Você está na página 1de 24

Esta revista faz parte integrante da edição 1221 do Jornal de Leiria, de 06 de Dezembro de 2007, e não pode ser vendida

separadamente

INOVADORAS NO DISTRITO
IDEIAS

patrocínio:
Com o patrocínio:
editorial 3

IDEIAS
INOVADORAS NO DISTRITO

Tempo
Com o patrocínio:

de Inovação
Ficha técnica O s t e m p o s q u e p a s s a m s ã o d e i n ova ç ã o . E q u e m n ã o o s
aceita desse modo, mais dia menos dia é constrangido
Edição:
Jorlis - Edições e Publicações, Lda. p e l a re a l i d a d e a f a z ê - l o . E a c i m a d e t u d o e s s a i n ova ç ã o é
Director: p e r m a n e n t e e a b r a n g e n d o t o d o s o s s e c t o re s d a a c t i v i d a d e
José Ribeiro Vieira
Redacção:
humana.
Lurdes Trindade As actividades económicas não escapam a essa sorte.
Ilustração da capa:
Melhor dizendo, têm essa sorte. O Suplemento que hoje o
Bruno Gaspar
Fotografias: J L p u b l i c a t r a z a o s l e i t o re s a l g u n s d o s m u i t o s e b o n s
Lurdes Trindade e xe m p l o s d e a c t i v i d a d e s i n ova d o r a s , m u i t a s d e l a s p o u c o
Serviços Comerciais:
Élia Ramalho
c o n h e c i d a s , q u e a c o n t e c e m n a n o s s a re g i ã o .
Concepção Gráfica e Paginação: M u i t a s d e s s a s i n ova ç õ e s a s s e n t a m e m j ove n s e m p re s á -
Isilda Trindade, Rita Carlos r i o s , a l g u n s j á c o m e x p e r i ê n c i a s a n t e r i o re s d e â m b i t o f a m i -
Impressão:
Mirandela, SA. l i a r, q u e p re t e n d e m i r b e m m a i s l o n g e a p o i a n d o - s e n o d i n a -
Tiragem: m i s m o p r ó p r i o d a s u a j u ve n t u d e .
15.000 exemplares
Nº de Registo 109980
A l g u n s s ã o e xe m p l o s e x c e l e n t e s d e c r i a t i v i d a d e , d a n d o
Depósito Legal Nº 5628/84 f o r t e s i n d í c i o s d e u m a re n ova ç ã o d o s q u a d r o s e m p re s a -
r i a i s a t é a q u i f o r t u i t a . A a m p l i t u d e d a o fe r t a q u e t r a z e m
a o s c o n s u m i d o re s é g r a n d e e d i s t r i b u í d a p o r e m p re s a s d e
t a m a n h o s b e m d i ve r s i f i c a d o s .
O f u t u r o p a s s a p o r e s t e s e xe m p l o s q u e m e re c e m u m a p o i o
Rua Comandante João Belo, Nº 3 eficaz por parte das entidades que superintendem a nossa
Apartado 1098 - 2401-801 Leiria e c o n o m i a . E s t e s j ove n s p r ova m , s e t a l f o s s e n e c e s s á r i o ,
Tel. 244 800 400
Fax 244 800 401 q u e a m a s s a c i n z e n t a e x i s t e e j á d e u b o a s p r ova s . 

E-mail: geral@jornaldeleiria.pt

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


Marta Fino
“Portugueses
deviam ter lições
de marketing”
emprestam dinheiro para férias, para O número de licenciados desemprega-
electrodomésticos e para carros, mas dos é cada vez maior. O que é que falha
não os vejo a aliciar pessoas a lançarem no sistema de ensino?
Marta Fino, 29 anos, com funções de projectos que criem emprego. A ANJE, Convém salvaguardar que a minha opi-
gestão num grupo de empresas do sector e é talvez a sua principal missão, tenta nião é a de uma economista e nesse sen-
da construção civil, está na delegação de sensibilizar o Governo e as instituições, tido penso que há uma desadequação
Leiria da Associação Nacional de para que haja sistemas de incentivos e entre aquilo que o mercado precisa e as
Jovens Empresários por paixão e porque de apoio às pessoas que têm ideias, áreas de formação dos jovens. O mais
acredita que pode ajudar jovens empreen- potencial e capacidade, mas a quem fal- grave é que ninguém é capaz de enca-
dedores a concretizar os seus projectos ta apenas o tal empurrão, que é impres- rar isto como um problema sério. Devia
inovadores. cindível para se lançarem no mundo dos ser feito um estudo muito sério sobre a
negócios. evolução do mercado e da economia de
Que papel pode desempenhar a ANJE uma forma geral - isto tem que ser pen-
no apoio a jovens com ideias e projec- Pode concretizar? sado ao nível do mundo -, traçando-se
tos inovadores? Tem sido feito um trabalho importante um plano estratégico a médio e longo
Essa é a questão que mais me preocu- no sentido do desenvolvimento de capi- prazo e aferindo as necessidades de cada
pa e a que mais me motiva para desem- tais de risco que é, apesar de tudo, a área de formação. Não vale a pena con-
penhar esta função, porque apesar de realidade mais credível para as star- tinuarmos a formar pessoas para o
hoje existirem mais oportunidades, a tups. Os bancos jogam muito pelo desemprego. É um péssimo investimento
verdade é que o nosso percurso é mais seguro. Não os posso censurar por- da parte do Estado, de todos nós, con-
fácil ou mais difícil em função do con- que são empresas e não são obriga- tribuintes, e da própria pessoa. O pro-
texto em que nascemos. Tenho cons- das a entrar numa área de negócio blema é que isto cria nos jovens uma
ciência que nasci no seio de uma famí- que não lhes interessa. Por isso há que grande revolta. O nosso percurso é fei-
lia de empresários e como tal bebi essa tentar, pelo menos, criando mecanis- to de sucessos e de insucessos e se a vida
experiência desde criança, pelo que, para mos, para não deixarmos que haja nos corre mal, tornamo-nos pessoas des-
mim, abrir uma empresa, ou trabalhar projectos em potência e que não se motivadas, amargas e, inevitavelmen-
por conta própria, é uma coisa natural. realizam por questões que nem estão te, maus profissionais e maus cidadãos.
Presumo que para um jovem, cujo con- relacionadas com grandes investi-
texto seja completamente diferente, o mentos. O que é preciso é criar uma Como responsável pela gestão de um
medo de arriscar seja natural. É preci- plataforma de comunicação entre as grupo de empresas, como lida com estas
so sentirmos o apoio moral das pessoas partes e aí é que uma associação como situações?
que são importantes para nós. Há a his- a ANJE pode desempenhar um papel É um desgosto brutal. Já me aconte-
tória dos três Fs, que são importantes importante. Assim como somos con- ceu entrevistar pessoas para funções
para abrir um negócio, que é o “family, tactados por jovens que querem saber administrativas com o curso de Biolo-
food and friends”. De facto, ou temos como se cria uma empresa, também gia. Conheço pessoas que mentem nos
ajuda, ou não conseguimos. Porque os somos contactados por potenciais inves- currículos, omitindo que são licencia-
bancos só dão guarda-chuva quando faz tidores que precisam de empreende- das, porque são preteridas. Isso acon-
sol. Revolta-me ver que facilmente dores. tece inevitavelmente porque uma empre-
Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007
abertura 5

sa com uma vaga para administrativo


tem consciência que uma pessoa com
Não se forma para o preza essa questão. Não há nenhuma
espécie de profissionalização na suces-
um curso de Biologia não vai querer empreendedorismo são. Haverá alguns bons exemplos em
estar ali o resto da vida e nem vai estar empresas já com alguma dimensão, de
satisfeita naquele posto de trabalho. E porque os professo- empresários com mais visão, mas são
mal tenha uma oportunidade na sua
área vai sair. Este é um problema mui-
res não são poucos.

to grave. O maior desafio que este país empreendedores Inovação e desenvolvimento são apenas
enfrenta é mesmo a questão do ensino. dois chavões ou em Portugal têm apli-
campanhas de sensibilização e aí o Esta- cação prática?
Por outro lado, as escolas não formam do pode ter um papel importante no sen- Apesar de tudo tem havido alguns inves-
para o empreendedorismo... tido de se dar valor ao que é português. timentos em sectores que envolvem ino-
Esse é outro problema. Mas aí acho que Atingiu-se um patamar em que o por- vação e investigação. Claro que o inves-
não se forma para o empreendedorismo tuguês não gosta de si próprio. Tenho timento parte, sobretudo, do sector pri-
porque os professores não são empreen- tido a felicidade de poder viajar bastante vado. Não vale a pena estarmos à espe-
dedores. Este país passa o tempo a dis- e quanto mais viajo mais dou valor ao ra que o Estado invista. As nossas empre-
cutir se se fica mais uma hora na esco- país que temos. O país precisa de se sas têm que tentar ganhar escala, não
la ou se se tem que se dar a aula de subs- desenvolver, mas temos de ter consciência é fácil, mas temos que fazer um esfor-
tituição e ninguém fala daquilo que real- que fazemos produtos de excelência. ço e olhar para esta questão da abertu-
mente interessa, que é afinal de contas, Temos uma qualidade de vida muito boa, ra das fronteiras como uma oportuni-
a formação das pessoas para o merca- muitas oportunidades e acesso a tudo dade e não como uma ameaça. Feliz-
do de trabalho. Mas, depois, os profes- quanto há de melhor no mundo. E quei- mente já há muitos casos de grupos e
sores também têm que substituir os pais xamo-nos sem saber o que se passa nal- empresas que estão a investir no estran-
e há uma grande indisciplina. Afinal, o guns cantos do mundo. Os portugueses geiro. É lamentável que Portugal tenha
professor tem um dos papéis mais impor- deviam ter lições de marketing. Porque perdido o papel que tinha em África.
tantes da sociedade, porque interfere na temos que passar a gostar de nós e ter Infelizmente deixou-se ultrapassar por
formação do nosso carácter, da nossa consciência que também somos bons. outros países que estão a tirar mais par-
personalidade, da nossa maneira de estar Quando começarmos a concentrar-nos tido. A nossa vertente Atlântica está
e de trabalhar. Por isso é fundamental nas coisas boas, provavelmente as outras muito mal explorada. Portugal tem que
que ele esteja motivado. O problema é pessoas vão começar a ver-nos de for- apostar em sectores com potencial de
que também acho que tem uma postu- ma diferente. Porque somos nós que nos exportação. Não há outra hipótese. Não
ra muito avessa à mudança. Por isso, deitamos abaixo. podemos achar que vamos viver do mer-
também não é fácil ser-se ministro da cado interno porque somos só dez milhões
Educação. Consigo ver as coisas de par- A sucessão é uma das preocupações de e vamos ser só sete milhões em 2050.
te a parte. muitos empresários. Na generalidade, Temos que conseguir ser competitivos e
as novas gerações estão preparadas para os mercados com mais exponencial são
Portugal, de uma forma geral, é um país assumir, com êxito, as empresas fun- África e Brasil.
de empreendedores? dadas pelos pais?
Somos um povo com sangue na guelra Essa situação é tão importante e é mui- E a China?
e isso é importante. Só que depois somos to menosprezada. Cerca de 99,9 por cen- Tive o privilégio de visitar a China e eles
amputados por este nosso traço cultu- to do tecido empresarial português é têm tudo feito. Já não têm nada a apren-
ral que é o de não convivermos bem com constituído por micro e pequenas e médias der connosco, nem precisam nada de
o fracasso. Temos ainda muitos Velhos empresas. Sabemos que essas empre- nós, embora nos próximos anos seja um
do Restelo. Hoje uma pessoa que fra- sas, em regra, têm base familiar, sendo mercado em potência para produtos com
casse é muito censurada pela sociedade que a sucessão e a forma como ela acon- valor acrescentado. E Portugal, como
e isso inibe. Nos Estados Unidos um tece é determinante para a sua sobrevi- os seus vinhos, por exemplo, pode ter
fracasso é encarado como uma expe- vência e para o seu futuro. O que me bons resultados na China. Os chineses
riência de aprendizagem e em Portugal parece é que não tem havido a preocu- dão muito valor ao estilo de vida dos
isso não acontece, o que amputa mui- pação de fazer o planeamento para a europeus e dos americanos. E se Por-
tos projectos à partida. As pessoas têm sucessão. Porque são pequenas empre- tugal conseguir ganhar uma imagem de
medo de arriscar. Há que fazer uma sas, porque a maior parte da geração de marca naquele sector conseguirá pene-
mudança tremenda a esse nível. Actual- empresários que está agora a ser suce- trar naquele mercado. Temos é que nos
mente, já se começam a ver algumas dida também não tem formação e menos- especializar naquilo que somos bons. 

