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ENGENHARIA AMBIENTAL

CULTURA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO

TRABALHO FINAL: RELATÓRIO DE AGROECOLOGIA

JOYCE SILVA VIEIRA DE AGUIAR

PRESIDENTE PRUDENTE
08/02/2023
Sumário
1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………….2

2. DESENVOLVIMENTO……………………………………………………………………
3

2.1 Bibliografia ………………………………………………………………………………3

2.1.1 Agroecologia, agricultura camponesa e soberania alimentar - Miguel A. Altieri.3

2.1.2 A agroecologia entre o movimento social e a domesticação pelo mercado -


Jalcione Almeida ……………………………………………………………………………..4

2.1.3 Questão agrária, agroecologia e desenvolvimento territorial - Luiz Antonio


Cabello Norder………………………………………………………………………………..4
2.2 Documentários…………………………………………………………………………...5
2.2.1 O veneno está na mesa I…………………………………………………………...5
2.2.2 O veneno está na mesa II………………………………………………………….6

3. CONCLUSÃO……………………………………………………………………………...8

REFERÊNCIAS……………………………………………………………...………………9

1
INTRODUÇÃO
No modelo de economia capitalista vigente, a agricultura industrial aplicada em países
em desenvolvimento fomentam grande parte da economia destes países em virtude da grande
exportação realizada pelos mesmos. A agricultura convencional se apresenta, evidentemente,
insustentável e os tipos de desenvolvimento que continuam na mesma linha não são
sustentáveis. Impactos socioambientais e econômicos são agregados a essa industrialização
agrícola que afeta os países diretamente, sendo aplicada uma discussão sobre a agroecologia
como alternativa a fim de obter uma agricultura sustentável formando uma base da soberania
alimentar com agricultores e com a sociedade.
Os caminhos da sustentabilidade de acordo com o seu propósito e suas ligações com o
modelo atual de produção agrícola, necessita de uma agricultura efetivamente sustentável, que
atenda o imperativo socioambiental que pode ser caracterizado com a aplicação da
agroecologia como modelo de produção agrícola que é vista com foco científico seguido a
promoção de agroecossistemas sustentáveis. A agroecologia é definida como um atual
paradigma produtivo, que leva em consideração técnicas e práticas tradicionais como um
conjunto de ciências e estudos para uma produtividade ecologicamente sustentável no campo
e economicamente viável socialmente.
Ademais, o presente trabalho aborda referenciais de desde a formulação teórica até a
aplicação da agroecologia, apresentando a importância deste como modelo
socioambientalmente viável, indicando motivos e objetivos da aplicação da agroecologia.

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DESENVOLVIMENTO
1.1 Bibliografia
2.1.1 Agroecologia, agricultura camponesa e soberania alimentar - Miguel A.
Altieri

Dados sobre a produção camponesa em diversos lugares do mundo apontam que


existiam grandes ecossistemas com produção de alimentos em quantidade necessária à
população, sendo esta um importante modo de produção que assegura a segurança alimentar
regional. Ademais, a produção em pequenas explorações agrícolas também se mostra mais
produtiva e com menor percentual de degradação do meio ambiente. Exemplificando, a
produtividade de um policultura é maior do que a de uma monocultura, considerando a área
plantada, quantidade colhida e o tipo de manejo, uma vez que as policulturas apresentam
menores perdas ocasionadas por insetos e plantas por serem melhores aproveitados no
ambiente. Portanto, o uso da terra de maneira mais eficiente, como na agroecologia, torna-se
mais vantajoso tanto na questão ambiental quanto na socioeconômica. A redistribuição
fundiária é um caminho a se seguir para priorizar essas questões e tornar a produção de
alimentos amplamente advinda da agroecologia.
A variedade de produtos advindos da produção camponesa sem transgênicos também é
um fator importante dentro da agroecologia. A diversidade de produtos é muito vantajosa e
testa uma resistência a mudanças ambientais, uma vez que ela pode ajudar a enfrentar essa
questão e também torná-la um seguro em futuras necessidades socioeconômicas. As
mudanças ambientais seguem sendo um fator a ser enfrentado e as pequenas explorações
agrícolas são mais resistentes a elas por terem uma estabilidade que permite a produtividade.
Além dos conhecimentos tradicionais e locais, pesquisas em relação à produtividade
dentro da agroecologia são importantes para aplicação e utilização da mesma. Utilizando
princípios ecológicos como melhoramento do solo e do habitat é possível tornar a
produtividade mais alta mantendo assim a segurança alimentar nos países.
Para a aplicação do modelo de agroecologia, se torna imprescindível um conjunto de
ações entre o Estado e a população por meio dos movimentos sociais - como o Movimento
dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) que desempenha importante papel na
redistribuição fundiária brasileira - a fim de desmontar a monocultura industrial como
seguradora da alimentação, tornando a mais sustentável.

