Você está na página 1de 41

ATIVIDADE EMPRESARIAL

PROFESSOR: HEIDER RODRIGUES


OBJETO DO DIREITO COMERCIAL

 Empresários: Organizações econômicas especializadas criadas pelas pessoas que combinam os “fatores de
produção” e são fortemente estimuladas pela possibilidade de ganhar muito dinheiro.
 Os empresários articulam os fatores de produção dentro do sistema capitalista: capital, mão de obra, insumo e
tecnologia. As empresas surgem da ação dos empresários a partir de um capital próprio ou não, da obtenção e
atendimento a exigências como máquinas, equipamentos, energia, trabalho ou mão de obra envolvidos na produção
de mercadorias ou serviços e desenvolvimento ou aquisição da tecnologia necessária. Todos estes elementos são
então denominados insumos. A ação de constatar chances de lucro por meio do atendimento às necessidades de um
grupo considerável de pessoas faz com que se crie uma estrutura para produzir as mercadorias ou os serviços
respectivos e os ofereça aos consumidores.
OBJETO DO DIREITO COMERCIAL

 Montar uma empresa significa reunir capital, mão de obra, insumos e tecnologia para oferecer no
mercado de consumidores com preços competitivos. As atividades respectivas representam riscos a
serem enfrentados. Além da possibilidade de não ter seus produtos ou serviços aceitos pelo
mercado, os empresários também correm sérias possibilidades de insucesso.
 Os empresários devem possuir capacidade de medir e de atenuar os riscos que vão correr durante
seus empreendimentos. Para tal fim, ressalte-se, o importante papel dos bons contadores para
auxiliar os empresários na tarefa de medir os riscos dos empreendimentos e colaborar para que
sejam enfrentados e vencidos.
OBJETO DO DIREITO COMERCIAL

 O Direito Comercial trata do exercício das atividades econômicas organizadas de


prestação de bens ou serviços chamadas empresas. O objeto do direito comercial é o
estudo dos instrumentos jurídicos para a superação de conflitos de interesses que
envolvam empresários ou suas empresas.

 As leis e a forma pela qual são interpretadas pela jurisprudência e doutrina, os valores
prestigiados pela sociedade, bem assim o funcionamento dos aparatos estatal e
paraestatal, na superação desses conflitos de interesses, formam o objeto da disciplina.
OBJETO DO DIREITO COMERCIAL

 Em relação à denominação direito comercial ou direito empresarial, razões históricas são favoráveis
à manutenção da primeira denominação. Isto porque as denominações outras como direito mercantil,
direito empresarial, direito dos negócios ou outras não teriam sido capazes de substituir por completo
a denominação tradicional. Embora o objeto do direito comercial não se limite à disciplina jurídica
do comércio, Direito Comercial é nome que identifica o ramo do direito direcionado às questões dos
empresários e das empresas e à maneira pela qual são estruturadas a produção e a negociação dos
bens e serviços necessários à vida em sociedade.
COMÉRCIO E EMPRESA: EVOLUÇÃO

 Produção de necessidades básicas para a sobrevivência;


 Na Antiguidade os povos como os fenícios intensificaram as trocas e estimularam a produção de bens para a
venda. 
 São resultantes da expansão do comércio fatores como intercâmbio cultural, desenvolvimento de tecnologias e de
meios de transporte, o fortalecimento dos estados, o povoamento do planeta terra, as guerras, a escravização dos
povos e, finalmente, o esgotamento dos recursos naturais.
 O comércio gerou um sentimento de interesse de se produzir bens não necessários para o uso pessoal e que seriam
vendidos. Isto representou o início da produção industrial.
 Os próprios bancos e seguros também surgiram para o atendimento dos comerciantes.
BRASIL

 A Lei nº 556, de 25/06/1850 instituiu o Código Comercial no Brasil. Esta lei também sentiu os efeitos da
teoria dos atos de comércio. Segundo o Regulamento 737, que tratava dos processos comerciais, no seu
artigo 19, as atividades econômicas de mercancia, eram as de compra e venda de bens móveis ou
semoventes (bois, cavalos etc), no atacado ou varejo para revenda ou aluguel; indústria; bancos;
logística; espetáculos públicos; seguros; armação e expedição de navios.

