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Introdução
a) Agricultura Orgânica
Essa corrente tem como princípio que o alicerce para a
sustentabilidade da agricultura baseia-se conservação da fertilidade do solo,
com ênfase na matéria orgânica, nos microorganismos do solo (como a
associação micorrízica e as bactérias fixadoras de nitrogênio), valorização da
compostagem, bem como a necessidade de integração entre a produção
vegetal e animal, como condição para manter ou recuperar a fertilidade do
solo.
A base científica desta corrente se assenta nas seguintes práticas:
rotação de culturas, manejo e fertilização do solo e, sobretudo, na
manutenção de elevados níveis de húmus (matéria orgânica já decomposta
e estabilizada). Também como nas outras correntes agroecológicas, o solo é
considerado um “organismo complexo”, repleto de seres vivos (minhocas,
bactérias, fungos, formigas, cupins, entre outros) e de substâncias minerais
em constante interação e interdependência, o que significa que ao se
manejar um aspecto (adubação, por exemplo), faz-se necessário considerar
todos os outros (diversidade biológica, qualidade das águas subterrâneas,
suscetibilidade à erosão, etc.), de forma conjunta, compreendendo ao
princípio da "visão sistêmica" da agricultura, também chamada “abordagem
holística”.
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b) Agricultura Biodinâmica
Originária da Alemanha, se desenvolve baseada nos princípios
filosóficos do humanista científico Rudolph Steiner (década de 30). As
principais características, além da compostagem, baseia-se na utilização de
“preparados” homeopáticos ou biodinâmicos, que são fundamentais na
produção, promovendo o fortalecimento da planta, deixando-a resistente a
determinadas bactérias e fungos, e do solo, ativando sua microvida. Os
animais são integrados na lavoura para aproveitamento de alimentos, ou
seja, aquilo que o animal tira da unidade de produção volta para a terra. A
importação de adubo orgânico não é permitida, pois materiais orgânicos de
fora da propriedade ou da região não são adequados por não possuírem a
bioquímica, a energia ou a vibração adequada à cultura. Existe a
preocupação com o paisagismo, com a arquitetura e com a captação da
energia cósmica.
A agricultura biodinâmica transcende a visão de uma atividade
apenas econômica e social, com uma concepção mais integradora do homem
no universo.
Na ótica da biodinâmica, a agricultura é concebida como parte desta
visão de mundo, e é entendida a partir das influências cósmicas no
desenvolvimento das plantas e animais, e da interação de forças espirituais
através do que poderia se chamar de “energias sutis” com plantas, animais e
os homens.
Nesta concepção, Steiner julga possível praticar uma agricultura que
tem como princípio a integração dos recursos naturais da agricultura em
conexão com as forças cósmicas e suas diversas formas de valores
espirituais e éticos, para chegar a ter uma aproximação mais compreensível
das relações entre a agricultura e estilos de vida. A agricultura biodinâmica
está baseada na Antroposofia, que prega a importância de conhecer a
influência dos astros sobre todas as coisas que acontecem na superfície da
terra.
Os caminhos e descaminhos da agricultura até a agroecologia 17
c) Agricultura Natural
Originária do Japão, a principal divulgadora desta corrente
alternativa é a Mokiti Okada Association (MOA). Mokiti Okada (1882-1955),
propôs, em 1935, um sistema da produção agrícola que tomasse a natureza
como modelo, passando a ser chamada de “agricultura natural”. Utiliza
estratégia de intervenção mínima do homem nos processos da natureza,
destacando-se a ausência de aração, capinas, uso de pesticidas e
fertilizantes. Através destes preceitos, é dispensável, em grande parte, um
planejamento centralizado do processo produtivo para realizar tarefas de
manejo, alicerçando o desenvolvimento da “agricultura natureza”, ou seja, a
manutenção de sistemas de produção iguais aos encontrados na natureza.
De acordo com Mokiti Okada, a harmonia e prosperidade entre os
seres vivos é fruto da conservação do ambiente natural, a partir da
obediência às leis da natureza. Através do princípio da reciclagem dos
recursos naturais presentes na propriedade agrícola, o solo se torna mais
fértil pela ação benéfica dos microorganismos (bactérias, fungos, entre
outros) que decompõem a matéria orgânica liberando nutrientes para as
plantas. Assim, o solo, o alimento e o ser humano recuperam a saúde e a
vitalidade.
d) Agricultura Biológica
Se popularizou na França, na década de 60, a partir dos trabalhos de
Claude Aubert, influenciado por Francis Chaboussou, entre outros.
A ênfase nas práticas agrícolas recai sobre o manejo dos solos,
fertilização e rotação de culturas. Seus adeptos sugerem a incorporação de
rochas moídas no solo e, principalmente, adubação orgânica,
necessariamente de origem animal. Destaca-se pelo controle biológico, do
manejo Integrado de pragas e doenças, e pela Teoria da Trofobiose (efeito
dos agroquímicos na resistência das plantas). Alguns estudiosos da
„agricultura alternativa‟ qualificam os preceitos da agricultura biológica,
como semelhantes aos que norteiam a agricultura orgânica.
e) Permacultura
Os fundamentos éticos da permacultura repousam sobre o cuidar do
Planeta Terra, fortalecendo sua capacidade de manutenção de todas as
formas de vida, atuais e futuras.
Tem origem na Austrália e no Japão e o conceito básico foi
desenvolvido nos anos 70 por Bill Mollison e David Holmgren. Pode ser
definida como uma agricultura integrada com o ambiente. São utilizadas
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f) Agricultura Nasseriana
Se apresenta como a mais nova corrente da agricultura alternativa e
tem como base a experiência de Nasser Youssef Nasr, no estado do Espírito
Santo. Também chamada de „Biotecnologia tropical‟, é calcada no estímulo e
manejo de ervas nativas e exóticas, a multidiversidade de insetos e plantas,
a aplicação direta de estercos e resíduos orgânicos na base das plantas,
adubações orgânicas e minerais pesadas. Nasser defende que a agricultura
de clima tropical do Brasil não precisa de compostagem, pois o clima
quente e as reações fisiológicas e bioquímicas intensas garantem a
transformação da matéria orgânica no solo.
No Brasil, defende Nasser, o esterco deve ser colocado diretamente na
planta, pois esta têm os mecanismos apropriados para lançar suas radículas
na matéria orgânica que está em decomposição, e os microorganismos do
solo buscam no esterco os nutrientes necessários para a planta e os levam
para baixo da terra.
Outro ponto a destacar consiste no uso de ervas nativas e exóticas
junto com a cultura para que haja diversidade de plantas espontâneas
(inços). Desta forma, é preciso manejar as ervas nativas de maneira que elas
mantenham o solo protegido e façam adubação verde.
A partir dos anos 80, o termo agroecologia passa a ser usado para se
referir a um campo da ciência que aporta conhecimentos teóricos e
metodológicos no estudo das experiências de “agricultura alternativa”.
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Considerações finais
Bibliografia consultada