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


6 dois planos

Alexandra e Joana Conde


Sensibilidade e talento
ao serviço dos sonhos
lexandra e Joana Conde.

A Duas empresárias cheias


de ideias inovadoras para
fazerem cumprir em Igua-
rias do Tempo, uma
empresa que há muito ultrapassou as
fronteiras da restauração e do cate-
ring. Um projecto de cultura que dei-
xa transparecer toda a dinâmica, sen-
sibilidade e talento de duas mulheres
que não param no tempo. Há um ano
iniciaram a exploração exclusiva da
Quinta das Silveiras. Um espaço nobre,
paradisíaco, localizado às portas de Lei-
ria. Um espaço onde se pedem e con-
cretizam desejos. E onde vale a pena
sonhar.
Alexandra Conde. 34 anos. Sorriso fácil
e rasgado. É sempre assim que recebe EMPRESA:
Os casamentos são o seu grande pilar, mas existem outros projectos que as distinguem nesta
os clientes que entregam nas suas mãos área de negócio. Projectos onde a cultura, as artes e o lazer têm lugar. Alexandra e Joana que-
a preparação de um dos dias mais espe- rem fazer da Quinta das Silveiras um espaço vivo e aberto, proporcionando actividades duran -
ciais das suas vidas. O do casamento. te vários dias da semana. Além da celebração do Dia da Mulher, que pretendem que tenha um
Sim, porque Iguarias do Tempo orga- conceito diferente de todos os outros, está agendada a realização de uma semana gastronómi-
niza festas de casamento com sedução, ca, em Abril, além de concertos de música ao vivo. E o Espaço Noivos, uma marca Iguarias do
Tempo, que para o ano promete arrasar, também pela forma como está a ser organizada uma
charme e um toque de talento comum daquelas que é considerada já uma das mais conceituadas feiras para noivos na região. E
àquelas duas jovens mulheres aguer- vários outros projectos estão em preparação, mas a seu tempo serão desvendados já que,
ridas. Que por acaso até são irmãs, como todos sabem, o segredo é a alma do negócio.
sócias e as melhores amigas.
Joana Conde tem 27 anos. O seu ar de
menina esconde uma empresária com zim, pela Casa do Marquês, em Lisboa de de gestora de Recursos Humanos
espírito empreendedor e dinâmico. Bas- e pela Quinta das Lágrimas, em Coim- em duas empresas onde era colabora-
ta lembrar que este projecto resulta de bra. dora com as funções de financeira e
um sonho de criança, mas também da Já Alexandra licenciou-se em Recur- administrativa de Iguarias do Tempo.
dedicação e entrega de quem arriscou sos Humanos, no ISLA, estagiou em Há três anos dedica-se a tempo intei-
tudo. Frequentou o curso de Técnico empresas como a Heinz, em Peniche, ro à sua empresa.
de Cozinha, mas nunca mais ninguém deu aulas de Inglês, na então C+S, da Alexandra e Joana. Uma serviu-se da
a parou. Estagiou em Nova Iorque e Guia, em Pombal, trabalhou numa sua experiência na área da cozinha.
voltou lá para mais um estágio, desta empresa do pai e passou por uma empre- Outra dos seus conhecimentos em recur-
vez no Le Cirque, um dos melhores res- sa familiar. Até que a irmã a desafiou sos humanos e gestão. E fizeram o casa-
taurantes dos EUA. Já em Portugal, a integrar a equipa Iguarias do Tem- mento perfeito com Iguarias do Tem-
passou pelo Casino da Póvoa do Var- po. Começou por acumular a activida- po. 

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


primeiro plano 7

EMPRESA:
A 2 Connect, Lda que se encontra em fase de
reformulação - vai brevemente passar a cha-
mar-se Neonode Ibéria, S.A. - serve de plata-
forma entre a Neonode Inc e diversos merca-
dos. A Neonode concebe e desenvolve tecno -
logias patenteadas e produtos intuitivos foca-
lizados em experiências de usuário sem igual.
Com escritórios em Estocolmo, Suécia e San
Ramón, Califórnia, é uma empresa cotada no
NASDAQ com licenças e produtos vendidos
em todo mundo. Com a apresentação do seu
novo telemóvel, o Neonode N2, já disponível
nas lojas FNAC, El Corte Inglês, Media Markt e
nas grandes superfícies Jumbo por todo o
país, a empresa sueca revolucionou o merca-
do das telecomunicações, com um terminal de
reduzidas dimensões mas grande em inova-
ção. Mais Informação em www.neonode.com

Ricardo Figueirinha
O jovem que quis voar
ecidi dar um nome ao a empresa sueca e os mercados portu- ca se sentiu verdadeiramente realiza-

D Ricardo Figueirinha”.
Foi assim, de repente,
que este jovem, um dia,
partiu, rumo à Suécia,
para encontrar o seu caminho. Tinha
apenas 26 anos e por isso não foi fácil
convencer os responsáveis da empresa
guês e espanhol. Os contratos conse-
guidos atingem um volume de negó-
cios perto dos 4 milhões de euros, assu-
mindo o mercado espanhol especial pre-
ponderância com uma fatia de 80 por
cento. A empresa prevê para o próxi-
mo ano um volume de negócio de dez
do com essa situação. “Quero que me
reconheçam valor pelas minhas capa-
cidades e não por ser o filho de alguém,
por muita admiração e respeito que
tenho pelo meu pai, que sempre vi como
um exemplo”.
Tirou o curso de Gestão de Empresas
de telecomunicações sueca. E espera- milhões. “Está a correr bem, graças a como trabalhador-estudante no ISLA
vam uma pessoa mais velha e expe- Deus”, explica o jovem, a quem foram de Leiria, assim como uma pós-gra-
riente e não acreditaram nas capaci- recentemente incumbidos novos desa- duação em Certificação e Qualidade,
dades de um jovem que, ainda por cima, fios, como a exploração do mercado sul- na Universidade Católica, no Porto.
vinha de um país que mal conheciam. americano. “No início do ano, terei mais “É mais saboroso quando sentimos que
Mas, Ricardo Figueirinha não desis- um desafio pela frente: desenvolver as oportunidades são procuradas por
tiu e, com “um simples murro na mesa”, sinergias no mercado sul-americano, nós e não nos são oferecidas de ban-
viu premiada a sua persistência ao tra- nomeadamente no Brasil, Venezuela e deja”, afirma o jovem, que admite con-
çarem-lhe um objectivo para três meses, México, mercados em crescendo nesta tinuar ligado às empresas da família,
sem qualquer remuneração. O jovem área de negócios, provavelmente cul- dando o apoio possível sempre que é
reapareceu na Suécia 18 dias depois minando na necessidade de abrir escri- solicitado.
com a missão cumprida. Ficou então tório em São Paulo”, sublinha. Actualmente, Ricardo Figueirinha é
ligado a uma das mais promissoras Lutador, determinado e firme. É assim também vereador na Câmara Munici-
empresas de telemóveis internacionais, Ricardo Figueirinha, que começou a pal de Leiria. Eleito nas listas do CDS-
a Neonode Inc. trabalhar aos 14 anos na empresa de PP, está a substituir a vereadora Isa-
Daí até à criação da sua própria empre- manutenção industrial, transportes e bel Gonçalves até finais de Dezembro.
sa foi um passo. Ricardo Figueirinha, obras públicas do pai. Conta que des- “É mais um desafio que quero agar-
hoje com 30 anos, fundou a 2 Connect, de pequeno foi “programado” para gerir rar com empenho e entrega, aliás, como
Lda que serve de intermediária entre as empresas da família, mas que nun- em tudo o que faço na vida”. 