 Abordando a evolução do Direito Comercial no Brasil, é possível concluir que o nosso direito incorporou
na doutrina, jurisprudência e legislação esparsa a teoria da empresa antes da entrada do novo Código
Civil de 2002 que a consagraria definitivamente
EMPRESÁRIO

 Empresário é a pessoa que dirige ou é dona de uma empresa. A empresa pertence a uma firma individual
ou a uma firma coletiva. Finalmente, a empresa e a firma empresária serão entidades distintas, pois uma
será a organização e a outra a pessoa física ou jurídica, a quem pertence.
 O Código Civil brasileiro (Lei nº 10.406, de 10/01/2002) define empresário em seu art. 966:
 Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
 Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual,
de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
EMPRESÁRIO

 Profissionalismo associa-se a considerações de habitualidade, pessoalidade e monopólio de


informações.
 Quanto à habitualidade, não se poderia considerar profissional uma pessoa que realizasse suas
atribuições esporadicamente. Não pode ser considerado empresário quem organiza a produção de
uma mercadoria de modo eventual, irregular, casual ou sem frequência. Não é empresário quem testa
ou experimenta atividades empresariais por razões eventuais ou financeiras e não mantém este
exercício de forma habitual.
 A respeito da pessoalidade, o empresário deve contratar empregados para efetivamente produzirem
ou fazerem circular os bens e os serviços. O empresário exerce as atividades empresariais
pessoalmente enquanto os seus empregados produzem ou fazem circular bens ou serviços em nome
do empregador.
EMPRESÁRIO

 O monopólio de informações que possui sobre o objeto de sua empresa, ou seja, sobre os
produtos ou serviços da mesma é a última característica associada ao profissionalismo do
empresário. As informações a respeito das condições de uso, qualidade, insumos
utilizados, defeitos de fabricação e riscos aos consumidores devem ser de conhecimento
do primeiro em razão de ser este um profissional. Finalmente, o empresário também tem o
dever de informar de maneira abrangente os consumidores e usuários a respeito de tais
riscos.
ATIVIDADE

 O empresário exerce profissionalmente a atividade economicamente organizada de


produzir ou circular bens ou serviços - atividade denominada empresa. Empresa –
atividade - não deve ser confundida com o sujeito de direito que a exerce – o empresário.
Também não deve ser a empresa confundida com o local físico onde é exercida. A
expressão adequada para estas duas últimas situações é a de estabelecimento empresarial.
 Finalmente, não se deve dizer que duas pessoas abriram uma empresa, mas sim que
contrataram uma sociedade.

 Empresa significa empreendimento.


ECONÔMICA

 A atividade empresarial é econômica porque busca a obtenção de lucro por quem a


exerce. O lucro pode ser o objetivo maior da atividade ou não. Nesta segunda hipótese, o
lucro será instrumento para outros fins. Escolas religiosas, por exemplo, devem lucrar
para que o seu resultado seja instrumento utilizado na realização de seus fins humanitários
ou de educação para uma doutrina de salvação.
ORGANIZADA

 A empresa é atividade organizada porque nela são ligados, pelo empresário, quatro fatores
de produção: capital, mão de obra, insumos e tecnologia. Para ser considerado empresário
há de haver nas suas atividades estes quatro fatores.
PRODUÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS

 Produzir bens é fabricar produtos ou mercadorias. Atividades industriais são definidas como
empresariais. Produção de serviços, por sua vez, é prestação de serviços. Produzem bens as montadoras
de veículos ou as fábricas de eletrodomésticos enquanto prestam serviços os bancos, as seguradoras os
hospitais e as escolas.
CIRCULAÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS

 Comercializar é buscar bens no produtor para levá-los ao consumidor. Fazer comércio é


atuar na cadeia de escoamento de mercadorias. Empresário pode ser tanto atacadista como
varejista, tanto comerciante de insumos quanto de mercadorias prontas para o consumo
final. Circular serviços é servir de intermediário na prestação dos mesmos. As agências de
turismo, por exemplo, não prestam serviços de transporte aéreo ou de hospedagem, mas,
na verdade, montam pacotes de viagem onde são oferecidos estes serviços
BENS OU SERVIÇOS

 Os bens são itens que podemos ver e tocar, tais como um livro, uma caneta, sal, uns
sapatos, um chapéu, uma pasta, etc. Os serviços são prestados por outras pessoas a quem
os utiliza, como por exemplo, um ato médico, cortar a relva, cortar o cabelo ou servir
comida num restaurante
 Bens são corpóreos, serviços não. Prestar serviços comporta uma obrigação de fazer.
ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS

