e recuperação paisagística. Depressões como
esta são facilmente exploradas pelo mar durante os temporais, aí podendo
ocorrer grandes galgamentos oceânicos (com consequente alargamento do corte,
inundação e salinização das terras interiores, grandes movimentações de areias,
etc.).
(foto A. Dias - 4.MAR.1988)
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Fig. IV. 14. - Galgamento oceânico ocorrido junto a Vila Praia de Âncora em 1990. O leque
de galgamento interrompeu, por completo, o curso do rio Âncora, provocando
alagamento das terras interiores. (foto A. Dias/A.P.G. - 14.MAR.1990)
Fig. IV. 15 - Após o galgamento oceânico ocorrido em Vila Praia de Âncora foi necessário
proceder à dragagem do curso do rio. As obras efectuadas são questionáveis. Com
efeito, é nítido que o meandro do rio atinge uma zona que deveria ser ocupada por
dunas de defesa, e que as "dunas" reconstruídas estão fora do alinhamento da duna
primária, deixando largas depressões entre as "dunas" reconstruídas e as dunas
naturais que, em próximo temporal, serão certamente exploradas pelo mar para a
instalação de novos galgamentos oceânicos. (foto A. Dias - 26.FEV.1991)
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Fig. IV.16 - Barra de Faro. Esta fotografia oblíqua (FAP, 13 de Setembro de 1984)
mostra como o molhe ocidental da barra construido na extremidade E da ilha
da Barreta interrompeu a deriva litoral (cuja resultante é para nascente),
induzindo uma acreção de 300 m. A linha a tracejado identificada com "A"
marca a posição da linha de costa em 1951. Concomitantemente com a
acreção aludida na ilha da Barreta, verificou-se erosão na parte ocidental da
ilha da Culatra. Note-se o grande desfasamento lateral entre a linha de costa
na ilha da Barreta e na ilha da Culatra, o qual foi induzido pelos molhes.
(Pilkey et al., 1989)
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Fig. IV. 17 - A construção de esporões não constitui uma solução verdadeiramente eficaz
no que se refere à protecção da faixa costeira a médio e longo prazo. Estas
estruturas transferem os problemas de erosão costeira para a zona a jusante, em
geral de forma agravada. Esta figura representa esquematicamente a história de um
campo de esporões. (Dias, 1988, adaptado de Pilkey et al. 1980)
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Fig. IV. 18. - Saga de um Paredão. (Dias, 1988, adaptado de Pilkey et al. 1980)
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