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


8 primeiro plano

Tiago Marto
O rigor de uma gestão
jovem e sofisticada
EMPRESA:
Nasceu em 2000, como TransforFat.
Sete anos depois, apresenta-se como
Grupo Transfor, que contém as
empresas Transfor Engenharias e
Construção, Transfor Madeiras,
Transfor Metais e Transfor Instala -
ções Técnicas. Dentro do grupo,
desenvolveram-se também marcas já
bastantes conceituadas no mercado,
nomeadamente a Transfor Interiores,
Transfor Manutenção e a Transfor
Engenharia e Construção, todas
englobadas na empresa Transfor
Engenharias e Construções.
A criação de mundos de negócio
autónomos dentro da Transfor, evo -
luindo para a constituição de socie -
dades comerciais distintas, tem per -
mitido ao grupo “fechar o ciclo de
produção”, fazendo com que cada
vez menos se dependa de fornecedo -
res externos. “Cuttig1 out the middle
man” é a sua máxima, ou seja, “ficar
menos dependente de intermediários,
ganhando melhores obras em tempo,
qualidade e preço”.
A Transfor está agora numa fase de
exploração de outros mercados para
as diferentes áreas de negócio, com o
objectivo de crescer para fora do
país. Angola, Argélia e Marrocos são
alguns países visitados, mas Tiago
Marto quer apostar apenas em duas
ou três soluções, de acordo com os
resultados do estudo de mercado. “É
um trabalho que está a ser feito com
calma e com algum rigor, para se dar o
passo certo”.

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


9

em apenas 31 anos, mas preferência a projectos inovadores”.

T parece ter muito mais.


Ambicioso, seguro Sorte no negócio ou visão? “Não pos-
O sentido da responsa- de si, rigoroso e so dizer que não tive sorte, estaria a
bilidade, dá-lhe um ar ser injusto, tive grandes amigos que
mais sério do que é nor- muito determinado. me apoiaram e alguma visão e gran-
mal ver em jovens da sua idade. Tia- de capacidade de ultrapassar proble-
go Marto, é assim que se chama, tem
Eis o homem que mas que, provavelmente, não será
hoje aos ombros um dos mais con- diz ter cumprido já muito vulgar”. A sua grande virtude,
ceituados grupos do sector da cons- adianta, “é a capacidade para gerir
trução, a Transfor. Um projecto onde os objectivos que se e manter de pé todos os projectos e
faz questão de impor, como regras de pessoas que trabalham comigo”.
ouro, o rigor, a inovação, a sofistica-
tinha proposto até Tiago Marto sente que a sua respon-
ção, o profissionalismo e a capacida- aos 30 anos e cujo sabilidade aumenta a cada dia. “Qual-
de de gestão, associados ao cumpri- quer indivíduo da minha idade, com
mento de prazos e orçamentos. maior sonho é con- um emprego seguro e estável, des-
Com um grupo de empresas a depen- cansa e dorme melhor que eu, mas é
der só de si, já que é o único sócio,
seguir chegar tran- o preço do caminho que escolhi, por-
Tiago Marto lançou “a primeira pedra” quilo aos 40. “Com que teria feito tudo de novo”.
daquele que viria a ser o seu grande Não se pense que Tiago Marto não
desafio, em 2000. Em apenas sete a minha supervisão, tem tempo para ser jovem. “Sempre
anos passou de uma empresa uni- consegui conciliar as duas coisas”,
pessoal, em que era o único traba-
quero que o barco se sublinha, considerando que quem o
lhador, para um grupo de quatro conduza quase sozi- conhece sabe que quando não tira
empresas com 95 colaboradores. férias é por opção. Mas quando quer,
Trabalhava em part-time com os pais, nho”. tira mesmo. Faz férias de neve duas
em pequenos trabalhos de remodela- vezes por ano, vai para o Algarve com
ção e reabilitação, quando se aperce- os amigos e sai nas noites de quarta
beu que muitos dos problemas cria- dois anos, a TransforFat transfor- e sexta-feira, também com os amigos.
dos pelos empreiteiros se prendiam mou-se. “Fui agarrando obras e ten- “Não tenho o tempo todo do mundo
com o não cumprimento de prazos. do capacidade para as fazer. Na minha para toda a gente, mas tento gerir a
“Toda a gente falhava, ninguém e nin- ingenuidade, nunca pensei que uma minha vida de forma inteligente”.
guém aparecia nas datas combinadas obra acabasse, tinha que se ter outra, Ambicioso, seguro de si, rigoroso e
para fazer as obras”, explica, lem- porque havia leasings e ordenados muito determinado. Eis o homem que
brando que foi essa lacuna do sector para pagar”, explica. diz ter cumprido já os objectivos que
da construção, que lhe proporcionou Ao fim de dois anos, adquiriu-se o ter- se tinha proposto até aos 30 anos e
a oportunidade para criar a sua empre- reno onde hoje funciona o Parque cujo maior sonho é conseguir chegar
sa. Propôs-se concretizar algumas Transfor, construíram-se novas ins- tranquilo aos 40. “Com a minha super-
obras, deu orçamentos e abriu cami- talações e percebeu-se que a empre- visão, quero que o barco se conduza
nho ao seu próprio negócio, tendo-o sa não podia ser mais uma no mer- quase sozinho, para que possa ter a
desenvolvido na área da remodelação cado. Foi criado então o departamento qualidade de vida que ambiciono”.
de interiores. de arquitectura. “Actualmente, invis- Tendo Luís Figo com uma das suas
Tinha então 23 anos, embora tivesse to bastante em pesquisa e inovação, referências no mundo do futebol, Tia-
iniciado a sua actividade na empresa visitando tudo o que são feiras nacio- go Marto compara a sua vida à de um
do pai com 18. “Comecei devagari- nais e internacionais”, refere, lem- futebolista profissional. “Tem que
nho, nunca pensando no que podia brando que a sua aposta passou sem- levar a vida muito a sério para ter
acontecer”, diz. Mas, tudo se desen- pre pela diferença, o que fez com que sucesso”, explica o empresário, con-
rolou como uma bola de neve. Abriu se destacasse da concorrência. siderando que a sua vida é “de uma
a empresa em Novembro de 2000, O trabalho com arquitectos é uma das intensidade tal”, que não tem dúvi-
apenas dedicada à remodelação de suas mais valias. “Toda a empresa das. “Aos 40 anos não tenho metade
interiores, a TranforFat, e nunca está muito preparada para trabalhar da capacidade que tenho hoje. Isso
mais parou. Adquiriu carrinhas para com arquitectos, com novos concei- faz com que, inteligentemente, pen-
poder deslocar-se para obras em Lis- tos e com a inovação, o que me faci- se que é preciso saber que vou abran-
boa e noutras partes do país. E em lita bastante, porque damos muita dar”. 

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


EMPRESA:
10 primeiro plano “Com tributo”, é como se designa a
empresa que integra as três lojas
Creaminal, em Leiria, sendo também a
titular da marca “Outras Duas”. Crea -
minal é nome de loja mas pode também
ser considerada uma marca, tendo em
conta o seu carisma. Quer pelas rou -
pas, quer pela decoração dos espaços,
apresenta o mesmo espírito e filosofia
das peças que estão expostas. Apai -
xonada por design de interiores, é
Verónica que concebe todo o projecto
de decoração, ficando a execução a
cargo de Ricardo Santos, o seu mari -
do. “Se não fosse ele, com a sua
empresa, não conseguiria executar
estes projectos, que não são muito
fáceis”, diz, orgulhosa.

Verónica Romão
A mulher que democratizou
a moda em Leiria
omunica com os olhos, lo de gestão da área financeira, onde peças próprias.

C com as mãos e até com


os silêncios. Com um sor-
riso contagiante, Veró-
nica Romão é assim.
Envolvente e apaixonada pela vida,
mas, sobretudo, pelos projectos que
desenvolve com grande profissionalis-
esteve três anos. Mais tarde, volta a
ser convidada, desta vez para assumir
a responsabilidade do Marketing Estra-
tégico, tendo a seu cargo todo o plano
comercial da La Redoute, durante mais
cinco anos. “Adorei a experiência, é
uma empresa fantástica, que me deu
Sim, porque Verónica Romão sur-
preende todos os dias. Com um poten-
cial criativo fora de série, a empresá-
ria lançou este ano a sua primeira colec-
ção de Inverno e, como não podia dei-
xar de ser, foi um êxito completo. Em
parceria com uma colega, que é tam-
mo na área da moda e da criativida- todos os alicerces profissionais e o bém sua fornecedora, recuperaram
de. Moderna e inovadora, a jovem Know how necessário para a minha uma fábrica de confecção portuguesa
empresária é responsável pelo surgi- vida” , afirma a jovem que, no entan- que estava na iminência de encerrar.
mento de um novo conceito na forma to, não hesitou quando surgiu a opor- Deram-lhe trabalho durante seis meses.
de vestir em Leiria. Roupas inovado- tunidade de criar o seu próprio negó- “Eu tratei da criação e da produção e
ras, diferentes e irreverentes, mas sem cio, em sociedade com um amigo. ela vendeu para todo o Portugal e Espa-
ser alternativa. “Quis democratizar a Abriu a primeira loja Creaminal na nha”, explica Verónica, que está já a
moda”, resume a empresária, que é Rua Direita há três anos com o sócio, tratar da próxima colecção de Inver-
também criadora, designer, engenhei- mas hoje está sozinha num processo no. “Other two” é como se designa a
ra e mãe. Sim, porque acaba de ser empresarial que está em crescendo. roupa das duas jovens, constituída só
mãe do seu segundo filho e já está aí, Passado um ano, percebeu que era por malhas. “Quisemos reinventar as
pronta para novos desafios. mesmo aquele o seu projecto de vida peças de malha. Criamos os tecidos e
Verónica Romão, licenciou-se em Enge- e abriu a segunda loja, na Praça Rodri- depois fizemos as peças, daí estes cor-
nharia e Gestão Industrial na Uni- gues Lobo. Este ano, inaugurou o tes invulgares”. Vestidos, túnicas e
versidade de Aveiro, tendo iniciado o terceiro espaço, também no centro camisolas completamente invulgares
seu percurso profissional, como esta- histórico, mas na Rua Grão Vasco. e com um colorido que dá vontade de
giária, na La Redoute. Fez parte da “Em Leiria não pretendo abrir mais pegar e não largar mais. “Pena é que
equipa que implementou a logística da espaços”, afirma Verónica, que pre- as pessoas ainda não valorizem o que
empresa francesa em Portugal e rapi- tende sim expandir-se para outras é português, contrariamente aos ita-
damente foi convidada a integrar os cidades do país, aliando esta preten- lianos, por exemplo, que sentem orgu-
quadros, como responsável de contro- são ao facto de estar também a criar lho em tudo o que é made in italy”. 