 São atividades civis, cujos exercentes não podem, por exemplo, requerer a recuperação judicial, nem
falir.
 São quatro hipóteses de atividades econômicas civis. A primeira diz respeito às exploradas por quem não
se enquadra no conceito legal de empresário. Se alguém presta serviços diretamente, mas não organiza
uma empresa (não tem empregados, por exemplo), mesmo que o faça profissionalmente (com intuito
lucrativo e habitualidade), ele não é empresário e o seu regime será o civil.
1. Atividades exploradas por não
empresários

 Atividades exploradas por quem não se enquadra no conceito legal de empresário. Se


alguém presta serviços diretamente, mas não organiza uma empresa (não tem
empregados, por exemplo), mesmo que o faça profissionalmente (com intuito lucrativo e
habitualidade), ele não é empresário e o seu regime será o civil. Aliás, com o
desenvolvimento dos meios de transmissão eletrônica de dados, estão surgindo atividades
econômicas de relevo exploradas sem empresa, em que o prestador dos serviços trabalha
sozinho em casa.
2. Profissional intelectual

 Não se considera empresário, por força do parágrafo único do art. 966 do CC, o exercente de profissão intelectual,
de natureza científica, literária ou ar­tística, mesmo que contrate empregados para auxiliá-lo em seu trabalho. Estes
profissionais exploram, portanto, atividades econômicas civis, não sujeitas ao Direito Comercial. Entre eles se
encontram os profissionais liberais (advogado, médico, dentista, arquiteto etc.), os escritores e artistas de qualquer
expressão (plásticos, músicos, atores etc.).
 Há uma exceção, prevista no mesmo dispositivo legal, em que o profissional intelectual se enquadra no conceito de
empresário. Trata-se da hipótese em que o exercício da profissão constitui elemento de empresa.
 Para compreender o conceito legal, convém partir de um exemplo. Imagine o médico pediatra recém-
formado, atendendo seus primeiros clientes no con­sultório. Já contrata pelo menos uma secretária, mas se encontra
na condição geral dos profissionais intelectuais: não é empresário, mesmo que conte com o auxílio de colaboradores.
Nesta fase, os pais buscam seus serviços em razão, basicamente, de sua competência como médico. Imagine, porém,
que, passando o tempo, este profissional amplie seu consultório, contratando, além de mais pessoal de
apoio (secretária, atendente, copeira etc.), também enfermeiros e outros médicos.
3. Empresário rural

 Atividade econômica rural é a explorada normalmente fora da cidade. Certas atividades


produtivas não são costumeiramente exploradas em meio urbano, por razões de diversas
ordens (materiais, culturais, econômicas ou jurídicas). São rurais, por exemplo, as
atividades econômicas de plantação de vegetais destinadas a alimentos, fonte energética
ou matéria-prima (agricultura, reflorestamento), a criação de animais para abate,
reprodução, competição ou lazer (pecuária, suinocultura, granja, equinocultura) e
o extrativismo vegetal (corte de árvores), animal (caça e pesca) e mineral (mineradoras,
garimpo).
4. Cooperativas

 Desde o tempo em que a delimitação do objeto do Direito Comercial era feita pela teoria dos atos de
comércio, há duas exceções a assinalar no contexto do critério identificador desse ramo jurídico. De um
lado, a sociedade por ações, que será sempre comercial, independentemente da atividade que explora
(LSA, art. 2o, § 2o; CC, art. 982). De outro, as cooperativas, que são sempre sociedades simples,
independentemente da atividade que exploram (art. 982).

 As cooperativas, normalmente, dedicam-se às mesmas atividades dos empresários e costumam atender aos
requisitos legais de caracterização des­tes (profissionalismo, atividade econômica organizada e produção ou
circulação de bens ou serviços), mas, por expressa disposição do legislador, que data de 1971, não se
submetem ao regime jurídico-empresarial. Quer dizer, não estão sujeitas à falência e não podem requerer a
recuperação judicial. Sua disciplina legal específica encontra-se na Lei 5.764/71 e nos arts. 1.093 a 1.096
do CC, e seu estudo cabe ao Direito Civil.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

 O empresário pode ser pessoa física ou jurídica. No primeiro caso, deno­mina-se empresário individual; no
segundo, sociedade empresária.

