A agricultura é a arte de cultivar o solo, são atividades desenvolvidas
para a produção de alimentos afins, de garantir a sobrevivência humana e de promover o desenvolvimento econômico.
O surgimento da agricultura foi um importante marco na historia da
humanidade, momento em que rompe a condição de nômades e passam produzir alimento, a partir de então começa a existir uma mudança estrutural nas relações entre as pessoas, decorrentes do inicio das primeiras civilizações e do processo de troca de mercadorias devido a produção excedente de alimentos. (Brasil escola)
Atualmente a agricultura pode ser classificada em extensiva e intensiva.
A primeira é caracterizada pela baixa produção, com a utilização de pouca mão de obra, e composta por uma diversidade de cultura em quantidade limitada de terra, ou seja, baixo investimento de capital, apropriada para atender o mercado interno, neste caso pode se citar como exemplo a agricultura familiar. Já a agricultura intensiva é a produção em larga escala, caracterizada pela monocultura com alto investimento de capital, dispondo de insumos e tecnologias avançadas, visando atender o mercado externo, uma pratica típica do sistema de produção do agronegócio.
Um dos pilares de sustentação da economia do município de Alcobaça é
a agricultura, uma vez que parte significativa do seu território é composta por área rural. As atividades agrícolas desenvolvidas estão faz parte da classificação tanto da agricultura extensiva como intensiva, pois, existe uma forte produção de fruticultura ligada diretamente a monocultura, além de uma extensa parte do território ser ocupado por florestas plantada/eucalipto. Quanto a agricultura extensiva é marcada pela agricultura familiar, produção diversificada de alimentos com foco na subsistência e comercialização nas feiras livres atendendo as demandas do mercando interno. Neste contexto, muito mais do que trazer para a proposta curricular do Município dados gerais da economia, é trazer a importância de compreender a essência desta temática, onde 70% da população residem no campo, e que além de garantir a sobrevivência das famílias, contribuem de maneira significativa para o fornecimento de alimentos para a região e para outros Estados, isso envolve organização do trabalho, geração de renda, planejamento, dedicação, mobilização, e uma luta permanente de resistência das organizações sociais do campo, sobre tudo pelo fortalecimento da identidade e pela valorização da cultura local.
Integrar esta temática no Currículo consiste também na oportunidade de
trazer em evidencia algumas questões importantes para a educação, na perspectiva de que esta seja um instrumento de transformação da realidade, uma delas é a questão dos agrotóxicos, uma vez que o Brasil é o líder do ranking mundial de consumo de Agrotóxicos influenciado diretamente pela política agrícola desde a década de 60 quando deu inicio a Revolução Verde no país, inicialmente pensou se em produzir em larga escala, sem medir as consequências, desconsiderando os impactos que isso causa ao meio ambiente e aos seres vivos de modo geral.
Atualmente tem crescido o uso de agrotóxicos, segundo dados do IBGE,
o consumo nacional de ingredientes ativos de agrotóxicos, em 2001 foi de 3.1 Kg/ha, passou para 6.8 Kg/ha em 2013, o que representa um incremento de 119%. O que tem agravado esta situação são projetos de lei que tem transitado no congresso nacional, apresentado pela bancada ruralista a fim de alterar completamente o sistema normativo de agrotóxicos no país, e assim facilitar os processos de autorização e de viabilidade legal do consumo de inúmeros agrotóxicos, a começar pela mudança de nomenclatura deixando de ser chamado de ser agrotóxico para se tornar defensivos fitossanitários, ou produtos de controle ambiental, como uma estratégia adotar para diminuir o impacto que o termo Agrotóxico causa a população. (pesquisa ao sit. aos dias 26/12/2019. https://www.chegadeagrotoxicos.org.br/)
Diante desta realidade as escolas do Município tem a responsabilidade
social de provocar esta discussão, a fim de sensibilizar a comunidade acerca dos riscos a saúde pública e dos danos ambientais causados, e para contrapor tais ações incentivar a produção agrícola sustentável, fundamentada nos princípios do respeito e do cuidado com o ambiente, além de trazer como referencia para o estudo e a pesquisa a Agroecologia, como uma filosofia que para além de conceber a intervenção equilibrada no ambiente, estende o olhar para outras questões do ponto de vista social, econômico, politico, ecológico, ético e cultural, concebendo então as varias dimensões da vida humana.
Outro aspecto que carece de profunda atenção é a cadeia produtiva da
mandiocultura, uma vez que dados do IBGE de 2017 aponta o Município como sendo o maior produtor de mandioca do Estado da Bahia. É uma oportunidade impa de da voz ao estudante, e a própria BNCC já defende a tese do protagonismo, então cada vez que potencializamos no Currículo, temáticas que fala da cultura local, da vida dos sujeitos em uma perspectiva que estimule a criação, experimentação, questionamento e intervenção na realidade, partindo de uma visão local para o global, estaremos valorizando os conhecimentos historicamente construídos e promovendo o protagonismo de sujeitos de sua historia.
Por assim acreditar a BNCC traz em uma de suas dez competências a
seguinte questão: Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social e cultural para entender e explicar a realidade (fatos, informações, fenômenos e processos linguísticos, culturais, sociais, econômicos, científicos, tecnológicos e naturais), colaborando para a construção de uma sociedade solidária.
Por tanto, trazer esta abordagem para além do víeis econômico,
entendendo a agricultura com um fator determinante para a existência do campo e das categorias por elas representadas, é de suma importância para a educação de Alcobaça, e assim reconhecer a importância das organizações sócias de agricultores familiares tradicionais, remanescentes de quilombolas, indígenas e assentados de reforma agraria, por serem estes responsáveis pela existência e pela transforma histórica e social de parte significativa do território identidade do Município.