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


dois planos 11

Marco Henriques
Chegou e revolucionou
arco Henriques é um

M jovem com 34 anos,


que chegou à Rafael
e Filho há dois anos
para revolucionar
completamente a empresa. Leonel Perei-
ra descobriu-o numa multinacional
também ligada ao sector das carnes e
não hesitou em convidá-lo a fazer par-
te de uma empresa que hoje é respon-
sável por uma facturação de cerca de
25 milhões de euros.
Vivendo aquele projecto como se fosse
seu, Marco Henriques, licenciado em
Nutrição Humana e Engenharia Ali-
mentar, não tem dúvidas de que hoje a
RF representa um importante papel
na história do mercado da carne em
Portugal e até na Europa. “Tudo está
pensado de forma a sermos inovadores
na área da produção e com a garantia
de que as pessoas que trabalham con-
nosco compreendem a nossa forma de
trabalho”. Até porque, diz, a RF não
olha para o mercado da carne em Por-
tugal a pensar nos seus concorrentes.
Olha, sim, para fora do país e aprende
com o que se faz lá, tentando fazer
melhor ainda.
Quando Leonel Pereira o convidou a
dirigir a sua empresa, entregou-lhe a
responsabilidade de fazer dela o melhor.
E assim foi. Marco Henriques come-
çou por captar alguns dos melhores
clientes nacionais, como o Grupo Jeró-
nimo Martins e Carrefour, ao mesmo
tempo que conseguiu fazer com que a
RF não fosse uma mera empresa de
venda de carne, mas uma empresa que
vende um conceito e um serviço ao clien-
te. E conseguiu os seus objectivos: “somos
a única empresa no país em que o clien- tipo de empresário faz tudo muito às Tudo na óptica de um serviço mais per-
te faz parte do negócio”. escondidas – o administrador da RF sonalizado e com vista a uma maior fia-
Lembrando que, habitualmente, as áreas explica que na empresa “fabrica-se” o bilidade e com menores riscos para quem
de produção são muito fechadas – este tipo de carne que o cliente pretende. compra e para quem vende.




Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


12 



O próximo projecto passa por criar a do fornecimento de informações, a Pif-


vitela rica em Ómega 3, que é basica- A qualidade de vida zer desenvolve projectos conjuntos de
mente, transformar a vulgar carne em
produto funcional. Um processo que já
de um animal aqui investigação, divulgação e formação na
RF e, mais importante que isso, se sus-
entrou no Gabinete de Planeamento do corresponde a um peitar de alguma anormalidade no pro-
Ministério da Agricultura para apro- cesso de produção, tem o dever legal de
vação. hotel de cinco comunicar às autoridades. “É uma for-
“Muita dor de cabeça, muito profissio-
nalismo, muito trabalho e muita paciên-
estrelas. ma de garantir tranquilidade aos clien-
tes e a nós”.
cia”. É assim que Marco Henriques Ligado a este sector há dez anos, Mar-
define todo o processo de criação e trans- trolados, com rações equilibradas, qua- co Henriques revela que “nunca nin-
formação de um animal que, segundo se de uma forma computarizada, com guém desenvolveu um processo seme-
diz, demora entre oito a 18 meses, com a camas a ser constantemente muda- lhante em Portugal”, em que foram
excepção das vitelas, que levam cerca das... A qualidade de vida de um ani- eliminadas todas as situações de clau-
de seis meses. mal aqui corresponde a um hotel de cin- sura profissional a que as pessoas estão
E quem diz que numa empresa desta co estrelas”. habituadas quando se fala de produ-
natureza, onde se criam animais para O projecto do edifício moderno e com ção animal. A Rafael e Filho tem uma
abate, não existe respeito pela vida? todas as condições de comodidade foi veterinária nos seus quadros, que desen-
Pois é, Marco Henriques garante que pensado de forma a existir um pavilhão volve investigação em parceria com a
nas explorações são asseguradas todas só para guardar o estrume que tem sido universidade a que está ligada e tem
as regras de saúde animal e de respei- muito procurado por empresas de hor- parcerias com empresas de rações. Ou
to pela vida animal, quer através do tocultura e fruticultura. “Não somos seja, é uma empresa de portas aber-
controlo profiláctico, quer condições de ambientalistas recicladores, mas pen- tas, sem medo de se mostrar a clien-
acolhimento, com vista à satisfação do samos nessas situações, já que tudo o tes, investigadores e outros empresá-
animal. “São condições diferentes de que se faz na empresa tem escoamen- rios que pretendem seguir bons exem-
quem engorda um animal no pasto”, to,com qualidade e com a garantia de plos. Numa empresa onde estão esta-
explica, lembrando que o facto dos ani- que ninguém tem problemas”. buladas actualmente cerca de seis mil
mais estarem à solta, no campo, não O protocolo com uma empresa farma- cabeças de gado e onde se abatem 13
significa que tenham bem-estar. “Os cêutica foi outro dos projectos imple- mil animais por ano, correspondente
nossos animais estão em espaços con- mentado por Marco Henriques. Além a 500 por semana. 

EMPRESA APOSTA NA QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR


rial e o consequente crescimento da empresa, surge, em
2002, a Rafael e Filho Ldª, com investimentos avultados em
estruturas de engorda. Em 2005, torna-se necessário mais
uma adaptação ao mercado e inicia-se uma estratégia de
desenvolvimento, pelo que o gado vivo passa a ter um valor
marginal, já que o principal negócio se transfere para a engor -
da com vista ao abate de 100 animais por semana. Em 2006,
o projecto da Rafael e Filho é sustentado nas vertentes de
Desenvolvimento, Serviços de Qualidade e Segurança Ali -
mentar, fazendo uma nova abordagem à estratégia do Sector
da Produção Nacional. Concretizam-se parcerias com empre -
sas farmacêuticas e de produção de rações, contrata-se pes -
soal especializado e desenvolvem-se meios para garantir a
certificação da empresa. Em 2007, a empresa caminha para
grupo RF, onde se enquadra o negócio nas suas variadas
A RF surge em 1977 com a actividade sustentada no negócio vertentes funcionais, como a produção animal, comercializa -
de comércio de gado vivo, tradicionalmente alicerçado nas ção de carne, distribuição, consultoria e qualidade. Para cul -
feiras de gado nacionais, sendo então Rafael Neves e o filho minar todo este processo, a empresa adquire há poucos
Rafael Pereira os responsáveis pela empresa, movimentando meses a empresa Ribacarne, AS, matadouro com sede em
cerca de 40 animais por semana. Com a transformação secto - Tomar.

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


13

lucionar o seu negócio. Como? Passou a


colocar vitelos de leite em casa dos clien-
tes para, mais tarde, depois de crescidos
e submetidos a uma alimentação impos-
ta por ele, os retirar e vender no merca-
do da Malveira. “Fiquei com todo o sec-
tor nas mãos, tanto na entrada como na
saída”, revela o jovem empresário, hoje
consciente de que, então, a sua forma de
trabalhar já era completamente inova-
dora.
Apaixonado pelo seu trabalho, Leonel
Pereira esquece-se do tempo quando fala
da sua meninice, dos seus projectos e da
forma como conseguiu “dar sempre a
volta a todas as situações”. Recorda o
ano em que iniciou também a distribui-
ção de carne pelos talhos, sem saber como

Leonel Pereira se “descarregava um novilho” de um car-


ro de frio. E o ano em que decidiu tro-
car a Mapicentro pela Ribacarne, em
Tomar, porque a primeira não lhe ofe-

A paixão pela carne recia condições para garantir um bom


serviço aos seus clientes. Foi em 2001,
ano em que iniciou o fornecimento de
carne ao grupo Intermarché. “Comecei
onsegue imaginar uma géneres. Enquanto o pai, por exemplo, com três novilhos por semana e hoje estou

C criança com seis anos, num


qualquer mercado, a nego-
ciar com adultos a compra
e venda de um vitelo de lei-
te? Ou um adolescente, com 14 anos, a
fazer negócios equivalentes a 17 mil con-
tos por dia? Pois é, esse menino era Leo-
negociava gado adulto, o filho dedicava-
se aos vitelos de leite. Comprava-os à
entrada dos mercados e vendia-os no
interior das feiras, para voltar a inves-
tir e fazer então a distribuição porta-a-
porta. “Com os meus sete e oito anos, já
ninguém me fazia ir à escola e chorava
a fornecer entre 300 e 500 por sema-
na”.
Perante o seu sucesso, o seu pai deixou
de o forçar a prosseguir nos estudos, por-
que Leonel Pereira “levava para casa”
mais dinheiro que o seu progenitor. E
foi assim que, aos 14 anos, deixou mes-
nel Pereira, hoje um dos empresários de porque queria ir com o meu pai para os mo a escola, tendo completado apenas o
referência no sector das carnes. Actual- mercados”, conta, recordando, com um 7º ano de escolaridade. Numa fase em
mente com 30 anos, o sócio-gerente da sorriso carregado de orgulho, que o pai que negociava já com 300 e 400 cabe-
RF, nunca foi uma criança como as outras. ainda lhe bateu algumas vezes, só por- ças de gado. “Com os meus 15 anos,
Descobriu muito cedo que não gostava que chegou a adquirir, à sua revelia, entre mercado onde eu não fizesse 100 notas
de brincar com carrinhos e que o seu 30 e 40 vitelos sem pensar que poderia de conto limpas, não era mercado. Mui-
maior prazer era acompanhar o pai às não haver espaço na carrinha para os to dinheiro eu ganhei”.
feiras e mercados, mas para fazer os seus transportar. Leonel Pereira só em 2001 abriu uma
próprios negócios. “Ganhava mais dinhei- Ao longo dos anos, o mercado sofreu conta no banco. Apesar disso, desde os
ro há 20 anos, do que ganho hoje”, diz várias alterações, mas Leonel Pereira 16 anos, que sempre assumiu as contas
o jovem, que recusa aprender a mexer adaptava-se e criava novas oportunida- da casa. Era ele que negociava com os
em computadores, porque a sua mente des para continuar a ganhar dinheiro e, bancos e era também ele que assinava
tem que estar disponível para delegar, ao mesmo tempo, não gorar as expecta- os cheques. “Fazia a assinatura do meu
pensar em novas áreas de negócio e fazer tivas dos seus clientes. pai, sempre com o seu acordo e com o
crescer uma empresa que, cada vez mais, Há cerca de 20 anos, nas aldeias serra- conhecimento dos gerentes bancários”,
aposta na inovação. nas e não só, a maioria das pessoas pos- afirma, lembrando, que o processo de
Sim, porque Leonel Pereira sempre este- suía animais. Era “porta sim, porta tam- crescimento do negócio foi natural. “Não
ve “à frente” na sua área de negócio, bém”. Leonel Pereira aproveitou tam- sou um homem rico e os valores que tenho
fazendo tudo ao contrário dos seus con- bém esse facto para, mais uma vez, revo- são os que estão dentro de mim”. 