 Sócios da sociedade empresária não são empresários. Quando pessoas (naturais) unem seus esforços para, em
sociedade, ganharem dinheiro com a exploração empresarial de uma atividade econômica, elas não se tornam
empresárias. A sociedade por elas constituída (uma pessoa jurídica com personalidade autônoma, sujeito de
direito independente) é que será empresária, para todos os efeitos legais. Os sócios da sociedade empresá­ria são
empreendedores ou investidores, de acordo com a colaboração dada à sociedade: os empreendedores, além de
capital, costumam devotar também trabalho à pessoa jurídica, na condição de seus administradores, ou as
contro­lam; os investidores limitam-se a aportar capital. As regras que são aplicáveis ao empresário individual
não se aplicam aos sócios da sociedade empresária - é muito importante apreender isto.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

 O empresário individual, em regra, não explora atividade economicamente relevante. Em primeiro lugar, porque
negócios de vulto exigem naturalmente grandes investimentos. Além disso, o risco de insucesso, inerente a empre­
endimento de qualquer natureza e tamanho, é proporcional às dimensões do negócio: quanto maior e mais
complexa a atividade, maiores serão os riscos. Em consequência, as atividades de maior envergadura econômica
são exploradas por sociedades empresárias anônimas ou limitadas, que são os tipos societários que melhor
viabilizam a conjugação de capitais e segregação de riscos (limitação de perdas). Aos empresários individuais
sobram os negócios rudimentares e marginais, muitas vezes ambulantes. Dedicam-se a atividades como varejo de
produtos estrangeiros adquiridos em zonas francas (sacoleiros), confecção de bijuterias, de doces para restaurantes
ou bufês, quiosques de miudezas em locais públicos, bancas de frutas ou pastelarias em feiras semanais etc.
 Em relação às pessoas físicas, o exercício de atividade empresarial é vedado em duas hipóteses (relembre-se que
não se está cuidando, aqui, das condições para uma pessoa física ser sócia de sociedade empresária, mas para ser
em­presária individual). A primeira diz respeito à proteção dela mesma, expressa em normas
sobre capacidade (CC, arts. 972, 974 a 976); a segunda refere-se à proteção de terceiros e se manifesta
em proibições ao exercício da empresa (CC, art. 973).
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

 Para ser empresário individual, a pessoa deve encontrar-se em pleno gozo de sua capacidade civil. Não têm
capacidade para exercer empresa, portanto, os menores de 18 anos não emancipados, ébrios habituais, viciados em
tóxicos, os que não puderem exprimir a vontade, os pródigos, e, nos termos da legislação própria, os indígenas.
Destaque-se que o menor emancipado (por outorga dos pais, casamento, nomeação para emprego público efetivo,
estabelecimento por economia própria, obtenção de grau em curso superior), exatamente por se encontrar no pleno
gozo de sua capacidade jurídica, pode exercer empresa como o maior.

 No interesse do incapaz, prevê a lei hipótese excepcional de exercício da empresa: pode ser empresário individual
o incapaz autorizado pelo juiz. O instrumento desta autorização denomina-se alvará, A circunstância em que cabe
essa autorização é especialíssima. Ela só poderá ser concedida pelo Judiciário para o incapaz continuar exercendo
empresa que ele mesmo constituiu, enquanto ainda era capaz, ou que foi constituída por seus pais ou por pessoa de
quem o incapaz é sucessor. Não há previsão legal para o juiz autorizar o incapaz a dar inicio a novo
empreendimento.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

 O exercício da empresa por incapaz autorizado é feito mediante representação (se absoluta a incapacidade) ou
assistência (se relativa). Se o representante ou o assistido for ou estiver proibido de exercer empresa, nomeia-
se, com aprovação do juiz, um gerente. Mesmo não havendo impedimento, se reputar do interesse do incapaz,
o juiz pode, ao conceder a autorização, determinar que atue no negócio o gerente. A autorização pode ser
revogada pelo juiz, a qualquer tempo, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do
interdito. A revogação não prejudicará os interesses de terceiros (con­sumidores, empregados, fisco,
fornecedores etc.).