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2.1.2 A agroecologia entre o movimento social e a domesticação pelo mercado
- Jalcione Almeida
O autor apresenta a agroecologia como uma forma de desenvolvimento que se sustenta
num sistema social e agrícola baseado nos modelos indígenas e camponeses, que busca
utilizar tradições e a ideia de desmonte da dominação social aplicada na agricultura industrial
dominada por grandes produtores. A agroecologia é tida como um modelo utópico e que
apresenta dificuldades em ser aplicada pois mesmo com as crises do modelo de agricultura
atual, a agroecologia ainda não foi aplicada.
Sobre o conceito de agroecologia, o autor apresenta uma relação com o presente
cenário social, entretanto, define a como superficial e que sua importância depende de quem a
vê. A agroecologia é apontada como "pequena" no contexto social atual e que apenas em
alguns contextos geográficos ela é aplicável, e que principalmente o foco do texto, região sul
do Brasil, ela é menos viável ainda.
A proposta agroecológica atua com viés ideológico de esquerda e isso afeta a
universalização do tema e a relação com agentes de capacitação do modelo. Assim, como são
apontadas outras problematizações da agroecologia, como a ideia de protesto e movimento
social, vistos pelo autor como difíceis de representar verdadeiramente o contexto social
vigente. Por concordância, a agroecologia aplicada ao Brasil depende de fatores regionais e
geográficos, ou seja, apenas em certas localidades pode ser aplicada sendo também uma
alternativa frágil que tende a ser de caráter político.
O texto de Jalcione Almeida considera pontos importantes na questão de aplicação da
agroecologia no Brasil, entretanto, considera a agroecologia utópica sem considerar
metodologias com resultados positivos sobre os sistemas agrícolas e considerando também
maior enfoque em uma determinada região do Brasil - o sul - para abranger dificuldades ali
vistas. Apresenta também uma visão etnocêntrica de que as agriculturas camponesas e
indígenas são apenas vistas com um encantamento moral e técnico, não considerando a
organização social do país que é de sua maioria monocultural e má distribuída entre a
população.