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


14 primeiro plano

Leonel Nunes
Caminhos para o êxito
Leonel Nunes sempre quis ser gestor ção, permitindo-lhe aprender técnicas
de empresas. Recorda que quando era e conhecer materiais que não existiam
ainda criança devorava os poucos pro- ainda em Portugal. “Quando chegou a
gramas de economia que passavam na Portugal, o meu pai começou a cons-
TV, ao mesmo tempo que pensava que truir apartamentos e vendia tudo e a
um dia queria ser como os empresários preços diferentes dos colegas constru-
no pequeno écran. tores, porque os seus acabamentos eram
Concluída a licenciatura, Leonel Nunes diferentes e tinham mais qualidade”.
passou pela La Redoute, apenas uma O segredo estava nos materiais que o
semana, porque chamou “incompeten- pai Francisco Nunes fabricava e utili-
tes” aos então administradores, e fez zava nas suas obrae que começaram a
uma incursão de seis meses pelo Inter- ser procurados por colegas construto-
marché, que estava a dar os primeiros res civis de todo o país. “Lembrei-me
passos em Portugal. E ainda criou uma que podíamos constituir a empresa e
empresa com um colega da universi- criar, assim, uma estrutura mais orga-
EMPRESA : dade, de recuperação de empresas em nizada”, explica Leonel Nunes. Tinha
A comemorar o seu 15º aniversário, a Topeca, localizada
em Cercal, concelho de Ourém, tem-se distinguido no
dificuldade. então 17 anos.
sector da construção civil pela sua capacidade de ino - Mas era na Topeca que estava o seu Escusado será dizer que, a partir daí,
vação e de estar à frente no mercado das argamassas futuro, embora contrariando a vonta- a Topeca nunca mais parou de crescer.
secas. Com uma facturação anual de seis milhões de de do pai. “Ele queria que eu fizesse Adquiram-se terrenos, construiu-se a
euros, a empresa confunde-se já com uma marca nacio -
carreira num banco e que andasse de nova fábrica e hoje está confortavel-
nal e mesmo internacional, uma vez que aposta também
nas exportações. O seu Catálogo Técnico é uma refe -
fato e gravata.”, diz, lembrando que se mente implantada no mercado, com
rência no sector da construção, sendo apelidado de a propôs trabalhar na empresa à expe- mais de 2500 produtos na área das arga-
Bíblia dos construtores. riência e sem usufruir de qualquer ven- massas secas. E embora preveja tem-
cimento. “Seis meses depois, dupliquei pos difíceis para a construção civil, diz
a facturação do ano anterior e pedi então que para a sua casa prevê coisas mui-
astaram poucos minu- uma remuneração. Durante um ano to boas, porque sabe o que vai fazer para

B tos de conversa para per-


ceber que a determina-
ção é uma das principais
características de Leo-
nel Nunes, 36 anos. Gestor de empre-
sas, é o principal rosto da Topeca, empre-
sa que, apesar de pertencer ao seu pai,
recebi apenas o ordenado mínimo, por-
que o meu pai achava que eu podia não
gostar e procurar outra coisa melhor”.
O problema é que, desde aí, a factura-
ção da empresa passou a duplicar de
ano para ano.
Hoje, a Topeca não duplica a factura-
dar a volta à crise. Argumenta que o
facto de querer e de saber o que vai fazer
“é meio caminho andado para conse-
guir atingir os objectivos”.
Fundada em 1992, a Topeca surgiu para
preencher um nicho de mercado que,
então, não existia em Portugal. E sur-
trata como se fosse sua. Foi ele o seu ção, mas continua a crescer a bom rit- giu na hora certa, a tempo de não serem
fundador quando tinha apenas 17 anos. mo. “Temos aumentado a facturação ultrapassados pelos “franceses”, que
Estava no primeiro ano da universida- entre 30 a 40 por cento, o que é um continuam a dominar o mercado de
de, quando propôs a criação da fábrica luxo, tendo em conta a crise que a cons- argamassas e outros produtos da mes-
de produtos para a construção civil e, trução civil atravessa já há alguns anos”. ma família. “Eles estão no topo, por-
desde então, todos os projectos ali desen- O pai de Leonel Nunes era pintor e cons- que é uma empresa que está em todo o
volvidos têm a sua marca. É a ele que trutor civil, profissão que começara a mundo, mas nós somos o número dois
cabe a tarefa de, todos os anos, definir exercer em França, mas com uma nuan- em Portugal”. E os seus concorrentes
os objectivos de crescimento daquela ce que o catapultou para o sucesso. É são quase todos multinacionais, pois,
que é uma empresa “feita à sua medi- que as obras a que estava ligado eram como diz, as empresas portuguesas não
da”. essencialmente de restauro e renova- o incomodam. 

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


primeiro plano 15
EMPRESA:
Director-geral da MediaWeb, Josué Fonseca
tem participações em duas empresas do pai, a
Sondagens 2000 e a Sondagens Mondego,
sendo também administrador de duas novas
empresas da área do ambiente. A Geocentro,
uma empresa de aquecimento geotérmico, voca-
cionada para as energias renováveis e a Verde
Vivo, que se dedica à limpeza de florestas e
matas. A Bessmotion, outra empresa criada por
Josué Fonseca, está em profunda reestrutura-
ção, para reaparecer no mercado para comercia-
lizar produtos importados da China. O seu irmão,
Gonçalo Fonseca, com 21 anos, mais ligado às
empresas de captação de águas e da área do
ambiente, é seu parceiro de negócio com a Publi-
connect, empresa de impressões em grande for-
mato e reclames luminosos. Recentemente lan-
çou um portal na net, com a empresa Algarve
Class, dedicada ao arrendamento de casas no
Algarve. Em carteira, o jovem tem cerca de meia
centena de casas para arrendar, disponíveis já
para as férias da Páscoa.

Josué Fonseca o cliente, que é cada vez mais exigen-


te”.
Para Josué Fonseca, um site não é ape-
nas uma peça bonita. Deve ser, cada vez

Web criativa mais, uma ferramenta de trabalho e


uma rentabilização de custos é nesse
sentido que a MediaWeb trabalha todos
os dias. Sites vivos e interactivos por-
em apenas 23 anos, mas que o choque geracional era notório e que “não vale a pena as pessoas inves-

T uma garra do tamanho


do mundo. Josué Fonse-
ca lidera a MediaWeb Crea-
tions, que, como o pró-
prio nome indica, é uma empresa de
criação e concepção de sites. Mas não
se pense que são sites vulgares. Não.
porque gosta de novos desafios. Fez a
opção certa. E há cerca de um ano, já
foi obrigado a mudar de instalações por-
que o negócio cresceu, os recursos huma-
nos aumentaram e a empresa está em
vias de completa reestruturação, dei-
xando de se dedicar ao design e publi-
tirem num site se não vão ter uma estra-
tégia definida para o mesmo”. E ques-
tiona, para exemplificar: “de que vale
estar-se a gastar dois ou tres mil euros
num site, para o seu endereço ser dis-
tribuído nos cartões e ser visto apenas
por amigos e os familiares?”. Perante
São projectos inovadores, quer no design, cidade e passando a ser apenas agên- isto, Josué Fonseca argumenta que,
quer no gestor de conteúdos que apre- cia web e multimédia. através dos sites, as empresas podem
senta. Aliás, quem conhece o jovem Em vias de expandir o seu negócio para aceder ao seu extracto de conta, conhe-
empresário perceberá que conceitos Lisboa e Porto, onde já tem contratos cer o nível das encomendas, tudo liga-
novos é com ele. Diz que não percebe com grandes clientes, Josué Fonseca do ao seu sistema de gestão. O próprio
nada de informática, por modéstia e pretende estabelecer parcerias com agên- cliente da empresa, através de uma
muita humildade. A verdade é que domi- cias de comunicação. “O nosso objecti- senha que lhe é concedida, pode ter aces-
na tão bem a linguagem web, que sou- vo é colaborarmos no corte das despe- so a todo o seu historial. As encomen-
be rodear-se das pessoas certas para sas nas agências de comunicação. Elas das que fez, o que deve e um sem núme-
levarem a bom porto um projecto que passam-nos as peças de comunicação e ro de informações. É o futuro da web e
só tem dois anos, mas que cresce a olhos nós transformamo-las em web”, expli- é para lá que a MediaWeb caminha.
vistos. ca o empresário, lembrando que, assim, Perante Josué Fonseca o seu sucesso
Depois de concluir o curso de Infor- as agências podem focalizar-se mais na só foi possível graças a grande equipa
mática, há dois anos, Josué Fonseca sua área de negócio, deixando para a que tem na Mediaweb e nas outras
decidiu criar a MediaWeb com dois cole- MédiaWeb a concepção de um produto empresas que sem elas nada era possí-
gas de curso. Não quis trabalhar com “com mais qualidade”. É que, adianta, vel, e também sem duvida a sua famí-
o pai nas empresas de captação de água “se forem elas a fazê-lo correm o risco lia e amigos.
– onde é também administrador –, por- de ter um produto banal, não fidelizando Afirma o jovem que diz que não perce-
Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007
16 dois planos

Nelson Guarda
Rasgos
elson Guarda come- soube o que era dormir tranquilo.