 Os bens que o empresário incapaz autorizado possuía, ao tempo da sucessão ou interdição, não respondem
pelas obrigações decorrentes da atividade empresarial exercida durante o prazo da autorização, a menos que
tenham sido nela empregados, antes ou depois do ato autorizatório. Do alvará judicial constará a relação destes
bens.
EMPRESA INDIVIDUAL DE
RESPONSABILIDADE LIMITADA

 Juridicamente, a “empresa individual de responsabilidade limitada” (Eireli) não é um empresário


individual. Trata-se da denominação que a lei brasileira adotou para introduzir, entre nós, a figura
da sociedade limitada unipessoal, isto é, a sociedade limitada constituída por apenas um sócio.

 Embora não tenha se valido da melhor técnica, a Lei 12.441/2011, ao alterar disposições do Código Civil
para instituir a Eireli, tinha em vista, inegavelmen­te, trazer para o direito brasileiro o instituto da
sociedade limitada unipessoal. Apesar de ter definido a nova figura como uma pessoa jurídica diferente
das sociedades (CC, art. 44, VI), e discipliná-la num Título próprio, entre os de­dicados, de um lado, ao
empresário individual e, de outro, às sociedades, ao dispor detalhadamente sobre a Eireli a lei valeu-se de
conceitos e dispositivos legais próprios da sociedade limitada.
EMPRESA INDIVIDUAL DE
RESPONSABILIDADE LIMITADA
 O sócio único da Eireli, como todos os sócios de sociedades empresárias, não é empresário. Empresário é a
pessoa jurídica da Eireli. Ela é o sujeito de direito que explora a atividade empresarial, contrata, emite ou aceita
títulos de crédito, é a parte legítima para requerer a recuperação judicial ou ter a falência requerida e decretada.

 Oportunamente, o legislador deverá corrigir as imprecisões técnicas (“empresa”, recorde-se, é atividade e não
sujeito de direito) e aprimorar a disciplina do tema, tratando, de um lado, do empresário individual com
responsabilidade limitada (em que bens e obrigações afetos à atividade empresarial constituem um patrimônio de
afetação) e, de outro, da sociedade limitada unipessoal (que, a rigor, não tem nenhuma especificidade em relação
à limitada pluripessoal). Enquanto correção e aprimoramento não vêm, cabe à doutrina e à jurisprudên­cia
procurar sistematizar as imperfeitas disposições legais sobre a Eireli - e a melhor forma de proceder a essa
sistematização consiste em considerá-la como sendo, simplesmente, a (atual) designação dada pela lei brasileira à
sociedade limitada unipessoal.
 PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO

 Como organizador de atividade empresarial, o empresário (pessoa física ou jurídica) necessariamente deve
contratar mão de obra, que é um dos fatores de produção. Seja como empregado pelo regime do Direito do
Trabalho (CLT) ou como representante, autônomo ou pessoal terceirizado vinculados por contrato de prestação de
serviços, vários trabalhadores desempenham tarefas sob a coordenação do empresário. Para efeitos do direito das
obrigações, esses trabalhadores, independentemente da natureza do vínculo contratual mantido com o
empresário, são chamados prepostos (CC, arts, 1.169 a 1.178).
 Em termos gerais, os atos dos prepostos praticados no estabelecimento empresarial e relativos à atividade
econômica ali desenvolvida obrigam o em­presário preponente. Se alguém adentra a loja e se dirige a pessoa
uniformizada que lá se encontra, e com ela inicia tratativas negociais (quer dizer, pede infor­mações sobre produto
exposto, indaga sobre preço e garantias, propõe forma alternativa de parcelamento etc.), o empresário dono
daquele comércio (pessoa física ou jurídica) está sendo contratualmente responsabilizado. As informações
prestadas pelo empregado, autônomo ou funcionário terceirizado, bem como os compromissos por eles assumidos,
atendidos aqueles pressupostos de lugar e objeto, criam obrigações para o empresário (CC, art. 1.178).
PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO

 Os prepostos, por evidente, respondem pelos seus atos de que derivam obrigações do empresário
com terceiros. Se agiram com culpa, devem indeni­zar em regresso o preponente titular da
empresa; se com dolo, respondem eles também perante o terceiro, em solidariedade com o
empresário.