2.1.3 Questão agrária, agroecologia e desenvolvimento territorial - Luiz


Antonio Cabello Norder

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Conceitos de agroecologia são aplicados por diversos filósofos de grande importância
na questão agrária, ambos com diferenças mas sempre com combinações e afinidades de
conceitos. As correntes interpretativas marxista, leninista, chayanoviana e de modernização
agrícola são as mais estudadas. As combinações entre os conceitos dados pelos filósofos
determinam relevantes discussões sobre a questão agrária, mas a aplicação destes se torna
difícil no contexto social brasileiro devido às propostas da agricultura industrial que são
implantadas no país desde os anos 80. Os movimentos sociais do país, como o MST, vêm
sofrendo com a grande massa de agroindústria que enfraquece a agroecologia. Este
enfraquecimento também é colocado em pauta na discussão sobre a agroecologia, porém
levando em consideração a questão socioambiental e econômica.
O contexto histórico da questão agrária do Brasil inclui diversos fatores que devem ser
corrigidos, como a concentração fundiária, a formação do mercado de trabalho, políticas
migratórias e demográficas, o poder político, tecnologias e utilização dos recursos naturais. A
grande concentração de terras brasileiras começou ainda no período escravocrata, que
beneficiou os não escravizados/brancos também com a Lei de Terras em 1850, responsáveis
também pelas grilagens que ocorriam na época. Desde então, o acesso à terra é difícil e
apenas pequena parcela da população detém maior espaço territorial de terras. Os movimentos
sociais surgem e há uma grande migração dos trabalhadores rurais para a área urbana das
cidades, agregando também à grande utilização e desgaste dos recursos naturais.
A política agrícola de modernização afeta a produção da agricultura familiar,
entretanto, políticas de desenvolvimento territorial aliadas à agroecologia torna a
modernização agrícola cada vez mais inviável. Atualmente, a agroecologia se torna uma
contraposição ao agronegócio tomando um lado político. A mercantilização é vista como
resultados históricos das políticas de mercantilização já aplicadas e que a agricultura familiar
surge como resposta a essa mercantilização da força de trabalho.
A questão agrária brasileira é complexa, entretanto, possui raízes históricas. A partir
desta afirmação, podem-se traçar perspectivas teóricas e práticas para a aplicação da
agroecologia no país, para além de valorizar questões atuais de economia também questões
ambientais e sociais, a fim de reparar historicamente toda uma população.

1.2 Documentários
2.2.1 O veneno está na mesa I

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O documentário "O veneno está na mesa" inicia abordando o contexto histórico em
que a América Latina se encaixa, onde o continente foi e continua a ser explorado até os dias
atuais. A exploração dos recursos visada no modelo capitalista vigente, preza a produção e
resulta em enormes impactos ambientais que afetam o ecossistema e os seres humanos,
desrespeitando princípios básicos de ética do ser humano.
A partir dos anos 1960, a implantação de modelos que prometiam grandes
produtividades impôs as monoculturas na agricultura e por consequência os inúmeros
agrotóxicos que afetam não só o meio ambiente e qualidade do produto, quanto também os
pequenos agricultores que não utilizam agroquímicos e que acabaram por migrar do campo. A
agricultura tradicional se viu afetada, por consequências sofridas no ambiente, como a
ingestão de agrotóxicos que podem levar a contaminação, e também a contaminação direta de
rios, solo e atmosfera.
No Brasil, os agrotóxicos recebem estímulo fiscal por meio de isenção fiscal, tornando
assim o país que mais consome agrotóxicos no mundo desde o ano de 2008, essa porcentagem
da utilização do pesticida está acima do permitido. As grandes quantidades de agrotóxicos
aplicados nas culturas e a aplicação de agrotóxicos proibidos no país, aliado a falta de manejo
correto desses agrotóxicos, pode ocasionar intoxicações pelo agroquímico, sendo
extremamente difícil a ingestão de alimentos sem a possibilidade de contaminação, a não ser
aqueles cultivados sem o uso destes, que é o caso dos orgânicos, entretanto, até mesmo
produtos in natura e industrializados podem ser acometidos de contaminação.
A permissão desses venenos, chamados muitas vezes de defensivos agrícolas, afeta
diretamente a população e o ambiente em que vivemos, causando indignação a todos, menos
aos que mais interessam economicamente - os donos de monoculturas - e a política vigente
decide o lado a se tomar. A Agência Nacional Sanitária sofre pressão para a liberação de
agroquímicos, uma vez que os grandes produtores detém muita influência sobre a economia
do país e que financiam a produção de agrotóxicos em indústrias brasileiras.

2.2.2 O veneno está na mesa II


O documentário "O veneno está na mesa II" inicia abordando a problemática sócio
ambiental dos agrotóxicos assim como no documentário "O veneno está na mesa", entretanto,
este de 2014 aborda alternativas a serem tomadas para minimizar os impactos do modelo de
produtividade, para que este seja mais viável respeitando a população e o ambiente.