N çou a actividade
empresarial há cerca
de 18 anos. Traba-
lhava como funcio-
nário na empresa Electromontagens
Guarda, da sua família, até que, ines-
peradamente, devido a problemas de
“Sentia que o mundo estava a desa-
bar sobre mim. Mas todas essas expe-
riências foram enriquecedoras e me
fortaleceram”.
Mas, quem conhece Nelson Guarda
percebe que não é homem de ficar
agarrado a um projecto apenas. No
rastos
saúde do pai, foi catapultado para o decorrer da actividade ligada à empre-
topo da hierarquia da empresa. Era sa de instalações eléctricas, e depois que aqueles dois jovens e a equipa
ainda muito novo quando foi obriga- de consolidada a empresa do pai, da que os rodeia têm tido até hoje.
do a tomar as rédeas de uma estru- qual é hoje também sócio, conheceu Depois da primeira loja, Nelson Guar-
tura empresarial que se encontrava Nuno Carvalho e sentiu que estava da e Nuno Carvalho rapidamente con-
em fase de estagnação, para rapida- ali o parceiro certo para atingir um cluíram que precisavam de um segun-
mente a transformar num projecto novo objectivo. do espaço. Meteram mãos à obra e
bem sucedido. Essa parceria levou à criação em 1998 nasceu a segunda, de maiores dimen-
Com apenas 18 anos, Nelson Guar- de outro projecto empresarial, desta sões, localizada na Avenida Sá Car-
da passou de uma situação descom- vez dedicado aos Estudos e Comér- neiro, em Leiria. Foi ali que desen-
prometida, para uma situação de cio de Iluminação, a Socilux, e alguns volveram a sua actividade, com um
grande responsabilidade, uma vez anos mais tarde, em 2005, à criação show-room único, não só pelo tipo de
que todas as decisões relacionadas da empresa NGNC, de Investimen- artigos e pelas marcas que repre-
com a gestão e organização da empre- tos Imobiliários. sentavam mas, também, pelo senti-
sa de instalações eléctricas transita- O seu mais recente projecto, a empre- do estético que já nessa altura mani-
ram para os seus ombros. A vanta- sa Arquilaje na área da construção, festavam.
gem, adianta, é que sempre obteve a confirma o seu forte espírito empreen- Não se pense que a empresa não pas-
confiança da família, mas principal- dedor e a vontade de ir mais além.
mente da mãe, uma “grande mulher”,
que ainda hoje trabalha na empresa. Um caminho sinuoso
A ARTE DA ILUMINAÇÃO
Nelson e a sua mãe, continuam a ser Quando Nelson e Nuno resolveram Existem múltiplas formas de iluminar
as duas primeiras pessoas a chegar criar a Socilux, adquiriram uma loja objectos, cada uma delas pode, de
à empresa, por volta das 7:30 horas numa das transversais da Avenida forma silenciosa, originar uma per -
da manhã. Marquês de Pombal e foi ali que, cepção diferente das característi -
cas observadas.
Persistência, perseverança e espíri- durante um ano, desenvolveram o seu
A exposição criada nas instalações
to de sacrifício. Características que negócio. Mais uma vez, a trabalhar da empresa fala por si. É um verda -
Nelson Guarda diz ter herdado da dia e noite, puseram de pé um pro- deiro labirinto de espaços nobres,
mãe. Só com aquela determinação é jecto que hoje, caminha a passos lar- onde cada recanto foi pensado e
que o jovem empresário conseguiu gos para o estatuto de PME Exce- desenhado para demonstrar não só
a magnitude da peça mas também o
sobreviver às dificuldades por que lência. Sim, porque o prémio de PME
que o projectista pode fazer com
passou. Prescindiu de muitas coisas, Leader já o possuem, graças à capa- ela.
durante anos não teve férias e não cidade de implantação no mercado
Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007
17

Nuno Carvalho
de vida
uno Carvalho, 35 anos, e não estou arrependido, porque apren-

de luz... N depois de concluir o cur-


so Técnico Profissio-
nal de Electrónica, foi
convidado a integrar os
quadros de uma empresa de ilumina-
ção técnica. Foi há cerca de 15 anos,
era também muito jovem. Com a gar-
di muito com os clientes”, revela.
Quando conheceu Nelson Guarda e sur-
giu a oportunidade de abrir a sua pró-
pria empresa, não hesitou um segun-
do. Com a experiência dos dois jovens
adquirida em empresas diferentes e
com filosofias de funcionamento com-
ra de quem não quer desperdiçar tem- pletamente distintas, a Socilux só podia
sou por vicissitudes. Nelson Guar- po, Nuno Carvalho entusiasmou-se de dar certo.
da recorda que no início da activi- tal forma com a ideia de trabalhar numa E mais, Nuno é hoje também sócio de
dade lhes foi vedada a venda de deter- das poucas empresas de iluminação téc- Nelson numa empresa de investimen-
minadas marcas, por parte de alguns nica existentes no país, que optou por tos imobiliários, a NGNC. Aqui foi o
concorrentes. Mas isso foi o que lhes não prosseguir os estudos. “Nessa altu- sentido de oportunidade a funcionar,
deu mais força para continuarem a ra a iluminação não era muito explo- associado ao conhecimento que os dois
lutar, obrigando-os a mexer-se e a rada e tudo era novidade”, explica o sócios já tinham do sector da constru-
encontrar no exterior marcas alter- jovem que, durante os cinco anos em ção, juntos conseguiram que ambas as
nativas e que hoje são das mais con- que permaneceu no seu primeiro empre- empresas tenham conhecido um cres-
ceituadas. “Trabalhamos com 95 por go, foi responsável pelo funcionamen- cimento sustentado.
cento de produtos importados, de to de toda a empresa, gerindo-a como Não satisfeito com todas as realizações
marcas mundialmente reconheci- se fosse um projecto seu. alcançadas em termos profissionais e
das”, afirma Nelson Guarda, lem- Aliás, sempre que se envolve num pro- realçando o espírito que caracteriza toda
brando um parceiro de negócio que jecto, Nuno vive para ele, com empe- a sua evolução, Nuno Carvalho man-
desde o início os apoiou bastante e nho e entrega, sem horários e sem férias. tém-se atento a outros projectos, alguns
que actualmente, apesar de ser tam- “Vivia a empresa como se fosse um filho dos quais já em fase de arranque. 

bém concorrente, é um amigo.


O crescimento da empresa obrigou
de novo à criação de novas instala-
ções, desta vez na zona industrial do EMPRESA:
Criada em 1998, a Socilux, empresa de Estudos e Comércio de Iluminação, Ldª, é hoje
Casal do Cego, junto ao IC2. Um uma empresa de referência no mercado da iluminação. Possuindo uma das melhores
edifício moderno, que concentra a exposições de iluminação da região e do país.
loja, o gabinete de projecto e arma- Localizada na Rua do Casal Cego, em Leiria, junto ao IC2, ao lado da Zona Industrial
zém, além dos serviços administra- da Cova das Faias, tem como sócios Nelson Guarda e Nuno Carvalho, dois jovens
que aplicam novos conceitos ao sector da iluminação. A Socilux faz de tudo relacio -
tivos e financeiros. “Centralizamos
nado com aquele sector, nomeadamente projectos para moradias, empresas, institui -
tudo cá em cima porque demos uma ções públicas, espaços comerciais e unidades fabris, dispondo ainda de equipas de
volta de 180 graus à estratégia da aconselhamento sobre os materiais a serem utilizados. Acompanha ainda todas as
empresa”, explica Nelson Guarda, obras de instalação, com apoio técnico durante e após a conclusão da obra. “Enquan -
lembrando que o tipo de cliente que to antes vendíamos apenas o equipamento, hoje percorremos todo o trajecto do pro -
duto. O cliente é mais exigente e nós queremos dar-lhe tudo o que ele pretende”.
quer atingir requer um espaço apro-
priado para ser recebido. 

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


18 primeiro plano

Rita Cordeiro
Força de mulher
força de Rita Cordeiro “cadeirão” de Projecto”. meu trabalho reconhecido”, afirma Rita

A vem de dentro. Da pai-


xão que deposita em tudo
aquilo em que põe as
mãos. Quando pega em
lápis e papel para projectar um edifí-
cio, ou quando calça as galochas e vai
para uma obra dizer aos construtores
Em Julho de 2004 concluiu o curso
com as melhores notas e foi premiada
pela sua dedicação e entrega. Em Setem-
bro do mesmo ano, foi “intimada” pelos
professores a entregar o seu trabalho
do 5º ano para ser submetido ao Pré-
mio Secil Universidades e ganhou.
Cordeiro que, nesse ano, já tinha aber-
to o seu atelier em Pombal, com um
sócio, e já dava aulas de Geometria
Descritiva no Instituto D. João V, no
Louriçal, preparando alunos do 12º
ano para os exames nacionais.
Rita Cordeiro distingue-se no merca-
que o trabalho é para ser feito como “Quando me ligaram da Ordem dos do pelos conceitos inovadores que apli-
ela quer. Loura, de olhos muito verdes Arquitectos a dizer que tinha ganho o ca nos seus trabalhos. Terá sido essa,
e um ar frágil e doce. Uma mulher, com primeiro prémio, pensei que era brin- aliás, uma das razões que levou a que
28 anos, que sempre sonhou ser arqui- cadeira”, conta a arquitecta que fez o seu projecto tivesse sido reconhecido
tecta. E conseguiu. Porque é determi- com que, pela primeira vez na história pela Ordem dos Arquitectos. Para o
nada e sabe muito bem o que quer da de Portugal, a ARCA tivesse sido pre- conceber, a arquitecta imaginou-se uma
vida e para onde quer caminhar. miada com aquele galardão. “Acabou artista e criou um hotel para ela, per-
Viveu e estudou na Suíça até aos 16 aí o mito de que as privadas oferecem feitamente enquadrado e integrado na
anos e chegou a Pombal, de onde é cursos. Afinal estivemos à altura das vila piscatória de Buarcos, na Figuei-
natural, convicta já do rumo que iria melhores universidades públicas do ra da Foz. Contrariamente aos cole-
dar à sua vida. Escolheu o caminho da país, que também concorreram”, reve- gas, ignorou a presença do mar e pro-
Arquitectura, em Coimbra, na ARCA, la, orgulhosa. jectou um hotel, de rés-do-chão e pri-
naquela que é a Escola Universitária A distinção tornou-se ainda mais sabo- meiro piso, onde os artistas tivessem
das Artes de Coimbra. Uma privada rosa quando, em Janeiro de 2005, se oportunidade de vivenciar as expe-
que frequentou com muito orgulho e deslocou ao Palácio de Xabregas em riências dos pescadores, inspirando-se
onde provou que não é a universidade Lisboa, para a cerimónia de entrega no seu quotidiano. “Hotéis com fren-
que faz os alunos, mas os alunos que do Prémio. É que ao seu lado estava te para o mar há muitos e eu quis fugir
fazem a universidade. “Não vivi mui- Souto Moura, que nesse ano foi tam- desse conceito”, explica.
to a vida académica porque meti na bém distinguido pelo seu trabalho no Rita Cordeiro é assim mesmo. A sua
cabeça que tinha que ser a melhor em Estádio Municipal de Braga. “Foi mui- expressividade sente-se no olhar e nos
tudo, nas notas, e principalmente no to bom porque pela primeira vez vi o pequenos gestos que faz com as mãos
Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007
19