 Está o preposto proibido de concorrer com o seu preponente. Quando o faz, sem autorização
expressa, responde por perdas e danos. O empresário pre­judicado tem também direito de retenção,
até o limite dos lucros da operação econômica irregular de seu preposto, sobre os créditos deste.
Configura-se, também, eventualmente o crime de concorrência desleal, se houver usurpação de
segredo de empresa (LPI, art. 195).
PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO

 Dois prepostos têm sua atuação referida especificamente no Código Civil: o gerente e o contabilista.
O gerente é o funcionário com funções de chefia, encarregado da organização do trabalho num certo
estabelecimento (sede, sucursal, filial ou agência). Os poderes do gerente podem ser limitados por
ato escrito do empresário. Para produzir efeitos perante terceiros, este ato deve ser arquivado na
junta Comercial ou comprovadamente informado para estes. Não havendo limitação expressa, o
gerente responsabiliza o preponente em todos os seus atos e pode, inclusive, atuar em juízo pelas
obrigações resultantes do exercício de sua função.
 Por sua vez, o contabilista é o responsável pela escrituração dos livros do empresário. Só nas grandes
empresas este preposto costuma ser empregado; nas pequenas e médias, normalmente, é profissional
com quem o empresário mantém contrato de prestação de serviços.
PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO

 Entre o gerente e o contabilista, além das diferenças de funções e responsabilidades, há


também duas outras que devem ser destacadas: enquanto é facultativa a função do gerente
(o empresário pode, simplesmente, não ter este tipo de preposto), a do contabilista é
obrigatória (salvo se nenhum houver na localidade - CC, art. 1.182); ademais, qualquer
pessoa pode trabalhar como gerente, mas apenas os regularmente inscritos no órgão
profissional podem trabalhar como contador ou técnico em contabilidade.
O SERVIDOR PÚBLICO PODE SER DONO
DE EMPRESA?

 Não é raro ter pessoas que investem e buscam outras rendas mesmo quando estão amparados pela
conhecida estabilidade do serviço público.
 Por outro lado, na Administração Pública devem ser respeitados os princípios que estão na
Constituição Federal, um deles diz que o servidor não tem a liberdade de montar uma empresa.
 Isto porque o servidor está obrigado ao princípio da legalidade, só podendo fazer o que lhe é
permitido em lei.
 Enquanto o empresário ou trabalhador da iniciativa privada pode fazer tudo, desde que não seja
proibido legalmente.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO FEDERAL
PODE TER EMPRESA?
 No caso do funcionário público federal, ele é proibido por lei de participar como sócio-administrador ou gestor de uma
empresa.
 Já na qualidade de acionista, cotista ou comanditário, isso é possível!
 Entenda as modalidades em que o servidor federal pode atuar em uma empresa:
 Acionista: quando alguém tem ações em uma sociedade, tornando-se dona de uma parcela da empresa;
 Cotista: é a pessoa que compra uma parte do valor do patrimônio (cota) de um fundo de investimento;
 Comanditário: nas sociedades em comandita, quem é responsável até o limite do capital investido, não fazendo parte
da administração da empresa.
 Perceba que o servidor pode até ser participante de uma empresa, mas não pode ser responsável por sua gestão ou
administração, uma vez que já se dedica integralmente à Administração Pública.
O SERVIDOR ESTADUAL OU MUNICIPAL
PODE TER EMPRESA?

 Para quem trabalha pelo Município ou Estado, a situação deve ser verificada conforme o
estatuto do servidor.

 Com isso, deve-se verificar a Lei Orgânica do Município, a Constituição Estadual ou o


Estatuto próprio para saber em que condições o servidor pode atuar como empresário.

 Mas, se não tiver nenhuma regra, é aplicada a regra para o servidor federal.
QUEM TIVER EMPRESA ANTES DE ENTRAR
NO SERVIÇO PÚBLICO, O QUE PODE FAZER?

 caso o administrador da empresa seja aprovado para entrar em um cargo público federal,
ele deve passar sua gestão para outro sócio.

 Mas, no caso do servidor federal que é MEI (microempreendedor individual), ele deve dar
baixa. Ou, ainda, mudar para uma empresa Limitada em que atue de forma colaborativa, e
não como seu principal administrador.
MODALIDADES QUE PODEM SER
PERMITIDAS AO SERVIDOR FEDERAL
 Sociedade Limitada (LTDA): formada por um ou mais sócios, em que cada participante responde
individualmente por sua participação, mas respondem juntos pelo capital total da empresa;

 EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada): ainda que não haja sócios, é possível nomear
outra pessoa para administrar o negócio.