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O documentário aponta, ironicamente, a falta saúde da população como resultado para
o crescimento da economia e do PIB brasileiro baseado numa economia que desconsidera o
meio ambiente e o bem estar da população, em virtude do dinheiro.
A cultura tradicional também é apontada como um fator a ser valorizado para a
agricultura, pois ela compreende a produção prezando a preservação da natureza por utilizar
técnicas que não esgote e nem contamine os recursos naturais.
Diferentes pessoas são entrevistadas para expor suas experiências e opiniões diante os
impactos do modelo atual de utilização de agrotóxicos. Muitos trabalhadores rurais, ativistas e
profissionais da saúde apontam os pontos negativos da utilização dos agrotóxicos. Pontos
esses exemplificados com a enorme quantidade de água utilizada na irrigação, a contaminação
dos solos e intoxicação da população, além da devastação da biodiversidade de animais e
plantas ocasionada pelo desmatamento para dar lugar ao pasto.
Um importante fator relacionado ao uso de agrotóxicos, é a ocorrência de problemas
de saúde como casos de câncer nas regiões do país onde mais se utilizam agrotóxicos.
Diante deste cenário, onde a política brasileira junto com as decisões governamentais
consideram em sua maioria interesses econômicos para benefício dos grandes agricultores,
torna-se necessário uma reforma política no país, considerando alternativas para a produção
de alimentos agregada à preservação da natureza. Portanto, a agroecologia torna-se uma
discussão importante para sua aplicação a fim de valorizar a agricultura tradicional, buscando
produtividade e conservação do meio ambiente.

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CONCLUSÃO
A agroecologia é um modelo de agricultura que considera fatores históricos, sociais e
ambientais prezando a utilização de princípios ecológicos aplicados a questões sociais.
Inúmeros fatores são considerados ao propor a agroecologia como uma alternativa viável,
como foram descritos nos textos de referencial teórico, juntamente com a aplicação prática
destes. A proposta junto com os documentários é tornar o conhecimento sobre o assunto
acessível e mais amplamente pesquisado a fim de recorrer a estudos para assegurar uma
produtividade que mantenha uma segurança alimentar. Portanto, ações entre o Estado e a
população por meio dos movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais
sem Terra, além da comunidade científica, tornam-se imprescindíveis para a aplicação da
agroecologia, bem como a diminuição de poder e influência dos grandes produtores e,
consequentemente, um desenvolvimento econômico sustentável.

8
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Jalcione. A agroecologia entre o movimento social e a domesticação
pelo mercado. Ensaios FEE, v. 24, n. 2, p. 499 - 520. Porto Alegre, 2003.

ALTIERI, Miguel A. Agroecologia, agricultura camponesa e soberania alimentar.


Revista nera, Presidente Prudente, n. 16, p. 22-32, 2012.

LEFF, Enrique. Agroecologia e saber ambiental. Agroecologia e desenvolvimento


rural sustentável, Porto Alegre, v. 3, n. 1, p. 36-51, 2002. Disponível em:
https://www.projetovidanocampo.com.br/agroecologia/agroecologia_e_saber_ambiental.pdf.
Acesso em 07 fev 2023.

NORDER, Luiz Antonio Cabello. Questão agrária, agroecologia e desenvolvimento


territorial. Lutas & Resistências, Londrina, v.1, p.107-120, set. 2006.

TENDLER, Silvio. O veneno está na mesa I. RECIIS - Revista Eletrônica de


Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=k--6BPWApNo&t=2898s. Acesso em: 05 fev. 2023.

TENDLER, Silvio. O veneno está na mesa II. Caliban Produções Cinematográficas:


EPSJV Fiocruz, Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?
v=fyvoKljtvG4&t=24s. Acesso em: 05 fev. 2023.

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