PUB
quase sem dar conta. Desafia tudo e Adquiriu dois lotes, em Caldas da Rai-
todos e não deixa que qualquer obstá- nha, numa urbanização que ela pró-
culo lhe trave a criatividade. “Um pro- pria concebeu do ponto de vista arqui-
fessor meu não gostou do meu concei- tectónico e já está a começar a cons-
to de hotel para Buarcos, mas as suas truir para vender. “Sou muito Maria
críticas ainda me deram mais força rapaz. Gosto de estar ao pé dos homens
para defender as minhas ideias”, afir- das obras e gosto de construção”, real-
ma a jovem, que se considera ambi- ça, reconhecendo que as obras que pro-
ciosa, porque quer ser reconhecida ape- jecta têm que ser construídas à sua
nas pelo seu trabalho. medida. “Não posso ceder uma vez
Em Fevereiro deste ano, Rita Cordei- sequer, pois se o fizer nunca mais tenho
ro decidiu abrir o seu gabinete em Lei- mão”, desabafa a jovem que tanto mos-
ria. Criou uma empresa e está agora tra firmeza e segurança junto dos
a iniciar um percurso de vida que cor- homens da construção como os convi-
responde a um dos seus grandes sonhos. da “para uma bejeca”.
É que a Tipologia não é uma simples Rita Cordeiro tem em mãos vários pro-
empresa que projecta arquitectura. Ali jectos em Portugal, mas alargou tam-
os clientes têm solução para todos os bém o seu campo de visão ao estran-
seus problemas, desde a concepção do geiro, nomeadamente a Paris, Suíça e
projecto, à decoração de interiores, Barcelona, para onde está a projectar
design, comunicação e investimentos. vários edifícios de serviços e dois apar-
Com profissionais qualificados para thotéis. Colabora com uma empresa
responder a todas as situações. “Há francesa que está também a investir
todo um trabalho de parceria que enri- em Lisboa, na Rua da Prata, no edi-
quece a obra final”, explica Rita Cor- fício onde funciona a Fundação Figo.
deiro que, embora seja a única sócia “São apartamentos que vamos trans-
da Tipologia, encara os seus colabo- formar em hotel, cujas obras se ini-
radores como parceiros de trabalho. ciam já no próximo ano”, diz a jovem
“Neste momento, os clientes deslocam- que, apesar de dizer que é ainda “peque-
se ao gabinete apenas para os traba- nina” no mundo empresarial, se con-
lhos de arquitectura, mas quando lhes fessa “completamente realizada”. Não
apresento as outras soluções da empre- só porque está a realizar um dos seus
sa, ficam aliviados porque sentem que sonhos, mas porque sente que as pes-
lhes podemos resolver todos os pro- soas que trabalham com ela vestem
blemas inerentes ao processo”. também a camisola. “É um projecto
Recentemente, a arquitecta enveredou nosso. Só a empresa é que está no meu
também pelo caminho da construção. nome”. 
DR

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


20 primeiro plano

Nelson Bastos
O perseguidor de sonhos
não estar a funcionar há um ano, pos-
EMPRESA: sui 32 cavalos, com dois professores
A Quinta dos Lagos, situada em Vale do Hor-
de equitação, sessões de hipoterapia
to, na Azoia, dispõe de duas salas modernas
e conta com um auditório para congressos e para deficientes e muitas outras acti-
outro tipo de eventos, apoiado por dois vidades. Com uma pista de obstácu-
bares e uma sala de jogos. Os seus 15 hecta - los, com seis mil metros quadrados,
res de área convidam aos passeios pedes - já recebeu três festivais nacionais de
tres, jogos de ténis, natação, passeios de
equitação, aguardando agora a apro-
barco e observação de animais. Integrado
neste complexo, o Centro Hípico de Valdela- vação da Federação Portuguesa Eques-
gos coloca à disposição dos visitantes tre para a realização de campeona-
aulas de equitação e passeios equestres. A tos nacionais.
Quinta da Aldeia, inserida no Parque Natural Orgulhoso do projecto que colocou de
da Serra de Aire e Candeeiros, acolhe qual-
pé, Nelson Bastos confessa que o seu
quer tipo de evento, dispondo de requintado
serviço de catering, uma sala com vista objectivo é que os seus espaços se dis-
panorâmica, dois bares, uma igreja, parques tingam pela qualidade dos serviços
infantis, lagos e piscinas. que prestam aos noivos, num dos dias
mais importantes das suas vidas, mas
também pela diferença que imprime
sa com alguma dimensão, do sector em cada um dos eventos que promo-
dos materiais de construção, onde ve. Por isso, a Quinta dos Lagos é
exerceu as funções de encarregado mesmo um oásis às portas da cidade
geral, mas nunca perdeu de vista a de Leiria. Os convidados podem pas-
ideia de ser empresário. Por isso, sar ali o dia, sentados à sombra de
começou o seu projecto empresarial uma árvore a ver passear os alunos
elson Bastos é um aos fins-de-semana e à noite. O suces- a cavalo, ou usufruir da muitas outras

N jovem que sempre per-


seguiu os seus sonhos.
Já assim era em crian-
ça. Hoje, com os seus
31 anos, segue os caminhos da pai-
xão. A paixão pelas quintas, pelos
cavalos e, acima de tudo, pela orga-
so que obteve com a Quinta da Aldeia
levou-o abandonar a empresa de mate-
riais de construção e a lançar-se no
seu segundo projecto de promoção de
eventos. Adquiriu a antiga Quinta da
Serrada, em Vale do Horto, na Azoia,
que transformou na Quinta dos Lagos.
actividades que a quinta tem para
oferecer. Desde os campos de ténis,
às piscinas, campo de futebol relva-
do e salas de jogos.
Mas Nelson Bastos não vai ficar por
aqui. No início do próximo ano, vai
colocar de pé mais um projecto com-
nização e promoção de eventos. Foi Em apenas três meses, reconstruiu pletamente inovador, desta vez na
por isso que, contra tudo e contra todo o espaço e começou a aceitar cidade de Leiria. É mais uma quin-
todos, e contra até quem lhe chamou reservas antes das obras concluídas. ta, mas com “um conceito completa-
“louco”, construiu a Quinta da Aldeia, “Sempre tive muita fé e acreditei que mente novo” e dedicado a um públi-
em plena Serra de Aire e Candeei- era capaz”. co que procure a diferença. Com capa-
ros. Um espaço que nasceu no nada Hoje, a Quinta dos Lagos é um espa- cidade para receber 600 pessoas, é
e que ergueu quase pedra sobre pedra. ço de excelência para a celebração de também vocacionado para congres-
“Fui mais forte que todos os obstá- um casamento de sonho, mas é mui- sos, desfiles e outros eventos. Requin-
culos e, em pouco mais de um ano, o to mais que isso. É que Nelson Bas- te e conforto. Duas características
projecto ficou de pé”. tos, que sempre teve um grande fas- do novo espaço que se assemelhará a
O fascínio pelo mundo empresarial cínio por cavalos, criou ali também o um ambiente de casino, explica. “É
nasceu cedo. Nelson Bastos começou Centro Hípico de Valdelagos, com uma quinta que pode ser o que qui-
a trabalhar muito novo numa empre- uma escola de equitação. Apesar de sermos”, diz o empresário. 

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


primeiro plano 21

José Capela
Paixões com sabor alentejano
EMPRESA:
Localizado numa das transversais da Rua
Direita, na zona histórica de Leiria, o restauran -
te “la além” apresenta, entre as suas especiali -
dades, os pezinhos de porco de coentrada, a
sopa de tomate com enchidos fritos, as tirinhas
la além, a sopa de cação com migas, as migas
de espargos com carne frita, os secretos de
carne de porco e muitas outras iguarias. Aber-
to até às duas horas da manhã, o espaço é
também bar, oferecendo noites de música ao
vivo à quarta-feira. Esporadicamente, actua no
restaurante o grupo Bossa à Capela, constituí -
do por um grupo de jovens do tempo de estu -
dante de José Capela. Como o nome indica,
bossa nova é a “especialidade” do grupo.

s olhos de um azul inten- so de Música. E nunca mais daqui saiu. orgulhoso, o jovem que recusa ser empre-