 No caso da EIRELI, é aplicado o entendimento da portaria normativa 6, de 15 de junho de 2018, da Secretaria de


Gestão de Pessoas do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão: "Não se considera exercício de
gerência ou administração de sociedade privada: a constituição de empresa individual de responsabilidade
limitada"

 Para quem atua perante entidades municipais e estaduais, deve ser verificado o estatuto próprio para saber quais
empresas o servidor pode abrir.
QUAIS AS PENALIDADES PARA O
SERVIDOR QUE TIVER UMA EMPRESA
DE MANEIRA INCORRETA OU ILEGAL?
 O órgão público não pode interferir no que os servidores públicos realizam no âmbito privado, desde que não tenha
reflexos na esfera pública., afinal, a Constituição diz que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas.

 Por outro lado, o funcionário público está limitado ao princípio da legalidade, só podendo fazer o que lhe é permitido
por lei. Por isso, a Administração Pública pode e deve punir o agente público que contrariar seus princípios, em
especial, o interesse público.

 De início, a infração do servidor é apurada em uma sindicância e, depois, pode se tornar um PAD (processo
administrativo disciplinar).
PENALIDADES PODEM SER APLICADAS
A DEPENDER DA SUA GRAVIDADE:

 Advertência;
 Suspensão;
 Demissão;
 Destituição de cargo em comissão (para quem não tem cargo efetivo);
 Cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
 Logo, a depender da gravidade da falta, é possível ser demitido do cargo público.
 Ainda, pode ser aplicada uma pena de proibição de prestar novo concurso pelo período de
cinco anos após o desligamento.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Acerca da teoria da empresa, analise os itens abaixo:


I. A teoria da empresa adotada no Código Civil vigente está fundamentada na concepção do ato de comércio enquanto elemento
essencial para a geração de capital, contratos e trabalho.
II. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
III. Para que haja empresa, é necessária previamente a figura do sócio-empresário, que é a pessoa física maior de 18 (dezoito)
anos com capacidade para manifestação de vontade.
Está(ão) correto(s) o(s) item(ns):
A( ) apenas I.
B( ) apenas II.
C( ) apenas III.
D( ) apenas I e II.
E( ) I, II e III.
GABARITO

Acerca da teoria da empresa, analise os itens abaixo:


I. A teoria da empresa adotada no Código Civil vigente está fundamentada na concepção do ato de comércio enquanto
elemento essencial para a geração de capital, contratos e trabalho.
II. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
III. Para que haja empresa, é necessária previamente a figura do sócio-empresário, que é a pessoa física maior de 18
(dezoito) anos com capacidade para manifestação de vontade.
Está(ão) correto(s) o(s) item(ns):
A( ) apenas I.
B( ) apenas II.
C( ) apenas III.
D( ) apenas I e II.
E( ) I, II e III.
 Item I - Está ERRADA pois com o advento do Novo Código Civil instituito pela Lei 10.406/2002 a teoria da empresa substituiu a teoria dos
atos de comércio.
 Item II - está CORRETA, pois as normas do Art. 966, parágrafo único, do Código Civil dispõe de forma clara a desconsideração de empresário
quem exerce as profissões intelectuais, científicas, literárias, SALVO se o exercício dessas profissões constituir elemento de empresa (atividade
econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, quais sejam, capital, mão de obra, insumos/matéria prima e
tecnologia).
 Item III está ERRADA, pois NÃO é necessário a figura do sócio-empresário para que haja empresa, mas sim atividade organizada, que seja
exercida de modo regular, habitual (profissional) e que tenha como meta a obtenção de lucros(Art. 966, caput, do Código Civil Brasileiro).
E as normas do art. 974 do Código Civil dispõe que "Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a
empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança."
Ressalta-se também que, existe autorização expressa na lei para que o menor de 18 anos seja empresário (Art. 5°, parágrafo único, inciso V do
Código Civil). E a Instrução Normativa n° 81, de 10 de junho de 2020, assegura a possibilidade de admissão de sócios menores de idade em
sociedades limitadas desde que representados pelos pais ou responsáveis legais(se maiores de 16 anos e menores de 18 anos) ou assistidos(se
menores de 16 anos). Os menores de 16 anos, porém, não podem exercer a função de administrador na sociedade.
Os menores emancipados (com 16 ou 17 anos) também podem ser microempreendedores individuais(MEI).

Você também pode gostar