O so, apesar de escondi-


dos atrás dos óculos com
armação de massa, dei-
xam transparecer toda
a sua expressividade, quando respon-
de quais os projectos para o futuro.
Um futuro que está “la além”, ou seja,
Depois de concluída a formação aca-
démica, deu aulas um ano na EB 2,3
D. Dinis, passou um ano por Abran-
tes e regressou para abrir um bar, em
sociedade com um amigo.
Do bar ao restaurante foi um passo
muito pequeno. Porque os petiscos tipi-
sário. “Sou, como se diz na minha ter-
ra, um taberneiro”.
Quem visita o “la além” não se sente
num restaurante vulgar. Os motivos
típicos, onde não falta a manta de reta-
lhos, as cadeiras pintadas à mão, com
os seus tampos habilmente trabalha-
muito para lá do pequeno restaurante camente alentejanos que José Capela dos em palha e as mesas cobertas com
que já fez história na cidade e na região serviu no dia da abertura tiveram um toalhas de chita florida, fazem lembrar
de Leiria. Porque é um espaço dife- sucesso tal que, no dia seguinte, já tinha uma casa de família tipicamente alen-
rente, quer pelo conceito, quer pelo tipo encomendas para o jantar. “Fomos obri- tejana. Tudo envolvido num ambiente
de comida que oferece aos clientes e gados a servir a refeição que tínhamos de aconchego. “A ideia é que as pes-
pela qualidade dos ingredientes que preparada para o pessoal”, explica o soas encontrem aqui o que não encon-
aplica na confecção dos alimentos. José jovem que, a partir desse momento, tram na maioria dos restaurantes. Um
Capela, é assim que se chama o seu reformulou todo o projecto que tinha ambiente acolhedor, familiar, onde os
proprietário, quer chegar mais longe, concebido inicialmente. clientes são cumprimentados com um
criando em Leiria novos projectos, por- A sua mãe, Florência Capela, que fale- aperto de mão e deferência. Ali, não
que sente que tem mais para dar, mas ceu há cerca de um ano, foi uma peça há pressão para nada. A ideia é mes-
a cidade também tem mais para rece- chave neste projecto, já que durante mo sentar e saborear um qualquer pra-
ber. dois anos a cozinha esteve inteiramente to especialmente confeccionado com
Natural de Estremoz, no Alentejo, nas suas mãos. “Pedi-lhe que viesse carinho, paixão e muito profissiona-
conheceu Leiria em 1994, quando, no morar para Leiria para me dar apoio”, lismo. “Queremos ser honestos na nos-
Orfeão de Leiria, fez o curso de gui- explica José Capela, que tem hoje a seu sa forma de trabalhar e por isso todos
tarra. Apaixonou-se pela cidade e, quan- lado a irmã Ana Paula Severo, tam- os produtos utilizados são da máxima
do chegou a hora de escolher um cur- bém uma exímia cozinheira alenteja- qualidade e vêm do Alentejo. Se é um
so superior, optou pela Escola Supe- na. “Aprendeu tudo com a minha mãe restaurante tipicamente alentejano, só
rior de Educação de Leiria, para o cur- e cozinha tão bem como ela”, afirma, faz sentido que seja assim”, explica. 

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


22 primeiro plano

Pedro Albuquerque
Da China para o Mundo
Que projecto é esse? “Modéstia à par-
EMPRESA: te, está a ficar fantástico”, diz, refe-
Nascido em Lisboa e criado em Aveiro. E ago- rindo-se à primeira enciclopédia on-
ra em Leiria. Na Especial Médicos. Uma clínica
line, bilingue e multimédia de Medici-
que o descobriu e o convidou a integrar a
vasta lista de especialistas da área da medici-
na Tradicional Chinesa. Neste momen-
na convencional. Pedro Albuquerque, da área to, Pedro Albuquerque já tem mais de
da acupunctura, é procurado para todos os 30 mil termos traduzidos em inglês e
tratamentos que visem o aumento da qualida - chinês, preparando-se agora para come-
de de vida do paciente. Aplicada em situações
çar as traduções para português.
de prevenção e de controlo de reacções
adversas a tratamentos mais agressivos,
Além de serviços de tradução, pesqui-
como a radioterapia e de quimioterapia, a acu - sa, turismo de saúde e turismo médi-
punctura é também muito eficaz em tratamen- co, a sua empresa criou também o não
tos para perda de peso e de gorduras locali- menos inovador serviço de telemedici-
zadas, situações de dependência, problemas
na tradicional chinesa, para o qual já
de reumatismo, problemas alérgicos, ginecoló -
gicos e muitos outros.
tem contrato assinado com os melho-
res catedráticos de Chengdu e de Pequim
para todas as áreas, desde Psiquiatria,
bra o site www.global- percebendo que não existia consonân- Ginecologia, Pneumologia, Cardiolo-

A smile.com e vai perceber


porque é difícil Pedro
Albuquerque descer à ter-
ra quando fala dos seus
conteúdos. Ali, on-line, está o resulta-
do de um trabalho de vários anos de
estudo e pesquisa em hospitais uni-
cia entre as correntes brasileira e por-
tuguesa, decidiu ir beber à fonte. E par-
tiu para a China.
De 1998 a 2004, deslocou-se uma ou
duas vezes por ano à China, estagian-
do em hospitais universitários de Pequim
e de Cantão. “Descobri que a realida-
gia, à Urologia e outras. Este serviço,
explica, tem uma grande componente
didáctica, não se dirigindo ao consu-
midor final. “Nunca passa pelo pacien-
te, mas sim por outro especialista que
precise de ajuda em qualquer local do
planeta”.
versitários da China. Um país que o de da MTC é muito vasta e complexa”. A Globalsmille disponibiliza ainda um
jovem especialista em Medicina Tra- E em 2004, estagiou no hospital uni- serviço de assistência empresarial – o
dicional Chinesa (MTC) quer agora versitário de Chengdu, capital da pro- Global Business Assistance – que vai,
(re)aproximar de Portugal. Quer ser- víncia de Sichuan, a terra dos Pandas. numa primeira fase, estabelecer pon-
vindo de elo de ligação entre empresá- “É uma cidade que tem imensa tradi- tes entre o tecido empresarial portu-
rios, quer através de projectos tão ino- ção em Medicina Tradicional Chinesa guês e o tecido empresarial chinês. Con-
vadores como uma enciclopédia on-line e consegui reunir condições para estar siderando que a presença portuguesa
ou um serviço de telemedicina. lá de 2004 até há cerca de um mês”, na China ficou muito enfraquecida com
Com apenas 32 anos, Pedro Albuquerque conta o especialista, que fala da sua o abandono de Macau, Pedro Albu-
dedicou toda a sua vida à Medicina Tra- área com segurança e muita paixão. querque quer proporcionar uma opor-
dicional Chinesa. Em 1994 iniciou os Durante o tempo que permaneceu em tunidade aos empresários europeus que
seus estudos no Brasil, onde esteve terras orientais, fez uma grande expo- pretendem estabelecer parcerias com
durante um ano. Começou a exercer sição clinica e desenvolveu um projec- empresários chineses, oferecendo um
em 1996, até que o seu pai, médico uro- to completamente pioneiro e inovador serviço de consultadoria empresarial,
logista, todos os dias o alertava para o que passa pela criação de uma empre- serviços de tradução e outros. “Os empre-
facto de poder estar a incorrer na prá- sa designada GlobalSmille, com raízes sários têm grandes dificuldades de pene-
tica ilegal de medicina. Perante esta em Portugal, e outra designada de Wellb tração, porque o modus operandi dos
pressão, o jovem dirigiu-se às Clínicas net work, na China, onde tem uma equi- chineses é completamente distinto, assim
de Pedro Choy, em Aveiro, onde fez pa a acompanhar todo o projecto que como a forma de estar na vida, o que
novo curso, trabalhou e deu aulas. Mas tem desenvolvido. cria choques culturais". 

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007


primeiro plano 23

Michael Crespo
e Aladino Domingues
A magia da informática
hegou a Leiria com 11 dino, está mais vocacionado para a par-

C anos. Natural do Minho,


frequentou o curso téc-
nico-profissional de Téc-
nico de Contabilidade e
Gestão na Escola Secundária Domin-
gos Sequeira, em Leiria, seguindo depois
para o Isla, em Lisboa, onde se licen-
te de hardware.
A TopData oferece aos clientes duas
vertentes, a de software e hardware,
ou seja, uma solução integrada. Ala-
dino Domingues dedica-se à área do
software. “O contacto com o cliente e
perceber o que ele quer é a parte mais
ciou em Informática de Gestão. Ala- importante do negócio, de forma a
dino Domingues, 36 anos. Um per- adaptar o produto às suas necessida-
curso natural para um jovem que sem- des”, explica Aladino Domingues, real-
pre quis seguir o caminho dos compu- çando ainda o acompanhamento pós-
tadores. venda, num momento em que o mer-
Concluída a licenciatura, Aladino Domin- cado tem cada vez mais oferta.
gues ingressou de imediato numa das Para os dois sócios da Topdata, cujos
empresas de referência na região liga- motes principais são o profissionalis-
da ao sector informático e onde per- mo, a qualidade e a fidelização de clien-
maneceu até 2004. Mas, mais uma vez tes, as pessoas estão sempre em pri-
e de forma natural, acabou por seguir meiro lugar em qualquer negócio que
o seu caminho, criando a sua própria se concretize. “O produto pode ser exce- EMPRESA:
Criada em Junho de 2004, a Topda -
empresa. Mas não o fez sozinho. Con- lente, mas se a pessoa que instalar os ta, empresa de implementação de sis -
vidou para seu sócio Michael Crespo, sistemas não fizer o acompanhamen- temas de informação, possui algumas
um jovem de 29 anos, que tinha sido to como deve ser, o produto passa a ser parcerias estratégicas, designada -
seu colega na empresa onde ambos ini- mau”. mente com o PHC, para o software de
gestão. Ao fim de três anos de fun -
ciaram a sua actividade profissional. Não é por acaso que a Topdata está
cionamento, a empresa é já um dos
São dois sócios que se completam na apenas há três anos no mercado e principais parceiros do PHC no distri -
perfeição. Michael Crespo, mais reser- conta já com uma carteira de mais to de Leiria para o software de ges -
vado que Aladino, é o homem dos bas- de duas centenas de clientes. E sem tão, o que, segundo os sócios, Aladi -
tidores. Filho de emigrantes na Ale- um único comercial na rua. Quer Ala- no Domingues e Michael Crespo, é
excelente. Além disso, a empresa ofe -
manha, chegou a Portugal ainda mui- dino Domingues, quer Michael Cres-
rece ainda um leque muito variado de
to jovem, tendo concluído o curso de po são conhecidos no mercado pelo produtos, desde relógios de ponto, a
Informática na Escola Profissional de profissionalismo que imprimem aos vídeo-vigilância, GPS, centrais tele -
Leiria. Ainda frequentou Engenharia trabalhos que executam. “Temos fónicas e outros. Actualmente com
Electrotécnica na Escola Superior de objectivos e metas muito bem defi- cinco funcionários, a empresa cresce
a passos largos, pretendendo criar
Tecnologia e Gestão, mas a falta de nidas e queremos apostar numa área
um departamento comercial para o
tempo obrigou-o a abandonar as aulas. comercial, não por estarmos com fal- ano. Recentemente, mudou de instala -
“Esta actividade é muito intensa e ta de trabalho, mas porque nos que- ções para a Rua Paulo VI, em Leiria.
quando se começa a trabalhar, não se remos mostrar a um leque maior de
tem tempo para mais nada”, diz o jovem clientes, porque neste momento é só
empresário que, ao contrário de Ala- o passa palavra”. 

Ideias Inovadoras //Jornal de Leiria // 06.12.2007

Você também pode gostar